Aqui e agora, no tempo pleno e no espaço,
Doce e macio, qual fruto a cair de maduro,
Não sei o que pense, não sei o que diga
Que de substancial possa pensar ou dizer.
Sinto-me de cima abaixo envolto em cansaço,
Como peregrino amassado num caminho duro,
Como trovador com a boca seca, sem cantiga,
Como criatura vivida já pronta a morrer.
Mas será essa a natureza dos seres,
Uma contemplação de coisa perdida,
Quando, afinal, enquanto puderes,
Há ainda caminho, há ainda mais vida?
Pois bem! É levantar, então a fronte,
Na serenidade plana de um rio avançar,
Porque a vida começa, ténue, na fonte
E só se cumprirá no encontro do mar.