9 de dezembro de 2022

O espírito da coisa

No mínimo acho piada quando vêm falar e enaltecer o "espírito da nossa selecção de futebol", mostrando fotografias dos jogadores a abraçarem-se, o Pepe a enfiar subalternamente a braçedeira de capitão ao CR7, e por aí fora com os habituais lugares comuns.

Confesso, que mesmo não sendo muito espirituoso, tivesse eu o prestígio a fama e sobretudo o proveito dessa condição de jogadores, pagos todos a peso de ouro, e com bons prémios à espera dos resultados, também eu estaria todo imbuído desse espírito.

Vá lá, divirtam-se, mas poupem-nos!

8 de dezembro de 2022

Que hei-de-fazer?


Que hei-de fazer se me moldaram assim, a vida, os pais, a sociedade? Gostos não se discutem e, além do mais, mudar os nossos gostos para alinhar com os demais, já é pedir muito. Era só o que faltava andar a dançar ao ritmo do politicamente correcto!

Já não tenho paciência nem idade para mudar assim tão em contratempo. E depois uma coisa leva à outra: Não tenho paciência porque a idade já não a permite nem a idade tem espaço para a acomodar.

Assim, em rigor estou-me borrifando para pasmos ou narizes torcidos quando elenco algumas das minhas antipatias. Gosto da maior parte das coisas e das pessoas boas, honestas, generosas, simples, humildes, inteligentes, práticas e assertivas. 

Gosto e aprecio uma mulher elegante, bem vestida, sem piercings, tatuagens ou pinturas, mas apenas o veludo puro da sua pele; aprecio as rugas de quem as tem pela força da idade e das canseiras; simpatizo com gente harmoniosa, equilibrada, de concensos; aprecio uma obra prima ou despretenciosa, nas artes plásticas, na música, na literatura ou nas ciências. 

Mas, claro está, também não gosto de muitas coisas e de algum tipo de pessoas: gente egocênctrica e vaidosa como se os seus umbigos sejam os centros do universo; gente presunçosa, mesquinha e invejosa; gente tatuada, não para si mas para os outros; gente com argolas no nariz, nas orelhas, na língua e sabe-se lá mais em que reentrâncias; gente que compra calças rotas; pessoas que andam com as calças como se o traseiro seja nos joelhos; pessoas a mostrarem as cuecas ou o rego do cú; homens idosos que se vestem como se tivessem 16 anos; gente que paga caro por roupa de marca e ainda orgulhosamente lhe faz publicidade de borla;  gente que paga balúrdios em futebol para ajudar a manter ordenados principescos a uma classe de elite e comissões escandalosas a corjas de dirigentes oportunistas; políticos que se governam com ares  de honestos; pessoas que se expõem nas redes sociais como se as suas vidas, andanças ou carinhas felizes, tenham um interesse superior para os outros ou expõem de forma excessiva os seus estados de alma, a sua mais recôndita intimidade ao voyeurismo alheio. 

E mais não escrevo porque ficaria longo o texto. 

E, contudo, todos têm esse direito e liberdade de serem quem são, como são, como vivem, se vestem, despem, ou como se comportam. Não sou de todo contra essa liberdade e direitos, mas tenho igual direito e liberdade de não gostar, de não apreciar. De resto, essas minhas antipatias ou arrelias, são apenas íntimas e a terceiros não causam mal ou prejuízo algum. É apenas uma coisa interior. Mesmo este texto, é generalista e não aponta o dedo a alguém nem fornece chapéus para serem enfiados.  Além do mais, desse grupo de coisas ou predicados com que não morro de amores, até tenho amigos e pessoas que bem considero. A coisa não é, por isso, pessoal nem de preconceitos radicais. Apenas porque não vão de todo à minha mesa.

Em resumo, até mesmo nestas coisas de exprimirmos, ou não, as nossas antipatias, os nosos gostos, andamos muito castrados, porque os cânones do politicamente correcto são já uma pandemia das nossas sociedades ditas desenvolvidas e por eles há gente que apenas sendo o que são e dizendo o que pensam, perde os cargos, empregos, negócios, amigos, etc, etc. 

Mesmo que não oficialmente, temos por todo o lado uma invisível polícia de nova moralidade, só que esta, já subvertida ou invertida. Parecem opostas, a da moralidade e a do politicamente correcto,  mas na realidade são a mesma coisa, porque ambas castram, mesmo o direito de se não gostar.

7 de dezembro de 2022

Pedintes modernos


A campaínha tocou. Pela hora adivinhava-se que seria o "cliente" do costume. Assomou à porta e confirmando-se, protestou:

- Você outra vez? Não sai daqui para fora!

- Já não passava há quase um mês! - desculpou-se do lado de fora o pedinte.

- Mas você está com bom aspecto! Não tem quem lhe arranje um emprego? - Perguntou o dono da casa para lhe medir a reacção.

- Não posso! Eu sou um homem doente! - replicou num tom lamurioso.

- Pois, olhe que não me parece, vejo-o sempre por aqui, com bom ar, a caminhar ligeiro a dar a volta à freguesia! Olhe que não é para gente doente!

- Mas dê-me lá uma moeda! - pediu, desinteressado do sermão.

- Vou dar, mas não apareça aqui antes da Páscoa! - deu-lhe uma moeda de dois euros, como se fora a juntar à moeda habitual o subsídio de Natal.

O receptor olhou para a moeda, acariciou-a, fez uma pausa e disse: - Olhe que já passo aqui há muito tempo e é a primeira vez que você me dá uma moeda de dois euros!

- Ai é? Pois para além de ter boa memória, está com sorte! Mas está a queixar-se ou falar de contente? - questionou o dador. Ele, porém, encolheu os ombros e não lhe respondeu deixando-o sem saber, levando-o a replicar:

- Bem, olhe que não é mau! Se lhe derem dois euros em cada uma de cinquenta casas por aí acima, são 100 euros. Ganhará bem o dia! Mas vá lá à sua vida! - despediu-o para não alongar a conversa.

E lá foi o pedinte à sua vida, que não terá outra. O dono da casa ficou a pensar naquela justificação do ser doente Considerou que fosse mesmo doente, o que de todo não lhe pareceu, certamente  que o nosso amado estado social o socorreria. Ou será que não? Afinal estamos em 2022 e ainda há disto, pedintes, tal qual como no tempo da velha senhora. E já lá vão 50 anos sobre a mudança de direcção. Só que os do antigamente, parecia-lhe, esses pelo menos rezavam, recebiam o que calhasse e agradeciam encarecidamente. Os pedintes modernos, esses não pedem, exigem e resmungam se a moeda é pequena.

Nesta dúvida, ficou o dono da casa, e ficamos nós, sempre com muitas reservas sobre quem ainda anda de porta em porta, a pedir com verdadeiras necessidades ou sem elas. E são muitos, desde bombeiros, a supostas associações de não sei das quantas, para além dos peditórios para as diferentes situações no âmbito da freguesia e paróquia, seja para esta ou aquela festa, para a igreja, para os presuntos, para os pobres, para os ucranianos, para os africanos, para isto, para aquilo. É certo que é bem melhor poder dar do que precisar de pedir, mas para quem tem que trabalhar para poder pagar as suas contas e responsabilidades, sem chorudas pensões ou rendimentos que não sejam os do trabalho, mesmo o pouco que se dá tem peso perante tantas solicitações. 

Mesmo nestas dificuldades, porventura dar dois euros a um cliente recorrente, mesmo considerando que será apenas por vício, terá algum significado e mesmo valor, para quem dá e para quem recebe. Afinal, serão poucas as casas que darão dois euros a quem com insistência toca à campainha. Porventura, quase sempre, quando alguém bate à porta de quem realmente poderia dar, não 2 mas 5 ou mesmo 10 euros, sai despedido sem nada nas mãos e a única coisa que pode almejar levar é o sermão. Esse dá-se ao desbarato.

Não está fácil, pois não, tanto para quem pede como para quem dá!


[foto: sabado.pt]

5 de dezembro de 2022

Nascimento do rio Uíma e outras questões - Rio Ul e rio Antuã

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Há dias, a propósito de uma publicação no Facebook pela Junta de Freguesia de Arrifana, em que nela era referido que ali nascia o rio Uíma (posteriormente alterada ou corrigida para ...aqui nasce o afluente do rio Uíma), gerou-se, naturalmente, uma reacção, alguns comentários e daí alguma celeuma sobre a legitimidade da paternidade deste importante curso de água que nasce e percorre grande parte do concelho de Santa Maria da Feira, até que, a norte, depois de percorrer terras do concelho de Vila Nova de Gaia, ali desagua na margem esquerda do rio Douro, na localidade de Crestuma, ligeiramente a jusante da barragem de Crestuma-Lever.

Confesso-me um interessado em matéria de hidrografia e dos rios e ao assunto dedico algum tempo e atenção. E do muito que sei e procuro saber, verifico que a questão do nascimento dos rios e até dos seus nomes, é pano para muitas mangas e por isso para muitas confusões, discussões e controvérsias. Algumas vêm de tempos imemoriais, outras mais ou menos recentes. 

Uma destas questões que ainda não tem consenso nem decisão pelas estâncias oficiais nesta matéria, que serão o Instituto Geográfico Português e ou o Instituto Hidrográfico, prende-se com a confusão entre os rios Ul e Antuã. ACâmara Municipal de S. João da Madeira decidiu em determinada altura (2004) mudar o nome do seu parque da cidade, inicialmente baptizado de Parque do Rio Antuã, para Parque do Rio Ul, porque depois de ter solicitado a alguém um parecer sobre o assunto, considerou que o rio Ul é o que passa pela cidade e pelo parque. Assim, nesta versão adoptada pelos sanjoanenses e por muitos outros defendida, o Ul é o rio que nasce próximo da aldeia de S. Mamede, lugar da freguesia de Fajões, do concelho de Oliveira de Azeméis e que depois segue pelos lugares de Monte Calvo e Vila Nova da freguesia de Romariz, passando ainda por Milheirós de Poiares, S. João da Madeira, a poente da cidade de Oliveira de Azeméis e vai precisamente confluir com o rio Antuã entre as freguesias de Ul, Travanca e Loureiro, de Oliveira de Azeméis, um pouco abaixo do actual Parque Temático Molinológico de Ul. 

Por conseguinte, os defensores desta versão em contraponto defendem que por sua vez o rio Antuã é o que nasce na encosta da Serra Grande, junto ao lugar de Alagoas, freguesia de Escariz, do concelho de Arouca, e que depois desce por Fajões, passando por Carregosa e ainda por outras freguesias de Oliveira de Azeméis e pelo poente desta cidade, até então recolher as águas do seu afluente Ul, seguindo o seu curso passando pelo concelho e centro da cidade de Estarreja para logo depois finalmente desaguar na ria de Aveiro perto da localidade de Salreu.

Defendendo esta versão do rio Antuã que também nasce em Escariz - Arouca, por sua vez este rio recebe pela sua margem esquerda ainda um importante afluente, o rio Ínsua, que nasce também em Escariz na encosta poente da Serra Grande, entre as aldeias de Coval e Caçus. Dali desce pela baixa do lugar de Nabais e já no vale de Carregosa encontra-se com o rio Antuã. Mas msmo aqui, há elementos cartográficos que confudem o Ínsua com o Antuã, como no caso do mapa acima. Ou seja, a somar à principal controvérsia, soma-se uma segunda confusão.

Como se disse, esta questão sobre o rio Antuã incide apenas sobre os dois troços a montante do ponto de confluência entre ambos,  já que depois dele para jusante o nome é concensual e não oferece dúvidas. Para quem defende o rio Ul como o que passa por S. João da Madeira, invocam documentos antigos, onde surge tal designação, logo no séc. XII, em 1177, no documento de doação do Couto ao Mosteiro Cucujães, por D. Afonso Henriques, mas também o facto de passar pela freguesia de S. Tiago de Riba Ul, o que parece justificar-se. Todavia, é muito comum que os rios tenham um nome associado a uma determinada terra ou aldeia mas que por vezes passem bastante ao lado o que por si só não servirá de justificação.

Por outro lado, os que defendem o rio Antuã como o que passa por S. João da Madeira, invocam tambem documentos antigos que invocam esse nome anteriormente, no tempo do período da ocupação romana. Ainda esgrimem o princípio internacional que estabelece que quando dois rios se juntam o nome que se dá ao rio após a junção é a do rio mais comprido desde a nascente ao ponto de confluência. Ora por esta regra o troço do rio com maior extensão até à confluência de ambos é o que passa por S. João da Madeira (18 Km contra 17 Km), de resto como é descrito nas cartas oficiais do Instituto Geográfico do Exército nas suas populares cartas militares.

Esta velha questão do Ul e do Antuã, será, pois, para continuar, e mesmo que venha a ser tomada uma decisão oficial, a controvérsia há-de manter-se porque com diferentes argumentos e ambos válidos.

Quanto ao rio Uíma e a questão do seu ponto de origem ou nascimento de que falei no início: Tenho também para mim, do que conheço, que principia no lugar de Duas Igrejas, na zona de aplainamento da encosta poente do Monte Crasto, por sua vez este uma extesão do Monte de Mó. O lugar onde nasce o seu troço principal, porque outro há que vem da zona mais a norte do vale do lugar de Duas Igrejas, é conhecido como Fintuma, ou seja, Fonte do Uíma, já que em tempos antigos o rio era também conhecido como Uma, daí a origem do nome dos lugares associados de Tresuma (Trás do Uma), em Pigeiros e Crestuma (Crasto do Uma). Esse local onde dizem que antigamente brotava num forte bolhão superficial, fica muito próximo da zona também conhecida por Valos, um pouco a norte/nascente do campo de futebol do Romariz F.C.

Assim sendo, não nos parece crível nem ajustado que a freguesia de Arrifana o considere como nascido no seu território. É certo, que de Arrifana o Uíma tem um pequeno afluente, o Ribeiro do Regueirinho, mas de muito inferior extensão e caudal, mesmo intermitente, a ponto de ser considerado como fonte de nascimento. Parece-me, pois, excessiva tal pretensão e por isso e daí a tal publicação ter sido posteriormente corrigida ou actualizada fazendo então referência ao afluente, que deverá ser o tal ribeiro do Regueirinho.

Em todo o caso, e isto só reforça a realidade das confusões que são de origem antiga, a ter em conta as respostas do pároco de S. Jorge ao inquérito que em 1758 veio dar lugar à compilação designada de "Memórias Paroquais", quando é feita a referência ao rio Uíma, este é indicado como nascendo em Milheirós de Poiares.  Ora pelo que atrás ficou dito, também soa a tremenda asneira, já que sendo certo que passa pela freguesia de Milheirós de Poiares, na zona onde se desenvolve a curva pronunciada que inflecte o seu sentido de curso de norte/sul para sul/norte, e também recebe dois pequenos afluentes na margenm esquerda, um deles o ribeiro do Casal e outro vindo dada zona da Espinheira, não é de todo razoável atribuir ali a sua nascença, já que de facto o troço principal vem precisamente de norte para sul do lado de Pigeiros e já com caudal forte e regular.

Como se vê, estas questões com os rios, suas origens, seus traçados e seus nomes, é coisa para muita confusão e diferentes versões. Ademais, quanto aos nomes, é muito comum, e aceite, que um mesmo rio tenha diferentes nomes consoante os lugares, terras e aldeias onde passam. Como exemplo, no caso da ribeira que nasce em Guisande e passa por Gião, Louredo, Vale e Canedo, até desaguar no rio Inha, tem diferentes nomes. Oficialmente é descrito como ribeira da Mota, e há motivos para isso, de que noutra altura falarei, mas popularmente também é conhecido por rio da Lavandeira (há uma acta da Junta de Freguesia dos anos 1940 que o menciona por esse nome) e já na zona de Louredo é mais conhecido por rio Cascão. Mesmo na zona do lugar de Serralva, da freguesia do Vale, na sua margem direita, era conhecido noutros tempos, e talvez ainda nos actuais, como rio Fajouco, um topónimo que remete para o sentido de lugar baixo ou fundo.

Hão-de, pois, durar no tempo este assunto e estas questões. Apesar disso, os rios não são de niguém em particular, mas de todos e por isso e como tal devem ser preservados, limpos e valorizados como um bem comum pela riqueza ambiental e paisagística que oferecem. Com a onda e moda dos passadiços, que se generaliza por todo o país, por vezes até com aparatos despropositados, os rios e ribeiras e as suas margens vão sendo oferecidas à fruição de caminhantes. Mas mais rios e ribeiras no nosso concelho continuam esquecidos e mesmo desprezados sem qualquer limpeza regular. Há, pois, ainda muito a fazer pela sua requalificação e criação de acessos pedestres marginais.

2 de dezembro de 2022

É disto que o meu povo gosta!




Os critérios, incluindo os de gestão de dinheiro,s em algumas entidades da nossa administração, como é o caso das Câmaras Municipais, são, tantas vezes, verdadeiramente insondáveis. Umas fazem ciclovias todas xpto mas os passeios para os peões estão no geral super degradados, constituindo até perigo para quem neles caminha. Outras, como por exemplo, Arouca, tem uma ponte que custou literalmente milhões, feita não para encurtar ligações viárias e aproximar populações e lugares mas para fins turísticos e recreativos. Apesar disso, não só, mas Arouca, tem um interessante leque de estradas em reles estado, que bem mereciam ser despromovidas à categoria de caminhos de cabras, sem ofensa para as próprias.

Em Arouca os turistas são chamados a experimentar a sensação do abismo e tremuras no estômago, que logo a seguir há-de ser confortado com bifes de arouquesa, mas enquanto isso muita gente local transita no dia-a-dia com estas sensações de ver a aumentar a conta na oficina automóvel, para além de não só lhes moer as suspensões como a paciência.

Mas logo que tocar o clarim para reunir as tropas na eleição, far-se-á fila, incluindo-se nela quem usufrui destes "caminhos", para legitimar os mesmos mandantes como bons decisores.

Como diria o saudoso Jorge Perestrelo, "É disto que o meu povo gosta!"

29 de novembro de 2022

Vão-se foder, que também é de graça!



Vou contar-vos uma história verdadeira:

Há algumas poucas semanas encerrei um fórum que fundei e abri há já quase 20 anos. Não interessa para o caso especificar qual o tema, mas contava com uma comunidade já perto dos 20 mil utilizadores.

Encerrei por vários motivos: Para além do trabalho dispendido quase diariamente na administração, moderação e lançamento dos temas, tinha os custos com o registo de 3 domínios associados, ainda o custo do servidor do alojamento e ainda o preço de software, que periodicamente tinha que ser renovado caso contrário ficava desactualizado, sem suporte e com incompatibilidades nomeadamente ao nível do PHP.

A juntar a isso, frequentes ataques informáticos vindo de gente de áreas concorrentes. Neste mundo digital, como no real, anda sempre gente atenta para copiar e replicar ideias pioneiras e originais. Depois é uma guerra do mata ou morres.

Durante algum tempo, alguma receita publicitária angariada ajudava a mitigar os custos mas nunca deu para tal e esse mercado já foi chão que deu uvas.

Numa determinada altura abri aos utilizadores a possibilidade de poderem, com donativos de qualquer valor, mesmo que simbólicos, poderem contribuir voluntariamente com qualquer verba para ajudaram nas despesas. Mas em rigor, dessa comunidade de mais de 15 mil utilizadores, na altura, e durante um ano em que este aberta essa janlea, apenas um único se dispôs a colaborar com 5 euros. Ilucidativo!

Ainda coloquei a possibilidade de passar o fórum para alguém da área mas quando falava nos custos associados, desistiram porque pensavam que estas coisas funcionam do nada e que também eram de borla.

Em resumo: As coisas são mesmo assim e nada dura eternamente, nascem, crescem, eventualmente estagnam e desaparecem. Mas este meu fórum foi também assim mas não estagnou porque crescia diariamente em número de utilizadores registados.

Mas há alturas em que temos que equacionar se, a pretexto da nossa paixão e entusiasmo por um qualquer hobbie, faz sentido continuar a acumular canseiras e gastos efectivos quando tudo é pro bono.

Depois de encerrado, porque, para de algum modo manter algum relacionamenbte entre os utilizadores mais frequentes, criei um grupo no Facebook, vieram mil lamentos e carpir de penas, mas já nada havia a fazer. Posso, por enquanto, em qualquer altura retomar o projecto, mas não. Vou mesmo cortar o cordão e terminando a validade dos domínios e servidor a coisa extingue-se mesmo.

No fundo, esta situação retrata em muito a filosofias das pessoas e mormente os portugueses. São amigos de receber, de usufruir de tudo e mais alguma coisa mas sempre na filosofia da borla, e mesmo assim sentem-se detentores de direitos e de reclamações sobre algo para o qual nunca com nada contribuiram. É por isso que, não generalizando mas dentro desta espertalhna filosofia, temos largos milhares de pessoas a viverem de rendimentos mínimos dados pelo Estado e outros muitos milhares com serviços de televisão, filmes e músicas pirateados.

Somos, no geral, assim: Oportunistas e chicos-espertos a dar cobertura ao ditado de que somos meio mundo a foder outro meio. A cultura do pagar e compensar quem trabalha ou quem cria, é, em rigor, nula! Zero! Nada! Népias!

Para todos esses oportunistas, vão-se foder, que também é de graça!

Malta humilde

Não há números recentes quanto às prendas de Natal para o Mundial do Qatar. Mas em 2018 os jogadores da selecção luso-brasileira convocados por Fernando Santos para o Mundial da Rússia, ganhavam 700 euros por dia, mas, é claro, a juntar aos prémios e aos milionários ordenados auferidos nos respectivos clubes. 

Caíram nos oitavos, mas mesmo assim, de prémio, cada jogador trouxe qualquer coisita como 66 mil euros. Uma ninharia.

Vamos, pois, todos nós, o Zé, o Alfredo, o Tono, a Maria e a Fátima, que ganham ordenados mínimos, torcer por todos eles. Merecem, são humildes e laboriosos trabalhadores, que lutam com sacrifício pelo amor à camisola!

Haja algum algum bom senso! Afinal é apenas uma indústria e muito bem paga! Merecedores de apoio e admiração são todos aqueles que lutam no dia a dia, com salários mínimos ou nem isso, para pagar as contas , incluindo a da televisão onde se assistem a esses jogos!

Mas, não liguem! Isto é da idade e com o avançar dela já não há lugar a deslumbramentos e já somos daltónicos para coisas que alguns ainda veem com todas as cores. 

Nesta fase já é difícil confundir o relativismo com absolutismo. Ora um jogo de futebol ou uma competição dele, mesmo que milionária, atribuída com sujidade pelo poder dos petrodólares e a decorrer num país onde se ultrajam os elementares direitos-humanos, é apenas isso: Um jogo! Podia ser de xadrez, de damas ou sueca, mas é de futebol!