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4 de maio de 2021

Odemirações

O que está a acontecer no concelho de Odemira, em que o Governo procedeu à requisição civil de habitações particulares para albergar trabalhadores agrícolas no âmbito do controlo do surto da Covid-19 , é de todo lamentável, não porque não tenham que ser tomadas medidas, mas porque estes atropelos que alguns especialistas em Direito contestam quanto à sua legalidade, decorrem como consequência da própria inacção do Estado e das suas entidades. 

O próprio presidente da Câmara Municipal de Odemira terá relatado, com tempo, à Polícia Judiciária situações que indiciam esquemas pouco claros no âmbito da actividade de prestação de serviços, imigração ilegal e escravatura e que em muito ajudam a compreender o contexto a que se chegou. Ou seja, o Estado e o Governo não têm actuado, não têm fiscalizado, permitindo este descontrolo e agora, para atalhar, corta a direito atentando contra a propriedade privada.

Entretanto parece que com as crescentes denúncias está a ser feita alguma investigação. Os alvos serão, essencialmente, os pequenos empresários responsáveis pela vinda para o nosso país de trabalhadores estrangeiros, provenientes na sua maioria  do Bangladesh, Nepal e Tailândia, os quais recebem um baixo salário e vivem sem condições, num chiqueiro de insalubridade. No escasso tempo em que não estão a trabalhar nas colheitas nos campos, ficam amontoados em casas que mais parecem pocilgas e que são arrendadas por terceiros e pelas quais pagam entre 100 e 120 euros mensais.

Não vêm para a apanha da banana, mas como este parece ser um país de bananas, torna-se um paraíso para quantos vivem à custa da miséria humana. O nosso Governo, claro, tem deixado que a coisa prospere e não fosse esta situação de pandemia a trazer a coisa à tona do charco e tudo continuaria na mesma.

Vamos ver o que vai mudar mas seguramente não muda que tem responsabilidade.

27 de abril de 2021

Batam-nos que nós gostamos

Os números e os factos não enganam: Portugal tem o preço da gasolina como dos mais caros na Europa, ocupando o honroso quarto lugar, só abaixo da Holanda, Dinamarca e Grécia. A nível mundial tem conseguido aguentar-se no Top 10. Um feito!

Já quanto ao preço da electricidade, o nosso país quase que se nivela pela posição relativamente à gasolina e tem a electricidade e o gás como dos mais caros da Europa e ocupa com mérito o Top 10. 

Ainda quanto à electricidade, os especialistas fizeram as contas e dizem que 47% da factura mensal é para taxas e impostos, incluindo a ajuda à rádio e à televisão, gente pobre a precisar de apoio. Aliás, a factura da electricidade é uma espécie de fralda, que absorve  taxas para toda a merda.

Com tudo isto, só temos motivos para estar felizes, mesmo que o nosso ordenado mínimo na Europa dos 27 se fique modestamente pelo meio da tabela. Ou seja, autênticos ricos no que pagamos mas pobres no que recebemos. Será por isto que o partido do Governo tem mantido sondagens que o colocam bem na frente das intenções de voto. 

Desculpando a linguagem e não usando a mais brejeira (mesmo que este sítio interesse apenas a pessoas maiores de 18 anos), somos piores que as meretrizes, pois estas são fodidas mas pelo menos pagam-lhes.

15 de abril de 2021

Ofensivamente

O presidente da nossa república, aviou mais um estado de emergência (pela quantidade e banalização já lhes perdi a conta). 

Na sua declaração ao país, a abrir os telejornais, entre mais do mesmo e num discurso para o qual já não há pachorra, disse que este é o "começo da ponta final do período mais difícil da vida coletiva desde a Gripe Espanhola, com mais mortes do que a Grande Guerra ou as lutas africanas de há sessenta anos".

Cada um pensará o que muito bem quiser, mas esta comparação das mortes por ou com Covid, com as mortes na grande guerra e nas guerras em África, é no mínimo ofensiva. Ofensiva para todos quantos deram a vida de forma gratuita em guerras que não eram as suas, enviados como carne para canhão. Não havia necessidade desta comparação inusitada, desproporcional e idiota. Para se chamar a atenção da gravidade da pandemia não havia necessidade de banalizar, comparando o incomparável.

Mas é o que temos, e a maioria de quantos votaram (menos de metade dos portugueses) achou que com ele estamos bem representados.

Siga!

13 de abril de 2021

Ecoponto no lugar da Igreja


Pelos piores motivos, é sabido que o ecoponto no lugar da Igreja aqui em Guisande, constitui um mau exemplo de limpeza e de civismo na sua utilização. São frequentes e recorrentes os casos de deposição de lixos inapropriados. Foi, inclusive, há uns anos, alvo de vandalismo e incendiado (imagem acima).

É certo que deste mal sofrem a generalidade dos ecopontos, porque a falta de civismo e respeito é transversal e não é exclusivo de Guisande. De resto, muitos dos prevaricadores são de outras freguesias porque procuram agir sobre o anonimato.

A agravar esta situação, o ecoponto no lugar da Igreja tem um impacto acrescido já que se localiza numa zona envolvente à igreja, que deveria primar pelo embelezamento e limpeza frequentes.

Neste contexto, e porque antes da minha passagem pela Junta da União de Freguesias várias vezes apontei o facto de não se tomar medidas, nomeadamente com a deslocação do ecoponto para um local com menos impacto, uma vez na Junta coloquei o assunto ao restante executivo Assim, em email datado de 22 de Fevereiro de 2017, remeti a minha proposta de deslocação do ecoponto pata junto ao cruzamento da Rua da Igreja com a Rua do Outeiro e Rua Nª Sª da Boa Fortuna. Mantinha-se o ecoponto,  num lugar acessível e próximo, e pelo menos com menor impacto visual, libertando a envolvente da igreja desse "cancro". Pareceu-me sempre uma solução interessante e prática.

Levantei, igualmente, o assunto em reunião de Junta em 23 de Março de 2015, conforme extracto da acta da reunião de Junta.


Infelizmente, apesar dessa minha vontade e insistência, certo é que, para meu desapontamento, a mudança nunca foi concretizada. 

Ou seja, ficamos todos a perceber que por vezes para as coisas mudarem é preciso mais que ideias e vontades. É preciso que terceiros, quem manda, as acolham e as passem à prática.  Quando assim não acontece e se chuta para o lado, o estado das coisas perpetua-se, e no caso em concreto, tem-se mantido a badalhoquice e a estrumeira junto a um local que deveria ser exemplo de limpeza e asseio.

Fica, pois, pelo menos justificada a tentativa, embora não tenha passado disso. Por estas e por outras, é que é preferível, tantas vezes,  irmos à pesca, do que perder tempo a exercer cidadania.

[Ver proposta]

8 de abril de 2021

Sócrates vai ou não a julgamento? - Bahhh! Achas?...

Parece que amanhã a nação vai ficar a saber se o juiz Ivo Rosa vai levar José Sócrates a julgamento. A decisão instrutória sobre a Operação Marquês ocorrerá no início da tarde e será transmitida em directo, à laia de um Big Brother.

Mas é claro que, para além de tudo quanto se disse e das evidências evidentes, o ex-primeiro-ministro vai  sair do tribunal como um herói e mártir da coisa. Quando muito, da longa lista de graves crimes de que é acusado, ficarão dois ou três "para inglês ver", que depois também não darão em nada. 

Afinal, neste país vai-se preso por roubar uma lata de salsichas, mas as grandes figuras são intocáveis num sistema de protecção mútua e corporativista. A caducidade de crimes por arrasto do processo, sendo por si mesma condenável, é apenas um artifício necessário, porque importa, ao sistema, que estes mega processos se arrastem quase indefinidamente para perderem o impacto e a eficácia.

Por conseguinte, fosse assim tão fácil acertar no Euro Milhões quanto ao que vai ser decidido.

No final tudo acaba bem e o quem se fode é quem foi fodido, o povo! Siga!

5 de abril de 2021

Hoje como há 3 meses

Há três meses, em 6 de Janeiro passado, escrevi por aqui o que pensava em relação às próximas eleições autárquicas, particularmente no contexto da nossa União de Freguesias.

De lá para cá nada se alterou a não ser no crescendo das movimentações com vista ao posicionamento e formação das listas que hão-de concorrer. Por conseguinte já se sabem algumas coisas porque foram públicas, nomeadamente o facto de que o ainda actual presidente da Junta da União, não se recandidatará. Parece que o afirmou em entrevista a um jornal local, que ainda não li. Tal não constitui surpresa como surpresa não seria se voltasse a encabeçar a lista. Nestas coisas da política já não há nada que surpreenda a não ser a alguém que seja um verdadeiro "anjinho".

Quanto a quem será o cabeça-de-lista pelo PSD, tem-se falado, mas em rigor tanto se me dá que seja o A como o B ou mesmo o C. Nesta estrutura falhada  de uniões de freguesias, nomeadamente da nossa,  qualquer composição está destinada ao fracasso e ao desequilíbrio porque nasceu doente e coxa. Terá que ser reunido um conjunto de bons requisitos para que a coisa possa funcionar, desde logo, para além da qualidade das pessoas, uma filosofia que parece andar arredada na generalidade das uniões de freguesia, que é o respeito pela identidade de cada uma das partes e igual tratamento.

Posto isto, e apesar das tais "movimentações", que são normais, pela parte que me toca é um "peditório" para o qual já contribui, com grande custo, porque em rigor nada do que perspectivei e acalentei como uma mudança, e que alguém superior anuiu, porque posto em programa oficial, nada foi cumprido. De tudo quanto acreditei que fosse executado na freguesia de Guisande, nada foi concretizado. Mesmo nas mais simples questões tudo foi desconsiderado. Nem a localização da "cagadeira" do ecoponto no lugar da Igreja consegui que mudassem.

Também no que poderia ser um modelo de gestão adaptado à nova realidade de uniões de freguesias, com um papel relevante a cada um dos representantes, foi "chover no molhado" porque quem o poderia fazer preferiu não abdicar de nada, apenas continuar pleno no cadeirão das competências. Para o resto da tropa, apenas a função de "moços de recados" e limpadores de sanitários, como bons voluntários.

Por conseguinte, perspectivar que alguém que passou por esta provação, poderá estar receptivo a repetir a "dose" é algo descabido, mesmo irrealista. 

De resto, o que não falta por aí é gente capaz, até mesmo doutores e engenheiros. Também uma boa oportunidade para integrar os habituais "chicos-espertos" sempre tão ladinos a criticar e a rebaixar o papel de quem faz parte das juntas. É uma oportunidade de se chegarem à frente e mostrarem o que valem. Mas destes, a esperança é débil porque está-lhes na natureza serem apenas "papagaios" e mestres da bazófia. Preferem continuar a "andar por aí" a "cagar postas de pescada" e mandar "bitaites". Nisso são bons.

Vamos, pois, aguardar com serenidade as "movimentações". Apenas desejo que me passem bem ao largo.

29 de março de 2021

Venham as cabras

É certo e louvável que a Câmara Municipal de Santa Maria tem feito um grande investimento na pavimentação de muitas ruas no concelho, mas muitas há ainda à espera de requalificação. Por outro lado percebe-se que as Juntas de Freguesias, à boleia destes investimentos do município e regra geral exauridas das suas finanças, pouco ou nada têm gasto do orçamento próprio em pavimentações.

Não surpreende, por isso, que ainda muitas ruas estejam em condições deploráveis. Em Guisande ainda subsiste a Rua da Zona Industrial, a rainha da buracada, mas em várias freguesias mais há. Ainda por estes dias, circulando de bicicleta em Romariz, na Rua Cruz da Lavoura, que liga os lugares de Mouquim à Cruz da Lavoura, vê-se o mau estado da mesma, com autênticas crateras. E nem se percebe sequer um mínimo esforço por parte da Junta local em aplicar os habituais remendos de almôndegas de massa. Mesmo em Romariz, continua em mau estado a Rua Fonte do Uíma, de Fafião à parte baixa de Duas Igrejas, uma rua com bastante trânsito. 

Assim, face a este permanente estado, mas valia que algumas ruas fossem desclassificadas e fossem equiparadas a caminhos destinados a tractores e a retro-escavadoras e sinalizadas como tal.

A juntar a tudo isto, são mais que muitas as ruas com boa pavimentação mas com remendos toscos decorrentes das intervenções nas redes públicas de águas e esgotos e que, aparentemente sem fiscalização e sem penalização, permanecem definitivamente por rematar de forma correcta. Este é, todavia, um (mau) hábito que parece não ter emenda e a Indáqua parece movimentar-se à vontade neste facilitismo.

22 de março de 2021

Direitos...

É sabido que as manifestações anti-racismo estão na moda. Têm um leitmotiv válido e importante, pois claro, porque o racismo é de todo injustificável, como a intolerância, discriminação, a violência, a criminalidade, etc, etc.  Mas, na onda, tantas vezes vêm ao de cima por agendas meramente partidárias e ideológicas que em nada ajudam, antes, muitas vezes, servem apenas para extremar posições.

Em todo o caso, sempre que se ouvem no palco mediático alguns responsáveis desses movimentos, como o grotesco Mamadou Ba, uma espécie de raposa em galinheiro, com ares de galo protector, ou como ainda ontem, na TV, o José Falcão, fundador do movimento SOS Racismo, em tudo quanto possam dizer de verdade, certo é que uma palavra que reiteradamente repetem é "direitos". Direito a isto, direito àquilo, direito àqueloutro, para tudo e todos. E podemos facilmente concordar com a necessidade de garantia de todos esses direitos tão dados como adquiridos num estado democrático, mas o que nunca ouvimos dessas figuras que botam faladura inflamada sobre o racismo, é aquela palavrinha "dever". Se quisermos, dever e responsabilidade. Ou seja, para que as coisas se equilibrem, convém que para cada direito, se contraponha um dever, para cada regalia, uma responsabilidade. 

Assim, para além do combate que devemos fazer a todas as manifestações concretas de racismo, relevando algum folclore e oportunismo de agendas, convém que para cada direito, se exija um dever. Desde, logo, à cabeça, para quem de outras paragens, raízes e culturas venha para o nosso país, como destino de trabalho e vida, cumpra uma coisinha chamada respeito por quem cá está, pela nossa cultura, usos e costumes. Porque chegar cá e pretender impor as suas, limitando as nossas, desrespeitando os nossos símbolos e valores, aí sim, temos que ser racistas, não no sentido de raça étnica nas no sentido de que  não devemos gostar de raças de víboras oportunistas e que vivem à custa do parasitismo e do estado social, sejam elas brancas, pretas, amarelas ou vermelhas.

Já agora, José Falcão, esse "activista" dos direitos, é o mesmo que perante cartazes exibidos em manifestações, do tipo "...polícia bom é um polícia morto", considerou apenas que se tratava de "liberdade de expressão" e que tal não justificava prática de crime. Ora fica tudo dito quanto à postura deste tipo de activistas. 

Num exercício ao contrário, que diria José Falcão se nos cartazes estivesse estampada a mensagem "...preto bom é preto morto!"? Continuaria a ser "liberdade de expressão"?

A Lei, quanto à instigação pública a um crime, diz:

1 - Quem, em reunião pública, através de meio de comunicação social, por divulgação de escrito ou outro meio de reprodução técnica, provocar ou incitar à prática de um crime determinado é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa, se pena mais grave lhe não couber por força de outra disposição legal.

Ora para o Sr. Falcão e dirigentes que vão vivendo da coisa, a lei deve estar escrita em chinelês e quando traduzida para falconês quer dizer "liberdade de expressão". 

Assim, com estes "parasitas", que "combatendo" o racismo, precisam dele como forma de viver, não vamos lá!

11 de março de 2021

Vai de tudo...

A ter em conta o que se vai ouvindo por aqui e por ali, parece que a nossa freguesia está de novo a saque. Tal como na pandemia que nos vai constrangendo os dias, parece que uma nova vaga está a acontecer e já são vários os relatos de assaltos ou roubos, como que lhes queiram chamar. E vai de tudo, desde o óbvio pilim e objectos de valor como vão as couves na horta e o cebolo nos canteiros.

É claro que com tudo isto, as forças de segurança parece que andam ocupadas a caçar gambuzinos e a multar quem se aproxima do postigo do tasco ou quem põe um pé fora do concelho. Já quanto ao vigiar, zelar pela segurança das pessoas e dos seus bens e ir à cata do criminoso, aí a coisa fica mais perra. 

Assim sendo e em resumo, estamos fodidos e entregues à bicharada, cada um por si. Só com alguma vigília e um pau de marmeleiro a coisa poderá ser aliviada.


10 de março de 2021

Cagadores encartados

A higiene e limpeza nos espaços públicos, como quem diz a higiene urbana, está regulamentada em quase todos as Câmaras Municipais, nomeadamente na de Santa Maria da Feira, que dispõe do seu Regulamento de Resíduos Sólidos e Higiene Urbana

O incumprimento dos mesmos regulamentos, seja por parte de empresas ou particulares,  pode naturalmente dar lugar à aplicação de coimas, mesmo sabendo-se que na prática, é quase um "faz de conta", já que mesmo em situações flagrantes poucas são as consequências e em muitos casos são as próprias autarquias a "pôr o pé na argola".

Más há um tipo de prática corrente e recorrente de sujidade na via pública, sobretudo em ambientes rurais, que, pelo que tenho analisado, passa ao lado dos regulamentos camarários ou então de leitura e interpretação dúbias. Falo do caso da sujidade das ruas decorrentes de saídas de estaleiros de obras, locais de aterros e desaterros e ainda de lavoura de terrenos agrícolas, seja com terra seja com estrume. Em ambos os casos verifica-se um recorrente abuso e desrespeito, já que antes de se fazerem à estrada ninguém tem a preocupação de limpar e lavar, mesmo que de forma mais superficial,  alfaias, rodados de tractores e camiões, deixando rastos e terrões em longas extensões das ruas, desde o "local do crime" até à "toca".

Há Câmaras, poucas, que têm essa especificação, mas no geral tudo é resumido a entulhos e resíduos de obras, escapando ao crivo as situações atrás referidas.

Em resumo, o que não falta por aí é "cagões" despreocupados e sem qualquer sensibilidade para com o respeito do espaço público que é, afinal, de todos nós. Ora quando se junta esta falta de cultura cívica à falta de regulamentação e penalização aos prevaricadores, tudo é possível e daí não surpreende o que vamos vendo.

Mas como estamos em Portugal, não é de todo surpreendente. Não generalizando, afinal, o mal de Portugal foi sempre o ter "portugueses".

5 de março de 2021

Meter a mão ao saco

Nós, os seres humanos, temos muitas coisas em comum, entre elas o facto de termos os nossos defeitos e as nossas virtudes. Está-nos no sangue, quer pela genética, quer pelo tipo de educação e formação que foram capazes de nos dar e fomos capazes de assimilar. 

Neste contexto e por muitos outros motivos, há aqueles em que as virtudes, talvez por serem mais, se destacam em relação aos defeitos e também o contrário, talvez por estes serem muitos. 

Em resumo, somos capazes do melhor e do pior e mesmo quando tudo fazemos para termos comportamentos correctos e adequados num contexto de vivência e convivência em sociedade, frequentemente e com facilidade deixamos o pé escorregar e lá fazemos o que não devíamos fazer, como quem diz na gíria, "fazer merda" ou "mijar fora do penico". 

Mas quando consideramos e julgamos determinado comportamento como incorrecto e reprovável, há sempre alguém que ainda capaz de cavar mais fundo e mostrar que ainda há margem de manobra para descer mais baixo na espertalhice.

Todo este palavreado para de algum modo enquadrar um situação que, não só eu como, creio, várias pessoas que por ali passam já se aperceberam. Ou seja, no sítio do Ecoponto no lugar da Igreja, um autêntico escarro na freguesia, uma espécie de cagadeira, mais do que entulheira, a que quem com responsabilidade não consegue pôr fim (bem o tentei, sem êxito, quando passei pela Junta, porque quem tinha esse poder não o exerceu), alguém badalhoco e com o tal nível de comportamento cívico nivelado muito por baixo, ali depositou há vários dias uns enormes sacos contendo plásticos diversos.

Pois bem, alguém ainda com um nível mais baixo, percebeu que os sacos, de ráfia, daqueles enormes que habitualmente se usam nas corticeiras para armazenar rolhas, estavam em bom estado e poderiam ter utilidade, vai daí, vaza o conteúdo no chão, complicando a sua recolha, e lá vai à sua vidinha com os sacos na saca.

Como se vê, quando achamos que já vimos de tudo, incluindo um porco a fazer renda, lá vem alguém com mais uma novidade que nos surpreende.

É o circo da vida no seu melhor (pior).

24 de fevereiro de 2021

O Senhor Malato

O Senhor Malato é figura conhecida do público, principalmente daquele que assiste na nossa RTP a programas de entretenimento, de enchimento de chouriços e de venda de chamadas telefónicas de custo acrescentado. Ele é polivalente e pau para toda a colher. Ele tanto apresenta feiras de enchidos como natais dos hospitais como a festa das vindimas. Em resumo, goste-se ou não, ele é popular. 

O Senhor é tão popular que até em Monforte, sua terra de nascimento, no Alentejo, à falta de melhor motivo, deram-lhe nome de uma praça. Mas o Senhor Malato parece que é mal agradecido, e indignado por uma grande parte do povo alentejano ter votado no Senhor André Ventura, na eleição para as presidenciais, vai daí e reagiu histericamente dizendo que "...O Alentejo é uma vergonha. Gente sem memória! Sou lisboeta, a partir de hoje”.

Mas sem memória porquê? O que mudou de substancial para que invoque a perda de memória. Não terá sido o contrário, o recuperar da memória de uma povo e de uma região que 50 anos passados sobre a revolução de Abril continua com os mesmos problemas? Em que continua a ser a terra dos montes e das quintas onde os senhores malatos, resolvidos nas suas vidinhas, ali regressam numas escapadinhas das lisboas nuns fins-de-semana para umas festarolas e tainadas?

Ora, a propósito, um seu conterrâneo, indignado por este despeito, lançou uma petição online para requerer na Câmara local a retirada do seu nome da praça. A Câmara apreciou a coisa e apesar dos milhares de assinaturas, optou por manter a praça com o nome de tão ilustre celebridade mesmo que esta se tenha envergonhado do seu povo e que passe a ser um genuíno alfacinha. Antes não desagradar a um que agradar a milhares, terá entendido.

Em resumo, o Senhor Malato é daqueles que se mostra contra o preconceito, defende a democracia, os seus valores e o direito ao ser diferente e ao pensar diferente, e não porque seja homossexual assumido, mas porque tem esse direito. Mas, em contrapartida, na realidade, o Senhor Malato indigna-se com quem pensa diferente, com quem não vê só à esquerda, com quem vê para além do politicamente correcto.

Com tudo isto o Senhor Malato borrou a escrita. Não havia necessidade, se bem que, lá diz a publicidade,  "o algodão não engana".

22 de fevereiro de 2021

Passeio higiénico

E pronto!...O que antes era uma simples caminhada, coisa que deve ser tão natural ao humano quanto o respirar, na semântica dos tempos modernos está classificada como de "passeio higiénico". Para muitos, este "higiénico" refere-se à higienização da mente, do lado psicológico, para outros, mais à letra, é a possibilidade de aproveitar o ensejo para libertar uns valentes peidos e se, em local adequado, arriar um substancial cagalhão, seja em forma de rosca ou de fogaça, atrás de uma qualquer mouta. Claro que depois convém lavar o "olho" e as mãos ou a higienização ficará comprometida.

São, pois, tempos modernos estes em que de facto importa higienizar porque mais do que o vírus que por aí anda, temos que nos desinfectar de bactérias e parasitas como mamadous e ascêncios, bem mais perigosos que pulgas e piolhos. Para estes a coisa já não vai lá com Quitoso. 

16 de fevereiro de 2021

Carnavaladas

Há coisas que comentadas e analisadas num contexto próprio, ganham mais substância. Ora como hoje é dia de Carnaval, e parece que nele ninguém leva a mal, será justo recordar aqui alguém, no caso a Sr.ª Directora da Direcção Geral de Saúde, Dr.ª Graça Freitas, que há cerca de um ano, quando a pandemia se instalava em Portugal, dizia taxativamente que era contraproducente o uso de máscara e que agora, com um sorrisozinho algo idiota, venha a aconselhar o uso de não de uma mas de duas, ou seja, dose dupla.

Este paradoxo, a juntar ao "estamos preparados", chavão então repetido pelo Governo e pela ministra da Saúde,  ficarão para a História como sinais de muitas decisões e considerações erradas e errôneas e que em muito ajudaram a explicar que o país tenha passado de exemplo "milagroso" ao top dos países com piores resultados no lidar da pandemia.

Diz-se que o positivo dos erros é a possibilidade de aprendermos com eles, mas no caso, infelizmente, parece que somos todos fracos alunos, a começar por quem nos vai liderando.

13 de fevereiro de 2021

Por mim, não!

Falo apenas por mim, pois claro, mas já não há paciência para ouvir tanto o presidente da república como o primeiro ministro a dar lições de moralidade sempre que renovam esta coisa banalizada do estado de emergência. 

Ver gente bem na vida, bem resolvida, melhor governada, com bons salários, melhores reformas, e com serviços de saúde disponíveis sempre que tossem ou espirram, a dar conselhos a quem na verdade sofre na pele os efeitos desta pandemia e desta desgovernação, dá que pensar.  A sua credibilidade é reduzida, mas cada um que lhes dê a que quiser. Por mim, pouca ou nenhuma, para além do óbvio respeito institucional que merecem, mesmo que fracotes.


12 de fevereiro de 2021

Meter água

 



É triste, frustrante e lamentável que situações cuja responsabilidade são de entidades públicas,  prejudiquem e transtornem terceiros, arrastando-se indefinidamente para além do tempo aceitável. Esta situação (e outras há) é recorrente na Rua de Trás-os-Lagos, que resulta de falta de limpeza das condutas e sargetas bem como da má realização de passeios, negligentemente rebaixados em zonas críticas. 

Este caso em concreto, que, como disse, é recorrente e acontece todos os anos, é um símbolo do desleixo e desinteresse no serviço pelo bem público e das pessoas. Por isso quando surgem slogans "Mais pelas pessoas" e "Primeiro as pessoas" e outros que tais, no mínimo dá que pensar. Entretanto, faria bem que, enquanto peão, por ali passasse alguém com responsabilidade para apanhar uma "boa banhada", como já vi a acontecer, infelizmente a quem não tem culpas neste cartório.

Para finalizar, o que se vê das fotos, é apenas uma amostra e com apenas uma pequena parte da água que ali se acumula, entrando dentro da Cave do prédio vizinho. Importa que alguém resolva este problema.

10 de fevereiro de 2021

Os pinheiros do lado norte ganham musgo

Quando construí a minha habitação, cedi uma larga faixa de terreno para alargamento da rua e ainda tive que construir um passeio público devidamente pavimentado. Antes disso, quando a Junta decidiu pavimentar a rua, fui chamado a contribuir com um bom par de contos de réis, à moda antiga.

Para além disso, com a construção, paguei licenças e taxas de urbanização. Pago IMI, qual renda como se o Estado seja o proprietário.

Este tipo de encargos ou obrigações legais são extensíveis a todos quanto tenham que construir, salvo algumas excepções, muitas vezes com contornos pouco claros, já que não faltam casos ou exemplos de alguém que numa determinada tipologia de rua é obrigado a cumprir um determinado afastamento para garantir um perfil predefenido, mas que, em contrapartida, para a mesma rua, outros edificam sem esse respeito. Ele há coisas.

Em todo o caso, o que aqui se pretende abordar é que em regra quem edifica, cede terreno, paga taxas e ainda constrói à sua conta um passeio todo XPTO na frente do prédio. Todavia, e esta é uma regra quase geral, passados alguns anos esses mesmos passeios, cuja pertença é do domínio público, deixam de ter qualquer manutenção pelas entidades competentes e são mais que muitos os passeios em mau estado, com pisos irregulares e mesmo buracos, constituindo nalguns casos um perigo real para quem neles circula. Depois há passeios para todos os gostos e larguras, de meio metro, de um metro, de um metro e vinte, de um metro e meio, etc. Depois há-os com pavimento em cimento, outros em pedra de betão, outros em pedra de granito e até uns amarelos e outros vermelhos e outros apenas em terra.

Esta indiferença para com estas estruturas, está bem patente nas empreitadas de pavimentação de ruas do concelho. É importante e louvável o esforço que a Câmara Municipal tem feito no sentido de requalificar o pavimento de muitas ruas, na maioria dos casos destruídas pelas obras de redes públicas de águas e saneamento, abrangendo todas as freguesias, mas em regra, e com raras excepções, os passeios marginais onde existem são desconsiderados na requalificação e se mal estão, pior ficam. Mesmo nalguns casos, como em Guisande, por exemplo, a pavimentação passou acima dos velhinhos passeios com os naturais inconvenientes pelo galgamento fácil das águas pluviais.

A questão das drenagens das águas da chuva é outro suplício para os utilizadores das ruas e moradores, já que tanto a Câmara como as Juntas pouco ou nada fazem para resolver focos de constantes lagos de água em diversos locais por mau escoamento. É um vê se te avias no desleixo. Limpeza de sargetas e de canalizações é coisa que não existe ou apenas pontualmente quando o desleixo não dá para disfarçar e o trânsito quase fica interrompido.

Mas é esta a realidade. Pagamos taxas, impostos, imis e outros quejandos, mas depois na realidade esse esforço pouco retorno tem na manutenção dos nossos espaços urbanos e até mesmo a limpeza de ervas é coisa rara.

8 de fevereiro de 2021

Ó Ana, não arredondes a saia

Já se sabia que na política e nas suas ideologias, ou lá o que isso seja, também há extremos e extremistas.  A eurodeputada Ana Gomes, parece reunir todos os ingredientes para um bom caldo de algum extremismo e até fundamentalismo. É uma acérrima inimiga do extremista André Ventura e do seu movimento Chega, e mais agora após um acto eleitoral para a escolha da figura maior do Estado, em que percebeu que valeu pouco mais que um ou dois por cento que o seu nêmesis.

Vai daí, se não o combate pelos votos e vê o inimigo com potencial de crescimento, a Ana Gomes não querendo perceber as razões que levam o Chega a estar em crescimento, exige a sua ilegalização. Ora parece que para que isso possa legalmente acontecer, terá que haver situações de crime factuais e não nos parece, nem a quem é especialista, que isso tenha acontecido para além da prosápia e extremismo de algumas das posições de André Ventura.

Vamos, pois, ver no que a coisa dá, e qual será a resposta da Procuradoria Geral da República, mas a ter em conta o contexto  seria algo de muito grave que a coisa fosse por aí. É que isto de calar quem nos contesta, de extinguir quem pensa e fala diferente, é algo que não combina com democracia. A Ana Gomes reclama-se como democrata mas parece não se dar bem com algumas das suas premissas. Os outros, os que pensam diferente, considerará ele que esses devem ser extintos ou condicionados até que alinhem no rebanho por ora dominante.

Para além de tudo, este tipo de comportamentos e acções de Ana Gomes, só têm dado força a quem pretende combater. A sua luta devia centrar-se em estabelecer os princípios equilibrados e rigorosos dos direitos e dos deveres, da disciplina e do rigor e não do facilitismo e da parasitismo de que naturalmente padece a nossa sociedade, em que poucos trabalham para muitos. Essa é que é a questão.

Por fim, para que possa perceber um bocadinho da coisa, a Ana Gomes que dê um saltinho às muitas freguesias que no Alentejo, preterindo-a, deram vitórias ou segundos lugares a André Ventura, e que pergunte a toda aquela gente quais os motivos, os receios e as razões para nele votarem. A eles mesmos, comunistas de gema.

2 de fevereiro de 2021

Planos furados

Durante muitos e muitos anos, a construção da Barragem do Fridão, fez parte do Plano Nacional de Barragens, condicionando assim, pelos Planos Directores Municipais, os municípios abrangidos pela albufeira, concretamente Amarante, Ribeira de Pena, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto e Mondim de Basto. Por força desse impedimento, os municípios e populações viram o desenvolvimento dessa extensa área ficar adiado, num claro prejuízo para ambos.

Finalmente após longos anos de condicionamento e de pareceres negativos dos municípios e populações, o Governo anunciou no início de 2019 que a barragem não iria ser construída face ao desinteresse da EDP, desclassificando a mesma do Plano Nacional.

Caso fosse construída essa aberração, a albufeira iria inundar 817 hectares nos concelhos de Amarante, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto e Ribeira de Pena, e cobrir 108 casas, a maioria em Mondim de Basto. Desapareceriam praias fluviais e vários exemplares de espécies autóctones, como o carvalho, nas margens do rio. Sobrariam nas partes altas, os eucaliptos. 

Na altura, a presidente da Câmara de Mondim de Basto mostrou alívio pela decisão e mostrou intenção de pedir uma indemnização ao Estado pela demora na decisão.

Por estes dias o assunto voltou à baila e parece que a autarca ainda não desistiu da intenção, aguardando apenas que a situação de pandemia melhor para tomar uma decisão.

É justo que peça a indemnização, mas se a mesma vai ou não ser colhida, temos sérias dúvidas, porque nestas coisas os nossos Governos são surdos e mudos.

Infelizmente, este tipo de situações, de projectos e planos que não passam disso mesmo, têm abundado nos Planos Directores Municipais, condicionando, atrasando e impedindo mesmo o desenvolvimento dos municípios e dos cidadão. NUm determinado terreno ninguém pode edificar um curral ou um galinheiro, mas de seguida pode lá nascer uma auto-estrada ou uma estação eléctrica. 

Mesmo no caso de Santa Maria da Feira, são por demais conhecidos casos em que durante longos anos o PDM esteve com projectos e obras previstas que nunca se concretizaram, desde logo o traçado inicial para a A32, que longos anos mais tarde acabou por conhecer o actual traçado. No entretanto, muitos projectos foram reprovados ou eternamente adiados. Mas alguém foi compensado por essa situação, mesmo aqueles que tendo terrenos próprios nesse corredor de protecção, se viram impedidos de edificar, tendo que comprar noutro local ou mesmo fora da freguesia ou do município? Alguém foi compensado? Népias.

Em resumo, importa dizer que os Planos Directores Municipais surgiram precisamente como instrumentos de ordenamento dos territórios, mas em grande medida tornaram-se apenas empecilhos ao desenvolvimento e não surpreende que a maioria desses planos  já tenham conhecido revisões e revisões de revisões e suspensões para acudir e resolver paradoxos.

É pena, mas as coisas são mesmo assim. Não há burocracia sem burocratas.

27 de janeiro de 2021

E com isto "arraso" a comunicação social

Eu não sei qual é a escola do novo jornalismo, o que vai pautando a nossa comunicação social, mas parece que alguns dos valores da ética da profissão, como isenção e imparcialidade, andam pelas ruas da amargura e o que vai dando cartas é o jornalismo opinativo. Noticia-se, supostamente, mas simultaneamente, opina-se, julga-se e classifica-se, invariavelmente, para agradar ao politicamente correcto, ao status quo, enfim, a quem detém o poder e a quem subsidia ou dá oportunidades. 

Os casos e exemplos deste pseudo-jornalismo são mais que muitos. Mesmo que se deteste a figura, o caso de André Ventura e do Chega tem sido um exemplo concreto da parcialidade com que os nossos jornalistas têm tratado do assunto. Bastará recordar a entrevista conduzida a esta figura por Por outro lado, no que parece ser moda, são mais que muitas as notícias opinativas que empregam o termo "arrasar", a pretexto de tudo e de nada, seja na politica, seja no desporto, cultura ou no mundo cor-de-rosa. "André Ventura arrasa Bloco de Esquerda", Catarina Furtado arrasa André Ventura", F.C. do Porto arrasa Famalicão", Benfica arrasa o Vilafranquense", António Costa arrasa Catarina Martins", Rui Rio arrasa Montenegro", "Cristina Ferreira arrasa SIC", etc, etc. No que toca a arrasar o nosso jornalismo demonstra ser um autêntico terramoto.

Em resumo, o moderno jornalista, avençado, não se limita a noticiar factualmente, mas classifica e sentencia, aplicando o verbo "arrasar" como quem  come cerejas. E não se pense que de tal mal padece apenas o dito jornalismo de lixo ou de pacotilha, associado ao Correio da Manhã, mas também em órgãos que pela sua natureza e tradição deveriam ser exemplos, como a RTP, Jornal de Notícias, etc. Tornaram-se na generalidade em pasquins sem qualquer crédito, a merecerem passar pelo crivo de um  fact-checking.

E assim vamos indo, rindo e cantando neste fingimento de comunicação social.