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5 de agosto de 2014

Terminou a Festa do Viso 2014

 

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Com a noitada de segunda-feira, terminou a Festa do Viso, edição 2014.
Com o tempo seguro, embora um pouco fresco, o arraial esteve bem composto. A animar a festa, o duo Mário & Hermínio que começou a actuação já depois da hora marcada no programa, o que de resto é habitual. Não fizeram má figura mas parece-nos que com qualidade inferior à banda XCA que actuou no sábado, bem mais dinâmica.
Depois, por volta das 23:30 horas, a já tradicional descarga de fogo de artifício, em menor quantidade que nos anos anteriores mas mesmo assim a não desmerecer. No total foram quase 9 minutos de espectáculo deslumbrante à vista, com toda a gente de nariz apontado ao céu.
Quanto a Maria Lisboa, boa figura e boa presença, mas a idade não perdoa. Talvez pela carga de trabalho que teve no fim-de-semana, em que apareceu na TVI, a sua voz já por si de tom grave, ouviu-se em tom cansado e esforçado. Cantou em playback, sem banda, o que não surpreende, mas acompanhada por vistosos bailarinos e bailarinas. Resumindo, é uma figura conhecida do público mas já sem o fulgor da época em que actuou em Guisande, precisamente no ano de 2000, por isso há 14 anos. Cantou alguns dos seus êxitos iniciais, entrando mesmo com o velhinho "Yemanjá". A qualidade de luz e som não foi por aí além embora num registo quanto baste para as dimensões do nosso arraial.


Será agora a vez da Comissão de Festas fazer contas à vida e desejamos que tudo tenha corrido bem. Com as dificuldades surgidas, desde logo pelo facto de dois dos elementos eleitos não assumirem a função, não deixaram de organizar uma festa meritória e digna da tradição em Guisande. É verdade que com um progrma justificadamente um pouco mais modesto e certamente que com um orçamento inferior ao que tem sido norma, mas mesmo assim a merecer aplausos e parabéns.

4 de agosto de 2014

Maria Lisboa, logo à noitinha no Viso

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No último dia da Festa do Viso, edição 2014, caberá à artista Maria Lisboa, de 52 anos, encerrar o programa musical, numa actuação com início programado para as 23:30 horas. É um regresso pois por cá já esteve há cerca de 15 anos. Antes dela, porém, com entrada prevista para as 21:30 horas, será  a dupla de S. Paio de Oleiros, Mário & Hermínio, que tomará conta do palco.  Não esquecer a largada de fogo de artifício  que pelo habitual deve acontecer antes da entrada da cabeça-de-cartaz.

O tempo de hoje já é próprio do Verão pelo que se espera uma boa noite e propícia a uma melhor receita de que bem precisa a Comissão de Festas.

2 de agosto de 2014

Sexta-Feira da festa

 

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Começou ontem, sexta-feira, a Festa do Viso, edição de 2014. Conforme programado, houve procissão da igreja matriz para a capela e depois a parte musical esteve a cargo do grupo Duplo RM, de Lobão.

Infelizmente o tempo não esteve de feição e algum frio e alguns chuviscos a ameaçar, afastaram muitos visitantes. Mesmo assim, o espaço esteve animado. O grupo Duplo RM, dentro das suas limitações até tocou muito bem, teve um bom desempenho e não faltou música ritmada para quem quisesse dançar.

O arraial está muito bem iluminado e não faltam as habituais tascas de comes e bebes e ainda a roulotte de farturas e cachorros.

Esperemos que o tempo ajude nos próximos dias, sendo que pelo menos para este sábado as previsões não são lá muito optimistas. Mas vamos ter fé que vai melhorar.

Logo à noite, teremos a banda XCA, de Oliveira de Azeméis que assegurará a animação da festa.

31 de julho de 2014

Já lá vão 10 anos

 

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O tempo passa a voar. Parece que não mas passam já 10 anos sobre a data em que eu juntamente com o Carlos Santos e o Vasco Monteiro ( o quarto elemento eleito não assumiu),  ainda com a Nilza Silva e a Mónica Santos, na qualidade de elementos da Comissão de Festas organizamos a Festa do Viso. Foi no ano de 2004, quando o país ainda vivia o rescaldo do Europeu de Futebol realizado nesse ano em Portugal e digeria a reles derrota encaixada na final com a Grécia (...e o burro sou eu?).


Sou suspeito para esta apreciação, mas sem falsa modéstia, creio que realizamos uma excelente festa. Desde logo, trouxemos duas bandas de música, a Sociedade Musical Vouzelense - Vouzela e  a Filarmónica da Boa Vontade Lorvanense - Lorvão - Penacova, o que já não acontecia há varias dezenas de anos.

Na Sexta-Feira, numa noite de karaoke, a Comissão de Festas ofereceu uma sardinhada a quem quis e aproveitou. No Sábado, para além do conjunto típico "Saias Amarelas" e o Grupo de Danças e Cantares das Margens do Rio Uíma, ainda passou por cá o Grupo Folclórico da Casa do Povo de Rosais - Velas - Açores.


No Domingo à noite houve bom folclore com três excelentes ranchos, dois deles do Alto Minho, o Rancho Regional das Lavradeiras de Carreço - Viana do Castelo e o Grupo Folclórico de S.ta Marta de Serdedelo - Ponte de Lima, e ainda um bom rancho da nossa região, o Grupo Folclórico de S. Miguel de Azagães - Carregosa - Oliveira de Azeméis.


Para a noite de Segunda-Feira contratamos o popular artista José Cid, acompanhado ao vivo pela sua banda, incluindo o seu eterno amigo Mike Sargent. Antes dele, passou pelo palco o carismático artista Paulo Bragança que deslumbrou com a sua voz e a sua característica maneira de cantar o fado.

Para além do programa, houve algumas inovações que passaram a ser regra, nomeadamente a instalação de um palco gigante, abandonando-se o acanhado coreto e foi necessária a contratação de um gerador para assegurar a potência eléctrica exigida por José Cid.


Para além de enfeitar os andores de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António, a Comissão de Festas ainda contribuiu com verba para enfeitar outros andores de modo a participarem no número de 14.

O fogo de artifício foi muito melhorado em qualidade e quantidade em relação a anos anteriores. Para além disso, o cartaz oficial foi elaborado pela própria Comissão de Festas e toda a programação musical foi feita pessoalmente, sem recurso a agente artístico. O habitual Sr. Lopes da Agência Musitoque ficou de fora e com ele a Simara (que já havia passado uns anos antes pela nossa festa), os primos e cunhados da Ágata que nos queria propor.
Em termos de orçamento, foi batido o recorde e no final ainda foi entregue à Comissão Fabriqueira um chorudo cheque com o saldo positivo, de 2000 euros com o objectivo de serem aplicados na capela do Viso em situações que se mostrassem necessárias (recorde-se que nessa altura a capela tinha tido obras de requalificação).


Pode-se pensar que nessa altura as coisas eram mais fáceis e não havia a crise que vivemos hoje, mas já houve muitas dificuldades na angariação das receitas de publicidade, com muitas recusas e cortes. Acima de tudo foi preciso muita dedicação e muita canseira ao longo de um ano. Paralelamente a maioria dos guisandenses, reconhecendo a qualidade da festa, contribuíu de forma proporcional pelo que no final, feitas as contas, o dinheiro chegou e sobrou.

 

- Américo Almeida

4 de julho de 2014

Festa do Viso 2014 - Programa

 

Gostamos tanto dela que Maria Lisboa regressa à Festa do Viso. Será a cabeça-de-cartaz para a noite de segunda-feira.


A abrir, na sexta-feira, para entreter a noite, o Duplo RM, de Lobão (recorde-se que este grupo esteve a animar o Magusto 2013 organizado pela Associação “O Despertar”. No sábado a ilustre desconhecida Banda XCA, directamente de Oliveira de Azeméis.


No Domingo, a já conhecida banda de música de S. Tiago de Riba Ul, que repete a sua presença na festa. Na noite de domingo, folclore com dois ranchos do concelho: O Rancho Folclórico da Vila de Lobão e o Rancho Folclórico das Terras de Santa Maria, de Riomeão.


Na segunda-feira, a Maria de Lisboa, antecedida dos famosos e desconhecidos irmãos Mário & Hermínio, vindos de S. Paio de Oleiros.

A componente religiosa constará de missa na sexta-feira, pelas 20:45 horas, na igreja matriz,  seguida de procissão até à capela. No domingo, missa solene na capela, em Honra de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António, pelas 11:30 horas e à tarde procissão solene pelas 18:30 horas. Na segunda-feira, missa pelas 09:30 horas.

É fácil perceber que esta edição tem um programa pobrezinho, abaixo da qualidade que tem sido habitual, com alguns artistas e grupos já repetentes, mas realisticamente a condizer com os tempos de crise. As receitas são cada vez menores pelo que sem  dinheiro não se pode esperar milagres.

 

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6 de janeiro de 2014

Sarau de Reis 2014–O Casting

 

Aqui fica o vídeo de uma das peças ligeiras que a Velha Guarda representou no Sarau de Reis 2014, organizado pelo Grupo de Jovens.

Juiz da Cruz para 2016

 

No passado Sábado, no período do antes da missa vespertina de Dia de Reis, foi escolhido o Mordomo da Cera que será Juiz da Cruz no ano de 2016. Trata-se do Sr. José Carlos da Silva Bastos, do lugar da Igreja.

Recorde-se que no ano de 2013 o Juiz da Cruz foi o Sr. Américo Almeida, de Casaldaça, enquanto que neste ano de 2014 será o Sr. Eduardo Silva, do Outeiro. Para o ano de 2015 será o Sr. Manuel Mota, do lugar do Reguengo.

Como temos dito em inúmeras ocasiões, e de há vários anos, já era mais do que tempo para se encontrar uma solução que dignificasse e prestigiasse a escolha/eleição do Juiz da Cruz, mas pelos vistos parece que ninguém está preocupado que esta função não resulte de uma escolha abrangente e seja definida apenas por 4 votos.

Alternativas: Os nomes poderiam continuar a ser propostos pelos mesmos critérios mas a escolha de um dos dois elementos sujeitos ao escrutínio deveria ser realizada por um colégio de homens que já tivesses exercido a função de Juiz da Cruz.

Será ainda possível manter o mesmo esquema mas arranjar uma solução em que a escolha possa ser realizada por todos os presentes na missa da véspera de Dia de Reis, mas de forma a que a escolha possa ser secreta.

Melhor do que o método actual, será preferível uma escolha e nomeação directa, sem estar a sujeitar um segundo elemento a ser preterido por um ou dois votos de diferença num universo de meia dúzia de pessoas que se dignam a pronunciar a sua preferência.

4 de janeiro de 2014

Sarau de Reis 2014–Positivo

 

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Conforme previamente avisado, realizou-se ontem, Sábado, pelas 21:30 horas, o Sarau de Reis 2014, organizado pelo Grupo de Jovens e com a participação especial de alguns elementos da velha guarda.

O sarau decorreu dentro do expectável, com o Salão Paroquial muito bem composto, com uma assistência atenta e interessada, mas obviamente havia lugar para mais gente. Infelizmente, e não é de agora, cultura não é prato que vá à mesa da maioria dos guisandenses. Sinais dos tempos.

Aparte desta realidade, foram duas horas de divertimento, com bons momentos tanto pelos jovens como pelos mais velhos.

Com tempo procuraremos publicar aqui alguns dos momentos ali exibidos.

24 de dezembro de 2013

Votos de Feliz Natal 2013

 

Para os nossos habituais visitantes, ficam aqui expressos os sinceros votos de um Feliz Natal.

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12 de novembro de 2013

Magusto 2013

 

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Como tem sido tradição, a Associação “O Despertar”, com a colaboração do Grupo de Jovens, vai levar a feito na próxima sexta-feira, dia 15 de Novembro, o tradicional Magusto de S. Martinho. Será pelas 21:30 horas, no Largo de Casaldaça.

Boa castanha assado, boa pinga e animação. Toca a aparecer!

6 de novembro de 2013

Festa do Viso 2014 – Sim ou não?

 

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Não sabemos se é ou não oficial, pelo que na verdade não temos qualquer confirmação, mas vai-se comentando pela freguesia que a realização da Festa em Honra de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António, popularizada como Festa do Viso, na sua edição de 2014, estará em causa já que da Comissão de Festas, nomeada em meados de Setembro, haverá um ou outro elemento a recusar a assumir a função o que por arrasto leva a que os restantes se sintam incapacitados de levar a cabo a tarefa.


Assumir ou não assumir, independentemente da força das razões de cada um, é naturalmente uma situação legítima que se deve respeitar. Efectivamente não é algo que seja obrigatório. É verdade que é uma organização do interesse de uma comunidade em que estamos inseridos e de certa forma é um acto de cidadania, mas convenhamos que é uma opção que a cada um diz respeito.


Aparte disso, se infelizmente se vier a confirmar, será naturalmente muito triste que a festa, uma tradição com mais de meio século de história, se deixe de fazer por recusa de alguém. Recordo que no ano em que a organizamos (2004), um dos elementos também recusou a nomeação e a festa fez-se na mesma e apesar de um reconhecido como excelente programa, que entre outros incluiu duas bandas de música, um rancho folclórico do Alto Minho e a presença no programa de artistas nacionais como José Cid e Paulo Bragança, no final ainda foi entregue à Comissão Fabriqueira uma verba de cerca de dois mil euros resultante do saldo positivo.

É verdade que outras festas similares realizadas em freguesias da região, maiores e com mais poder económico, foram sendo deixadas cair desde há vários anos, mas no que respeita ao orgulho na manutenção das suas tradições, cada terra que fale por si. A freguesia de Guisande pode nem ter muitas tradições mas esta da Festa do Viso sempre foi motivo de bairrismo e carinho. A prova disso é que mesmo tendo em conta a dimensão da freguesia, temos realizado festas com um nível e qualidade que a colocam entre as melhores do concelho.


Será, pois, lamentável que esta possibilidade possa vir a concretizar-se. É verdade que a festa tem vindo a ser realizada com um orçamento elevado para as nossas possibilidades e até devido ao contexto de dificuldades económicas do país que afecta directamente cada um de nós, mas não há dúvida que será possível manter a organização da festa mesmo que se baixe substancialmente o seu orçamento. É certo que a baixar-se o orçamento inevitavelmente a festa perderá qualidade e atractividade para com quem nos costuma visitar, mas essa será uma situação perfeitamente realista e será compreendida por todos. Fazemos o que podemos e a mais não somos obrigados.

Seja como for, mesmo numa decisão lógica de se cortar substancialmente no orçamento, mesmo que na ordem dos 50%, sendo possível organizar uma festa com um programa modesto mas com menos responsabilidades, a verdade, porém, é que não havendo princípio de vontade e disposição por parte da Comissão de Festas nomeada, no todo ou em parte dos seus elementos, a festa então estará mesmo em causa. Se as coisas seguissem a normalidade como tem acontecido até aqui, estaria já a funcionar há várias semanas a iniciativa de angariação de fundos através do popular sorteio do presunto bem como neste mês de Novembro deveria iniciar-se o peditório à freguesia e feita a recolha da esmola da eira. Também seria norma estar já a tratar-se do contrato da Banda de Música e do restante programa musical. Ora, para já, não têm sido dados sinais de que isso esteja a acontecer o que poderá confirmar o que ainda não foi confirmado.

Vamos acreditar que a Comissão de Festas vai mesmo assumir na sua totalidade a função para que foi nomeada e a ser assim certamente que contará com o apoio de todos. É uma responsabilidade e canseira, certamente, mas no que toca a apoios não estarão sós.

3 de setembro de 2012

Festa do Viso - Comissão de Festas para 2013

No dia 25 de Agosto de 2012, foi anunciada a composição da Comissão de Festas para o ano de 2013 e respectiva lista de mordomas:


Juiz: António Freitas Oliveira, do Viso
Tesoureiro: José Carlos Silva Bastos, da Igreja
Secretario: Luís Carlos Fernando de Almeida, da Barrosa
Vogal: Alcino Fernando Ferreira Almeida, de Estôze


Mordomas:
Juíza: Liliana Pinto Almeida, da Lama
Procuradora: Ema Verónica Almeida Sá, do Viso
Mordomas de Casaldaça: Marcela Gonçalves Almeida, Renata Maria Ferreira Martins, Andreia Patricia Neves Pinho, Andreia Brandão, Sofia Cristina Fonseca Silva, Liliana Filipa Lopes Fonseca, Raquel Alves, Márcia Vitória Pinto Tavares, Vera Santos Silva, Vera Mónica Fontes Lopes, Ana Catarina Silva Bastos e Jessica Maria Ribeiro.
Mordomas do Cima de Vila: Juliana Alves da Silva, Filipa dos Santos Ribeiro, Anabela Silva, Liliana Conceição e Inês da Silva Mota.
Mordomas da Leira: Susana Lima, Daniela Patricia Ferreira e Juliana Monteiro.
Mordomas da Pereirada: Mariana Gonçalves Azevedo.
Mordomas das Quintães: Diana Jesus Santiago e Ana Rita Azevedo Gomes Giro.
Mordomas do Reguengo: Susana Mota, Diana Isabel Almeida Baptista e Elsa Filipa Conceição.
Mordomas do Viso: Rute Daniela Silva Gomes, Rosana Lopes, Susana Almeida Oliveira e Daniela Filipa Gonçalves Almeida.
Mordomas de Estôze: Cátia Mota, Angélica Filipa de Almeida, Mónica Ferreira Pinho, Alexandra Filipa da Mota Maia e Micaela Sofia da Silva Oliveira.
Mordomas de Fornos: Inês Tavares Bastos, Joana Moura Pinto, Andreia Jesus Santos, Manuela Ferreira Santiago, Kátia Joana Paiva Ferreira, Sara Patrícia Oliveira Neves, Sara Raquel Henriques Pinho, Mónica Suzete Santos Alves e Inês Almeida Santos.
Mordomas da Gândara: Adriana Ferreira, Ana Sofia Leite e Mariana Sofia Ferreira Pinto.
Mordomas da Igreja: Inês Margarida Gonçalves Bastos e Patrícia Henriques Almeida.
Mordomas da Lama: Cláudia Sofia Ferreira de Almeida, Ana Sofia Santos Almeida e Mónica Daniela Lopes Conceição.


fonte: link

14 de agosto de 2012

Festa do Viso 2012 - Análise

Passou já mais de uma semana sobre a última edição da Festa em honra de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António, popularizada entre nós como Festa do Viso.
Uma vez mais os guisandenses, encabeçados pela Comissão de Festas, estiveram à altura da tradição e souberam corporizar um dos nossos principais eventos comunitários.

Quanto à forma como as coisas correram ao longo dos quatro dias de festa, será oportuno, em jeito de análise, anotar os seguintes aspectos:

Aspectos positivos:
- Uma Comissão de Festas dinâmica que soube ao longo do ano trabalhar e dinamizar as coisas de modo a angariar receita suplementar;
- A boa afluência de público, nomeadamente na sexta-feira e sábado, tradicionalmente dias menos concorridos;

Aspectos menos positivos:
- O serviço da Banda de Música de Silvalde: Praticamente não actuou na parte da manhã  no arraial e mesmo durante a tarde por cada peça tocada descansava 15 ou 20 minutos. No acompanhamento da missa solene tocou e cantou bem mas com um reportório curto quanto baste, omitindo o "Senhor Tende Piedade de Nós". Nalgumas partes foi necessário o padre pedir para continuar a tocar.

O serviço de arruada (feito antes da missa), que leva a Banda a tocar em alguns locais da freguesia, não se justifica de todo com apenas uma Banda ao serviço. Funcionou bem em 2004 e 2005 porque estiveram duas bandas presentes no programa. Não temos memória de uma manhã de domingo sem serviço de Banda no arraial o que provocou um nítido desagrado em quem ali estava;

- Colocação da flor: Houve nitidamente desorganização e falta de preparação prévia dos casais. Em face disso, viram-se vários pares de mulheres, no que não é habitual nem tradição;

- Realização do tapete de flores para a procissão: Tem sido a norma, mas já vai sendo tempo para que as coisas sejam organizadas com antecedência, quer na preparação das equipas, escolha dos padrões e desenhos, recolha de materiais, etc. Dado o interesse que tem demonstrado nos visitantes, no que é já um dos pontos fortes da nossa festa, conviria que já tivesse uma organização própria.

- Preparação da procissão: O habitual falatório dentro da capela, numa autêntica "feira". Foi necessário o padre apelar de forma impetuosa ao silêncio. No futuro há que cultivar e incentivar o silêncio dentro da capela. É possível o entendimento e organização com moderação nos falatórios.

- Andamento da procissão: Não temos memória de um andamento tão sem ritmo, com paragens e mais paragens que à frente quer a trás.

- Horários do programa: Foi um descalabro, nomeadamente no Sábado, em que o segundo grupo, entrou com pelo menos 3/4 de hora atrasado, vindo em autêntica correria de uma actuação em freguesia próxima. O horário da missa foi também desrespeitado em meia hora. Na segunda-feira, o primeiro artista entrou com cerca de 20 minutos atrasado, actuando apenas pouco mais de 20 minutos. Depois as falhas do gerador  com cortes da electricidade em plena actuação da principal figura do cartaz artístico.

- Brejeirice: Todos sabemos que hoje em dia grande parte dos grupos ou artistas afina pelo diapasão da brejeirice, a piada fácil com nítidas insinuações de carácter sexual, desde logo pela aposta nas imprescindíveis bailarinas com trajes reduzidos, e o povo até gosta, mas de facto neste ano podemos dizer que, exceptuando a parte do folclore e do Rui Fontelas (que pouco cantou) foi a tónica geral.
Como em tudo, as coisas resultam se bem temperadas, mas o exagero já nem sempre cai bem. Uma festa de arraial é sempre um espaço de família, um encontro de várias gerações, desde crianças a idosos e há que haver algum cuidado na selecção de certos artistas mais talhados para ambientes mais reservados e virados para a juventude.

É claro que mais aspectos, positivos ou negativos, poderiam ser apontados mas estes foram mais notórios. Alguns resultam de imponderáveis mas outros resultam da falta de alguns cuidados e organização prévia.

No cômputo geral, cumpriu-se a tradição e todos quantos trabalharam e colaboraram estão de parabéns. O importante é continuar com o mesmo orgulho.

3 de agosto de 2012

Tempo de festa e de memórias

Mês de Agosto. Para os guisandenses, para além de um merecido período de férias retemperadoras, para a maioria, é também um tempo de bons sentimentos de ligação à sua terra, identidade e tradições, nomeadamente para os emigrantes que vivem este período de forma bem mais sentida.

Para muitos de nós, o período da Festa do Viso, em honra de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António, é mais do que assistir a espectáculos de música, beber umas valentes cervejolas e comer a sardinha assada, participar numa missa ou procissão solenes, embora também tudo isso, mas é igualmente o regresso a um palco das nossas vidas, ao lugar onde na velha escola primária do Viso aprendemos as primeiras letras, apanhamos as primeiras reguadas e puxões de orelhas e esperávamos ansiosos a hora de cada recreio para dar lugar às brincadeiras de então, à sombra do velho sobreiro.

É o recordar de velhos amigos e companheiros das aventuras e brincadeiras, dos jogos de futebol, batalhas de pedradas, caça aos ninhos, jogo do pião e outras travessuras. Amigos que, como nós, cresceram, envelheceram, uns já carecas, outros barrigudos, outros sem dentes, e outros, que Deus os tenha, já desaparecidos.

O Monte do Viso é assim um espaço onde muitos guisandenses dão lugar à alegria e devoção para com Nossa Senhora da Boa Fortuna mas simultaneamente enchem o peito e a alma das boas memórias de um tempo que já fugiu, o da nossa infância. É por isso um momento único nesta engrenagem sem fim que é o Tempo.

Para todos os guisandenses, votos de boas e merecidas férias e que sejam dignos e merecedores das mais doces memórias da nossa infância e desta terra que aprendemos a amar.

5 de janeiro de 2010

As festas religiosas

Na paróquia de S. Mamede de Guisande são realizadas várias festas de carácter religioso, a maior parte relacionada ao calendário litúrgico oficial e por isso comuns à comunidade católica portuguesa e mundial, nomeadamente as relacionadas com o nascimento, paixão, morte e ressurreição de Jesus.
Logo no início do ano, em Janeiro, no dia 20 ou no domingo mais próximo, tem lugar a festividade dedicada ao mártir S. Sebastião e a Nossa Senhora das Dores. Por tradição esta festividade é composta por procissão da capela do Viso à igreja matriz onde é celebrada uma missa solene. Na procissão tomam parte os andores dos referidos santos. Não tem sido regra mas noutros tempos na parte da tarde do dia havia lugar para a reza do Terço.

Depois dos ritos e festas ligadas à Quaresma e Páscoa, segue-se a Festa do Santíssimo Sacramento, em Dia de Corpo de Deus, normalmente no mês de Junho. Para a organização desta festividade também conhecida entre nós por Festa do Senhor, é nomeada, sensivelmente com um ano de antecedência, uma Comissão de Festas composta por homens casados, que para além dos aspectos organizativos tem a responsabilidade de tirar o peditório pela freguesia, o que normalmente acontece num domingo na parte da manhã. 
Nos últimos anos não tem sido regra, já que passou a ser realizada anualmente e nem sempre neste dia de feriado, mas noutros tempos a celebração da Profissão de Fé ou Comunhão Solene acontecia bienalmente sempre nesta Dia de Corpo de Deus pelo que a Comissão também se responsabilizava por alguns aspectos como a contratação da Banda de Música, fogueteiro, ornamentação ou enfeites, etc.
Coincidindo com a Comunhão Solene, a festividade consta de concentração junto à capela do Viso e partida em procissão simples para a igreja matriz onde ali é celebrada a missa solene. Já na parte da tarde, a reza do terço seguida de procissão solene até à capela do Viso onde após breve cerimônia de dedicação a Nossa Senhora da Boa Fortuna regressa à igreja para nova cerimônia da oferta dos ramos a Nossa Senhora da Conceição e a entrega dos diplomas ou certificados.
É pois um dia grande para a paróquia a Festa do Senhor quando coincide com a realização da Comunhão Solene.
Noutros tempos era enfeitado todo o percurso desde a igreja matriz até à capela do Viso, em cujos trabalhos participavam não só os pais das crianças e os membros da Comissão de Festa mas toda a freguesia. Era regra todo o percurso ser dividido em troços cada um atribuído a um dos 14 lugares da freguesias. Claro está que cada lugar esmerava-se por enfeitar de forma efusiva o bocado que lhe calhava. De todos estes bocados que compunham o percurso, é de realçar a qualidade do correspondente ao lugar de Estôze, que tinha a responsabilidade de enfeitar o adro. Belas e elaboradas flores de papel eram sempre um regalo para a vista e que requeriam muito trabalho e dedicação prévios para além da arte e do saber.
É verdade que nos nossos dias são menos as crianças e por conseguinte menos os pais e por isso a tarefa tradicional de enfeitar o percurso é feita de forma mais ligeira, e praticamente na envolvente da igreja e da capela. "O povo é que faz a guerra", costuma dizer o nosso povo, pelo que sem povo tem sido quase perdida esta "guerra" de manter vivas algumas das nossas melhores tradições sobretudo as que envolviam e entusiasmavam toda a freguesia.

Já em pleno Verão, logo e sempre no primeiro domingo do mês de Agosto é tradição antiga a realização da festa em Honra de Nossa Senhora da Boa Fortuna e de Santo António, que se veneram na capela do Viso, por isso também conhecida entre nós e redondezas por Festa do Viso ou Festa no Viso.
Para a organização desta festa é eleita uma Comissão de Festas composta por dois homens casados e dois solteiros e duas mulheres solteiras, as mordomas. Por regra apenas são eleitos uma única vez.
Para mais pormenores sobre esta festividade, a mais importante da freguesia sob um ponto de vista popular, profano e religioso, ler aqui um artigo próprio.

Já depois do Verão, surgem as festividades da Senhora do Rosário (no primeiro domingo de Outubro), também com Comissão de Festas que realiza peditório, missa solene na igreja matriz e procissão ao redor do adro. Finalmente, em Dezembro, no feriado nacional do dia 8, tem lugar a festa da Senhora da Conceição, para a qual também é eleita uma Comissão de Festas a qual recolhe a esmola do peditório.

Finalmente, a terminar o ano, e logo depois do Tempo do Advento, surgem as festividades natalícias, com Natal, Ano Novo e Dia de Reis, com as fortes componentes religiosas mas também familiares com as tradicionais consoadas. Obviamente que para além do carácter universal das festas ou ritos associadas ao Natal e Páscoa,  estas têm na nossa paróquia especificidades e tradições muito próprias, como a eleição e a função do Juíz da Cruz, entre outras.

15 de fevereiro de 2001

O Carnaval em Guisande

O Carnaval é um festival popular relacionado às raízes do cristianismo ocidental. Ocorre antes da estação litúrgica da Quaresma. Os principais eventos ocorrem tipicamente durante Fevereiro ou início de março, durante o período historicamente conhecido como Tempo da Septuagésima (ou pré-quaresma). O Carnaval normalmente envolve uma festa pública e ou desfile combinando alguns elementos circenses, máscaras e uma festa de rua pública. As pessoas usam trajes durante muitas dessas celebrações, permitindo-lhes perder a sua individualidade quotidiana e experimentar um sentido elevado de unidade social.

O consumo excessivo de álcool, de carne e outros alimentos proscritos durante a Quaresma é extremamente comum. Outras características comuns do carnaval incluem batalhas simuladas, como lutas de alimentos, sátira social e zombaria das autoridades e uma inversão geral das regras e normas do dia-a-dia.[fonte: Wikipédia]

Esta introdução ao sentido do Carnaval será a mais comummente aceite, sendo que nos tempos modernos ela generalizou-se e transformou-se, tornando-se mais num evento folclórico e sobretudo dirigido às massas e indústria do turismo, como é o caso do Carnaval do Rio de Janeiro no Brasil. Mesmo em Portugal, sendo certo que há manifestações de um Carnaval ainda muito tradicional, sobretudo em pequenas aldeias do interior, e destas as principais em Trás-os-Montes e Beiras, mas no litoral os eventos carnavalescos tornaram-se também eles meras organizações para turista ver, resultando já não em manifestações genuinamente populares e espontâneas mas principalmente com estruturas organizativas fortes e subsidiadas. Em resumo, comercializadas. 

Em todo o caso, o Carnaval, mesmo o que se vive em Portugal, seja o mais comercial ao mais popular, é um evento muito apreciado pela generalidade do nosso povo.

O Carnaval em Guisande:

Em Guisande, as manifestações ligadas ao Carnaval nunca foram marcantes nem consequentes e regulares no tempo a ponto de estabelecerem uma tradição com raízes. De resto como nas demais freguesias vizinhas. Manifestações mais ou menos organizadas e com regularidade são raras e sobretudo na freguesia vizinha de Caldas de S. Jorge onde o contexto turístico das Termas em muito ajudou a essa continuidade. 

Apesar disso, são conhecidas e ainda lembradas pelos mais velhos algumas carnavaladas episódicas e com preponderância num ou noutro lugar da freguesia e por vezes pelo impulso de uma ou outra figura mais característica desses lugares.

Por exemplo, no lugar do Viso, recordo que nos meus tempos de criança e adolescente, por isso pelos idos anos de 1960 e 1970, o Carnaval marcava sempre presença e sempre com a intervenção da criançada. grosso modo, o grupo tratava com tempo de ir ao mato colher um carvalho de porte adequado, que era arrastado para a borda do Monte do Viso, próximo da escola e ali era fixado ao alto. Depois era um arrastar contínuo de lenha do mato e tudo o que pudesse arder, incluindo velhos pneus e trapos, de modo a amontoar à volta do carvalho, como se de uma árvore de Natal se tratasse. No cimo da árvore pendurava-se um grande espantalho.

Ao princípio da noite, quase sempre após o jantar, era o momento esperado, o acender do fogueirão o qual pela sua dimensão seria visto em toda a parte baixa da freguesia. A imagem acima de algum modo ilustra o que de semelhante então acontecia no lugar do Viso. Claro, escusado será dizer, que quando o dia de Carnaval calhasse num dia de chuva era um cabo dos trabalhos para fazer arder a árvore e aí recorria-se a petróleo e a lenha e moliço secos para ajudar a engrenar. 

Nessa altura do acender da fogueira os mais velhos também vinham assistir. Noutros lugares da freguesia, como Estôse e Casaldaça, também era comum o acender de fogueiras ou borralheiras. Paralelamente, as habituais brincadeiras de crianças com o uso de bisnagas de água, algumas mais sofisticadas na forma de peixe e pistola e que por esse altura se compravam como brinquedos, na Quitanda das Quintães. Também, para as meninas, o atirar do pó-de-arroz e outras matreirices. Era sem dúvida um dia de brincadeiras alegres e num tempo em que as crianças brincavam na rua, muito ou totalmente ao contrário do que sucede nos tempos modernos.

Era, pois, um simbolismo genuíno, mesmo que então pouco compreendido, do queimar do tempo velho e a preparação para o tempo novo ao qual se transitava pela carestia da Quaresma, a qual por esses tempos era vivida com algum rigor, no que respeita ao respeito pelo jejum e abstinência bem como da participação nos  serviços religiosos, como a reza do Terço e a Semana de Pregações.

24 de dezembro de 2000

Consoada de Natal - Tradição em Guisande

É sabido que a tradição em Guisande manda que a consoada seja no próprio dia 25 de Dezembro. Todavia, a nossa freguesia não é caso único quanto a este pormenor, mas também, mesmo que de forma não generalizada, Lobão e Louredo. Mas noutras mais e sobretudo confinadas à zona nordeste do concelho de Santa Feira. 
A justificar esta particularidade, há várias histórias mais ou menos plausíveis, porventura algumas já com elementos lendários. Segundo alguns entendidos, tal situação deve-se ao facto de parte das gentes desta zona, em tempos passados, terem ocupações noutras freguesias do concelho, como criados, jornaleiros ou operários em oficinas e primeiras fábricas (nomeadamente na indústria da cortiça), o que não lhes permitia celebrar o Natal na noite da véspera, pois nesses recuados tempos era normal trabalhar-se todos os dias excepto aos Domingos e dias de feriado como era o caso do Natal. Assim sendo, guardavam a oportunidade para em família celebrar apenas no dia 25. A coisa espalhou-se e de um hábito adquirido pela força das circunstâncias, transformou-se em tradição.

Por outro lado, também se argumenta que mais ou menos pelos mesmos motivos, os patrões ou fidalgos doutros tempos, e a partir do séc. XVI em que já era prática dar de consoada o então vulgar bacalhau, prendavam os seus criados e jornaleiros com esse peixe salgado. Ora como era salgado, não era possível ser comido no dia em que o recebiam, isto é, no dia 24 de Dezembro, havia a necessidade de o demolhar durante a noite e dia seguinte de  modo a só depois pudesse ser comido.
Como se vê, são tudo suposições, mas certamente com algum fundo de verdade.

A consoada de Natal em Guisande, tem aspectos comuns a quase todas as famílias, como seja o prato principal composto por batatas cozidas às metades, couve-penca, quase sempre de cultivo próprio na horta ou quintal da casa e plantada com esse propósito por alturas da colheita das batatas. A penca, para ser saborosa e tenra, deve apanhar umas valentes camadas de geada. Depois o indispensável e tradicional bacalhau cozido, previamente demolhado junto a uma bica de água corrente. Há também quem inclua ovos cozidos cortados às metades para ajudar a colorir o prato ou travessa. A envolver, o azeite simples, aquecido ou fervido com cebola picada, eventualmente com alho também picado e, em certas casas, enriquecido com uma colherinha de açúcar ou uma colher de mel. Este azeite, já com nome de molho, é disposto na mesa em malgas de onde se regará, a gosto, a caldeirada.
Em algumas famílias a tradição vai para o peru recheado assado ou mesmo o polvo, mas são seguramente casos pontuais.

A caldeirada de Natal em muitas famílias é servida em generosas travessas de barro a partir da qual comem três ou quatro pessoas. Este aspecto reforça o sentido de partilha e família. Não é comum em todas as casas, mas ainda existe.

Outra tradição é a "Farrapada" que se come no dia seguinte, aproveitando-se as sobras. Neste caso os componentes são reduzidos a bocados pequenos e depois salteados numa frigideira a que se acrescenta broa de milho esfarelada. Claro que há variantes de casa para casa, nomeadamente no modo de preparação, mas há um aspecto comum que é o de aproveitar as sobras. Há mesmo quem prefira esta versão do dia seguinte do que a própria caldeirada no dia de Natal.




Os aperitivos ou entradas, uma componente mais moderna, porque noutros tempos a vida era mais difícil e menos dada a abundâncias gastronômicas, há alguns elementos comuns como as nozes, o queijo e o vinho do Porto.

Já quanto ás sobremesas são variadas, mas as mais comuns e tradicionais ligadas à consoada de Natal em Guisande são as rabanadas, de leite ou de ovos, mas sobretudo de vinho, fritas ou apenas embebidas numa calda de vinho tinto, maduro agora mas noutros tempos de verde-americano, açúcar, canela e mel. Depois surgem os bolinhos de abóbora, entre nós chamada de bolina, a que também designamos de bilharacos. De seguida a indispensável aletria, dourada e polvilhada com pó de canela, por vezes com desenhos ou quadriculados. Talvez a seguir, com mais tradição, o leite creme.

Para além destas, há naturalmente outras mais, como o pudim, a mousse de chocolate, os sonhos, o bolo-tronco e o também tradicional bolo-rei embora este mais relacionado com o Ano Novo ou mesmo o Dia de Reis.

No dia de Ano Novo, em Guisande a tradição volta a ser no próprio dia 1, embora já mais diluída. A ementa é semelhante à do Natal embora já quem, farto de bacalhau, acabe por o trocar por um galo caseiro ou peru assados ou mesmo cabrito ou polvo. Há quem ainda se mantenha fiel ao bacalhau mas já confeccionado de outra forma que não cozido, pelo que assado ou grelhado.

A parte da doçaria é semelhante mas já alargada a outros bolos. Na bebida, destaque para a rainha da noite, o espumante (a champanhe portuguesa). Se a consoada coincidir com a passagem-de-ano, então alarga-se o leque de petiscos, não faltando as passas, o camarão, eventualmente umas moelas e outras mais.

No Dia de Reis, em Portugal com menos realce, comparativamente a Espanha, por exemplo, há novamente lugar a uma consoada mas em regra mais humilde e já menos alargada a familiares. Por vezes, em famílias grandes, o local de convívio é alternado de ano para ano pelo que se aproveita o Dia de Reis para uma réplica do Dia de Natal. Há ainda quem siga o calendário litúrgico, que transporta a celebração para o Domingo anterior mais próximo, mas há quem faça a consoada no próprio dia 6 de Janeiro (noutros tempos feriado).

Voltando à questão do bacalhau como elemento principal da consoada tradicional portuguesa e em Guisande, este peixe pescado nas frias águas dos mares do norte, terá sido integrado nos hábitos alimentares dos portugueses, e sobretudo na ceia de Natal, seguramente a partir do séc. XVI mas há referências ao mesmo no já séc. XV e até mesmo no anterior. Consensual entre os entendidos é o facto do bacalhau ter sido introduzido por motivos de preceitos religiosos, por ser a mais viável opção alimentar para contornar a obrigação da Igreja da penitência e abstenção de se comer carnes nos dias anteriores ao Natal. De facto, só o era permitido já depois da Missa do Galo,

Mais antigo que o bacalhau como elemento principal da consoada, era o peru, uma ave exótica trazida para a Europa pelos espanhóis das Américas. Esta ave, pela sua imponência e porte nobre, tornou-se rapidamente a preferida na mesa do clero e da nobreza, indo à mesa em banquetes de reis e rainhas. Por conseguinte, o peru era um símbolo do poder e da nobreza, inacessível aos portugueses do povo. Só já no séc. XIX é que o peru começou a entrar de forma mais alargada na tradição natalícia do português comum.

O bacalhau nos primeiros tempos da sua introdução na alimentação dos portugueses, inicialmente do Minho para sul, era considerado um alimento de fraca condição e barato. Era frequentemente dado a comer nas prisões. Mas a sociedade e os seus hábitos alimentares dão voltas e hoje o fiel amigo é um produto ainda acessível quanto à variedade de oferta, mas já mais dispendioso, em parte pela redução da espécie e limitações na sua pesca bem como pelo facto dos países com direitos sobre as respectivas águas econômicas, como Canadá, Noruega e Islândia, fazerem eles próprios um aproveitamento econômico deste particular peixe. Por isso a indústria e actividade da pesca do bacalhau, com fortes tradições no nosso país, deram uma enorme reviravolta.

Quanto às batatas, elas foram introduzidas na consoada de Natal mais tarde que o bacalhau, só no séc. XIX. Até então, o peixe era acompanhado apenas pelas couves ou por castanhas, estas sobretudo na zona norte do pais. Não surpreende, pois, que as castanhas ainda façam parte da receita do peru recheado e assado no forno.




- rabanadas de vinho, polvilhadas com açúcar, mel e canela


- aletria polvilhada com canela


- Bilharacos de Bolina


- Bolo-Rei


- Pudim Francês


- Mousse de chocolate


- Leite Creme


6 de janeiro de 2000

A Festa do Viso

A Festa
A festa em Honra de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António realiza-se anualmente sempre no primeiro Domingo do mês de Agosto, junto à bonita capela localizada no Monte do Viso, na freguesia de Guisande, concelho de Santa Maria da Feira.
Esta é a principal festa da freguesia, com uma componente religiosa e outra profana e a sua origem é bastante antiga. Não há documentos que atestem o seu início mas certamente está ligado à construção da capela, datada de 1869, portanto com quase século e meio.

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Nossa Senhora da Boa Fortuna

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Santo António

A Capela
A capela é de média dimensão, com corpo rectangular, com orientação nascente/poente, voltada à parte baixa da freguesia, dispondo assim de uma vista interessante que abrange os lugares da Casaldaça, Lama e Fornos e ainda as encostas nascente das freguesias de Fiães e Lourosa.

A capela ao longo dos tempos foi sofrendo obras de conservação e restauro, de que se destacam as ocorridas em 1969, à passagem do 1º centenário, com amplas obras interiores, incluindo restauro dos tectos, altares e exteriores, nomeadamente com o revestimento da fachada principal com azulejo incluindo as imagens de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António, oferta do devoto António Alves Santiago.
Em 2003 a capela passou por obras profundas de conservação, sendo substituída a estrutura da cobertura e realizado um novo coro, com uma cómoda escada de acesso interior. Antes a ligação ao coro era apenas por escada exterior, que de resto se mantém. Foi também removido o soalho em madeira e requalificado o pavimento original em largas lajes de granito da região.

A capela dispõe de uma sineta afixada num arco-sineiro edificado sobre o vértice da fachada principal. Este arco também foi realizado aquando das obras de 1969. Este mesmo arco foi alteado no ano de 2016 de modo a adequar o sistema de toque automático. O toque da sineta durante muitos anos era feito de forma manual, através de um cabo accionado na sacristia mas actualmente dispõe de um sistema electro-mecânico.
Também desde os anos 70 que a capela está dotada com relógio interior, cujo toque é transmitido via altifalante colocado próximo da sineta. Este relógio toca a cada quarto de hora e é ouvido em quase toda a freguesia, dependendo da direcção do vento.

Sobre a sineta, existe uma espécie de rivalidade ou disputa antigas com a freguesia de Lobão, já que os guisandenses reclaman que a capela de Santo Ovídeo em tempos pertenceu a Guisande (e de facto pelo menos uma parte a nascente do actual arraial está em território de Guisande) e por sua vez os de Lobão defendem-se argumentando que não e que a sineta existente na capela do Viso seria a que existia na capela de Santo Ovídeo e que foi roubada pelos de Guisande.
Obviamente que a parte que ao roubo da sineta diz respeito é pura mentira ou mera brincadeira, já que na sineta da capela do Viso, para quem quiser tirar dúvidas, existe uma gravação em baixo relevo, feita no próprio momento da fundição, com uma legenda que se refere à Senhora da Boa Fortuna.

A capela dispõe de três altares, o principal ao centro, com as imagens de Nossa Senhora da Boa Fortuna, Santo António do lado sul e S. Domingos do lado norte (embora não exista certeza quanto a esta identidade). O altar lateral do lado norte é dedicado a Nossa Senhora do Carmo e às Almas do Purgatório e do lado sul é dedicado à Senhora da Luz, cuja imagem supostamente se referia a Nossa Senhora da Boa Fortuna antes da aquisição da actual imagem.
Ainda em relação à imagem de Nossa Senhora da Boa Fortuna, foi adquirida recentemente uma imagem réplica a qual é utilizada na procissão já que a imagem original por diversas vezes sofreu acidentes à saída e entrada da capela, de que resultou a danificação da mão esquerda do Menino, bem como outros toques ligeiros.

Na parede lateral norte existe ainda um nicho com a figura de S. José e na parede sul um nicho com a figura do Menino Jesus de Praga, relativamente recentes.
A capela é toda ela harmoniosa, tanto interior como exteriormente. Noutros tempos era celebrada Missa todos os domingos. Desde há muitos anos, e já do tempo do Padre Francisco (falecido em 1998) celebra-se pelo menos uma vez por mês e por alturas do Natal, Reis e Ano Novo.


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O arraial
A capela está envolvida pelo arraial do Monte do Viso onde se realiza a festividade de âmbito profano, o qual ao longo dos tempos tem sido requalificado. Ainda há trabalho a fazer mas as diversas juntas de freguesia, umas mais do que outras, têm ali dedicado alguma atenção no consecutivo melhoramento.
O actual arraial não tem nada a ver com o arraial original e deste praticamente só subsiste o velho e imponente sobreiro, um símbolo da freguesia, localizado a norte da capela e próximo ao edifício da Escola Primária do Viso. Pela existência da capela, da escola primária e da realização da festa, o Monte do Viso é motivo de fortes recordações para todas as gerações de guisandenses ao longo dos tempos.
O arraial dispõe de um belo coreto, com cobertura metálica, de construção dos anos 90, sob o qual foram construídas instalações sanitárias e espaço de apoio. Sob a sombra do imponente sobreiro, existe uma bela fonte de água corrente, captada em nascente no Monte de Mó, obra dos anos 2000. A zona do anfiteatro, pavimentada em calçada de pedrinha, data de 2004 e veio enriquecer toda a zona adjacente ao coreto, adequando-se aos bailaricos e outras actividades da paróquia.
Noutros tempos o arraial era um espaço algo selvagem, onde predominava um terreno irregular com várias árvores, nomeadamente acácias, de que ainda resistem duas árvores, austrálias e mimosas. As mimosas por altura do início da Primavera emprestavam ao local uma beleza particular com os cachos de flores amarelas e um doce aroma, delícia das abelhas.
Com os rigorosos ventos de inverno, as enormes austrálias e mimosas foram caindo aos poucos e com as obras de requalificação do arraial foram abatidas as sobreviventes.
Hoje toda a zona envolvente é uma digna sala de visitas da freguesia, e apesar de frequentemente estar botada ao desleixo pelas juntas, nomeadamente no aspecto de limpeza e manutenção dos jardins, é um local que orgulha os guisandenses. Durante o ano, para além da festa principal em Agosto, realizam-se ali várias actividades ligadas à paróquia ou ao movimento associativo, como a Semana Cultural, em Julho.


A Comissão de Festas
Para a organização destas festividades em Honra de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António, a cada ano é eleita uma Comissão de Festas composta por dois homens casados, sendo um deles o Juíz, e dois homens solteiros e ainda duas mulheres solteiras, as mordomas (Juíza e Procuradora).
Os elementos da Comissão de Festas por regra são eleitos uma única vez e quem faz a festa em solteiro não a faz em casado. A não ser por vontade própria. A Comissão da próxima festa é escolhida pela comissão cessante.
À Comissão cabe a responsabilidade de organizar todos os aspectos da festa, tanto a componente religiosa, em coordenação com o pároco local, como da profana ou de entretenimento.
Uma vez tomada a posse, o que acontece após a nomeação e o encerramento das contas da festa terminada, normalmente pelo início de Setembro, a nova Comissão inicia logo os preparativos. Por tradição realiza o peditório pela freguesia por início de Novembro, designado de peditório da Esmola da Eira. Na origem era uma oferta em cereal, milho ou feijão, e servia de adiantamento ou preparo para as despesas. Hoje em dia o pagamento é feito em dinheiro e é realizado em simultâneo com o peditório principal, evitando-se assim uma segunda volta.
De todo o modo, o peditório acaba por ser mais uma tradição e uma espécie de apresentação da equipa à freguesia, pois na realidade os guisandenses têm a tradição de fazer o pagamento da oferta durante os dias da festa. É nesta altura que o grosso da receita é recebido.
Durante o resto do ano até à data da festa, há muito trabalho e canseira a requerer coordenação e acção, como a contratação dos artistas e grupos, a contratação dos aspectos logísticos, como o palco, som, luz e ornamentação, foguetes, etç, bem como a angariação de receitas suplementares, como a publicidade/patrocínios, venda de rifas, etç.
As mordomas têm a função de organizar os aspectos relacionados com os andores, flores, passadeira do percurso, etç. Noutros tempos tinham a função de organizar a preparação dos enfeites e ornamentação mas desde há vários anos que essa é uma parte realizada por empresa contratada.
As mordomas principais (Juíza e Procuradora) angariam a receita junto das mordomas secundárias, raparigas solteiras e adolescentes, cuja lista vai sendo actualizada de ano para ano. Estas mordomas secundárias podem ser nomeadas por vários anos. A sua responsabilidade, uma vez que deixou de haver a tarefa de se fabricar artesanalmente os enfeites, em que teriam que ajudar, resume-se actualmente à contribuição de uma verba em dinheiro para além do dever de ajudar na preparação da passadeira do percurso da procissão.
 
Aspectos da organização e outras características
Noutros tempos a festa realizava-se apenas ao Sábado e Domingo. Posteriormente, já pelos anos 70,  alargou-se à Segunda-Feira e mais recentemente antecipou-se à Sexta-Feira.
Por tradição está sempre presente uma Banda de Música, que ajuda no acompanhamento da Missa e actua durante a tarde de Domingo, até ao sol-pôr, incluindo o acompanhamento da procissão solene.
Noutros tempos participavam regularmente duas bandas e eram a principal atracção da festa. Essa tradição foi reactivada no ano de 2004 e 2005 mas actualmente, por dificuldades financeiras, conta-se apenas com uma banda.
O Domingo à noite regra geral é reservado ao folclore, com ranchos da região e de outras terras, nomeadamente da região do Alto Minho que aqui são muito apreciados pela vivacidade dos trajes e das danças.
A noite de Segunda-Feira é reservada à atracção principal e a uma sessão sempre esperada de fogo de artifício. A festa orgulha-se de ter quase sempre um artista de renome nacional no seu cartaz.

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A procissão solene
A procissão solene, realizada no Domingo à tarde, normalmente pelas 18 horas, é um dos momentos altos da festa religiosa, habitualmente com uma dúzia de andores e vários figurantes. Na última edição, 2010, integraram-se 14 andores.
Pela sua beleza e religiosidade, a procissão atrai muitos forasteiros, quer para ver os belos andores quer para ver a passadeira de flores que com arte e dedicação é preparada no início da tarde, envolvendo muitas pessoas da freguesia, devidamente orientadas pelas mordomas, que de véspera tratam de angariar flores, pétalas, ramos, relvas, serraduras, etç, para depois prepararam a composição do tapete.
A procissão durante muitos anos fazia o percurso de ida e volta até ao lugar das Quintães, contornado uma bela cruz enfeitada com flores, mas nos últimos dois anos, devido ao alargamento da Rua das Barreiradas, o percurso foi ligeiramente alterado, saíndo da Capela e percorrendo pelo nascente o lugar de Cimo de Vila e descendo a Rua das Barreiradas, retomando depois o antigo percurso da volta, pela Rua das Quintães e subida do Monte pela Rua Nossa Senhora da Boa Fortuna.

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Resumo
A Festa do Viso, como popularmente é conhecida em Guisande e nas redondezas, é uma das fortes tradições da freguesia e é motivo de orgulho de todos os locais.
A festa em si é um momento de expressão religiosa e também de alegria e convívio entre os guisandenses e familiares, sobretudo os que emigrados ou deslocados regressam à terra.
Para os emigrantes é um momento único de ligação à aldeia. As famílias juntam-se à mesa e ao forno vai o cabrito, carneiro ou borrego. Nas mesas abundantes, a par do tradicional assado, há doces e fruta, de modo especial o melão, outrora um símbolo da festa.
A Festa do Viso representa para a Comissão de Festas uma responsabilidade e canseira que dura todo um ano, bem como também exige um esforço de colaboração de toda a freguesia mas no final, feita a festa e suada a testa, é um motivo que a todos orgulha, com um sentimento partilhado de dever cumprido e tradição respeitada em nome da terra e de todos os antigos que sempre tiveram uma dedicação pela Festa do Viso e de modo especial pela Mãe carinhosa na invocação de Senhora da Boa Fortuna, bem como de Santo António, protector das causas e coisas perdidas.

- Américo Almeida