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4 de novembro de 2023

Trail dos Fredericos

 




Ali no caminhos dos Corgos, entre Guisande e Pigeiros, esta situação. Com jeitinho, ainda estão cheios de bejecas. 

Já agora, na estrada da Várzea a Nadais, uma exposição de sofás e uma roda de tractor. Dão-se pela melhor oferta...Mas faz sentido, sendo a Rua 25 de Abril, há lliberdade, até para estas coisas de comportamentos não só reprováveis mas até cobardes. 

Há gente que não vale a merda que caga.


26 de outubro de 2023

Querido Citroen Saxo de 2001


Querido Citroen Saxo, lembras-te de quanto te comprei em Maio de 2001, no Lércio, na Feira, novinho em folha, a brilhar? Pago com o nosso suor, com uma boa entrada mas ainda durante alguns anos a pagar-te às prestações, sempre certinhas sem falhar?

De lá para cá tens sido uma presença constante na casa e participastes em todos os seus bons e menos bons momentos. Eras e és o carro que levavas e levas o pessoal para o trabalho, para as missas, para os momentos de festa, mas também lá vais quando é preciso recorrer ao médico ou mesmo ou hospital onde fostes várias vezes a altas horas da noite, quando o pessoal cá da casa não passava bem. Lá ías como ambulância à velocidade normal ou um pouco mais apressado se fosse necessário.

Recordas-te de quando fomos várias vezes à Covilhã, ali na encosta da serra da Estrela, 250 Km para lá e outras tantos para cá, para levar a rapariga à matrícula na universidade e várias outras vezes ao longo de 5 anos para a instalar, reinstalar, levar e trazer de volta já formada e com mestrado? E quando eles obtiveram a carta de condução lá estavas tu a apanhar com o nervoso miudinho e inexperiência e até mesmo a levar uns raspões e amolgadelas? Pois foi, e eu a pagar para ficares sempre bonito!

E nas férias ? Idas à praia e várias viagens por esse país fora, de norte a sul, a subir e a descer serras? Recordas-te quando foste, carregadinho, à aldeia da Pena, naquele fundego  e quando chegaste cá acima ao S. Macário já vinhas a deitar fumo? E mesmo a Fátima? Ena, tantas vezes, até mesmo em Fevereiro com o pessoal da LIAM! Até ao veterinário com o cão que pesa 50 quilos, a encher-te de pelos e baba? E mesmo os gatos, desconfiados pela viagem fora do usaul?

Apesar de todos estes mais de vinte anos, continuas sempre seguro, eficiente, prestável e económico. É certo que já levaste algumas peças novas, pneus, pois claro e um ou outro conserto, mas no geral ainda estás aí para muitas curvas e dedicação à casa.

Mas sabes, querido Citroen Saxo, agora o nosso Governo, liderado por um tal de António Costa, que anda sempre em bons carros e com motorista, pagos pelos portugueses, quer acabar com os carros que nasceram antes de 2007. Ora se tu naceste em Maio de 2001 fazes parte da lista a abater. Sim, o Costa quer que tu e todos os outros como tu, mesmo que ainda bem parecidos, úteis e económicos, sejam transformados em cubos de sucata para derreter. Ele tem sido artista na arte de dar com uma mão e tirar com as duas e encontrou agora neste esquema uma forma de dizer que aumenta os rendimentos mas aumenta a receita fiscal. Um talentoso ilusionista !

O mais irónico, querido carro, é que ele quer que te substitua por um carrão novo, potente e eléctrico, que parece que está na moda, por questões ambientais, dizem, quando a produção de um carro eléctrico e as suas baterias têm um impacto absurdo (sabe-se mas não querem que se saiba). 

Mas sem desconsideração, ó Citroen Saxo, quem é que não gostaria de ter um bom carro e novo na garagem? Eu e os muitos milhares de portugueses que com dificuldades levam a vida, sem viver à custa do Estado e como tal não se aventuram a mais dificuldades e a contrair dívidas ao Banco que depois não poderão pagar. Eu, imagina, e já te confidenciei isso, gostava até de ter quatro carrões, um para cada membro da casa e se fosse possíve um para o cão e três para os gatos. Ah, e uma casa de férias, ou mesmo duas, uma ao perto, talvez na Torreira, outra ao longe, lá pelo Algarve. Só não um jacto privado porque não temos espaço para o fazer descolar e aterrar. Talvez um helicóptero. Ok, desculpa-me, deixei-me entusiasmar com as grandezas. O culpado é o Costa que quer obrigar os pobres a serem  ricos!

Sabes, Citrone Saxo, o Governo esquece que os carros velhos só existem e circulam pela óbvia razão de que quem os tem não tem naturalmente condições para ter outros mais novos. O Costa não percebe ou não quer perceber que entre o querer e o poder vai uma diferença do tamanho de um abismo. Com este amigo ilusionista a dar ordens, nunca virás a ser um clássico como os teus antepassados carochas, os 2 cavalos, os fords T, os buick, etc. 

Mas é assim que estão as coisas e a ideia desse Costa é agravar o IUC, o imposto de circulação até a um valor tal que leve as pessoas a passar a andar só de bicicleta, porque na realidade, mesmo que com um apoio ridículo, a larga maioria dos proprietários dos carros como tu, querido Citroen Saxo, nunca vai poder comprar carros novos e sobretudo eléctricos.

Seja como for, de um Governo que é a favor do aborto e da eutanásia, mesmo que isso sejam contas de outro rosário, não estejas à espera que tenha qualquer contemplação em criar condições para te fazer parar na sucata e na fornalha ardente onde se derrete ferro e aço. Não! Esquece! Com ele vais direitinho para o inferno para mal dos teus pecados.

Mas olha, cá para nós que ninguém nos ouve, ainda vais andar por cá e nas próximas eleições vamos tu e eu à secção de voto mandar esse tal de Costa à merda. Bem sei que ele está-se cagando, para mim e para ti, como para a maioria dos portugueses pobres que têm carros velhos, mas pelo menos ficamos com essa satisfação.

Sim? Queres contar-me um segredo? ...Ah, não, nem penses! Não vale a pena dar-lhe um encontrão se o vires pela frente quando fores a Lisboa. Não é caso para tanto! Como diria o seu amigo João Soares a certos críticos que o incomodavam, bastará umas "bofetadas".

12 de outubro de 2023

Quanto mais te bato...

Quando alguém nos dá algo com uma mão, disso fazendo banzé e alarido, mas em simultâneo nos tira com a outra, mantendo-se quase mudo e calado, não será pessoa séria.

Ora é isto que está acontecer com o nosso Governo ao apregoar em todos os altifalantes uma descida nalguns escalões do IRS, tidos como relacionados à classe média, mas simultaneamente vai aumentar a carga fiscal com receitas no IVA, nos combustíveis, tabaco, bebidas e até no imposto de circulação dos carros dos mais pobres, os mais velhos, e estes têm-nos porque não têm condições para ter carro novo.

Em resumo, apesar de estar a distribuir uns chouriços o Estado espera receber dos portugueses alguns presuntos e daí até prever o tal aumento significativo de receita no que espera um novo excedente orçamental.

Neste contexto, este Governo, a começar pelo seu primeiro ministro, é falacioso e só não merece outra classificação por respeito às suas mãezinhas.

Mas, siga, que o povo gosta de ser enganado. Como cantava a Ana "Quanto mais te bato, mais tu gostas de mim". É assim que este Governo nos tem em conta.

19 de setembro de 2023

Rua de Trás-os-Lagos, assim não

Cansei-me de circular pela Rua de Trás-os-Lagos, estrada que utilizo de e para o trabalho, 4 vezes ao dia. Ter que transpor todas aquelas valas cada vez mais fundas é investir na conta do mecânico. Vou usar um percurso um pouco mais longo, mas terá que ser. 

Independentemente dos motivos e pretextos para esta situação, e de quem é a competência e a responsabilidade pela conclusão da obra, e compreendo todas as equações, parece-me que não é a melhor forma de trabalhar nem de tratar os contribuintes. Meio ano após a abertura e tapamento das valas sem que se proceda à repavimentação, que mais não seja apenas das próprias valas, parece-me exagerado, com natural prejuízo para os moradores.

Importa que a situação seja resolvida, digo eu.

12 de setembro de 2023

Gatões e ratinhos

Na vida real ninguém, presumo, gosta de ver um adulto a bater numa criança ou num inadaptado, mas no futebol de selecções ao mais alto nível isso acontece sem esmorecimento. 

Não se percebe, pois, o que selecções de futebol como Luxemburgo, S. Marino, Andorra, Ilhas Faroé, Liechtenstein, Gibraltar, Malta e outras que tais, andam por ali a fazer, a não ser de figuras de meigos passarinhos para os gatões os depenarem e se lambuzarem.

Mas dizem os entendidos nesta matéria difícil do chuto na bola, que as senhoras FIFA e UEFA, duas gatonas gorduchas e ávidas por whiskas com cifrões, não se incomodam com isso porque quanto mais selecções, mais jogos e mais direitos. Com jeitinho ainda lá metem os Açores, a Madeira e as Canárias.

Poderia e deveria haver um sistema de divisões,  ou então, mal por mal, um sorteio puro e duro, pelo menos para se garantir um princípio de aleatorieadde; Mas não, a FIFA e a UEFA não querem saber disso e para além desse desequilíbrio notório, ainda o potencia e confina com o sistema de potes, à moda dos antigos fojos que os pastores usavam para caçar os malvados dos lobos que lhes apanhavam os mansos cordeirinhos. Assim, com este sistema de pirâmide, garante-se o direito de que a dois gatos mais fortes, cabem sempre um ou dois ratinhos tenros. 

Mas a quem incomoda isto? À maioria era vê-los, ontem, todos rejubilosos, no Algarve, a festejarem a cabazada ao Luxemburgo, como se fosse um jogo de hóquei em patins. Só lá faltava o Ronaldo para somar mais uns quantos.

Se o futebol competitivo é isto...

7 de setembro de 2023

1.º Direito e 2.º Esquerdo

A propósito, ou não, de um certo programa de apoio e acesso à habitação, em sequência ou consequência de uma certa  estratégia local de habitação, que grosso modo aproveita financiamento da teta europeia do dito Plano de Recuperação e Resiliência (PRR):

O tal programa visa apoiar a promoção de soluções habitacionais para pessoas que vivem em condições habitacionais indignas e que não dispõem de capacidade financeira para suportar o custo do acesso a uma habitação adequada. Coisas bonitas.

Mesmo tendo lido na diagonal os documentos e apesar dos bons pressupostos, há à partida, parece-me, um princípio de igualdade que não é lá muito bem equacionado.

Um exemplo: Um agregado familiar que reúna os requisitos de baixos rendimentos para ser apoiado, mas que tem uma habitação de razoável qualidade e com todas as condições de habitabilidadde, e têm-na porque para a construir ou comprar contraiu um empréstimo ao Banco, à qual está hipotecada, e que paga mensalmente até à sua idade da reforma, fica de fora desta equação apesar de continuar com as dificuldades económicas inerentes ao peso da prestação do crédito habitação. 

Assim vamos tendo gente em habitação social acomodada, com bons carros, bom viver e a escapar aos inconvenientes de comprar terreno, fazer projecto, construir casa e pagar o crédito habitação e ainda os injustos IMIs como uma renda. Em rigor, o Estado e muitas autarquias limitam-se a apoiar a habitação a quem pouco ou nada faz por tê-la, mesmo que com as mesmas condições e rendimentos de milhares que o fizeram. Os exemplos estão à vista de todos. O pior cego é aquele que não quer ver.

Em resumo, estas políticas apresentam-se como boas intenções, e aproveitará sempre a uns quantos, mas que depois na realidade não servem nem se adaptam à generalidade dos casos.

Além do mais, muitos dos pressupostos do programa cheiram a esturro porque casos há em que os cidadãos se metem a requalificar uma velha habitação e só porque abrem uma janela ou uma porta extra, são esbarrados, coimados e confrontados com a  necessidade de licenciamentos que regra geral são demorados e caros, desde os projectos às taxas de urbanização e licenças. Poderia passar por aí alguma ajuda até porque os ditos planos de reabilitação dos nossos núcleos urbanos não passam dos PDFs e das intenções.

Por conseguinte, é tão bonito passar as ideias para PDFs e lançar uns programas jeitosos que depois, na realidade, servirão a poucos. Um pouco como certas câmaras municipais e juntas de freguesias a darem cheques a mamás e e papás, pobres ou ricos, como se isso sirva para alterar os problemas de fundo da natalidade e demografia. Quem não gosta de prendas? Todos gostamos e tiramos fotografias sorridentes a recebê-las. Mas isso, para além de poder render mais uns votos futuros aos promotores, resolve o quê em concreto? 

Seja como for, tudo o que se possa fazer por quem realmente tem necessidades e dificuldades nesse direito básico que é a habitação condigna, é sempre positivo, mas dispensa-se o folclore e acima de tudo que haja um critério rigoroso para ajudar a quem realmente precisa. 

5 de setembro de 2023

Como no jogo da toupeira e do martelo...


O Facebook aparentemente tem opções que permitem ao utilizador ver menos publicações de um determinado tipo, como publicidades, como os reles vídeos reels, etc. 

Mas é uma tarefa inglória e faz-nos lembrar aquele jogo do martelo e da toupeira em que batemos com o martelo num buraco mas a toupeira aparece logo noutro e assim sucessivamente. 

Por conseguinte, todas as opções nas configurações são na realidade inutilidades, porque por cada assunto que denunciemos como imprórpio ou irrelevante, o sistema tem milhares de outros prontos a entrar em acção. Está mesmo infestado de toupeiras. De resto não os dispensa porque é disso que obtém lucros astronómicos.

Em resumo, a solução para de algum modo fugir a tanta contaminação nesta rede social, é mesmo, de vez em quando, fazer umas boas pausas, como de resto tenho feito ou, de forma mais eficaz,  desactivar a conta e a página. 

A continuar assim...

4 de setembro de 2023

Pergunta sem resposta

Num destes dias, na semana passada, a Rua de Fornos (EN223) voltou a ser rasgada de lés-a-lés, creio que em dois diferentes sítios. Presumo que à procura de ouro, pois já por várias vezes no mesmo sítio sem que descortine o verdadeiro motivo. 

Mas verdade se diga, quase em simultâneo foram repostos os pavimentos que, mesmo sendo  remendos, ficaram com qualidade similar à restante estrada.

Não que espere resposta, mas pergunto a mim mesmo porque é que este tipo de procedimento consecutivo (rasgar, repavimentar) não acontece nas restantes ruas? Por exemplo, na Rua de Trás-os-Lagos, que continua ali com valas por repavimentar, vai para meio ano?

Como disse, não espero respostas porque a quem cabe dá-las porventura também não saberá ou não convirá responder. 

É assim que as coisas funcionam, devagar, devagarinho, quando não paradas. Para além dos mais, gente como eu, que vem escarafunchar estas feridas, são poucas, porque a maioria essa já nem quer saber de tão dormente que está no que toca à desconsideração.

2 de setembro de 2023

Um pastel de nata e um reggateon


Pequeno almoço num qualquer sítio por aí, e na televisão um qualquer canal dos muitos de clips de vídeos de música. Em quase todos eles, nos vídeos, artistas afro-latino americanos, com ares de carnavais, com carrões, roupas extravagantes ou mesmo sem elas, mulheres peitudas, traseiros a condizer em ondulações, danças e gestos ditos sexy.

Se quanto ao estilo de música e clips há consumidores, e para isso é que há vários canais e cada um só vê o que lhes agrada, interrogo-me, todavia, quanto à razão para que nos referidos espaços onde, ainda mal acordados,  se comem umas torradas, uns croissants, entre cafés e meias de leite, se leve a pensar que é disso que os clientes gostam. Talvez a considerem uma fórmula para abrir apetites. Talvez. 

Poderia sugerir outro tipo de música ambiente, sem imagem e com menos decibéis, mas seria perder tempo. Há quem não dispense um pastel de nata sem um reggaeton. 

Foge Quim!

1 de setembro de 2023

Vamos malhar no Benfica

Desenterrar uma situação, com mais de 10 anos (2011), de um evento particular (festa de aniversário do próprio), mesmo que caricata e ordinária, mesmo sendo com pessoas amigas e convidadas pelo próprio beijoqueiro e todas e uns e outros já com uns valente copos a mais, e relacionar essa situação ao Benfica, de que foi director de comunicação, dez anos antes (entre 2000 e 2003) e pretender compará-la em gravidade e contexto ao caso Rubialles, é no mínimo, doentio. 

Mas se explicada à luz de um certo fanatismo igualmente doentio, a coisa percebe-se, mesmo que continue a ser reprovável. Devia haver limites para a doença da clubite.

Já agora, o próprio admitiu numa entrevista, que fez amor no beliche de um comboio numa viagem entre Moscovo e Kiev. Vamos lá meter o Benfica na embrulhada porque esta nem lembrava ao macho espanhol. Pode lá ser? Então um adepto do Benfica a fazer destas coisas? No mínimo o Benfica devia ser castigado em 15 pontos no campeonato ou até mesmo descer de divisão. Vamos lá a isso!

Dança de cadeiras


Num restaurante com vista para a ria, acomodei-me com a esposa numa mesa de quatro. Entretanto chegam dois casais, com ares de finesse,  a palrar "franciú". 

Ora como a mesa em que se preparavam para sentar-se tinha só três cadeiras, entendeu ela, a madame francesa, que era natural pegar numa das cadeiras vagas da nossa mesa e sem qualquer sinal ou pedido de "autorisation" levá-la para sua.

O empregado percebeu a indelicadeza e disse-lhe que não podia fazer isso. Pediu-nos, por ela, desculpa, e foi arranjar outra cadeira.

Claro que a madame continuou sem nos dar qualquer palavra ou gesto e, acomodada, dali a pouco enfardava à grande e à francesa um boa dose de "sardines".

Ele há coisas e há disto. Andamos para aqui com a ideia feita que os portugueses é que são gente de baixa laia, grosseirões e indelicados e depois damos com estes exemplos  de finesse.

...oui, mais la chaise est-elle la vôtre ou celle du restaurant ? Quel est le problème?

Toujours entrain d'apprendre.

6 de agosto de 2023

Quem se importa?

Quando um evento de entretenimento se transforma num parque de diversões a cobrar bilhete e  impede o cidadão comum de usufruir do direito constitucional à liberdade de circulação de um amplo espaço público, que é de todos, e tanto mais em zona nobre de uma vila ou cidade, não por duas ou três noites mas por duas semanas, algo está mal ou pelo menos e seguramente desproporcional. Mas há quem se entusiasme e regozije por isso e até ajude à festa. 

Não surpreende, pois, que, sendo assim numa suposta democracia, seja demasiado fácil implementar as ditaduras. A História está repleta desses guias ou manuais de como o bem fazer.

Falta-nos sentido crítico, porque em nome do políticamente correcto e porque parece bem às hordas, vamos andando, já amestrados, a toque de caixa, e tudo nos parece normal mesmo se privados de valores essenciais em nome do não sei de quê e das quantas. 

Tum, tum, ta, ta, tum, tum, tum, ta, ta, tum! - Acerta o passo, ó 21!

27 de julho de 2023

Ainda as linhas de água que metem água


Há dias escrevi aqui sobre uma certa situação que configurava uma incompreensível dualidade de critérios quanto à aprovação ou reprovação de operações de edificação supostamente por colidirem com linhas de água, nomeadamente aquelas assinaladas na cartografia militar, habitualmente estas representadas nas escalas 1/25000 ou 1/50000, ou seja, sem qualquer rigor métrico. Sem uma análise rigorosa e apenas com um parecer emitido por alguém com o cu mergulhado no sofá e no conforto do gabinete, com o super poder de ver mosquitos em África.

Mas, voltando ao tema, e agora especificamente relativamente ao nosso território, para efeitos de comparação, de exemplo e mesmo de reflexão, fica a constatação de que a Sub-Estação Eléctrica de Santa Maria da Feira, localizada no nosso Monte de Mó, para além de ter decorrido de uma enorme movimentação de terras e alteração da topografia do terreno natural que se verificou no processo da sua construção, isto claro para além de vários postes ali plantados e uma densa rede electromagnética, para além de implantada em solo classificado no PDM como Estrutura Ecológica Municipal e Reserva Ecológica Nacional, abrange ainda cabeceiras de linhas de água.

Isto é, os mesmos pressupostos e condicionantes que impedem a edificação de uma habitação ou mesmo de um simples galinheiro ao cidadão comum, a uma escala insignificante, é, no entanto, permissiva para uma ampla edificação ou infra-estrutura para o estado ou suas entidades. E nesta conta podemos ainda incluir a auto-estrada A32 que também desbaratou no seu traçado solos classificados como Reserva Ecológica Nacional, a tal que não permite a construção de um galinheiro ou um simples muro. 

Neste contexto, há efectivamente uma dualidade de critérios gritante, grave e incompreensível e que só motiva o descrédito das entidades que nestas coisas deviam ser imparciais. Podem até invocar leis e interesse público, mas o descrédito e desproporcionalidade continuam a ser lesivos para os cidadãos, para os contribuintes.

Mas de facto é o que temos e não há volta a dar. Já o Dr. Mários Soares, mesmo na condição de presidente da nossa república, dizia intepestivamente que tínhamos o direito à indignação. Mas esta, em rigor, é algo abastracta e que não faz mossa aos ouvidos de mercadores dos senhores mandantes e decisores. Por conseguinte, a coisa já não vai lá com paninhos quentes. No mínimo, face a esta nossa incapacidade, mas porque não somos tolos nem anjinhos, podemos e devemos, pelo menos, conceder-lhes todo o nosso desprezo.

20 de julho de 2023

Linhas de água e decisões a meter água

Confesso que desde que vi um porco maneta a andar de bicicleta e ainda a usar o telemóvel e óculos de sol,  já nada me surpreende. Mas mesmo assim, há certas coisas e determinadas decisões que pela sua aparente dualidade de critérios, não dá para perceber de todo o que vai na cabeça de quem as toma. E das duas uma: ou encolhemos os ombros numa indiferença de quem diz - Deixa andar!, ou então toma-se a coisa a peito e incomoda-se. 

Nesta situação de que falarei, por mim, apesar deste texto com um objectivo de reflexão, nem uma coisa nem outra, porque não me diz respeito de modo particular mas apenas como cidadão, e porque mesmo não compreendendo o diferente tratamento para coisas semelhantes, deixo a coisa rolar porque, como dizia há dias o Dr. Rui Rio, "...já não tenho esperança neste país".

Então é assim: Há dias tomei conhecimento que numa certa câmara municipal foi indeferido um pedido de informação prévia para a construção de uma habitação, tão somente por haver um parecer desfavorável e vinculativo de uma entidade externa que considera (e esta gente não sai do gabinete para fora para comprovar) que a pretensão, de acordo com a cartografia militar, se implantava em zona  de passagem de uma linha de água.

Em rigor,  isso não é verdade porque a linha de água existe mas desde há décadas a passar pela extrema do terreno e  por isso fora da zona prevista para a implantação da moradia. Tal facto pode facilmente ser verificado e comprovado com uma visita dos técnicos ao local, o que não aconteceu. 

Além do mais espanta que tal decisão e parecer desfavorável tomado como vinculativo decorra da leitura de uma carta sem rigor métrico, porque na escala 1/25000 e ainda por cima em contra-mão com as cartas de ordenamento e condicionantes do PDM da respectiva câmara municipal, nas quais tal linha de água não está assinalada, não tem qualquer classificação porque irrelevante, muito menos de domínio público hídrico. E daqui, uma leitura possível e surpreendente, mesmo paradoxal, de que afinal uma carta militar sobrepõe-se a uma carta do PDM, supostamente bem definida quanto à classificação do solo e condicionantes. Esta é de facto uma novidade!

Mas tudo isto até poderia ser classificado como natural e curriqueiro e uma vez verificada a natureza e o verdadeiro traçado da linha de água, a coisa certamente viria a ser reapreciada e deferida. Ou seja, o parecer desfavorável até pode ser positivo no sentido de despoletar a confirmação "in loco" se há ou não inconformidade lesiva para terceiros.

Mas, cá está, a ligeireza, o paradoxo e a dualidade de critérios que são insondáveis, porque na mesma freguesia da área administrativa da mesma câmara municipal, não apenas como informação prévia mas já com licenciamento aprovado, está em construção uma habitação que também ela está totalmente sobreposta a uma linha de água, e já agora com fluxo permanente e não de apenas águas pluviais. Mas pelos vistos, na fase de análise técnica, niguém ligou patavina à linha de água na carta militar. Vá lá saber-se porquê...

Por conseguinte, a obra está em curso, a obra irá ser acabada e habitada e faz-se de conta que tudo está bem e que esta dualidade de critérios e análise dos regulamentos  e pareceres administrativos depende apenas de sorte ou azar ou aptidão óptica dos técnicos e decisores, como num jogo de roleta russa.

Mas ainda voltando à mesma bendita linha de água que motivou o indeferimento, a mesma passa por debaixo do logradouro pavimentado de uma instalação industrial, tendo sido entubada há anos ao arrepio da lei, e mesmo da mesma entidade externa, vá lá saber-se se por ordem de que divino espírito santo. Mas lá está, serena e tranquila. De resto o que não faltam por aí, no tal concelho e nos demais, linhas de água a passarem por debaixo de construções decorrentes de edificações clandestinas, é certo, mas igualmente por aprovações tomadas num tempo em que os atentados ao ambiente eram moda e carimbavam-se num qualquer almoço ou jantar entre velhas amizades.

É pena que seja assim, porque estas coisas devem ser decididas de forma criteriosa e segundo os mesmos princípios constitucionais de igualdade e direito. Infelizmente, nesta situação, não me parece que tal imparcialidade tenha acontecido e por isso é que se torna incompreensível. Mas, fico-me por aqui. Deixa rolar! 

Os proprietários, obviamente que não têm qualquer responsabilidade na decisão porque em primeira mão cabe aos decisores técnicos e políticos analisarem do cumprimento e do respeito pelas normas regulamentares, mesmo que lhes apresentem projectos com as tais linhas de água omitidas. Mas mesmo que tomemos as tais linhas de água que constam nas cartas militares como decisivas a ponto de constituirem motivo para pareceres nagativos, então que se tomem como obrigatórias as cartas militares na análise de todo e qualquer projecto. Dessa forma estaria a ser seguido um critério de igualdade e imparcialidade. Ora não sendo assim...dá merda!. 

Já agora, o recorte da cartografia militar que ilustra este artigo, que não tem nada a ver com a zona em questão,  é apenas demonstrativo aos meus leitores do que é uma carta militar e do rigor que se pode ter da mesma. Uma casa que tenha 15 x 15 metros, por isso com 225,00 m2 de área de implantação, está ali marcada como uma caganita de mosquito. É caso para se dizer que os senhores que decidem e dão pareceres nos gabinetes, conseguem ver mosquitos em África.

17 de julho de 2023

Santo facilitismo

O Conselho de Ministros aprovou por estes dias um diploma que estabelece perdão de penas e amnistia de crimes e infrações praticadas por jovens entre os 16 e 30 anos, a propósito da vinda do Papa a Portugal aquando da Jornada Mundial da Juventude que decorrerá em Lisboa na primeira semana do próximo mês de Agosto..

Sem saber ainda em que moldes a coisa vai ser promulgada, até porque não é concensual entre os partidos, bem como se colocam questões como o de direitos de igualdade e benefício de uma faixa ectária, pessoalmente sou contra. E sou contra porque num estado, regime e sistema penal muito permissivos, já com uma elevada percentagem de crimes resolvidos com penas suspensas, multas irrisórias e aplicação de serviço comunitário, que na maior parte dos casos não é cumprido, este perdão e amnistia são mais uma prova de forrobodó e de facilitismo neste país de bananas. Uma mensagem errada para a criminalidade de que certos crimes compensam. Por outro lado, tantas vezes se pretende vincar o cariz de Estado laico e depois alinha-se nestas acções decorrentes de uma jornada de âmbito religioso.

Ademais, em que ponto ficam as vítimas de uma grande parte dos crimes abrangidos? Sendo certo que uma grande parte deve-se a dívidas fiscais e administrativas ao próprio Estado e à sua máquina de caça à multa, os lesados somos todos nós, jovens, adultos e velhos.

Mas, enfim! Nada a fazer! Nestas coisas pouco ou nada podemos fazer a não ser manifestar o nosso ponto de vista. E o meu é contrário a essa decisão. 

É caso para se dizer que, passe o trocadilho, os criminosos ou incumpridores são os beneficiados e os outros, os certinhos e direitinhos, que cumprem os seus deveres, são os papados.

14 de julho de 2023

É Sexta-Feira, 14!

É Sexta-Feira, 14! Há greves nos tribunais pelo sindicato dos funcionários judiciais, na CP e na Fertagus, pelo menos. O resto é o que se sabe, educação e saúde em polvorosa.

O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP foi aprovado pela maioria socialista. Toda a oposição votou contra. O relatório é aquilo que o PS e o primeiro ministro queriam que fosse. Nem de encomenda seria tão conveniente. Uma farsa, uma novela, uma comédia, uma lavagem das nódoas da transportadora aérea e seus intervenientes com lixíva negra e OMO em que branco mais branco não há. Toda aquele gente evolvida em negócios e decisões de milhões passou incólume por entre os pingos da chuva. De facto, contradizendo o ditado, ainda há quem ande à chuva e não se molhe.

Mas tudo isto nada tem de relevante porque para isto é que servem as maiorias. Fosse qualquer outro partido a (des)governar e o desfecho seria o mesmo. Os políticos nisto no geral andam todos ao mesmo nível, baixinho, mas pouco se incomodam, porque haja eleições e lá estaremos a marcar a cruz no quadradinho do costume. É certo que cada vez mais em menor número, porque a malta cansa-se, mas ainda em número suficiente para legitimar a coisa.

Tem razão Rui Rio, também ele, mesmo com ar de enfant terrible a conduzir um dos seus clássicos, a ser acossado pela polícia de costumes por algo que todos reconhecem ser uma prática à Lagardére,  ao dizer que "...já não tenho esperança no país". 

Condene-se a prática e os praticantes! Pelo menos assim poderá haver uma esperança de varrer e limpar os aposentos e bancadas de Belém.

É Sexta-Feira, 14 e bem poderia ser 13, mas isso foi ontem e em Cabeçais - Fermedo, deve ter havido a anual Festa das Debulhas. 

Debulhar é preciso!

11 de julho de 2023

O povo quer é pinga e bifanas






Por estes dias visitei o Castro de Monte Mozinho ou Cidade Morta de Penafiel, que se localiza na freguesia de Oldrões, município de Penafiel, distrito do Porto.

É considerado o maior castro romano da Península Ibérica, embora ainda não esteja totalmente explorado. A sua verdeira dimensão será muito superior à que está a descoberto.

Está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1948.

O povoado castrejo está referenciado à época romana, fundado no século I d.C. com um período de ocupação até oo século V.

As escavações arqueológicas começaram em 1943 a 1954 e numa segunda fase de 1974 a 1979, continuando recentemente com campanhas arqueológicas.

Na base do castro, existe um pequeno museu e centro interpretativo onde é possível aprofundar os aspectos relacionados ao sítio arqueológico. Queixou-se, todavia, o técnico do museu, dos poucos visitantes, havendo dias em que, naturalmente, não aparece por ali viva alma.

Esta situação de um sítio arquológico com tanta importância no contexto português e ibérico, e simultaneamente tão pouco conhecido, divulgado e visitado, dá que pensar e reflectir. Mas por outro lado em nada surpreende porque de um modo geral o povo, a populaça, quer é farra, divertimentos com música pimba ou tchunk, tchunk, , turismo de massas e sobretudo com muita pinga, bifanas e porco no espeto. Sem estes ingredientes ninguém perde tempo a ver amontoados de pedras, mais ou menos organizados, por mais importância que revelem sobre os nossos antepessados e a nossa história comum.

Tivesse, porventura, Penafiel a visão modernaça de um turismo vocacionado para massas, daquele que faz contas a supostos retornos e ganhos, que na realidade caem apenas nos bolsos de uns quantos, baseado no entretenimento entremeado com comes-e-bebes e poderíamos ter ali pano para mangas para uma réplica de uma qualquer viagem ao passado, romana ou castreja, onde anualmente o recinto se transformaria numa feira gastronómica pejada de locais e espanhóis, onde imperaria o rei D. Porco no Espeto e sua corte, regado com o bom vinho verde da região, onde se pagaria de bom grado um sistema de pulseiras de acesso. Mas não! Para o bem e para o mal, por agora a coisa vai indo assim, discreta, quase desconhecida, visitada por poucos mesmo que interessados. As aldeias de Oldrões e Galegos e o monte Mozinho bem podem continuar na sua habitual calma. Gente comum travestida de reis, condes, fidalgos, cavaleiros, bobos e trovadores, é para outros palcos e outras passereles.

9 de julho de 2023

A caise studi


Somos, de facto, enquanto portugueses, um verdeiro caso de estudo, como dira o inglês, " a caise studi ". Somos o que somos, filhos de um país com uma economia com uma imensa dívida pública, que não será liquidada nem no tempo dos nossos tetranetos, em que notoriamente vivemos acima das nossas reais possibilidades, com um grande défice externo, com um governo que apesar da maioria absoluta em pouco mais de um ano de governação já vai na 13ª demissão de seus membros, ministros e secretários de estado, com o SNS a rebentar pelas costuras e doente de uma agudite aguda provocada por ideologia crónica, com a educação em permanente greve, com as forças armadas desarmadas, com sorvedouros  de milhões e milhões como a TAP e CP etc, etc. Um verdadeiro caos. Tem, naturalmente coisas boas e gente dedicada que rema contra a maré.  Mas no geral, se há um bom (ou mau) exemplo para os extremos do  "8 e o 80", Portugal ocupa o pódio.

Apesar disso e por isso, ainda afectados pela alta taxa de inflacção, ordenados e reformas baixas (excepto uma certa classe do funcionalismo público), jovens com baixas expectativas profissionais, com empregos mal pagos e com um alto índice de desemprego, quase sempre e literalmente "a cagarem e a tossir", todavia, porém, no entanto, não obstante, vivemos com ares de fartazana, como se tivéssemos petróleo e jazidas de gás na costa, ouro e diamantes nos montes. Enchemos restaurantes e hotéis, fazemos viagens e férias no estrangeiro, com a mesma facilidade como quem vai a Ermesinde, vamos a eventos em quintas e quintarolas, pagamos para correr nos milhentos eventos de corridas, entupimos os milhentos passadiços e, porque está calor, pagamos e enchemos tudo quanto é festival de música. Tudo o que for divertimento, mesmo que a pagar forte e feio, lá estamos na boa, de copo na mão, calção e chinelas, charro na boca, sorvendo cheiro a erva e a suor e a fazer mosh, uma verdadeira "gót comunité", como diria o inglês.

Ora digam lá que não somos, de facto, um "véri caise studi"?

É claro que, de uma forma ou outra, quem paga a factura são os cotas, os velhos, os certinhos, aqueles que não tiveram escola obrigatória até aos 30, os que analfabetos ou apenas com a quarta classe começaram a trabalhar aos 11 e 12 anos, os que fizeram o serviço militar obrigatório, os que tomam conta dos filhos até serem velhinhos e os que tomam conta dos pais porque velhinhos são. Os que descontaram para a caixa durante 40 e mais anos, os que andaram a pé, de bicicleta ou motorizada até já depois de terem filhos e netos porque estes são mais bocas a alimentar na casa e querem carta e carro sem terem um tusto no bolso, até porque está lá o telemóvel, etc, etc. Naice!

Ou seja, um bom exemplo de que por cá, como noutros lados parecidos (se é que há), anda literalmente meio mundo a trabalhar para a outra metade ou, mais prosaicamente, meio mundo a foder outro meio. Para quê trabalhar se o estado social, pago pelos cotas das gerações de 40, 50, 60 e 70, dá casa, ordenado e formação para entreter? .oda-se!

Assim não vamos lá, pois não, mas como diria o tal inglês, "us quere?"

Divirtam-se! Injói!

3 de julho de 2023

A França é de há muito uma nação multi-racial e multi-cultural e já nem sei se em rigor tem algo de si própria, de gaulsesa, de nacionalista. Neste efervescente caldo social, cultural e até religioso, tem este país um histórico de manifestações que supera qualquer outro país, desde as mais curriqueiras às mais violentas, incluindo as que por estes dias têm feito parte das notícias, com milhares de jovens e adolescentes e até crianças em actos colectivos de puro vandalismo que ultrapassam em muito o direito pacífico à manifestação, destruindo tudo à sua frente. Não há motivo algum, memso a morte de alguém às mãos da polícia, que justifique este tipo de reacções que penalizam não só o Estado como milhares de cidadãos que nada tiveram a ver com o caso que em teoria despoletou estes actos criminosos.

Tenho para mim que reacções criminosas, quase terroristas, porque isto é tudo menos manifestações, deviam ser tratadas como tal, mesmo que para o efeito - apetece dizê-lo - fosse necessário disparar a matar. Passe o exagero e a desproporção, mas doutro modo, apenas com métodos e procedimentos politicamente correctos a coisa não vai lá. Algumas bastonadas, gás lacrimogénio e canhões de água e as habituais e várias detenções, em rigor não dão em nada nem fazem pensar duas vezes os inssurectos. As detenções às centenas são apenas um faz-de-conta e daqui a poucos dias não haverá um único que permaneça detido e os condenados eventualmente vão ter que fazer umas horas de serviço comunitário que em rigor nunca cumprirão.

É nestas alturas e nestas reacções de puro vandalismo, destruir por destruir, que desejamos que a França fosse uma China. Para o bem e para o mal, os regimes democráticos não sabem lidar com as massas quando é necessário impor a disciplina, a autoridade, a lei e a ordem. Por conseguinte, este tipo de reacções e manifestações violentas e destruidoras são apenas um dos frutos da árvore do politicamente correcto, onde até os mais ordinários e vis criminosos têm direito a ser tratados como se fossem pacíficos e honoráveis cidadãos.

Assim sendo, que aguentem!

27 de junho de 2023

A normal anormalidade

É no mínimo curioso observar como a perspectiva da sociedade evolui ao longo do tempo, redefinindo o que é considerado adequado, normal e politicamente correto. Essa mudança reflecte o progresso e a transformação dos valores sociais, no que poderá ser entendido como uma abertura para abraçar a diversidade e a inclusão, mas tantas vezes de forma desajustada ou distorcida.

Uma reflexão importante sobre esse fenômeno é que as noções de "normalidade" e "adequação" não são fixas nem imutáveis. Elas são construídas a partir das crenças, tradições e contextos sociais e culturais de uma determinada época. O que pode ter sido amplamente aceite e considerado como a norma num determinado período passado, pode ser agora questionado e desafiado à medida que a sociedade avança (ou recua).

A mudança de atitude em relação a certos aspectos da sociedade ocorre muitas vezes devido a um aumento da consciencialização e do conhecimento. À medida que as pessoas são expostas a diferentes perspectivas, experiências e narrativas, elas começam a questionar as suposições anteriormente estabelecidas. Os avanços na comunicação e na tecnologia têm desempenhado um papel fundamental nesse processo, permitindo que as vozes antes marginalizadas, discriminadas e sem tempo de antena, sejam agora ouvidas e consideradas.

No entanto, é importante reconhecer que nem todas as mudanças são universalmente aceites ou apoiadas por toda a sociedade. Sempre houve e haverá debates e divergências de opinião e isso faz parte do processo de crescimento e evolução social. É importante manter um diálogo aberto e respeitoso, no qual diferentes perspectivas possam ser ouvidas e consideradas, mas as mudanças da "anormalidade" para a "normalidade" têm ocorrido, quase sempre, com rupturas e antagonismos porque, essencialmente, processam-se numa transição, diria, desajustada. Na gíria, a normalidade corrente é passar do 8 para o 80. Gerações como a minha, têm, de facto, assistido a mudanças tão radicais em tão curto período que em muitas delas não há tempo para uma assimilação natural e evolutiva.

À medida que novas ideias e conceitos emergem e ganham aceitação, é essencial que a sociedade esteja disposta a adaptar-se e a aprender. Isso não significa abandonar completamente os valores e tradições passadas, mas sim repensar e reavaliar se eles são inclusivos e respeitosos para com todos os membros da sociedade, o que, diga-se, nem sempre acontece.

A História tem sido fonte de ensinamento de que a mudança é constante e inevitável. À medida que os tempos mudam, a nossa compreensão e percepção do que é considerado normal e politicamente correto também se transformam. Essa evolução contínua desafia-nos a reflectir sobre os nossos próprios preconceitos, a questionar suposições arraigadas e a procurar uma sociedade mais justa e igualitária para todos.

Apesar de todo este palavreado politicamente certinho, a verdade é que vamos correndo num tempo de normais anormalidades, ou o contrário.

Assim, como simples exemplos, é normal o político, o desportista, o doutor e o engenheiro declararem-se homossexuais; é normal o casamento entre eles e normal que queiram ter filhos, mesmo sendo uma impossibilidade biológica sem recurso de terceiros; é normal dois namorados passarem a viver juntos como casados, mesmo não sendo; é normal uma mãe ter filhos aos 12 anos e um pai aos 70; é normal uma mulher somar abortos voluntários com a mesma indiferença com que vai ao cabeleireiro; é normal que a Europa queira fazer do aborto um direito fundamental; é normal um jovem casal divorciar-se ao fim de um mês de casamento, como normal é que em meia dúzia de anos some meia dúzia de divórcios; é normal o casal comprar terreno, edificar a sua habitação e ainda antes de acender a lareira já estarem em divórcio e a casa à venda pelo banco; é normal um executivo andar de saia e saltos altos, um rapaz de cor-de-rosa e uma rapariga de azul; é normal o bandido agredir o polícia; é normal o polícia não poder usar da força com o bandido e este ser indemnizado se lhe fizerem uns arranhões.

É normal o aluno bater no professor como normal é que nada nem ninguém o criminalize por isso; é normal que a televisão nos dê programas de encher chouriços horas a fio e os seus funcionários se prestem a esses fretes; é normal as televisões terem programas para adultos como se estes sejam criancinhas e para criancinhas como se estes sejam adultos; é normal um casal não ter rendimentos para tal mas não dispensar viagens de férias, carros eléctricos,  jantar e almoçar fora com regularidade.

É normal que as igrejas cada vez estejam mais vazias e os espaços de entretenimento mais cheios; é normal os filhos viverem à custa dos pais e fazerem da casa deles um hotel até aos 30 ou 40 anos; é normal que apesar desse sacrifício parental os filhos depositem os pais, já velhos, num qualquer canto; é normal um aluno que não estude a ponta de um corno e tenha tanto aproveitamento escolar como uma galinha, e mesmo assim andar a arrastar-se nas escolas até aos 20 anos.

É normal que muita gente capaz recuse empregos e responsabilidades e prefira viver à custa do estado social, ou seja, à custa dos outros; é normal que as cuecas já não sejam feitas para tapar o cu mas para serem tapadas por ele; é normal que a promiscuidade e drogas sejam normalizadas; é normal derrubar estátuas, conspurcar obras de arte e alterar conteúdos de livros só porque se pensa que com isso se pode mudar a História.

Enfim, tudo, mas tudo, é normal. Mesmo o que possa ainda ser catalogado como anormal, há políticos e políticas que encontram razão de ser em fazer com que isso passe a normalidade e quem não alinhar na mudança é catalogado como racista, xenófabo, discriminador, sexista, etc, etc.

A coisa já não vai lá com paninhos quentes. Só mesmo um dilúvio atómico o que também, diga-se, com o rumo que as coisas levam, será mais que normal!

Viva a normal anormalidade!