31 de março de 2023

Centro Social S. Mamede de Guisande - Edital de Assembleia Geral

O Centro Social S. Mamede de Guisande irá reunir em Assembleia Geral no próximo dia 14 de Abril de 2023 pelas 21:00 horas nas suas instalações do Monte do Viso. Todos os associados com as cotas em dia poderão e deverão participar.

Ordem dos trabalhos:

1 - Apreciação e aprovação dos relatórios de contas do ano de 2022;

2 - Outros aasuntos do interesse da associação.

Jogo sujo

Assisti ontem, na RTP2, a um interessante documentário, "Hipermercados: A Queda do Império", do original "Mass-Market Retailing: The End of a System?".

Amazon, Walmart e outros gigantes da web estão a sufocar o mercado de distribuição usando algoritmos e reduzindo os seus funcionários. Qual é o futuro do mercado de massa?

Os poucos fornecedores que se atrevem a prestar declarações evocam um clima de ameaça permanente, métodos mafiosos, redes organizadas imaginadas por engenhosos advogados de grandes marcas.

Na França, o mundo agrícola está em crise assim como a indústria agro-alimentar. A Walmart viu um declínio nas vendas nos últimos anos, o Carrefour anuncia a perda de vários milhares de empregos. As mudanças nos padrões de consumo e a chegada de gigantes do e-commerce como a Amazon estão a abalar o domínio desses grandes grupos que antes eram considerados inabaláveis. Conseguirão os algoritmos da Amazon colocar as mãos na distribuição em massa, criando lojas onde as equipas serão reduzidas ao mínimo?

Para além da sinopse, acima, apresentada pela RTP2 ao documentário, percebeu-se melhor o que já toda a gente, pelo menos os que têm um palmo de testa, do que resulta da actividade de muitas cadeias de distribuição, nomeadamente num "jogo sujo" destas com os fornecedores e produtores, levando-os em última análise à falência ou então a pagarem eles uma substancial parte dos seus lucros e dos seus investimentos. O esquema deplorável e vergonhoso de alguns, nomeadamente da cadeia francesa "Carrefour", foi dissecado, bem como outros esquemas especulistas e monopolizadores a que raramente as autoridades conseguem chegar e intervir. E quando lá chegam as multas ou coimas estas são ridículas e assim se perpetua a velha máxima de que o crime compensa.

Para além de tudo, sendo certo que as gigantes da Web como a Amazon e a chinesa JD.com entraram a "matar" no mundo da distribuição nomeadamente do sector alimentar, e com isso estão a abalar os gigantes da distribuição europeus e americanos, em última análise serão sempre os consumidores os fantoches e como tal, com mais ou menos tecnologia no sector da distribuição e da produção, atendidos por máquinas e entregues os produtos por drones ou carrinhos sem piloto, seremos sempre o que esses gigantes quiserem que sejamos.

Por conseguinte e em rigor pouco ou nada conseguimos fazer e vamos andando nestes esquemas de especulação e numa dança constante de publicidade e marketing em que nos fazem crer que dão promoções vantajosas quando na realidade é um ciclo vicioso que mais não tem como propósito alcançar o filosófico perpétuo movimento.

A ver vamos, mas aconteçam as mudanças que acontecer, nós, os consumidores, dançaremos ao seu ritmo mesmo que não saibamos dançar nem gostemos da música. Ou isso ou abandonar o palco.

Já agora, como paradoxo, pode acontecer que ao rever o documentário na RTP Play o mesmo comece com publicidade ao Intermarchê, Continente ou Pingo Doce. Não se surpreenda.


[fonte da sinopse: RTP2]

30 de março de 2023

Mais um caso isolado...

Alguma  imprensa, no caso o jornal online "O Minho", noticiou que a PSP deteve em Lamaçães - Braga, no Domingo passado, dois jovens marroquinos depois de uma situação de queixas dos clientes de um supermercado local, em que estes eram pressionados para dar-lhes dinheiro, ao acederem ao parque de estacionamento. Já na véspera, no sábado, um vigilante do supermercado advertiu o grupo de três marroquinos que não poderia ter esse comportamento, mas acabaria por ser ameaçado, tendo-lhe alegadamente sido exibida uma arma branca, a fim de o intimidar.

A PSP apurou que os três marroquinos se encontravam hospedados no Hotel João Paulo II, no Sameiro, a expensas da Cáritas Arquidiocesana de Braga, recentemente, mas os dois detidos já estavam em Portugal, ambos ilegalmente, desde o ano de 2021.

Um dos detidos, por permanência ilegal em Portugal,terá sido conduzido para as instalações da Delegação Regional do Norte do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), na cidade no Porto, com o fim de ser extraditado. Mas será que vai mesmo?

O outro marroquino, de 23 anos, continuará para já em Portugal, por aguardar a resposta ao pedido de legalização, estando a trabalhar numa unidade fabril, situada em Ruães, na freguesia de Mire de Tibães, nos arredores a oeste do concelho de Braga. Mesmo assim, apesar de supostamente trabalhar, acha que intimidar as pessoas a pagarem em parques de estacionamento, é um extra a ter em conta.

Ainda um terceiro suspeito, de 42 anos, não chegou a ser detido, uma vez que também espera decisão do pedido para se legalizar, na sede nacional do SEF, em Barcarena, tendo um passaporte, só que nunca foi carimbado. Ele há coias!

Em resumo, gente ilegal há vários anos e a viver à custa de entidades nacionais, mesmo assim têm estes comportamentos de "reconhecimento e agradecimento" para com as comunidades que os acolhem.

De resto, esta situação relacionada à sua actividade em parques de estacionamento acontece um pouco por todo o lado e mesmo por cá, no Continente na freguesia de Canedo, anda por lá há meses, ou mesmo anos, alguém com ares de marroquino com o mesmo esquema, aparentemente, pelo tempo que dura a coisa, sem preocupações por parte da dona do parque e das autoridades de segurança.

É o que é, e depois andamos todos a criticar os exageros do Chega e do Ventura por aproveitarem este tipo de situações.

É que, ao contrário do que nos querem fazer pensar os "politicamente correctos", isto não são apenas casos isolados. São casos concretos de abuso de uma situação ilegal e de alguma insegurança que no geral é ignorada pelas entidades e autoridades. 

É este laxismo e esta indiferença das autoridades que arreliam, porque mais graves que as situações em si, sejam, ou não, consideradas como casos isolados ou recorrentes.

29 de março de 2023

Os filhos da Putin

Andamos há mais de um ano, quase todos revoltados com a invasão e consequente guerra entre a Rússia e a Ucrânia e todos os dias ficamos chocados com as consequências, nomeadamente no que representam para os ucranianos e para a sua sociedade civil. Mas naturalmente também para os efeitos negativos para a própria Rússia, a invasora, desde logo pelos pais, esposas e filhos dos milhares de soldados que dizem já ter perdido a vida. Em consequência, mesmos os mais comedidos desejam que a esse filho da Putin lhe desse uma caganeira de tal ordem que o imobilizasse permanentemente em cima da sanita sem poder dar ordens aos seus, muitos, animais da guerra.

Infelizmente, prova-o a História, que os grandes déspotas e desiquilibrados, para além de lhes ser indiferente todo o sofrimento que provocam aos seus próprios povos e ao mundo em geral, são como os gatos e têm vidas longas. Raramente são condenados à posteriori e mesmo que o fossem poderiam viver 100 vidas que seria insuficiente para pagarem tamanha maldade.

Mas, ressalvadas as devidas distâncias, infelizmente a nossa sociedade, mesmo a dita ocidental e civilizada, anda cada vez mais preconceituosa e atada a uma vivência baseada em valores politicamente correctos que tresandam a ridículo e falta de bom senso. Como mero exemplo, atente-se no recente caso da reacção de alguns pais nos Estados Unidos com a mostra numa aula escolar da estátua de David, de autoria do reconhecido mestre da Renascença, Miguel Ângelo. A professora responsável pela ousadia de mostrar artem teve que se demitir. Coisa mais absurda e ridícula, tanto mais num país onde se vendem e compram armas como quem compra rebuçados na loja da esquina e onde têm uma cultura de cinema e televisão onde abundam a violência e pornografia. 

Serve este introdução para dizer que, apesar disso, o que não faltam por aí, por ali e por aqui, é gente indigna de ser classificada como tal. Autênticos filhos da Putin, pequenos ou grandes ditadores que vão andando na vida apenas para... (como é que hei-de escrever isto?)...para foder os outros! É isso! Apenas para foder os outros, como se a eles não devessem as elementares regras do respeito e civilidade.

Mas eu explico, com apenas dois exemplos: No lugar de Estôse, nesta nossa querida freguesia de Guisande, a Hortência herdou de seu pai umas pequenas leiras, em forma de meia-lua, na encosta do pinhal, com uma latada de videiras de vinho branco a toda a volta, constituída por esteios em betão armado. Infelizmente, porque as autoridades autárquicas, locais e municipais deixaram completamente de lado as responsabilidades de manter os velhos caminhos limpos,  livres e transitáveis, mesmo que para tractores, tornou-se quase impossível à Hortência poder chegar-se à beira das suas leiras para delas cuidar com regularidade. Assim, mesmo quando lá vai pelo final de Setembro ver se os castanheiros produziram castanhas, encontra muitos e grandes ouriços mas já sem as castanhas dentro a luzir,  porque, lá diz o velho ditado, quem mais perto está da fonte, mais vezes sacia a sede. Por isso, vizinhos ou passantes, encarregam-se, com tempo, da colheita como se deles fora o souto.

Face a esta dificuldade prática de acesso, passam-se meses sem que a Hortência por lá passe e naturalmente que as silvas vão tomando conta do espaço. Mas, seja como for, as leiras têm dono, são da Hortência, pelo que não são maninho. 

Ora por estes dias, a Hortência foi alertada por um vizinho das leiras para lá ir ver o que aconteceu: Foi e deparou-se com o trabalho de um qualquer filho da Putin, no caso um madeireiro, mau profissional, que abatendo os eucaliptos e carvalhos do prédio vizinho, do lado de cima, pela lei do menor esforço mandou algumas árvores para cima das leiras destruindo parte da latada, partindo esteios e arames e deixando o campo repleto de ramos de aucalipto e pinheiro.

Claro que a Hortência não foi tida nem achada para um prévio pedido de autorização, de desculpas ou mesmo algo a que cheirasse a uma  justa indemnização. Um filho-da-puta é sempre um filho-da-puta e por isso respeito e consideração pela propriedade dos outros é coisa que não preocupa a muitos. Acabado, mal, o trabalho, rabinho entre as pernas e deram de frosques os artistas. 

É claro que a Hortência, depois de algumas diligência chegou ao contacto e já falou com o proprietário do pinhal, em primeira análise o responsável directo. Ora este dizendo desconhecer o vendaval, comprometeu-se a passar no local para se inteirar e a pedir satisfações ao madeireiro, mas o mais certo é que este ainda se trave de razões e a coisa fique por ali. 

Bem pode a Hortência fazer queixa às autoridades e se ainda houver um pingo de respeito por parte da Justiça pela defesa da propriedade privada, a proprietária ou o madeireiro (depois que se entendam) hão-de pagar as cabras ao dono, como quem diz, no mínimo fazer a limpeza das leiras e repor a latada conforme estava antes de ser destruída. Mas isto de reclamar justiça, bem sabemos como é, porque formatada para ricos e jogos judiciais, pelo que é como diz o outro: "esperar sentado".

Dentro da mesma filosofia de filha-da-putice, por uma coincidência do caraças, um pouco a sul, à face do caminho que vai dar ás tais leiras da Hortência, na borda de um pinhal e mato, o dono terá mandado cortar o arvoredo a varrer, mandou revolver o terreno e fazer uma plantação de eucaliptos. Tudo bem e tudo legítimo não fosse, uma vez mais, a filha da putice de quem fez o trabalho, ter dado cabo de uns metros do caminho tornando-o intransitável, mesmo para um pequeno tractor, pois com a acção da maquinaria pesada ali ficaram uns enormes sulcos no caminho por regularizar, o que até teria sido fácil. Lá se deu o trabalho por concluido e repor o danificado, já fostes!

Dito e feito, em resumo, o que não faltam por aí é filhos da Putin ou mesmo, á letra, filhos-da-puta, sempre prontos a desrespeitar os outros. E tudo isso sem um assomo de vergonha ou peso na consciência. Portanto, mesmo que com guerras de outro calibre, não será tanto de surpreender que as coisas andem como andam, numa permanente falta de respeito, seja entre nações seja entre cidadãos.

É o que temos e as perspectivas de melhorias são reduzidas porque já há poucos ou nenhuns motivos para acreditar na bondade das pessoas.

Peço desculpa pela linguagem contudente, mas começa a faltar a paciência.

28 de março de 2023

À conversa com a máquina

Tenho estado a conversar com o tão falado ChatGPT, esse modelo de linguagem baseado em IA - Inteligência Artificial. E tenho conversado, não porque tenha perdido o juízo a ponto de dar conversa a uma coisa virtual, mas apenas porque quis fazer alguns testes para ter uma opinião pessoal mais avalizada sobre as suas capacidades.

Do que testei até agora, em várias áreas, incluindo aritmética, matemática, trigonometria e mesmo programação, não há dúvida de que a IA apresenta bons resultados, embora ainda haja algumas imprecisões, dependendo da matéria. Por exemplo, em geografia portuguesa, tem-se mostrado um autêntico desastre nos testes solicitados, com grandes calinadas, a meter os pés pelas mãos. Apesar dessas (ainda muitas) imprecisões, como ferramenta auxiliar em várias disciplinas, é de facto muito consistente. 

Como muitos analistas, não tenho dúvidas de que estamos perante uma mudança significativa na forma como podemos recolher informação e produzir trabalhos com recurso a este ambiente. De resto já estão identificadas dezenas de profissões que com esta ferramenta podem ter os dias contados.

Também me parece certo que se não forem adoptadas contra-medidas, facilmente passaremos a ter estudantes com aparentes bons resultados mas sem bases, porque sem trabalho e esforço e sem qualquer mérito intrínseco. Aplica-se aqui na perfeição a analogia de que hoje em dia não importará tanto, ou de todo, conhecer as bases, os conceitos e as regras de saber fazer contas e calcular fórmulas, mas apenas saber usar a calculadora. Portanto, mesmo que com eventuais normas de utilização e directrizes de análise e mesmo fiscalização e contra-testes, a verdade é que se abriu uma larga auto-estrada que pode ser usada a favor da lei do menor esforço. É um novo paradigma porque bem sabemos que o ser humano é exímio a optar pelo lado fácil. A ética, a deontologia e outros bonitos valores, são apenas pingarelhos e rendinhas para enganar tolos e gente que ainda acredita no lado bom dos maus.

Mas, em continuação, tenho testado, igualmente e sobretudo, os conceitos e pontos de vista de valores e princípios éticos e morais e aí não há dúvida que o ChatGPT é aquilo que os seus criadores e seus treinadores querem que ele seja. Está assim fortemente formatado numa perspectiva cultural, social e mesmo moral dos valores que vão sendo regra no mundo ocidental. Ele auto-denomina-se como imparcial e sem pré-posições, mas na realidade tem e muitas. É, nesse aspecto, muito preconceituoso embora nunca o admita. Discutir com a máquina, por exemplo, questões sobre a igualdade de género e liberdade sexual, adoptando-se uma posição um pouco mais conservadora ou mesmo esgrimindo pontos de vista que são comuns e aceites noutras sociedades, como na asiática e africana, o ChatGPT não muda a agulha e bate insistemente na mesma tecla. É como um adepto de futebol que esgrime todas as suas opiniões ou informações sob o ponto de vista do seu clube, por mais contrariado que seja. Nunca dará uma ponta de razão ao adepto adversário.

É pois, repito, aquilo que os seus criadores querem que ele seja. No ChatGPT não há lugar ao contraditório e a máquina apesar das suas potencialidades ainda demonstra que até chegar a um nível de contextualização, consciência e análise de auto-crítica a ponto de validar a argumentação contrária,  ser capaz de assimilá-la como aprendizagem e a fugir um bocadinho das regras tidas actualmente na sociedade ocidental como politicamente correctas, ainda estaremos a uma enorme distância. Em resumo, este ou outros modelos de linguagem baseados em Inteligência Artificial serão sempre o que os proprietários e criadores quiserem que sejam.

Seja como for, a coisa está aí para o bem e para o mal e o que já não faltam é empresas e ambientes tecnologicos a adoptarem a ferramenta, mesmo que na versão Plus, esta paga porque adaptada e melhorada às áreas e sectores que servirão.

A ver vamos. Por ora vou testando, mesmo correndo o risco de parecer tolo.

27 de março de 2023

A ressureição de Lázaro - Uma reflexão com três caminhos


Na liturgia do 5.º Domingo da Quaresma, que antecede o Domingo de Ramos, no Envangelho de S. João foi narrada a resssurreição de Lázaro, amigo de Jesus e irmão de Maria e Marta, na cidade de Betânia, próxima a Jerusalém, a cerca de 3 Km do lado nascente. (Na foto acima, o suposto local da entrada do túmulo de Lázaro).

Numa reflexão  poética, filosófica e teológica sobre o evangelho da ressureição de Lázaro, podemos considerar que o Evangelho da ressurreição de Lázaro, presente no livro de João, é um relato poderoso e cheio de simbolismo que nos convida a refletir sobre diversos aspectos da vida e da morte. De forma poética, filosófica e teológica, podemos explorar alguns desses temas.

Do ponto de vista poético, o relato da ressurreição de Lázaro nos apresenta imagens vívidas e cheias de emoção. Desde a dor e o sofrimento de Maria e Marta, que choram a morte do irmão, até a cena em que Jesus, após ter chorado junto com as irmãs, pede que removam a pedra do túmulo, a narrativa é permeada por uma forte carga emocional. A ressurreição de Lázaro, por sua vez, é descrita de maneira impressionante, com Jesus ordenando que o morto saia do túmulo, e Lázaro obedecendo.

Do ponto de vista filosófico, o relato da ressurreição de Lázaro pode ser interpretado como uma reflexão sobre a natureza da vida e da morte. A morte é uma parte inevitável da vida, e a ressurreição de Lázaro nos mostra que mesmo quando parece que a morte é definitiva, existe uma possibilidade de vida além dela. Essa reflexão pode nos levar a pensar sobre a importância de viver plenamente o presente, já que não sabemos quando a morte virá, e sobre a necessidade de aceitar a morte como uma parte natural do ciclo da vida.

Do ponto de vista teológico, o relato da ressurreição de Lázaro é uma demonstração do poder de Deus e da capacidade de Jesus de realizar milagres. A ressurreição de Lázaro é um sinal da presença divina na vida das pessoas e da possibilidade de salvação mesmo em situações extremas. Essa reflexão pode nos levar a pensar sobre a importância da fé e da crença em Deus, e sobre a esperança de uma vida eterna após a morte.

Em suma, o Evangelho da ressurreição de Lázaro nos convida a refletir sobre temas profundos e fundamentais, como a vida, a morte, a fé e a esperança. De forma poética, filosófica e teológica, podemos encontrar inspiração e significado nesse relato, que tem ressonância em todas as épocas e culturas.

Engolias a do David

O país do futebol está todo contentinho. A nossa selecção luso-brasileira lá despachou esses dois colossos do futebol europeu e mundial, o Liechtenstein e o Luxemburgo. Pena foi que a Islândia, que havia perdido por 3-0 com a Bósnia, aplicasse a chapa 7-0 à malta encravada entre a Suiça e Alemanha, ofuscando o nosso 4-0 caseiro.

Mas as coisas são como são, e com estas duas fantásticas vitórias sobre duas potências do desporto de pontapé na bola, podemos ter esperança de chegar à fase final. Entretanto temos que ter cuidados redobrados com as outras superpotências que integram o Grupo J mesmo que todas elas já com feridas de morte nas lutas entre si.

Por mim, fosse o tal de Martinez, tinha feito uma convocatória com malta dos distritais. Haveria de ser suficiente, digo eu!

No mundo das corridas de motas, outro desporto que excita muitos adeptos das duas rodas, um tal de Miguel Oliveira, parece que foi abalroado e teve que desistir. Uma decepção para os largos milhares que alheios a esta coisita chamada inflacção, rumaram de norte a sul para acompanhar a corrida no Algarve.

Boa segunda-feira e cuidado com aquele malta que tem horror a ver as minudências da estátua do David de Miguel Ângelo. Uma violência para a rapaziada do país onde se vendem armas com a mesma facilidade com que em Badajoz se compram caramelos e onde se fazem filmes onde a violência e pornografia se respiram como o ar fresco de uma manhã de primavera. Começo a perceber o filho da Putin: isto para ir ao sítio já só mesmo com um Armagedon.

Jornadas Mundiais da Juventude 2023 - Famílias de acolhimento


O Grupo de Jovens de Guisande continua até ao dia 15 de Abril a recolher candidaturas de famílias que estejam interessadas em acolher nas suas casas alguns jovens peregrinos oriundos de outros países e que irão chegar a Portugal entre o dia 24 ou 25 de julho e ficarão alojados nas várias dioceses para integrarem a semana das Pré-Jornada que decorrerá entre os dias 26 e 31 de julho.

O Grupo de Jovens de Guisande está disponível para esclarecer pormenorizadamente sobre o que é necessário para se ser uma família de acolhimento.

Para mais informações: 

910834341 

cop.guisande.porto@gmail.com 

24 de março de 2023

Abrir, tapar, voltar a abrir e voltar a tapar

Aqui em Guisande, a Rua de Trás-os-Lagos, no troço da Rua da Zona Desportiva até à Rua Nossa Senhora de Fátima tem estado em obras de instalação de redes de saneamento e abastecimento de água, coisa que dura há semanas e durará. 

Estas obras já deveriam ter sido realizadas aquando da instalação das respectivas redes públicas, aqui há uns anos, mas como a Indáqua só realiza obras onde vê interesse económico, deixando para trás ruas com poucas habitações mesmo que necessitadas dessas redes, a referida rua ficou sem tais infraestruturas.  Agora, porque parece que há necessidade de pavimentar a rua bem como a Rua da Zona Industrial (em estado reles), e como entretanto foram construídas algumas habitações, a coisa parece que foi considerada, faltando saber se à conta da Câmara se da Indáqua. Em última análise, não será nem de uma nem de outra entidades, mas dos contribuintes, porque nestas coisas ninguém faz nada de graça.

Seja como for, eu não sei se a forma de trabalhar e as normas técnicas recomendadas para a instalação de redes de águas e esgotos são as ali adoptadas, mas acho estranho que se tenha aberto a vala, colocado o ramal do saneamento, tapada e compactada a vala e posteriormente, uns dias depois, a mesma vala volta a ser reaberta, colocado o ramal da água e novamente tapada a vala. Será mesmo assim? A mesma vala precisa de ser aberta e tapada duas vezes? Ou será como aquela história de dois dedicados funcionários públicos a quem alguém estranhou que um abrisse uma cova e o outro a tapasse, assim sem mais nem menos. Interrogados sobre essa estranha forma de trabalhar, perguntaram-lhes porque assim precediam, ao que responderam que normalmente seriam três funcionários, em que um abria a cova, o segundo colocava lá uma árvore e o terceiro tapava a cova cobrindo assim as raízes da planta, mas como o funcionário que colocava as árvores na cova faltou nesse dia ao serviço eles estavam apenas a fazer o seu trabalho. Nem mais nem menos!

Que há coisas estranhas e difícies de compreender pelo senso comum, há!

22 de março de 2023

Comidos de cebolada


Por estes dias foi noticiado que a TAP, essa larga gamela onde todos os portugueses pagam a ração mas poucos dela comem, deu lucros!!!

Dizem que, depois de cinco anos a a dar prejuízos, registou em 2022 um resultado líquido de 65,5 milhões de euros.

Ao Governo importa fazer transmitir estas notícias, até porque está prestes a ser discutida (novamente) a privatização desse comedouro de dinheiros públicos e a maioria dos portugueses até será comida de cebolada, porque importa fazer passar o lado positivo da coisa mas faz-se de conta que é só isso. Lucro!

Como bem disse um certo analista, despediram-se 1600 trabalhadores, cortaram-se 95 milhões nos salários dos restantes e não se conta com os 118 milhões de euros de juros que a injeção de capital de 3.2 mil milhões custa todos os anos aos portugueses. Peanuts! Amendoins!

Perante estes números, estranho seria que a coisa não apresentasse algum lucro. É como alguém ir almoçar, pagarem-lhe a refeição, a bebida e a sobremesa, olhar para o chão e achar uma moeda de 1 euro e e depois gabar-se que teve lucro.

Este regozijo da TAP, do Governo e dos seus correligionáios do partido, depois do revanchismo ao anterior Governo de Passos Coelho, em 2016, por fundamentalismo politico e ideológico ao reverter então a privatização, que agora, largos milhões depois, pretende levar para a frente, é no mínimo um insulto à inteligência dos portugueses. Lamentável!

21 de março de 2023

A ditadura da democracia

Ainda está quente a questão da decisão por parte do Governo de António Costa a possibilidade de tomada coerciva de imóveis para arrendamento, no que constitui um atentado ao direito e defesa da propriedade. Não faltam especialistas a afirmarem a inconstitucionalidade da medida e a ver vamos como ficará definida. Sendo certo que é enorme o nosso parque de edifícios devolutos e em ruínas a conspurcarem aldeias, vilas e cidades, existem muitas medidas que podem ajudar a mitigar esse problema, desde logo pela esfera da tributação ou apoios à reconstrução por parte dos proprietários e também em muitos milhares de casos na desburocratização de partilha e registo de propriedade que em muitos casos continuam em comum.

Também ainda estão na nossa memória as proibições de sair de casa e de passear em zonas florestais e outras medidas atentatórias dos direitos e liberdades, mesmo que justificadas no âmbito do combate à pandemia da Covid 19.

Agora parece que o Governo se prepara para proibir os moradores das  zonas rurais de sairem de casa sempre que for declarado alerta de perigosidade alta de incêndios, sem contrapor apoios que mitiguem a perda de rendimentos por não poderem exercer as suas actividades.

Em resumo, mesmo que Portugal não esteja longe dos lugares cimeiros dos países considerados com democracias plenas (28.º lugar no  Democracy Index 2022), era de esperar que não fossem tão longe certos atentados e com este tipo de situações a passarem na nossa sociedade por entre os pingos da chuva, porque mansos cordeiros. Até podem amanhã estabelecer a idade da reforma nos 70 anos que todos ficaremos impávidos e serenos quando, em contraposição, aquela mescla de raças e culturas que dizem ser a França, manifesta-se violentamente por alargarem a idade da reforma de 62 para 64 até 2030, o que mesmo assim ficará bem abaixo da nossa actual meta (66 anos e 4 meses).

Por tudo isto, por estes atentados aos direitos, liberdades e garantias, a pretexto de outros argumentos, em muitos aspectos somos já uma ditadura, mas pior do que as ditaduras porque disfarçada de democracia. Hoje um dedo, amanhã a mão e depois o braço. Foi assim que todas as ditaduras e autocracias começaram.

20 de março de 2023

Nabos e nabeiros

Faleceu o Comendador Rui Nabeiro, de 92 anos, empresário, patrão da Delta Cafés, figura por demais conhecida e reconhecida como empresário de sucesso e sobretudo dotado de um grande sentido de humanidade para todos quantos com ele colaboravam e trabalhavam. Para além de empresário foi sempre um exemplo de cidadania ao serviço dos seus e da comunidade.

Sendo certo que já com uma bonita idade, mas naturalmente deixa tristes não só os familiares como os seus colaboradores e toda a região de Campo Maior e Alentejo.

As suas qualidades empresariais, de cidadania e humanas eram por demais reconhecidas em todos os sectores e por isso não espanta que muitas figuras locais e nacionais o enalteçam quando chamados a dar opinião sobre a sua pessoa.

De minha parte, como a maioria dos portugueses, nunca com ele contactei e por conseguinte a opinião pessoal resulta apenas da percepção do que ao longo dos tempos tenho lido e ouvido sobre a sua personalidade e de facto parece ser unânime a opinião muito positiva da sua acção empresarial e humanista, e desde logo com o reconhecimento a começar pelos trabalhadores das suas empresas.

Em resumo, partiu um homem grande, amigo dos seus, com uma visão e legado do que deve ser um empresário no sentido pleno do seu significado. Ser empreendedor, criar riqueza e mais valias para a região e país, mas igualmente partilhar riqueza porque com um importante sentido humanista e social.

No nosso tecido empresarial, certamente que há bons empresários e muitos deles com as mesmas qualidades e virtudes que teve Rui Nabeiro. Mas, reconheçamos, serão uma gota no vasto oceano porque a larga maioria tem uma actividade apenas baseada nos crescimentos e lucros, com estes todos canalizados para as riquezas pessoais, luxo e ostentação, enquanto que os seus colaboradores, os trabalhadores, são meros números, descartáveis, a quem se paga o mínimo possível, sem acrescento de qualquer função social ou humanista. Assim, para um desses muitos vulgares empresários, um automóvel de luxo, um relógio de ouro ou uma moradia de férias sobrepõe-se a qualquer funcionário e por isso a precariedade e os incumprimentos são mais que muitos, tantas vezes no mais básico que é pagar pelo trabalho. O que não falta por aí são empresários a ostentar riqueza e caloteiros para com os seus funcionários. Parasitas que vivem do suor dos outros.

Neste contexto, nos nossos empresários, temos alguns, poucos, Nabeiros, espécies raras no meio da larga maioria, os nabos.

As coisas são como são e as actuais realidades não se compadecem com lamechices de índole social e humanista. Primeiro o lucro, o estatuto social, a riqueza, o poder e o bem estar. A partilha com os demais, é coisa de somenos importância.

19 de março de 2023

Caminhadas na minha terra - O velho marco





O Domingo nascera fresco com um algodão branco a polvilhar o azul do céu mas percebia-se que com o avançar da manhã o astro rei acabaria por se revelar pleno e reinar no resto do dia desse final de Março.

Subiu a encosta de Trás-os-Lagos ao alto da Gandarinha por entre caminhos já mal delineados numa floresta onde reinam os eucaliptos e os poucos pinheiros, ainda juvenis que brotaram sob as cinzas dos últimos incêndios, eram apenas um testemunho pobre do que foram densos pinhais há cerca de meio século. Por esses tempos, havia limpeza e tudo se aproveitava: O tojo ou mato e os fetos para atepetarem os quinteiros e a cama do gado e os gravetos que secos se desprendiam das árvores sacudidas pelos ventos agitados do Inverno e que lançados ao lume ajudavam a aquecer os longos serões. 

Já no alto, atravessou a estrada e tomou para sul o velho caminho que dava em linha recta ao arraial de Santo Ovídeo, feliz e e inusitadamente limpo. No princípio dessa velha ligação por onde outrora passavam carros de bois, ali estava o granítico marco de limite de freguesa entre Guisande e Lobão que um velho cantoneiro, por esperteza mandada, o deslocou para o lado oposto na desculpa de desobstruir a cancela do Mato do Capitão. 

Diziam os antigos que mexer em marcos, fosse de demarcação de freguesias ou simples dentes encravados como limites de propriedades, era pecado que dava direito ao inferno. Mas o velho cantoneiro, que dizem que se chama Tucas, ou era avesso a esses ditos e superstições ou então agiu de pura boa fé sem nisso ver pecado ou roubo, apenas conveniência, mas certo é que com essa mudança, acrescentou e retirou metros quadrados da geografia de uma e outra freguesias. Coisas.

Com o caminho limpo como não se via há anos, logo surgiu o amplo arraial do Santo Ovídeo, também ele limpo e de erva reverdescida pelas últimas chuvas. Rodeou a capela e lá estava o velho campanário sem a sineta que dizem os de Lobão ter sido roubada pelos rivais de Guisande para com ela adornarem a capela do Viso, como se uma mentira repetida lendariamente muitas vezes se tornasse verdade. Mas de lendas, mesmo que mentirosas, se faz também a riqueza cultural das terras. 

Lá dentro desse amplo espaço que a fabriqueira de Lobão arrebatou na justiça à Junta de Freguesia, no fresquinho do interior da capela o Santo Ovídeo conversaria com os parceiros de altar, o S. Lázero e a Senhora da Guia, talvez discutindo que vai sendo tempo, lá para o final de Agosto, de voltarem a ter uma festa digna das romaria que noutros tempos se faziam. Pois vai...

Desceu depois pela estrada que leva ao lugar do Ribeiro e logo depois, a marcar a subida, o pequeno regato com o mesmo nome do santo que por ali reina. Percebia-se que o enorme movimento de terras ali defronte talvez tivesse ajudado a obstruir a plena passagem das suas águas e então à farta delas se formou ali uma lagoa, tão bonita e límpida quanto perigosa, porque um descuido de carro, pessoa ou animal, ali cairá direitinho e a profundidade pode consumar uma tragédia. 

Logo de seguida cortou à esquerda e meteu pelo pinhal acima e percorreu o velho mato de familiares antepassados, a confinar com o atrás referido regato que debaixo de uma velha parede tomada por vegetação, brotava farto das águas da Gãndara. Na regueira, ainda ali estava o alicerce do velho eucalipto gordo que uns anos antes fora abaixo. 

Voltou-se para sul e e percorreu o limite da linha de fronteira entre Guisande e Lobão e onde a mesma faz uma quebra mais brusca, lá estava, ainda, o velho marco com a Cruz de Cristo, ainda ensanguentada pelo rubor de alguém que a pintara. Ainda firme e erecto. Dali apontava para sul para a divisão já no limite com o lugar de Azevedo, ali mais ou menos pela represa de sede do rancho, onde os mais velhos ainda se lembram de existir outro marco. Mas esse, pela indiferença de quem terraplanou para do pinhal bravio abrir caboucos para o crescimento do lugar, revolveu indiferente como se fora um simples calhau. Se pecado foi, nunca ninguém se confessou e até mesmo quem já chegou a ter poderes, mesmo perante as evidências, negou-se a reconhecer que ali ainda era Guisande porque dava jeito que o lugar de Azevedo crescesse para cima dos calos dos vizinhos. Quem foi, já não faz parte do mundo dos vivos e importará que esteja e descanse em paz mas que cometeu esse pecado, de omissão, cometeu.

Logo depois virou à esquerda e rapidamente estava a cruzar os Quatro-Caminhos, hoje em dia mais aberto e airoso, pelo menos de dia, mas outrora um lugar temido mesmo para os destemidos e ali se erguiam altares de oferendas a deuses menores, a bruxas e feiticeiros que o breu da noite adensava de um escuro sinistro e lúgrebe.

Mais adiante já passava sob uma ramada acabada de podar, agora mais comedida, mas que noutros tempos cobria de uma sombra fresca e desejada, de um verde denso e cachos de tinto,  o velho caminho, hoje Rua da Ramada.

Não tardou, estava regressado a casa. Uma simples caminhada, mesmo que curta e ao perto, pode revelar muita coisa, memórias passadas e presentes, bastando que não baste apenas dar à sola numa correria a encurtar minutos e segundos, mas a olhar com atenção e perceber as mensagens que nos transmitem um regato, um carreiro, um muro, uma pedra, uma árvore ou muitas delas. A natureza, impoluta ou transformada, está sempre pronta a falar com quem a sabe escutar.

17 de março de 2023

À deriva...

Greve nacional dos funcionários públicos, serviços de urgências em ruptura e encerrados com direcções em demissão, a TAP a voar rasteirinho e a fazer voar milhões, os professores em greve, os ferroviários em greve, os barcos eléctricos da Transtejo adquiridos sem baterias e os barcos da Marinha a serem eles próprios (sucata) e o almirante da guerra das vacinas a mostrar-se indignado com a insubordinação de uma dúzia de marinheiros temerosos que promete meter na ordem. 

Com tudo isto, e não é tudo, porque o mar deste país é de águas agitadas, e a nação é toda ela um barco à deriva a meter água e a largar óleo, apetece dizer: - Ó senhor almirante, se foram uma dúzia os insubordinados, foram poucos. O que este país precisa mesmo é de uma insubordinação geral, aí de uns 10 milhões! 

14 de março de 2023

A causa da pausa

Parecendo que não, tenho estado afastado da rede social Facebook há quase três meses. Apenas alguns breves segundos para uma ou outra partilha que considerei com motivo para a interrupção da pausa, de resto, népias, zero!

Por conseguinte não tenho publicado, nem sequer lido o que os "amigos" e os outros publicam, partilham e comentam. Tenho estado mesmo a leste.

A verdade é que, como alguém que nunca se viciou na coisa, não custa fazer a pausa, seja de dias, semanas ou meses. De resto, a maioria das coisas ali publicadas são banalidades que se dispensam. Na larga maioria, egocentricidades, vaidades, partilha e replicação em cadeia de coisas de terceiros. A originalidade, aquilo que é nosso e vem de nós, que nos diferencia , é coisa pouco abundante. 

Assim, mesmo que periodicamente, sabe bem passar ao lado dessas banalidades, de gente que fala muito quando devia estar calada e que se cala quando devia falar, dos vaidosos, dos mestres das poses, das simpatias, dos likes dos mesmos aos mesmos, dos tomilhos, dos alecrins, dos loureiros, dos exageros e fundamentalismos da malta da bola, do chover no molhado, da cegueira da malta da política, dos diários dos extraordinários, dos "olha p´ra mim!" e das proezas dos novos inventores da roda e da pólvora. E agora com o ChatGPT, não devem faltar por ali novas novidades como se de repente, num click, o mais bronco seja o maior poeta e o analfabeto uma promessa das artes e da escrita a debitar pensamentos e reflexões. Fantástico! Nada como um mundo inclusivo!

Sabe bem, muito bem, como quem sorve a brisa fresca e iodada numa praia deserta pela manhã! Como costuma dizer o meu amigo A.P., as "coisas são como são" e "nem sempre nem nunca". Nunca digas "desta água não beberei" porque podes vir a ter sede, mas considera não a beber se ao lado tiveres uma fresca cerveja. Se com tremoços, melhor!

13 de março de 2023

O meu pessegueiro já floriu


Uma constatação básica e decorrente do ciclo das estações e que coordenam o ciclo vegetativo de plantas, mas que para além do óbvio pode nos levar a reflexões profundas sobre a vida e a natureza. Afinal, o florescimento do meu pessegueiro não é apenas um evento isolado, mas um símbolo da passagem do tempo e da renovação cíclica da vida.

Observando o pessegueiro em flor, podemos nos maravilhar com a beleza efêmera da natureza. As flores rosadas surgem por um curto período de tempo, antes de serem substituídas pelas verdes folhas e, em seguida, pelos saborosos frutos. Esse ciclo de renovação é uma constante na natureza e nos recorda da impermanência de todas as coisas.

Assim como o pessegueiro floresce e se renova a cada ano, também nós estamos em constante transformação. A cada dia, aprendemos algo novo, enfrentamos desafios e superamos obstáculos. Essas experiências nos moldam e nos tornam quem somos, assim como cada estação molda e transforma a paisagem ao nosso redor. Somos, de algum modo pessegueiros, mais ou menos floridos, mais ou menos produtivos.

Mas, assim como as flores do pessegueiro são efêmeras, também a nossa vida é finita. A cada ano que passa, o pessegueiro floresce mais uma vez, mas nunca da mesma forma. Cada temporada traz novas surpresas e desafios, assim como cada etapa da vida nos apresenta novas oportunidades e obstáculos a serem enfrentados.

Em última análise, a frase "o meu pessegueiro já floriu" é uma lembrança de que a vida é uma jornada constante de transformação e renovação. Podemos encontrar beleza e significado em cada momento, mesmo quando enfrentamos dificuldades ou incertezas. Assim como o pessegueiro em flor, somos parte de um ciclo maior de vida e renovação, e devemos aproveitar cada momento da nossa existência enquanto podemos.

Pe. Farinha de visita

A comunidade de Guisande teve a alegria de receber por estes dias a visita do seu anterior pároco, o Pe. Arnaldo Farinha. Regressou de Angola por uns dias ao nosso país para tratar de assuntos pessoais e fez questão de passar em Guisande, tendo neste Sábado, 11 de Março, concelebrado a eucaristia das 17:30 horas com o pároco Pe. António Jorge.

Obrigado e bem-haja!


Sonhos

Vinha eu agora a caminho do emprego e na rádio, na Antena 1, alguém informava que amanhã o F.C. Porto irá jogar a segunda mão dos oitavos de final da Champions League, recebendo o Inter de Milão. Mas mais dizia que um tal de Stephen Eustáquio, irá cumprir o seu grande sonho de participar nessa maior prova do futebol europeu de clubes.

As coisas são como são. Quem é grande e ganha milhões a dar pontapés na bola tem esta grandeza de sonhos. Sabem sonhar! Já eu, pobre anónimo e que trabalha o dia a dia das 8 às 6 para ganhar pouco mais que o salário mínimo nacional e pagar as contas, já só tenho o pequeno sonho de ver o mundo viver em paz, os povos e as nações a ajudarem-se entre si, os mais ricos a partilhar com os pobres e a ciência e a tecnologia serem postas ao serviço do combate às desigualdades e ajudar a combater os efeitos das mudanças climáticas e fazer com que todos os povos, e sobretudo as crianças, tenham uma infância feliz e saudável e também elas poderem ter sonhos de um futuro melhor.

Mas isto sou eu, que sonho pequenino e não tenho chuteiras nos pés. Já os Eustáquios deste mundo sonham em grande e jogar na Liga dos Campeões é que é.

Boa segunda-feira!

12 de março de 2023

Uma velha porta


Uma velha porta, escancarada, numa velha casa de pedra desabitada, pode evocar uma grande variedade de sentimentos, como de abandono e solidão. É como se a casa estivesse esquecida pelo tempo e pelos moradores, deixando apenas essa porta antiga para lembrar de um tempo em que a casa era habitada e próspera.

No entanto, essa porta também pode ser vista como uma fonte de beleza e mistério. Ela pode ter histórias para contar, segredos guardados em suas dobradiças enferrujadas e madeira desgastada pelo tempo. Talvez tenha sido a entrada para uma vida feliz e cheia de alegria, ou talvez tenha testemunhado momentos de tristeza e solidão.

Essa porta antiga pode nos fazer refletir sobre como tudo na vida é passageiro e como as coisas mudam com o tempo. Ela nos lembra que, assim como a casa que a abriga, nós também envelhecemos e passamos por transformações ao longo do tempo, deixamos de ser funcionais e úteis ao ponto do abandono e da decrepitação. É importante aprender a apreciar cada momento da vida, pois ele não durará para sempre.

Uma velha porta pode nos lembrar que tudo tem um começo e um fim. Ela pode ter sido a entrada para uma vida cheia de histórias e memórias. É como se a porta fosse um portal para outro mundo, que agora está fechado e só pode ser acessado pelas nossas imaginações.

Além disso, essa porta pode nos inspirar a imaginar o que há por trás dela. Talvez haja tesouros escondidos, ou um jardim secreto que ninguém nunca viu. É como se essa porta velha fosse um convite para explorar o desconhecido e descobrir novas maravilhas.

Em resumo, uma porta velha em uma casa de pedra desabitada pode ter muitos significados e nos inspirar de diferentes maneiras. Ela pode evocar sentimentos de tristeza e solidão, mas também pode ser uma fonte de beleza, mistério e inspiração para explorar o desconhecido.

11 de março de 2023

A casamentos e a baptizados...

Quase sem saber como, certo é que num espírito de dar algum contributo, aceitei fazer parte do COP - Comité Organizador Paroquial, no âmbito da preparação e organização da Jornada Mundial da Juventude que decorrerá em Lisboa na primeira semana do mês de Agosto deste ano de 2023.

Uma das acções a desenvolver relaciona-se com a vinda de jovens de todo o mundo, sobretudo da Europa e que na semana anterior à Jornada terão uma experiência integrada nas diferentes dioceses e paróquias. Assim, um dos pressupostos base é que esses jovens, pelo menos em grupos de dois, rapazes ou raparigas, possam ficar alojados durante a última semana do mês de Julho em contexto de famílias ditas de acolhimento. Será uma oportunidade para partilha de diferentes aspectos, incluindo os culturais e sociais tendo como base os pressupostos da Jornada Mundial da Juventude.

Neste contexto, preveem os organizadores que a paróquia de Guisande possa também acolher alguns dessses largos milhares de jovens que acorrerão a Portugal, havendo uma estimativa de que pelo menos meia centena, o que significa que serão necessárias pelo menos 25 famílias dispostas a fazer o acolhimento. 

Esta situação já tem sido divulgada e feitos apelos a esta necessidade em várias ocasiões e desde há largas semanas, nomeadamente pelo nosso pároco nos avisos no final das missas, mas parece-me que, tirando um ou outro caso, ainda não há situações concretas. Ou seja, parece óbvio que esse apelo e essa necessidade têm caído em saco roto. Assim, o COP entendeu que será necessária uma melhor divulgação do evento e dos requisitos e necessidades para uma família de acolhimento e depois partir para convites directos a algumas  delas e que se consideram, à partida, como com condições de acolhimento. Ou seja, convirá que sejam famílias com alguma disponibilidade de tempo e sem compromissos de emprego ou de outra natureza, pelo menos com um quarto de dormir disponível, uma casa de banho que possa ser partilhada e ainda fornecer pequeno almoço e jantar, mesmo que de forma frugal.

Pessoalmente, mesmo comprometido com essa decisão tomada de, se necessário for, abordar as famílias de forma directa, não sou, todavia, muito apologista da mesma, porque entendo que nestas coisas as pessoas e as famílias devem demonstrar por iniciativa delas própias essa vontade de forma livre e não de maneira influenciada ou mesmo pressionada. Bem sabemos que no nosso meio as pessoas não são muito de se expor e de se oferecerem voluntariamente seja para o que for, mas não podemos inverter esta nossa natureza. Ou há ou não há vontade e voluntarismo. Esta é uma nossa maneira de ser muito cultural e assenta também em pressupostos de fugir a canseiras, compromissos e responsabilidades. De facto, mesmo sabendo que não será nada de mais garantir esse alojamento a dois jovens durante uma semana, o certo é que implica alguma responsabilidade e naturalmente alguns custos e mesmo abrir as portas a pessoas desconhecidas e que na maior parte dos casos haverá nítidas dificuldades de comunicação, tanto mais que o perfil das famílias com condições de acolhimento será de pessoas já na reforma e por isso com menor domínio de línguas estrangeiras. Além do mais, serão sempre pessoas estranhas e dos muitos milhares de jovens que virão a Portugal naturalmente que nem todos serão propriamente modelos de bom comportamento e cumpridores de regras de respeito e reconhecimento. Há, pois, alguns riscos ou pelo menos situações a merecerem algum cuidado e preocupação.

Em resumo, oxalá que na nossa paróquia se consigam pelo menos as tais 25 famílias para alojar 50 jovens mas pessoalmente estou muito pessimista e parece-me que já será difícil conseguir metade desse número. Reitero ainda a opinião pessoal que as pessoas devem ser devidamente esclarecidas quanto ao que se pretende, ao propósito e ás necessidades, mas não a ponto de as pressionar na decisão.

Posto isto, será bom que as famílias sejam elas próprias a avançar e a oferecerem o acolhimento num contexto de partilha e acolhimento cristão e numa perspectiva de que poderá ser uma semana de enriquecimento mútuo para quem recebe e é recebido. Afinal, uma comunidade cristã tem a obrigação de ter este espírito.

A ver vamos!

9 de março de 2023

Abusadores do direito e justiça

Tenho lido e ouvido muita coisa sobre o assunto que vai fazendo parte da actualidade, o relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja portuguesa que recebeu 512 testemunhos validados, tendo já sido enviados 25 casos para Ministério Público.

A Igreja tem que se penalizar ela própia por esta triste e condenável realidade, oculta e disfarçada durante longas décadas, sendo que o fenómeno não é de agora e é transversal a nível mundial e a diferentes sectores da sociedade, pelo que não de todo exclusivo de Portugal, da Igreja e da religião. Todavia, a Igreja, pela importância moral que deve ter como exemplo e prática da doutrina evangélica, obviamente que tem um grau maior de culpa e responsabilidade pelo mau exemplo e descrédito para a sua estrutura, tanto mais que muitos dos abusos terão ocorrido em contextos de debilidade social e psicológica.

Apesar disso, sem tirar nem pôr, parece-me que há em alguns sectores neste nosso país das bananas, figuras a espumarem-se pela boca para uma condenação prévia e sumária de tudo o que seja padre e figura da Igreja, condenando-se a parte pelo todo. Gente que não gosta da Igreja vê aqui uma oportunidade de ouro para a atacar de cima a abaixo. Por isso, às consideração do patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, de que é necessário julgar de acordo com as regras da Justiça e com direito ao contraditório, choveu um coro de condenações e julgamentos. Como se costuma dizer agora, foi "arrasado"!

De cordo com o nosso código penal, um pedófilo pode abusar de dezenas de crianças ou um assassino liquidar dezenas ou centenas de pessoas, que terão sempre direito à presunção de inocência, à sua defesa, ao contraditório, e só depois de julgados e provados os factos é que serão condenados e não mais que a 25 anos de prisão, abusem ou matem uma, dez ou mil pessoas. Mesmo na prisão terão todos os direitos de dignidade e supervisionados pela Amnistia Internacional, mesmo o maior de todos, o que suprimiram às suas vítimas indefesas e inocentes, o direito á vida.

Por isso, não deixa de ser surpreendente este sentimento de justiça pura e dura para com uma lista de padres que por mais condenável que seja e motivo de aplicação da Justiça, não mataram nem aniquilaram, mesmo que certamente que para muitas vítimas tenham causado sofrimento moral e psicológio com repercursões para a vida.

Mas também sabemos que nestas coisas não basta apesar de tudo, apontar o dedo ou tecer enredos envolvendo pessoas e figuras e, no caso, padres. Por isso uma das pedras bases da Justiça é o direito ao contraditório e à defesa e à prova dos factos, por mais difícil que seja, desde logo pelo tempo que decorreu sobre os supostas factos.

Em todo o caso, que se julgue e condene se para tal houver provas, mas que se dê direito ao contraditório e à defesa e não neguemos a uns o que defendemos para outros, a presunção de inocência e direito ao bom nome. Bem sabemos que um padre não é um assassino ou um criminoso de colarinho branco, um banqueiro ou um ministro corruptos, mas, pessoas tidas mais em conta no julgamento de muitos. Mas, mesmo assim e sem esse beneplácito, porra, têm direito aos mesmos direitos nomeadamente no que à Justiça diz respeito.

5 de março de 2023

Quando a ética é patética

Bem sabemos que nos tempos que correm, em que os média, termo moderno para os órgãos de comunicação social, competem entre si por audiências e lucros dos grupos empresariais a que pertencem, numa guerra onde vale quase tudo, a deontologia e a ética profissionais têm o valor e uso do papel higiénico.

Neste triste contexto, não surpreende que ainda hoje, no jornal da tarde da TVI, na peça de reportagem sobre o encontro de Bolsnonaro e Trump no congresso de conservadores nos Estados Unidos, o jornalista que comentava a coisa fosse de uma autêntica parcialidade, não se coibindo de adjectivar ambos os políticos e a suas posições.

Eu também acho que o Donald e o Jair são dois populistas, dois broncos e dois palermas, mesmo que apenas sob um ponto de vista político, mas isso é o que eu acho. Já ver e ouvir um jornalista a ter esse tipo de apreciação quando deveria ser isento, relatar o evento e não exprimir pontos de vista pessoais, é que não lembra ao diabo. Neste ponto, o jornalista e quem o emprega não são de todo melhores que os broncos do Trump e Bolsonaro. São apenas farinha do mesmo saco.

Mas é o que é, e já não podemos ter na comunicação social os valores da insenção e imparcialidade. O populismo também afecta os pulmões e o cérebro de muitos dos nossos ditos jornalistas. Não são para levar a sério, tal como a Bolsonaro e a Trump.

4 de março de 2023

Paradoxos à portuguesa


Sempre fomos um país de políticas paradoxais, e facilmente quem nos governa vai do 8 para o 80. Não deixa, por isso, de ser paradoxal, bem à portuguesa, que o programa do Governo socialista, "Mais Habitação" preveja, entre outras medidas, a disponibilização de mais solos para construção de habitação, incentivos à construção por privados ou incentivos fiscais aos proprietários para colocarem casas no mercado de arrendamento, quando, no caso de Santa Maria da Feira, a revisão (ainda em curso) ao Plano Director Municipal - PDM, esteja precisamente direccionada e com perspectivas de reduzir substancialmente esses solos urbanos, mesmo em ruas centrais dos aglomerados, mesmo a reverter solos já edificados em espaços verdes, o que tem levado muitos proprietários a uma enxurrada de apresentações de projectos e pedidos de informação prévia para procurarem salvaguardar a ainda actual capacidade.

São, pois, paradoxos e políticas com sentidos contraditórios o que não ajuda em nada à confiança das pessoas nos governantes nem à confiança de investidores. 

Assim não vamos lá. Ou melhor, vamos a lado algum!