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16 de dezembro de 2021

Novelas à portuguesa


Os advogados de Rendeiro propõem uma caução de 2 mil e picos euros para o seu pobre cliente ficar em liberdade. Que tem poucos recursos, que a esposa vive às custas da generosidade do motorista que lhe empresta a casita e que a fuga em avião privado, compra de tecnologia de ponta aos hebreus para proteger comunicações e o hotel de luxo onde se alojava, bem como a molhada de cartões bancários encontrados em seu poder, serão, afinal, de um amigo de infância de um ilustre ex político português, também ele um pobre coitado, constantemente a precisar do auxílio do Robin dos Bosques e do bondoso amigo para lhe dar guarda em apartamento de luxo em Paris. E que não há perigo de fuga, coisa que nunca fez nem sabe fazer.

Já quanto a Pinho, vamos fazer um peditório na paróquia para o ajudar, já que diz, pelo advogado, não ter os seis milhões para a caução, nem coisa que lhe pareça. Mas onde é que o juiz de instrução tinha a cabeça para determinar tão astronómico valor? Estará a pensar nas claúsulas de rescisão dos craques da bola?

Por sua vez, o cirurgião que "mexe" profissionalmente nas maminhas das famosas em Portugal, e aspira gorduras das barrigas aos machos do jetset lusitano, o Dr. Ângelo Rebelo, que dizem milionário e conduz um Porsche Cayenne, entre outras bombas de muita cavalaria, de acordo com a investigação do CM TV, lá conseguiu um apoio da Segurança Social, de 600 e picos euros, para o ajudar, pobrezinho, a pagar as custas de tribunal, num processo em que se diz ser caloteiro por não pagar as respectivas rendas. A generosa Segurança Social, que, de acordo com o referido canal,  para o mesmo pedido de ajuda judicial, feito por um bombeiro gravemente ferido no exercício da sua missão, recusou.

Começamos bem o dia!

14 de dezembro de 2021

Pão e circo - Bolos-reis e luzes


Ontem no programa "Polígrafo", na SIC, entre outros casos analisados para verificar da sua autenticidade face ao que pelas redes sociais vai sendo publicado como factos, foi dado como verdadeiro que a Câmara Municipal de Oeiras tenha gasto 20 mil euros apenas em bolos-reis. Mas outras Câmaras gastam isso e bem mais em outras natalícias coisas, como fardos de bacalhau.

Igualmente um facto verdadeiro a despesa da Câmara Municipal de Leiria, no valor aproximado a 400 mil euros, em despesas de iluminação e diversões alusivas ao Natal.

E não faltarão pelo país fora despesas similares totalizando seguramente milhões de euros. 

Face a tantas necessidades e privações das populações, muitas delas estruturais, não se percebe, ou talvez sim, que no geral as autarquias, em regra sobre-endividadas, se permitam a estes desmandos e exageros e no geral legitimados pelos contribuintes enquanto eleitores. Depois, muitas têm relutância em abdicar da totalidade da taxa de IMI porque, cá está, precisam de receita para os desmandos, luzes e festas.

Pão e circo já era a receita usada pela velha Roma para manter a populaça acalmada e satisfeita. Mais de dois mil anos depois, mesmo com o inerente salto civilizacional, vê-se que ainda são actuais algumas das velhas práticas.

E assim vamos indo e rindo!

8 de dezembro de 2021

Bravo, Ambrósio!


AMBRÓSIO, APETECIA-ME ALGO...

Parece que em Portugal os motoristas privados têm um estatuto importante nas vidinhas de gente importante. Veja-se o motorista de José Sócrates, acartador de sacos de notas, o de João Rendeiro, fiel depositário de imobiliário de luxo a quem, por benevolência cede o usufruto à esposa carente do pobre patrão, e agora o do finalmente ex-ministro Eduardo Cabrita.

Para além de tudo, dessa confidencialidade suspeita e insuspeita, no caso de as coisas não correrem bem, são figuras descartáveis, porque os seus importantes chefes, afinal, são apenas meros passageiros que aproveitam as viagens para tirar uma sesta.

Com tudo isto, o Ambrósio, o motorista da senhora dos "Ferreros Rochês", deve andar envergonhado pela classe andar em tão más línguas. Sim, ele que nunca deixou de satisfazer a senhora do jet-set, sempre que lhe apetecia algo. 

Ora o Ambrósio, embora profissional requintado, é o principal culpado, porque deu os maus exemplos e criou piores hábitos ao tomar liberdades de pensar nos desejos da senhora.

Bravo Ambrósio!


Nota: Porque é sempre bom saber, leiam aqui alguns pormenores sobre o famoso reclame publicitário ao Ferrero-Rocher. Quem são na realidade o Ambrósio e a senhora e o que são na actualidade.


TRAIL DOS ROJÕES

Por estes dias ir almoçar ou jantar ao "Lavrador", no lugar da Sé, nas Caldas de S. Jorge, só mesmo com jipe todo-o-terreno ou de retro-escavadora. Não tenho dúvida que é uma situação que causa prejuízos aos estabelecimentos afectados pelas obras na zona do Parque das Termas. Ainda por cima, a única estrada por ora pavimentada que lá podia conduzir, tem sentido proibido.

Mas, quem sabe, talvez no orçamento da obra estejam previstos apoios ou indemnizações. A isso mandaria o bom senso e algum sentido de justiça. Será assim?

29 de novembro de 2021

Caninamente obediente


Há nele um não sei quê de patego, mesmo um lorpa, e simultaneamente a esperteza cega de uma minhoca calculista que se adapta, contorce e progride nos meandros da oportunidade, mesmo do oportunismo. Pode parecer uma adaptação escorregadia, moldável, ou mesmo uma marioneta num contexto mais teatral, mas o certo é o que o homem lá vai indo e progredindo, assegurando que a sua sela esteja bem presa ao dorso do cavalo e assegura que os seus cavalguem também seguros. Por vezes aposta no cavalo errado mas, que raio, até um relógio parado tem horas certas duas vezes ao dia!

Se fosse carpinteiro ou serralheiro o rapaz só faria janelas de oportunidade. Mas verdade se diga, a reboque de algum trocadilho, ele tem mais pinta de mercenário de que marceneiro. O Marceneiro, o verdadeiro, esse pelo menos tinha o dom de bem cantar o fado. Já para este, o mercenário, o fado é foda, e prefere bem mais cantar loas trovadorescas e galantes a quem lhe dá solda e saldo. Nessa monocórdica concordância, está ele sempre na linha da frente e se os chefes dizem "mata" ele não perde tempo a dizer "esfola". 

Como chegou a caracterizá-o o Dinis Pastos, eminente leitor de carácteres, o tipo faz-nos lembrar aqueles cãezinhos que numa certa época de azeiteirice, ali pelos anos 60 e 70, criavam pulgas na traseiro peludo dos automóveis, sempre abanando a cabeça numa atitude de permanente concordância ante o dono. Sem cansaços, sem torcicolos.

Mas, foda-se, tanta prosa para contornar o que de forma mais prosaica se pode dizer que o gajo é apenas, e não é pouco, um grande lambe-botas.

Todavia, que se lhe dê mérito, pois nesse modo de estar, lá vai indo e progredindo, verde, viçoso e cheiroso, um verdadeiro pau para toda a colher, assente na sólida filosofia de que os chefes têm sempre toda a razão. Não o contrariemos, porque o manter um chefe bem disposto é, em si mesmo, um posto. E é esse o seu posto, manter os chefes bem dispostos, principalmente se estes não gostam de ser contrariados. Ora tudo menos indispôr as chefias. Nem que se apanhem sabonetes do chão da sauna. Com o sentido de missão não se brinca!

Posto isto, aposto que perceberam nada, mas perguntem ao Pastos, que ele descodifica; se há  fixação que o prenda, é a ficção.

Já agora, vou encomendar um desses cãezinhos de pescoço oscilante e, claro, uma alcatifa peluda para o instalar.

14 de novembro de 2021

Um café e duas de 5


Decididamente, os tempos presentes são diferentes de outros tempos,  os passados. Nessa altura, na tasca, o pessoal à semana pedia, um café e um bagaço. Ao Domingo, um café, um bagaço e o "O Primeiro de Janeiro". Agora, pede-se, um café, o "Correio da Manhã", duas de 5 e cinco de 1. Raspadinhas, pois claro. 

Já não basta o sabor confortante de um café quente, e a frescura das notícias do futebol ou da política, mesmo que estas sejam sempre ressessas. Há que raspar pela adrenalina da expectativa inerente ao jogo, numa renovada esperança de que "...agora é que vai ser!".

Há até quem se acomode num cantinho, qual tertúlia política e literária de outros velhos tempos, e tenha num qualquer Bernardininho, um moço fiel que assegura o fastidioso frete de ir ao balcão comprar. Os jogadores, esses já só se contentam em apenas no raspar.

Raspa, raspa! Não tem nada! Foda-se! Vai comprar mais duas de 5. E o Bernardininho lá vai num constante vai-e-vem até que chegue à hora do almoço.

Bom Domingo!

3 de novembro de 2021

Coisas do futebol

Como adepto benfiquista, mesmo que nos últimos tempos pouco seguidor, não sei se me custa mais encaixar uma nova pesada derrota, mesmo que no pressuposto de ter sido contra, porventura, a melhor equipa do mundo e arredores (o Bayern de Munique), se as (in)justificações do seu treinador, Jorge Jesus, que, parece-me, cada vez está mais um mestre das basófias do que outra coisa qualquer incluindo a de treinador.

Bem sei que, como lugar comum, isto são coisas do futebol e que se ganha a um Barcelona e que a seguir se perde com um Portimonense, etc, e portanto coisas  a relativizar, mas pelo menos alguma coerência e objectividade ficam sempre bem a quem se desculpa. É que a dado momento já não há pachorra para ouvir alguns dos nossos treinadores. Ouvir Jorge Jesus ou Sérgio Conceição é já quase como tomar remédio das bichas ou óleo de fígado de bacalhau. 

Em resumo, são mesmo coisas do futebol e só uma carga muito grande de irracionalidade e doentismo é que nos leva a perder algum tempo a ou dar alguma importância a estas coisas. 

Entretanto, outro mestre das táticas e dos seus esquemas em papel, que tanto sucesso fizeram enquanto treinador do F.C. do Porto, o NES, Nuno Espírito Santos, lá foi despedido do Tottenham, mas parece que, tal como o Mourinho, o Special One,se prepara para vir com uma mão à frente e outras atrás com, fala-se, 17 milhões. São uma imoralidade estes valores pagos pelo insucesso ou, quiçá, incompetência, mas, cá está, são as tais coisas do futebol. Com 17 milhões pode reformar-se e ir treinar algures um clube de veteranos lá para a Polinésia, que tem boas praias e melhor marisco.

Quanto ao Mourinho, o relógio estará em "countdown". Tic-tac, tic-tac. Os romanos que preparem mais uma malada para a despedida.

2 de novembro de 2021

- Tome apenas o que quiser!

 


Como povo e país temos muitas singularidades e algumas particularidades que mereciam ser alvo de um caso de estudo, uma delas a de valorizar, adoptar e mesmo importar de forma exagerada os anglicanismos e até mesmo algumas tradições.  Neste caso, o Halloween ou Dia das Bruxas, claramente uma importação asociada aos interesses comerciais e decorrente da colonização do show business das terras do Tio Sam. 

Esta, também uma forma de pandemia (e para a qual não há vacina), espalhou-se rapidamente e já não só interessa a espaços comerciais e restauração, como as própias escolas adoptaram-na e impuseram-na ao calendário, porventura até com mais força do que as relacionadas ao calendário litúrgico e religioso, como Natal e Páscoa, porque a muitos pais e educadores tá-se bem para a cultura das fantasias, bruxinhas e abóboras escavacadas, do que algo que se relacione à religião. Credo em cruz!

Assim, vamos indo confortáveis nesta onda a que alguns rotulam de provincianismo, mas já não há volta a dar a esta colonização. Claro está que, muitas das nossas genuínas  tradições ficam esquecidas ou desprezadas, mesmo que uma ou outra, a reboque de alguma agenda turística e de destaque dos média vá ganhando importância, como, por exemplo, os "caretos" de Podence, em Trás-os-Montes, mas quase sempre num contexto local.

Nada melhor, pois, que uma tradição que nos é servida em doses maciças em tudo quanto é série e filme com produção na terra dos camones.

Mas, como diria o Tiririca, "pior do que está não fica", e também não é por aí que vem o mal ao mundo e depois e além disso, como responderia o tasqueiro perante a reclamação do cliente de lhe ter servido o café com a chávena demasiado cheia, "- Ó amigo, tome apenas o que quiser!".


[Nota: Bruxinha "roubada" à Palmira no Restaurante "O Lavrador".]

29 de outubro de 2021

Alarvidade sem verdade

Com tanto destaque dado por toda a imprensa, ao assunto do chumbo do Orçamento de Estado e da consequente queda aparatosa da geringonça, da ida ao multibanco do presidente Marcelo, pouco ou nada se falou sobre a queda aparatosa do F.C. do Porto na Taça da Liga e a quase eminente saída dela do Benfica e muito menos se tem falado do facto do Noquinhas dos Anzóis andar de caganeira.

Seja como for, do muito que foi dito, registei sobretudo a deselegância e até arruaceirisse do ministro primeiro, António Costa, quando no hemiciclo da Assembleia da República disse que não se podia contar com a Direita parlamentar porque esta "estava encerrada para obras". 

Ora esta alarvidade, com maior significado porque dita por quem a disse, resulta de uma circunstância naturalíssima em democracia e na vida dos partidos políticos democráticos, que é a das disputas e clarificações de liderança nos mesmos. E estas situações são transversais a todos os partidos, mesmo que em diferentes momentos, seja o PSD, o CDS, o Chega ou o PS, etc. O próprio António Costa já participou nessas "obras" em disputas, nem sempre leais, mesmo com laivos de traição a outros correligionários, como a António José Seguro, no envolvimento das primárias do Partido Socialista de 2014.

A não ser, claro, em partidos totalitários onde não há disputas mas sim sucessões e dinastias, e onde os putativos elementos que se arvoram a opositores são puramente afastados, aniquiliados, envenenados ou detidos sumariamente, como acontece na Rússia, China e outros quejandos, onde vai mandando a ditadura e a autocracia.

Por isso, António Costa ao banalizar esta situação diz tudo do seu perfil e da sua democraticidade. Não lhe fica bem mas com aquele cabelo branco sobre um rosto sorridente em tom de canela dá-lhe um ar cómico e não falta quem disso se ria e entusiasme.

21 de outubro de 2021

Um acidente estranho...

Quando logo pela manhã abres a internet e aparece um anúncio teimoso a dar a "novidade" de que "mulher (de 73 anos) descobriu acidentalmente método estranho que ajuda a rejuvenescer o rosto", é de se ficar logo com o dia estragado.

Dar de caras com este anúncio é por si só um acidente matinal muito estranho. Mas na publicidade é de esperar tudo, até a estranheza nos acidentes.

Quase, quase...

E pronto! O Benfica lá foi despachado pelo super Bayern com quatro secos na própria casa. É certo que baqueou já na parte final, e até deu um auto-golo, mas embates entre camiões e fiats unos normalmente dão mau resultado na chaparia.

Tal como há poucas semanas para o Sporting e para o Porto, a "manita" esteve por um fio. Durasse o jogo mais cinco mintos...

Com tudo isto, numa luta com dois tubarões por si só candidatos ao título, o terceiro lugar nesta fase de grupos é aquele que em rigor o maior clube de Portugal e arredores pode esperar. E não se pode desmazelar.

17 de outubro de 2021

"- Oh pr'a mim tão contente!"

Eu já não sei se será moda ou mania ou ambas as coisas. Vejo por aí alguma malta para a qual a corrida parece já algo mais do que uma forma positiva e saudável de fazer exercício físico e combater o sedentarismo. Pode ser isso, mas parece-me que mais do que isso. 

Vejo já uma obsessão quando esses novos "carlos lopes e fernandos mamedes" dos nossos tempos fazem isso mas têm uma necessidade simultânea e egocêntrica de dizerem ao mundo que o fazem, como o fazem, com quem, quando, por onde, quantos quilómetros e em que tempo, partilhando fotos, mapas e gráficos, como se fazer 10 Km numa hora seja algo de extraordinário para quem ainda é novo e goza de saúde.  Afinal, apenas a caminhar, pode-se fazer 6 Km.

Mas, pronto, temos que perceber estas novas ondas e actuais manias em que, mesmo não generalizando somos quase todos uma espécie de super-heróis, invariavelmente com uma vontade do caraças de mostrar aos outros o que valemos, um pouco como no registo humorístico que no "Humor de Perdição" exclamava a Maximiana, uma das personagens do Herman José, a raçuda saloia da Merdaleja: "- Oh pr'a mim tão contente!"

Somos quase todos assim, vaidosos nas nossas façanhas e no nosso modo de viver, mas feitas as contas, em rigor, os " nossos amigos " das redes sociais estão-se verdadeiramente cagando para as nossas coisas e coisinhas, vaidades e vaidadezinhas. Não há contemplação. Quando muito, alguma comiseração ou um pouquinho de inveja. E se calhar é mesmo por isso: Fazemo-lo apenas para provocar invejas.

14 de outubro de 2021

Caguei

Parece que para muitas cabecinhas pensadoras, o respeito e tolerância para com os gays, lésbicas e afins passa por ser como eles ou como um deles. Daí, no seguimento das aventuras do herói da banda-desenhada, o filho e sucessor de Clark Kent e de Lois Lane, o novo Super-Homem, Jon Kent, é bi-sexual, ou seja, é polivalente e numa das aventuras a publicar pela DC Comics o super-herói perde-se de amores pelo colega jornalista Jay Nakamura, um japonês de cabelo-cor-de-rosa chok.

É certo que os super-heróis, quase todos a usarem colants coloridos e justinhos ao corpo, sempre foram suspeitos quanto à sua orientação sexual, mas verdade seja dita, já não há paciência para estas merdices, que agora passam do mundo real para o da fantasia, e daí o simples e terreno desabafo: - Caguei! 

12 de outubro de 2021

Como um pneu furado...


Em 1 de Julho de 2021, portanto já há quase 3 meses e meio, demos aqui conta de uns buracos que teimavam em ser buracos, mesmo às portas de entrada de uma instalação industrial, concretamente na Rua de Trás-os-Lagos, aqui em Guisande, defronte das antigas instalações da Patrícios S.A.

Pois bem, como ninguém mexeu uma palha, passado todo este tempo, os buracos lá continuam, firmes e hirtos e naturalmente mais largos e mais fundos.

No fundo, não dos buracos mas da questão, está neste episódio um bocadinho da explicação e justificação da derrota de quem pretendia dar continuidade à Junta que a partir do próximo Sábado deixa de o ser.

Há coisas assim, pequeninas, aparentemente insignificantes, quase invisíveis, como um furo numa câmara-de-ar, mas que aos poucos deixa o pneu vazio  e o veículo sem condições de circular.

Como disse Johann Goethe, "- Quem não é fiel às pequenas coisas, jamais será nas grandes!"

7 de outubro de 2021

Costa, o viking


Lá pelos finais da década de 1970 os mais novos deliciavam-se na televisão, ainda a preto-e-branco, com a série de animação "Vikie, o Viking".

Vickie era um rapazinho alegre e inteligente, filho de Halvar, chefe de Flake, uma pequena aldeia  viking. Devido à sua astúcia e inteligência, o pequeno viking cedo começou a acompanhar o pai e os seus guerreiros em algumas das suas expedições e aventuras, apesar da opinião contrária da sua mãe, Ilda, no papel de mãe galinha, equilibrada e sensata.

Uma das características do Vickie era a solução que ele engendrava sempre que uma determinada situação se apresentava complexa e difícil para seu pai e seus vikings ou para a aldeia. Então ele pensava, pensava..., esfregava o nariz e a ideia surgia-lhe luminosa. Depois era só o tempo necessário para a mesma ser posta em prática e, pronto, tudo acabava em bem e o episódio tinha invariavelmente  um final feliz em que o bruto do Halvar quase sempre ficava com os louros apesar das suas trapalhadas.

Pois bem, todo este enredo e suspense à volta da negociação do Orçamento de Estado para 2022, pelo primeiro-ministro António Costa com os seus parceiros à esquerda, PCP e BE, é na realidade uma cópia fiel dos argumentos da referida série animada, e que já vai para o seu 7º episódio, sempre com a mesma prévia narrativa de dificuldades mas que depois no final tudo acaba em bem, isto é, com a aprovação do Orçamento, mesmo que com a abstenção dos parceiros, e depois como no final das aventuras do Vikie, o viking Costa distribui uns rebuçados e caramelos e os seus parceiros de boca doce  ficam todos felizes e com ares de terem cumprido os seus papéis.

Vamos, pois, esperar mais duas ou três semanas com a exibição deste cenário e a peça bem ensaiada para parecer dramática, até que o viking Costa esfregue o nariz e o plano maravilha faça o resto.

Rever, ainda agora, um episódio do Vikie é sempre divertido e a série até já teve versões renovadas com tecnologia 3D, mas, infelizmente, já sem a nossa inocência infantil, a coisa ainda está no início e já antecipamos o final feliz. Já não é a mesma coisa, e este filme animado do Orçamento de Estado também já não foge desse argumento esperado de tudo acabar em bem para os intervenientes, mesmo que não para o resto da malta, pois claro!

29 de setembro de 2021

Manitas...cá se fazem, cá se pagam

Há dias, passando os olhos pelo canal de televisão Correio da Manhã TV, num daqueles programas com adeptos fleumáticos onde pretensamente discutem o futebol, nomeadamente à volta dos chamados clubes grandes, vi o paineleiro adepto do F.C. do Porto com um sorriso alarve a provocar o seu colega de painel sportinguista, levantando uma mão aberta (manita) em referência à então recente derrota caseira do Sporting frente ao Ajax, na primeira jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, por 5-1.

Pois, bem, como nestas coisas tudo se paga, e ironicamente por vezes mais depressa do que se pensa, presumo que já a partir de hoje quando o grupo de comentadores voltar a ter antena e se encontrar, o sportinguista vai retribuir certamente, porque mereceida, a provocação, levantando bem alto a mão aberta em memória curta da derrota de ontem do F.C. do Porto em casa frente ao Liverpool, também por 5-1

E obviamente que pela parte da concorrência, ou seja o Benfica, há que haver contenção, humildade e respeito porque mais logo à noite o adversário chama-se Barcelona e uma eventual manita ou coisa parecida pode muito bem acontecer.

Em resumo, nestas coisas é de bom tom alguma contenção e respeito. Fica bem não nos pormos a jeito para provar do mesmo veneno com que amiúde pretendemos brindar ou provocar os adversários.

Cá se fazem, cá se pagam!

Já agora, a talho de foice, o treinador do Porto, Sérgio Conceição, voltou a mostrar que não sabe perder. Claro que, num lugar comum aos treinadores da bola, assumiu  como sua a responsabilidade pela derrota, mas foi duro com a equipa, realçando a vergonha, dizendo mesmo que a equipa de juniores do clube teria feito melhor. Faltou dizer que porventura o treinador dos juniores também teria feito melhor. Mas, que vai fazer queixinhas ao presidente, porque a sua mensagem não está a passar. Claro que o presidente uma vez mais vai passar-lhe a mão pelo pelo (coisas da língua portuguesa) e tudo vai voltar ao normal, continuar o seu trabalho e o seu estilo inflamado e daqui a dias já está a elogiar a equipa.

Coisas da bola!

20 de setembro de 2021

Assim não vale!

O tempo já era de desfolhadas e depois de um café no Américo após o jantar, o Jorge Beto lá desafiou a malta para ir dar uma volta "à caça" de gajas e que o destino seria lá para os lados de Pessegueiro ou da Costa Má, na freguesia do Vale, então uma espécie de minas de Salomão no que à riqueza de desfolhadas dizia respeito.

Alguma da malta, como o Tonico do Mota e o Geraldino Flores, ainda torceram o nariz porque a saída naquele sexta-feira estava programada lá para os lados dos Lameiros em Escariz, onde a Fatinha da Inha e as primas diziam que ía haver desfolhada da rija, com regueifa e tudo" Mas, seja! Pés ao caminho, como quem diz, arrancaram as V5 do Jorge Beto, onde na traseira do curto selim se acomodaram as nádegas largas do Geraldino, e a do Tonico do Mota com o Nando do Neca a fazer de lastro. O Fonseca lá seguiu na sua Fórmula 1, preta e luzidia como uma azeitona, levando na pendura o magricelas do Zé Trovincas, então ainda sem ordes de pôr ao relento da noite a Florett do pai, que assim ficava descansada e envolta num lençol de flanela. 

Só que em vez do costumeiro caminho, o raio do atazanado Jorge Beto decidiu atalhar e ali a seguir ao Clemente, para os lados da Manguela, em Louredo, guiou as motorizadas pelos caminhos fundos da zona da Lousa e Cegufe, então como hoje, uma espécie de Amazônia de pinheiros, giestas e tojo. Escusado será dizer que, sem GPS e sem Apps a indicar o caminho, inteligências electrónicas que nessa época nem eram pensadas, andou-se para ali a queimar shell e a derreter pistões a percorrer às voltas e mais voltas uma espécie de labirinto de Creta, de caminhos estreitos, fundos e lamacentos, onde para além das luzes dos faróis da maquinaria não se vislumbrava um palmo à frente do nariz naquele denso breu de pinheiros. Ao fim de meias horas e já com as torneiras dos depósitos na posição de reserva, lá se chegou aos confins da Costa Má, envolta num nevoeiro que mortalhava o lugar. A desfolhada, dentro de umas largas e cinzentas portas-fronhas, já ía avançada e pouco mais deu que para desfolhar por desfastio uma meia dúzia de espigas bichadas, daquelas que já estão disfarçadas no meio do folhedo.

Claro está que o olho da malta e sobretudo do Jorge Beto, não andava nas espigas mas nas Vicentas, três irmãs tão parecidas na falta de beleza que pareciam ter saído da mesma forma defeituosa. O Geraldino, esse arranjou lugar ao lado da mais nova, a Zéza e o Jorge Beto lá se encostou à mais velha, a Beatriz, e daqui a nada o seu rosto vermelho estava mais vermelho e feliz e já a carregar ao ombro cestos para dentro do canastro como se fora rapaz arregimentando na casa. 

O resto da malta, desconsolada, bem dava a volta com os olhos à roda da desfolhada, à procura de raparigas mas airosas, mas só dava de caras com velhos e velhas ou mulherio casadoiro já com as mãos moídas e os rostos cansados, porque a desfolhada começara bem cedo nas amplas leiras do lugar, numa colheita de luta de catanada de foucinha às canas e estrepes.

Fosse como fosse, o resto da noite avançou rápido, mas antes de dar o serão por encerrado o Tonico do Mota ainda quis  tirar satisfações com a jornada e dar o resto da volta, se não desse para Lameiros ou Goim, pelo menos por Cabeçais ou Mascotes. Mas a noite ia mesmo avançada e por cada alpendre ou quinteiro a que se passasse, as portas fronhas já estavam fechadas e os vizinhos que vieram ajudar já se esgueiravam aos pares ou solitariamente para casa, atalhando como fantasmas pelos caminhos fundos e escuros dos lugares.

No dia seguinte, ao balcão do Américo, a malta comentava a saída da véspera e o Geraldino, sempre na sua filosofia acertada, ou não frequentasse o Liceu na vila, lá sentenciou: - Foda-se! Andou a malta perdida e às voltas na selva, a limpar caminhos de carros de bois para ir à Costa Má à desfolhada com as gajas mais feias da freguesia do Vale! Assim não Vale!

O Jorge Beto, sério, não concordou com a classificação de "as mais feias do Vale", mas encolheu os ombros, até porque ninguém, principalmente, o Geraldino, precisava de saber que no final da missa no Vale, mais logo, combinara de se encontrar com a Beatriz.

Mas tudo não passou de uma gargalhada quase geral e dali a pouco a malta já ia a caminho do Café do Manel Paiva, apontada ao jogo de snooker ou das machinas, a abanar a pila pela rua acima, mijando e desenhando na estrada uma serpentina que só acabava ali para os lados do talho ou mesmo às portas da oficina do Matos. Com mais curvas que essa serpente, só mesmo as voltas da véspera nas matas da Lousa e Cegufe para chegar à Costa Má!

19 de setembro de 2021

Se um desconhecido lhe oferecer um saco com canetas e propaganda... isso é Impulse


Quando num belo Domingo de final de Verão tu começaste a almoçar um delicioso polvo assado no forno e interrompem-te tocando efusivamente a campainha, e quando percebes que é o folclore de uma campanha eleitoral e ficas com os fígados a palpitar e  os sovacos a transpirar, isso é... impulse.

Relax! Keep calm!

10 de setembro de 2021

Flor-de-sal e massa-mãe


O Nóquinhas dos Anzóis continua a sua saga de publicar no Facebook tudo o que come. Pois bem, para fugir da habitual pescada cozida e ovos mexidos, a sugestão do chefe, para hoje, será de um arrozinho carolino de descascagem manual, levemente fumado em lume brando com pau de loureiro, com feijão manteiga de cultura biológica envolvido num estrugido de cebolinha vermelha castigada com flor de sal e aromatizado com azeite biológico da zona do Vale da Porca.

A dita nova cozinha portuguesa tem destas coisas e os ditos chefes aprimoram-se não só em reduzir as porções como em arranjar narrativas para descrever os ingredientes e a sua preparação e empratamento como que a convencer o auditório que acabaram de descobrir a pólvora ou reinventar a roda. 

Afinal andamos há décadas a comer arroz com feijão, lorpamente ignorantes da complexidade da coisa. Já agora, escusado será dizer que a panela de arroz na imagem acima, na versão de moderno chef(e) dará para servir uma dezena de comensais. Seis feijõezinhos por boca. O arroz, por ser mais miudinho e chato de contar, a olho, uns 100 grãozinhos. Coisa fina, que isso de comer muito e pagar pouco é coisa de labregos.

Coisas de flor-de-sal e de massa-mãe.

1 de setembro de 2021

Cagantoneiros...

Ontem, algures no lugar de Vila Seca, Louredo, enquanto fora do carro aguardava alguém com quem me ia encontrar, no lado oposto uma senhora varria a berma em frente à sua casa. Passando por ela uma outra senhora, comentou: - Então a varrer a valeta? - Respondeu a varredora: - Pois, os cantoneiros agora são uns badalhocos!

A vizinha, ripostou: - É verdade! São mais uns cagantoneiros! Mas toda a gente se tem queixado. Na minha rua e à minha porta é igual!

Não intervim na conversa, mas apeteceu-me dizer-lhe que, sendo verdade, e já todos constatamos esta "limpeza de faz de conta, apressada e superficial", uma autêntica badalhoquice, que nesta União de Freguesias, pelo menos nas três mais pequenas, tem sido democrática, porque se generaliza.

De resto, os cantoneiros ou "cagantoneiros" até serão os menos culpados. As culpas serão, obviamente, de quem os contrata e fiscaliza e determina os critérios do serviço, certamente na base do superficial quanto baste, porque mais rápido e mais barato. 

30 de junho de 2021

"A vida está podre..."

Cá pela aldeia, temos todos, parece-me, uma estima e consideração especiais pelo Sr. Raimundo da Lama. Pessoalmente aprecio-lhe o seu lado de pensador e filósofo. Não que cursasse em grandes universidades mas licenciado com mestrado na universidade da vida.

Em todo o caso, logo pela manhãzinha ouvir dele o pensamento de que, "...esta vida é um martírio" e "esta vida está podre e contra-podre", não é animador. Bastaria o "está podre", mas aquele "contra-podre" tira todas as dúvidas.

O tema mereceria horas de discussão, mas, porque a caminho do trabalho, tive que apressar as despedidas e enquanto o tractor seguiu lentamente pela estrada fora, não pude deixar de meditar naquela sentença matinal.

A verdade é que as coisas andam mesmo meias podres. São as batatas na terra, os pêssegos nos pessegueiros, os tomates nos tomateiros e por aí adiante mas a podridão que falava o Sr. Raimundo não era da agrícola, coisa em que, de resto, até é especialista. A podridão anda mais pelas pessoas e pelos seus modos de vida. Notícias como a da detenção do "intocável" Berardo, o Joe português, que mesmo sendo caloteiro de centenas de milhões aos Bancos, diz com toda a lata perante deputados da nação de que "pessoalmente nada deve", fazem-nos estar alertas diariamente para este estado de coisas.

Estes artistas que vivem de burlas e esquemas que ludibriam os sistemas financeiros e económicos, e são tantos, como Sócrates, Ricardos Espíritos Santos, Luíses Filipes Vieiras, Rendeiros, e tantos outros, num desfile interminável, são de facto maçãs podres deste país, deste mundo, desta vida. 

Mas o mais grave é que apesar de parecer que a Justiça anda atenta e que se fará, no final de contas, passarão todos ou quase todos impunes pelos labirínticos meandros da própria Justiça . No fundo estamos perante uma peça de comédia com ares de drama, apenas para entreter. Já o Zé Mexilhão, esse convém que não se atrase a pagar a prestação do IMI ou do IUC, porque leva logo por tabela.