28 de novembro de 2022

Uniões de freguesias - O que se ganhou?

Em recente reportagem do jornal semanário "Correio da Feira" (13 de Outubro), sobo título "Autarcas divididos quanto à desagregação das uniões de freguesia", é abordada a questão da desagregação das uniões de freguesias no nordeste feirense, concretamente as de Caldas de S. Jorge e Pigeiros, Canedo, Vale e Vila Maior e Lobão Gião Louredo e Guisande.

Do muito que é referido e das justificações adoptadas pelos diferentes autarcas nos processos de votação em sedes de assembleiaas de freguesias, tendo sido aprovadas as desagregações, mesmo que não todas por unanimidade, e depois igualmente em sede de assembleia municipal, uma das tónicas comuns, entre os que foram a favor, contra ou nem uma coisa nem outra, todos transmitem a ideia de que com a desagregação as freguesias mais pequenas perderão capacidade reinvindicativa.

É, obviamente, uma perspetciva legítima, mas na realidade, feita uma análise séria, será mesmo assim? Até porque, pergunta-se, nestes já quase 10 anos de uniões, o que é que cada uma das freguesias menores dessas três agregações ganharam em concreto e de substancial face à situação pré-reforma? Que melhoramentos e obras substanciais foram realizadas? Que modelos de gestão e proximidade às populações foram seguidos e com que vantagens? Veja-se só um unico exemplo: Em Guisande a compra de uma sepultura no cemitério local andava pelos 500 euros. Actualmente custa 2150,00 euros. Mas naturalmente todo o aspecto de taxas trouxe um acréscimo considerável. É isto um ganho prático para as populações? 

Mesmo no sector das limpezas, na anterior situação, todos os dias de semana do ano a freguesia tinha ruas ou troços delas a serem limpas. Tinha sempre alguém que podia ser alocado a uma situação emergente. Havia, pois, sempre ruas limpas. Actualmente a coisa faz-se periodicamente e por isso uma impossibilidade de uma gestão adequada dos casos mais necessários e quase sempre com pouca profundidade. É certo que neste mandato em curso as coisas mehoraram, mas ainda assim sem uma total capacidade de uma limpeza regular e efectiva. Limpeza de sarjetas em ocasiões de chuvas fortes, quem as faz? 

A resposta para ser rigorosa, é nada! As obras mais susbtanciais continuaram a ser feitas nas freguesias cabeça. Já as perdas, essas foram notórias, com um afastamento de proximidade, com elmentos desconhecedores e desfasados das realidades intrínsecas das diferentes freguesias, etc. Ou seja e em resumo, nestes quase 10 anos, uma década, todos os indícios mostram que efectivamente as freguesias menores nada ganharam de acréscimo face às anteriores realidades.

Por outro lado, a ideia de que as freguesias menores têm menos capacidade reinvindicativa é uma falsa questão porque mesmo as mais pequenas freguesias do concelho sempre tiveram capacidade de desenvolvimento proporcional sempre que dirigidas por gente capaz e dedicada. Gião, Louredo e Guisande, mesmo com avanços e recuos, mostrarem isso, indo sempre além dos que os magros orçamentos ordinários permitiam.

Guisande nos últimos como freguesia independente tinha orçamentos anuais a rondar os 100 mil euros o que dava 400 mil no mandato. Em dois mandatos seriam 800 mil. Mas que fossem apenas 90 mil e daí 720 mil euros em dois mandatos. Pergunta-se: Nestes 9 anos de dois mandatos e picos, investiu-se em Guisande 720 mil euros, mesmo contando com o tal esforço no pagamento de dívidas herdadas?  É que não entram nestas contas as obras directas do orçamento da Câmara, como aconteceu com as pavimentações das ruas.

É certo que também concordo que passados os primeiros tempos e as dores das mudanças que foram inevitáveis, as coisas podem passar a ser melhores, pelo menos em teoria, mas só o tempo poderá confirmar isto ou, o contrário.

Para finalizar, são de facto duas realidades diferentes, mas a experiência já quase com uma década não permite nem de perto nem de longe dizer que as uniões trouxeram vantagens óbvias e significativas para as populações a ponto de se poder pensar que a reversão será pior.

Compreendo e aceito todas as posições dos diferentes presidentes de Junta das uniões, mas importa não esquecer algo importante: É que são todos originários das freguesias cabeça e em caso de continuidade do actual sistema, continuarão, concerteza a querer ter presidentes dessas grandes freguesias, numa posição de, msmo que não assumida, de preponderância, de canibalismo político. Aceitarão os de Lobão, os das Caldas e os de Canedo um presidente proposto e vindo de Guisande, de Pigeiros ou Vale, respectivamente? Hummmm! Parece-me que não!

Em todo o caso, esta é apenas uma simples opinião e cada um terá a sua e considerará válidos os seus próprios argumentos. 

Seja como for, numa ou noutra realidade, as dificuldades serão sempre muitas e não há milagres, desde logo porque as áreas de competência e intervenção das juntas são superiores aos financiamentos centrais ou municipais que recebem para isso. Por outro lado, autarcas que trabalham pelas populações apenas por amor à terra e à camisola já são raros e destes poucos os que conhecem cada um dos habitantes pelos seus nomes e a realidade dos diferentes lugares, e daí uma nítida falta de proximidade. Hoje qualquer cidadão da união vai á sede para solicitar um atestado ou expor um problema e é apenas um simples desconhecido. Provavelmente ninguém o conhecerá nem o tratará pelo nome próprio antes de se identificar.

É o que é! 

Romaria - Variante Arouca-Feira

Nisto da curiosidade somos quase todos iguais. Também curioso, fui já experimentar a nova variante Feira-Arouca, um eufemismo para apenas um troço de pouco mais de 7 Km, entre o lugar da Abelheira- Escariz e Gândara-Pigeiros na rotunda da saída da A32, acabada de inaugurar com pompa e circunstância a merecer a visita de um ministro.

Respeitando a velocidade de 70 Km/hora, fez-se em 7/8 minutos. Já tinha experimentado a anterior alterantiva pelas estradas interiores e apenas registei uma diferença de 3/4 minutos. Assim mais do que o tempo poupado, vale a qualidade e segurança do percurso o que pode fazer diferença sobretudo como acesso ao Hospital da Feira para as gentes de Arouca. 

Não sou especialista de tráfego de trânsito e muito menos decisor, mas considero que sob um ponto de vista de retirar trânsito em algumas das ruas locais, sempre tão degradadas, talvez se justificasse uma entrada/saída intermédia, porventura na intercepção da estrada que liga Romariz a Cesar, ali na zona de Vila Nova, mas até pelas características do terreno e relacionamento das duas vias, certamente que o custo dispararia. 

Assim a via é, sem dúvida, muito importante mas, a bem dizer, apenas para Arouca, e para aqueles que de algum modo vivem próximos das entradas. Para o resto, para os aglomerados dispostos ao longo de toda a via,  e mesmo para a generalidade do concelho da Feira, o interesse é muito relativo ou mesmo reduzido.

É claro que que com uma extensão tão curta nunca poderia servir muita população, tanto mais que, como disse, prescindiram de uma ligação intermédia. Sem dúvida, reitero que é importante mas quase exclusivamente para Arouca, o que de resto é merecido. Já ouvi loas exageradas quanto ao interesse da via para o concelho da Feira, o que é manifestamente exagerado. Os de Arouca precisam da via sob um ponto de vista de rentabilidade empresarial e sobretudo de acessos das populações aos equipamentos de saúde centrais, já que se servem essencialmente do Hospital S. Sebastião. Já os feirenses, esses vão a Arouca principalmente pelo laser, à vitela e ao pão-de-ló, pouco mais.

Ainda do que vi, tal como na A32, serão ainda muitos os problemas de escoamento/drenagem de águas, sendo visível as estradas na periferia cheias de lamas. Os empreiteiros são mestres a adotar soluções espertalhonas e poupadinhas, mesmo na reposição de entradas, acessos e caminhos e com elas o prejuízo de terceiros.  A ver vamos se será mais do mesmo que se verificou na A32.

Entretanto, como era expectável, era uma romaria de carros a experimentar. Tenho dúvidas que na normalidade diária o percurso tenha assim tanto trânsito simultâneo nos dois sentidos.

27 de novembro de 2022

Raimundo José da Fonseca, meu bisavô materno



Raimundo José da Fonseca, era meu bisavô materno. Nasceu em 17 de Outubro de 1884 e faleceu em 17 de Novembro de 1929, muito jovem, apenas com 45 anos.

Era filho de António José da Fonseca e de Maria de Oliveira, meus trisavôs maternos, ambos do lugar do Carvalhal, freguesia de Romariz.

Por sua vez, era neto paterno de Manuel José da Fonseca e de Margarida Rosa de Jesus e neto materno de Manuel Ferreira da Silva e Ana Maria d´Oliveira (todos estes meus tetra-avôs maternos)

Tinha 22 anos quando casou em 9 de Maio de 1907, com Margarida da Conceição  (minha bisavó), esta filha de António Caetano de Azevedo e de Maria da Conceição, do lugar das Quintães - Guisande. Tinha 21 anos quando casou.

Este meu bisavô, tal como o seu pai,  era um afamado mestre canteiro (oficial de pedreiro) e pela nossa região são várias e autênticas pérolas de granito rendilhadas por si e por alguns familiares que com ele trabalhavam. 

Em Guisande é conhecida a capela mortuária da família da Casa do Moreira, do lugar da Igreja e ainda o mausoléu  da família do meu avô paterno. Mesmo na sacristia da nossa igreja a bonita fonte ali existente é de sua autoria.

Nas imagens abaixo, o mausoléu no cemitério em Guisande, com a imagem em mármore de Nossa Senhora e ainda um de características similares, existente no cemitério de Fermedo - Arouca, embora este com a imagem alegórica  da Saudade. 

Ainda na nossa região, são várias as alminhas por eles lavradas.

26 de novembro de 2022

No fio da navalha

O que fazem quatro jovens, em plena madrugada escura, numa época de agitação marítima, junto da linha de água de um mar conhecido por traiçoeiro?.

Terão sido arrastados para o mar, sendo que três salvaram-se e uma rapariga de 20 anos está desaparecida temendo-se naturalmente o pior.

Estes filmes de total insensatez dão nisto. Não há volta a dar. Os acidentes e incidentes estão ao virar da esquina e o mundo é demasiado perigoso. 

Podia ser em qualquer lugar e circunstância, mas o constante caminhar no fio da navalha por muitos jovens, dizem que por irreverência, e de algum modo banalizar o perigo, dá nisto, na tragédia. 

Também eu pai, que me alvoroço com a saída dos filhos, não tenho como deixar de pensar nos pais daquela jovem, porventura sossegados a dormir em casa, quando ela já senhora do seu destino, mesmo o de escolher ir com colegas, de noite e em plena madrugada, para junto da linha de água de um oceano revolto, sabe-se lá por que motivo maior ou menor, foram certamente acordados, alvoroçados, destroçados com a fatal notícia. 

Não há lugar a qualquer moralismo extra, nem podia haver, mas assim tão gratuitamente dói! Dói muito!

[actualização] Já depois da notícia inicial pela qual escrevi, soube, por notícias mais frescas, que afinal o grupo seria constituído por 8 jovens e todos eles terão sido arrastados. Também sabe-se que fariam parte do Exército onde estariam em formação. Estiveram num bar de diversão nocturna até altas horas da madrugada, quase manhã, certamente que a beberem água e sumos. Depois decidiram acabar a noite em grande indo socializar para a zona de rebentamento do mar.

Esta actualização em nada desculpa o procedimento, antes o agrava pela falta generalizade de bom senso e  irresponsabilidade, tanto mais que haveria alertas para o perigo da agitação marítima.

Será de supor que num grupo haja sempre alguém lúcido e sereno o bastante para alertar os demais. Mas não! Em grupo tende-se a ampliar as coisas boas e más, porque há sempre uma maria a ir com as outras, a alinhar, a não querer fazer de fraca.

Infelizmente, a jovem teve mesmo o destino fatal, tendo já sido recuperado o seu corpo. Um peso que há-de acompanhar por toda a vida aquele grupo onde se inseria. Ou talvez não. Nada que não se supere com mais uma noite de copos.

Desculpem qualquer coisinha, mas estas coisas revoltam e porventura somos todos inocentes, apenas vítimas desta coisa transcendente chamada destino.

25 de novembro de 2022

25 de Novembro de 1975


Este sim, o 25  que traçou o rumo da liberdade e democracia, Até ali, apenas os desmandos de um PREC dominado pelo PCP que mais não pretendia que apenas mudar a agulha no disco da ditadura, da direita para a esquerda, cubanizando o país. 

Importa não esquecer. Quem celebra o 25 de Abril e esquece ou omite o de Novembro, diz tudo não dizendo nada.

Convém ainda não esquecer o que Cunhal disse na famosa entrevista à italiana Oriana Fallaci, publicada em 6 Junho de 1975, porque era esse o modelo de "democracia e regime que planeava para Portugal.

Dizia:  “Nós, os comunistas, não aceitamos o jogo das eleições (...) Se pensa que o Partido Socialista com os seus 40 por cento de votos, o PPD, com os seus 27 por cento, constituem a maioria, comete um erro. Eles não têm a maioria”. “(...) Se pensa que a Assembleia Constituinte vai transformar-se num Parlamento comete um erro ridículo. Não! A Constituinte não será, de certeza, um órgão legislativo. Isso prometo eu. Será uma Assembleia Constituinte, e já basta (...). Asseguro-lhe que em Portugal não haverá Parlamento (...)”.

23 de novembro de 2022

Marçal Grilo 2 - Um olhar sobre a Educação

Ainda mal comecei a leitura do anterior e já chegou o novo livro. Ainda fresco, acabado de saír da tipografia. Tem prefácio do Prof- Marcelo Rebelo de Sousa. 

"Eduardo Marçal Grilo, Professor e conhecedor profundo dos programas de ensino e políticas de educação adotadas em Portugal nas últimas décadas, apresenta neste livro uma análise lúcida e reveladora sobre a educação durante o Estado Novo e o seu duradouro legado.

Trata-se de uma visão sobre a educação durante o Estado Novo com distanciamento e sem constrangimentos políticos ou ideológicos. Numa análise lúcida e reveladora, percebemos que muitos dos problemas atuais da educação têm raízes no Estado Novo". «O autor demonstra por que razão a educação foi um dos flagrantes fatores de retardamento nacional, entre os anos 30 e 60, apesar dos esforços meritórios de alguns, visionários ou arrojados.»