14 de setembro de 2022

Esperança

Eis-me aqui, só, neste todo,

No meio de um imenso mar,

Nem sei se de água, ou lodo.

Esperneio, bracejo, em vão,

Sem fundo firme onde ancorar

O medo de afogar na ilusão.


Eis-me aqui, despido, no nada,

Como parido do ventre materno

Sem berço, sem sombra de fada.

Mesmo assim, nesta nudez vazia,

Há um céu para além do inferno

Uma estrela que ilumina e guia.


Não fora isso, essa fundada esperança,

Quem valeria ao homem perdido nas vagas,

Como mãe de braços vazios, sem criança,

Arrebatada por tempestades malvadas?