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22 de março de 2019

Peão das nicas

Porque perto, e porque faz bem à saúde e à carteira, tenho ido para o trabalho a pé. Por conseguinte, mesmo sendo curto o percurso, atravesso pelo menos duas passadeiras de peões. 

Acontece que mesmo tomando todas as precauções e seguindo a velha recomendação do pare, escute e olhe, como nos ensinaram há muitos anos através de campanhas da Prevenção Rodoviária Portuguesa, ao atravessar as respectivas passadeiras tenho-me confrontado com situações de desrespeito por parte dos automobilistas. É verdade que uma das passadeiras, colocada em cima de uma curva fechada, não ajuda nada e é uma autêntica ratoeira, mas, em suma, a larga maioria dos automobilistas está-se literalmente a cagar para os peões e não surpreendem as recorrentes notícias de atropelamentos nas passadeiras, mesmo com consequências mortais.

É certo que importa aos peões cumprirem os procedimentos de segurança de aproximação e atravessamento, o que nem sempre se verifica, mas de facto constata-se esta falta de respeito quase generalizado por parte dos automobilistas. A educação rodoviária e sobretudo cívica nunca foram o nosso forte. Somos todos pilotos aceleras e com o pé pesado e uma vez ao volante, "...os peões que se fodam e tenham cuidado".

É o que temos.

6 de março de 2019

Fradinho das Caldas

Tendo recentemente actualizado o cabeçalho deste espaço, em que à esquerda aparece um simpático "Fradinho das Caldas" com o seu pirilau levantado, substituindo o anterior e ternurento passarinho colorido entre um ramalhete de rosas, perguntaram-me o simbolismo da coisa. Ora a resposta é precisamente essa, um mero simbolismo de um brinquedo ou figura típica portuguesa e de modo especial das Caldas da Rainha onde a cerâmica ou faiança tem tradições, nomeadamente a ligada ao artista Raphael Bordallo Pinheiro que em 1884 ali se instalou com a Fábrica de Faianças nas Caldas, "...revelando peças de enorme labor técnico, qualidade artística e criativa, desenvolvendo: azulejos, painéis, potes, centros de mesa, jarros bustos, fontes lavatórios, bilhas, pratos, perfumadores, jarrões e animais agigantados, etc. ". 

Quanto ao fradinho, não consegui apurar a sua origem e se ligada ou não a Bordalo Pinheiro, sendo que é um artefacto bem conhecido e popularizado como "Fradinho das Caldas" ou "Frade Malandro", mas sempre relacionados às Caldas e aos seus famosos "caralhos". Estes, os "caralhos", terão surgido no final do século XIX. "...Os primeiros modelos terão sido criados por uma tal de Maria dos Cacos, (barrista e feirante), e posteriormente por Manuel Mafra. Só depois, o humor de Maria dos Cacos e o naturalismo de Manuel Mafra foram recriados por Rafael Bordalo Pinheiro."

Perante a ousadia do frade, pouco condizente com a sua condição de homem religioso, não há quem não esboçe pelo menos um sorriso com a malandrice da coisa e com o seu hirto instrumento que surge inesperado, ou não, debaixo do seu modesto hábito.

Aqui o simbolismo é também e sobretudo de crítica à falta de irreverência (positiva e interventiva) que tem sido notória nesta freguesia. Não será de agora, mas mais de agora em que a gestão da freguesia anda por mãos alheias.
 Não faltam por aqui artistas ou mestres do palpite fácil, da crítica escondida, da sabedoria de quem tudo faz mas nada fez ou tentou fazer, e quase sempre em círculos fechados, entre comparsas. Já o assumir da coisa em espaços públicos, seja pela escrita assinada, seja pela faladura e principalmente pela acção, aí é que a coisa se acobarda. Por conseguinte, para esses o pirilau do simpático mas malandreco fradinho tem o simbolismo adequado que cada um pode interpretar a seu gosto. E há quem se ponha a jeito.

16 de fevereiro de 2019

Quando a dignidade vale a luta

Tenho, por vontade própria, estado afastado da rede social Facebook, com a conta desactivada temporariamente, pelo que só soube praticamente em cima da hora das cerimónias fúnebres, do falecimento do Sr. José Pinto da Silva, das Caldas de S. Jorge. Terá ido a sepultar na manhã de hoje. 
Não fosse uma casualidade de encontro com quem me deu a triste notícia e teria sabido apenas já depois de sepultado. Infelizmente, porque em cima da hora acabei por não participar no funeral, mas em nada diminui a memória, consideração e respeito para com a figura e personalidade.

Precisamente através do Facebook, onde o Sr. Pinto intervinha com regularidade e qualidade, soube pelo próprio que tinha tido nos últimos tempos alguns problemas de saúde, adicionados à debilidade da mesma,  que o remeteram para o hospital, pelo que de certa maneira foram factores que atenuaram a surpresa do desfecho.

Nunca tendo sido chegado, contactamos, falamos e opinamos as vezes suficientes para o considerar como amigo e pessoa de muita estima e consideração, activo, inteligente e um lutador por causas que considerava basilares. Que mais não fosse, porque celebrava o aniversário no mesmo dia que eu, 1 de Novembro.

Lembro-o sobretudo pela sua intervenção cívica e política. Pela verdade, transparência e rigor, travou várias lutas, uma delas relacionada com a verdade da cota máxima de cheia alguma vez registada e testemunhada no rio Uíma, nas Caldas de S. Jorge, que todos os anos relembrava em 24 de Outubro, dia em que em 1954 se registou a maior cheia de sempre na nossa zona, incluindo Pigeiros, Guisande, Caldas de S. Jorge, Lobão e Fiães.

Creio que apesar dessas muitas lutas, eventualmente, e de algum modo, terão sido de resultados inglórios, porque travadas contra quem detinha poderes de mandar e decidir, mesmo a de compor e enfeitar a verdade adequando-a a certos interesses ou propósitos. Não teria sempre a razão do seu lado, ou pelo menos toda, mas esgrimia como ninguém as suas convicções, sendo-lhe reconhecida a sua qualidade de discurso e de escrita. Também era com toda a naturalidade que reconhecia estar enganado ou equivocado quando se provasse o contrário, recuando, se preciso fosse, nos seus ímpetos.

Seja como for, foi um digno e nobre  lutador, qualidades que lhe honraram a vida e o perpetuarão na memória do tempo, sobretudo nos que lhe eram mais próximos.
Não duvido que tinha muitos adversários, alvos das suas lutas, alguns que agora certamente, deduzo, se apresentaram de gravata e semblante pesado nas cerimónias fúnebres, mas é justo que lhe seja reconhecida a nobreza e dignidade das suas variadas intervenções, mesmo nas mais inflamadas. Tivesse, Caldas de S. Jorge, Guisande ou outra terra qualquer, mais Pintos da Silva. 

Que descanse em paz!

11 de fevereiro de 2019

Significâncias

A expressiva vitória de 10-0 do Benfica sobre o Nacional da Madeira, em jogo de ontem ao fim da tarde, não tem nada de especial sob um ponto de vista de apenas números. Sabe-se que em futebol estes resultados, ou similares, acontecem. Não todos os dias, pois não, mas acontecem, principalmente quando a meio minuto de jogo já se está a perder. E se as diferenças de qualidade técnica e de orçamento entre Benfica e Nacional são notórias e de algum modo atenuantes ou justificáveis para o desnivelamento do resultado, ainda no mesmo dia de ontem, em Inglaterra o Manchester City aplicou 6-0 ao Chelsea, sendo equipas notoriamente parecidas no seu poderio técnico e económico. Por isso.

Creio que, como adepto do Benfica, mais significativo que o 10-0, é o facto do clube estar a jogar bem melhor, a recuperar nitidamente e sobretudo a dar espaço, lugar e tempo a jogadores da formação. Mais significativo é o facto de no mesmo jogo de ontem, se não estou em erro, ter feito alinhar sete jogadores portugueses. Como contrapartida, e também significativo, o rival F.C. do Porto por estes dias chegou a jogar sem um único português. 
Bem sabemos que estas significâncias pouco ou nada valem nos dias de hoje e os adeptos querem é títulos e campeonatos nem que os jogos sejam ganhos por 11 marroquinos ou 11 brasileiros, sem desprimor para estes.

Em todo o caso, face ao contexto económico dos clubes portugueses, que vivem na generalidade acima das possibilidades, seria positivo que mudassem alguns paradigmas, mesmo que com algum prejuízo desportivo no imediato mas certamente com vencimento de juros a médio e a longo prazo. Mas sim, é uma quimera e vai continuar a ser mais do mesmo. Significâncias, apenas.

6 de fevereiro de 2019

Você não tem um pingo de vergonha....

Agora José Mourinho, antes Cristiano Ronaldo. Ambos condenados por fuga de impostos. Ambos portugueses famosos, ambos tidos como cidadãos exemplares e embaixadores de prestígio de Portugal e dos portugueses. Ambos agraciados pelo Estado com a Ordens do Infante D. Henrique.
Ambos, porém, como canta a canção, deviam ter um pingo de vergonha e retratar-se aos portugueses e devolver as condecorações. A sua notoriedade e exemplo deviam servir como isso mesmo, exemplo. Mas não. A ganância também os tocou apesar de serem ambos detentores de enormes fortunas. Chega quase a ser ridículo para quem tanto tem e que mesmo assim procura fugir às suas obrigações.

Infelizmente, parece que tudo se lhes perdoa e não estou, de facto, a ver o presidente Marcelo a retirar-lhes as condecorações. Em nome do politicamente correcto a coisa vai ficar por aqui porque são ambos gente graúda e coisa e tal e os coitados nem sabiam que tinham ocultado os rendimentos.

 O português comum, que ganha o ordenado mínimo e cumpre as suas obrigações, porque o Fisco é impiedoso, forte com os fracos e fraco com os fortes, esse não tem condecoração nem é falado.
Em resumo, tudo uma palhaçada e uma enorme hipocrisia. Mas é disto que a casa gasta. Goste-se, ou não. Marcelo ainda se vai rir e fazer de conta que foi coisa de somenos importância, nada que belisque tão famosos portugueses. 

26 de janeiro de 2019

Se não for pedir muito...

Eu já nem sei nem quero saber o que tem a Junta da União de Freguesias previsto quanto a obras e a repavimentação de algumas das reles ruas da nossa freguesia de Guisande. Falar muito sobre isso seria chover no molhado e não será por aí que o profeta irá à montanha. Mas, se há alguma verdadeira vontade de por aqui se aplicar algum do dinheiro que nos calharia em sortes, por favor incluam as ruas ou parte delas que na altura própria, sem êxito, pedi que tivessem em consideração. Mas, mesmo que já fora desses palcos, relembro: Rua do Outeiro, Rua das Barreiradas, Rua do Jardim de Infância, Rua Nossa Senhora da Boa Fortuna (parte), Rua da Leira e Rua da Zona Industrial. Pelo menos essas, para não pedir muito, mas outras reclamam igual pão para a boca.

23 de dezembro de 2018

Mais vale tarde...

Da sessão da Assembleia da União das Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande, realizada esta sexta-feira, 21 de Dezembro, entre outros pontos, foi aprovada por unanimidade e aclamação uma moção a favor da reposição das freguesias extintas. Mesmo assim, com alguns "ses" ("...se isso for do interesse e vontade das respetivas populações."). No nosso entendimento, uma decisão algo tardia (já podia ter sido decidida em anteriores momentos onde se debateu o assunto) face ao que parece ser uma vontade comum e indisfarçável. Pelo menos quanto a Guisande, parece-nos, não sobra qualquer aspecto positivo que possa deixar dúvidas quanto ao prejuízo que resultou desta união de freguesias.
Em todo o caso, foi tomada a decisão certa e que devia ser tomada, e melhor ainda por unanimidade e aclamação, como de resto era expectável. Infelizmente, com algum pessimismo, porventura, a coisa irá dar em "águas de bacalhau", já que não estamos a ver o actual Governo a tomar esta decisão, pelo menos a contento de todos, que seria a reposição da situação anterior à cagada do Relvas.


MOÇÃO


Assunto: Pela reposição das Freguesias extintas da União das Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande

Por decisão governamental em período crítico do país foi decidido proceder à extinção de centenas de Freguesias no território nacional. Em Santa Maria da Feira foram 10 as Freguesias afetadas com tal decisão, tomada em prol e com o objetivo positivo de melhor servir as populações.
Este processo que também abrangeu a União das Freguesias de Lobão Gião, Louredo e Guisande, levou à eleição legitima e democrática desta Assembleia e Junta de Freguesia para servir a União.
É hoje colocado em questão se as extinções aprovadas na Assembleia da República trouxeram alguma mais-valia ou benefício para as populações ou para o concelho. Têm-se formado movimentos no sentido da reposição das Freguesias por considerarem que as extinções não beneficiaram as populações, o que, no entanto, não é facto comprovado, pelo menos no que diz respeito à nossa União.
Encontra-se em apreciação na Assembleia da República a eventual anulação parcial ou total das extinções feitas, por proposta dos partidos da maioria parlamentar.
Pese embora não seja ainda o momento ideal para esta Assembleia de Freguesia emitir uma posição  definitiva sobre o assunto, já que ainda não são conhecidos os requisitos, propósitos e elementos objetivos que possam levar à reposição parcial ou total das freguesias extintas, nomeadamente no que diz respeito a Lobão, Gião, Louredo e Guisande, a ASSEMBLEIA DE FREGUESIA DA UNIÃO, legitimamente eleita, declara nada ter a opor à reposição das Freguesias, se isso for do interesse e vontade das respetivas populações.

Pelo acima exposto, a Assembleia de Freguesia da União das Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande, reunida em sessão ordinária de 21 de dezembro de 2018, DELIBERA:

Ponto Único: Pronunciar-se formalmente no sentido de nada ter a opor à reposição das Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande, se isso for do interesse e vontade das respetivas populações e configurar os requisitos legais exigíveis para o efeito e ainda em decisão governamental e da Assembleia da República.

Lobão, 21 de dezembro de 2018. 

20 de dezembro de 2018

O estado do Estado


Rui Rio, secretário geral do PSD, recorreu por estes dias a um ditado e a uma quadra populares para retratar a governação de António Costa apoiada pelos parceiros Jerónimo de Sousa e Catarina Martins. Quanto ao provérbio, ou aforismo, diz que o actual Governo tem enganado os portugueses "vendendo gato por lebre".
Quanto à quadra, "rouba-a" a António Aleixo:“Para a mentira ser segura e atingir profundidade, tem de trazer à mistura qualquer coisa de verdade.” 

É certo que Rui Rio, a quem lhe é reconhecida assertividade, fala, todavia, no sentido que lhe convém falar, porque é líder do maior partido da oposição. Todavia, há no uso desta "sabedoria" popular alguma verdade ou, para quem pretenda fazer um retrato menos clubístico da coisa, pelo menos contém situações que dão que pensar. Isto porque, por um lado, é indesmentível que tem havido uma melhoria geral da situação económica e social do país, nomeadamente com a redução do desemprego, reposição de alguns cortes anteriores e retoma de algum poder de compra, ou pelo menos uma maior predisposição para o consumo, mesmo que no geral andemos a reboque da conjunctura internacional e europeia. Mas em contrapartida e por outro lado, assiste-se a sinais que, recorrendo novamente à sabedoria popular,  são autênticos "gatos escondidos com rabo de fora". E não é só no aumento brutal dos impostos indirectos, a electricidade e combustíveis mais caros da Europa, mas também as cativações cegas que têm limitado e mesmo colocado em suspenso muitas e muitas situações que têm a ver com a Saúde, Educação e Estado Social. Como exemplo prático e que nos diz respeito, a situação do Centro Social S. Mamede de Guisande que mesmo depois de ver aprovado o contrato programa com a Segurança Social e a partir dele a sustentabilidade mínima para o funcionamento da instituição, depois de muitos impasses, viu o mesmo ser arquivado por falta de verba, sujeitando-o a uma nova candidatura e dela a mesma incerteza. Como a nossa associação, muitas por este país fora.

Para além de tudo, temos comprovadamente um Estado que tem dado provas de não assegurar a segurança dos cidadãos. Os casos de Pedrógão Grande e dos incêndios de 2017, os casos dos furtos de armas em Tancos e na PSP, o abatimento trágico da estrada em Borba e agora as falhas no processo de busca e socorro das vítimas da queda do helicóptero do INEM, são apenas alguns exemplos mais mediáticos da falha do Estado e das suas instituições, mas muito mais há e  são evidentes a degradação e desinvestimento em sectores importantes como os transportes, hospitais, educação, etc.

Para além do mais, têm duplicado as greves no funcionalismo público, algumas de impacto fatal para a vida dos portugueses, como a greve dos enfermeiros e com ela o adiamento de cirurgias, mesmo num contexto de supostas reposições de direitos e regalias. Mesmo a greve dos estivadores do Porto de Setúbal dizem muito da precariedade ainda não resolvida por mais que apregoada. Dizem os média que as greves duplicaram mas a ter em conta os anúncios do que aí virá, a coisa vai triplicar ou mesmo quadruplicar até ao final do mandato. Manifestam-se professores, magistrados, enfermeiros, médicos e tudo quanto é empregado do Estado. Que se saiba, ninguém se manifesta em greve por estar satisfeito com a governação, ou será apenas um oportunismo de classes que veem neste Governo uma porca de 18 tetas a quem se pode chorar por mama? Ou um pouco de ambas as coisas? 

Assim vamos andando e não me custa a acreditar que se as eleições legislativas fossem já no próximo mês, António Costa correria o sério risco de ser prendado com uma maioria. Nós, os portugueses, no geral, somos boas pessoas e de bem e não nos importamos nada de ser enganados, desde que com mestria e um sorriso.
Há, pois, muitas dúvidas a pairar no ar e situações concretas a merecer pelo menos uma reflexão do que temos e podemos vir a ter.  Mas o mal de tudo, é que não há muito por onde escolher e rematando com outro provérbio, "quem está no inferno está por conta do diabo".

[foto: fonte]

3 de dezembro de 2018

Discrição


Tendo em conta a importância social do evento, tanto para a freguesia como para a União onde se integra, e mesmo para o município, pessoalmente esperava e acharia natural algum prévio enfoque e divulgação da benção oficial da nova igreja matriz da freguesia de Gião, em simultâneo com a festividade local dedicada ao padroeiro Santo André.  Até mesmo pelo valor acrescentado da componente arquitectónica e simbólica do edifício, o que por si só seria motivo maior. 
Admitindo que poderei estar enganado ou distraído na pesquisa que fiz, parece-me que não vi nada publicado, tanto nas redes sociais como nos espaços de divulgação locais, tanto dos jornais como até mesmo da Junta da União das Freguesias.
Passou, pois, um pouco ou muito ao lado. Numa época em que não faltam meios de divulgação, parece-me que ficou algo por fazer. É pena, digo eu, que não sou gionense mas sou da União de Freguesias.
Quando falhamos nas pequenas coisas é legítimo duvidar-se da capacidade de fazermos as grandes.

26 de novembro de 2018

Trancas à porta




Longe vão os tempos em que na aldeia saía-se para o campo, para o pinhal ou a qualquer outro destino das voltas do quotidiano e bastava encostar a porta, sem fechos nem trancas. É certo que pouco por ali ficava com valor que despertasse a cobiça dos amigos do alheio ou da curiosidade da vizinhança, mas havia respeito pelos proprietários e pelos bens dos outros, mas também muito medo do castigo por alguma tentação de furto.

Esses tempos, porém, como disse, vão longe e hoje em dia nem com trancas à porta, alarmes ou daqueles cães que nem o próprio rabo respeitam à fúria dos seus dentes. Rouba-se com a maior das naturalidades porque quase sempre encobertos, os artistas do gamanço, pela impunidade e pouca autoridade das forças ditas de segurança e ordem pública. O castigo, quando o há, é invariavelmente macio, quando muito com uma repreensão e umas horitas de trabalho comunitário que não se cumprem. Assim está em alta a gatunagem e para se viver com relativa  qualidade deixou de ser imperativo o trabalho sério e honesto.

Estas duas fotos, são assim significativas e emblemáticas do passado e do presente, do respeito e da falta dele, da autoridade e da falta dela. Mas o politicamente correcto não gosta destas comparações e prefere termos e conceitos bonitinhos e supostamente inclusivos e tem medo de chamar os bois pelos nomes e, mais do que isso, pegá-los pelos cornos. 
Assim sendo, como já se apregoava na Idade Média quando se tomava pela força das armas um castelo ou uma cidade, é fartar vilanagem!

21 de novembro de 2018

Deu em pedreira...


Novamente a tragédia e depois dela virão, espera-se, as "trancas à porta". Foi assim em 2001 com a queda da ponte Hintze Ribeiro, em Entre-os-Rios e Castelo de Paiva. 
Desta vez, entre Borba e Vila Viçosa, no Alentejo, com a derrocada de uma estrada ladeada perigosamente por profundas pedreiras de mármore. A tragédia, em números de mortos não se compara à da queda de ponte, mas é igualmente uma fatalidade, para quem nela perdeu a vida, para os familiares, para a região e para o país porque uma vez mais constata-se que as autoridades , as instituições e sobre elas o Estado não sabem tomar conta dos seus. Ainda ontem nos jornais se informava o aumento de fugas e criminalidade entre os menores à guarda do Estado. Um Estado sem autoridade, um pouco, como dizia há dias Manuel Alegre, refém do do fundamentalismo do politicamente correcto.O contexto era diferente, mas a génese é a mesma.

Posto isto, enquanto se procura resgatar os que ainda estão envoltos pelos destroços de uma pedreira lamacenta, surgem as questões de que como tal foi possível, quando parece evidente que os sinais anunciados da tragédia eram notórios desde há anos. Mas, pelos vistos, a começar pelo presidente da Câmara de Borba, estão todos tranquilos e sem peso nas consciências, os industriais do mármore, os técnicos, os autarcas e os políticos. Em 2001, Jorge Coelho, Ministro do Equipamento demitiu-se. Por ora ninguém se chegou à frente.

Certamente que entretanto virá a Justiça averiguar das responsabilidades mas a culpa irá novamente morrer solteira porque já se percebeu que este drama é uma pescadinha de rabo-na-boca e o capote há-de ser bem sacudido. O presidente Marcelo há-de lá ir dar uns abraços solidários, as famílias receberão uns milhares e a coisa há-de passar à história e, infelizmente, dramas acontecem todos os dias, mesmo neste nosso pequenino Portugal. Entretanto os holofotes da nossa ávida comunicação social virar-se-ão para outra qualquer coisa em grande, talvez quando o messiânico Cristiano Ronaldo voltar à selecção. Por ora estão de mármore e cal para os lados de Borba.

Creio que numa qualquer estrada nacional, como foi aquela até há poucos anos, não se podia construir uma casa a menos de 15 metros da via e um insignificante muro a pouco menos, mas ali, às portas de Borba, a pedreira com uma profundidade absurda pôde ir até pouco menos do que isso, sem margem de segurança adequada. Dizem hoje os jornais que licenciada assim pelo Estado.

Como foi possível? Qual a negligência técnica e qual a ganância de se extrair umas toneladas de calhaus até à extrema de uma estrada onde diariamente circulavam pessoas e viaturas?  Qual a lei e os quais os regulamentos que o permitiram? Qual a cegueira de não se ver ali uma eminente tragédia e em face disso tomar medidas de supressão da estrada?

Não faltarão respostas que, contudo, já de nada servem para quem morreu de forma trágica.
Que possam pelo menos ajudar a evitar  outras no presente e no futuro.

20 de novembro de 2018

E poupança, não?...


Li por que, até 30 de Novembro, estão abertas as inscrições para o Programa de Voluntariado Inter-geracional, dirigido a jovens, maiores de 16 anos, e a seniores, a partir dos 55 anos, disponíveis para colaborar em áreas que permitam a sua intervenção activa na comunidade, a aquisição de novas competências e a valorização do tempo.

Não tenho dúvidas que quem participa em programas de voluntariado, seja em que áreas for, adquire conhecimentos, logo valorização, para além de enriquecimento quanto à cidadania. Já os conceitos de superação e atrevimento, valem o que valem e pelo menos ficam bem no cartaz, porque modernos.

Mas cheira-me também que por detrás destas oportunidades e constantes apelos ao voluntariado, reside um certo oportunismo porque dele o benefício directo com poupança em pessoal. Mas esta, a poupança, nunca é referida nem valorizada nos grafismos. Pode até haver alguma despesa residual com os voluntários, mas não é difícil supor a substancial economia que deles resulta pois que, à falta dessa mão de obra, que se pretende atrevida, a mesma teria que ser suprida por funcionários da casa ou contratados a empresas externas. E sabe-se que esta mão de obra contratada não se paga apenas com lanches ou apelos à superação e ao atrevimento.
Mas sim, são boas oportunidades para quem gosta de fazer alguma coisa e tem muito tempo livre.

Por cá, não é fácil ser-se voluntário em contextos da freguesia e da paróquia, porque para além de nada se ganhar, como é expectável e natural, quase nunca há qualquer reconhecimento pela dedicação, empenho e tempo despendido. Pior do que isso, é, regra geral, receber-se críticas e insinuações de interesses e vaidades. Ora quando assim é, não deve surpreender que cada vez mais se note a indiferença das pessoas em integrarem grupos, movimentos e causas e deles fugirem como o diabo da cruz.
É claro que com isso ficamos, enquanto comunidade, mais pobres, mas também não é menos verdade que esta perspectiva já poucos incomoda. Recusa-se, por isso, fazer parte de uma qualquer comissão de festas ou de uma colectividade com toda a naturalidade e legitimidade inerentes a quem se considera como desligado da sociedade, vivendo apenas de si para si. Afinal de contas quem quer trabalhos, responsabilidades, canseiras e tempo perdido a troco de nada e apenas recebendo críticas e desconsiderações?

14 de novembro de 2018

E dizem que há falta de trabalhadores


Por estes dias a comunicação social virou os holofotes para a situação de três famílias de refugiados sírios que há cerca de um ano e meio foram acolhidos em Portugal à guarda da Fundação ADFP de Mirando do Corvo. Parece que terminado o prazo do programa de acolhimento e apoio, as famílias teriam que deixar as instalações pertencentes à instituição. Não o tendo feito e para forçar a saída terão sido cortados os abastecimentos de electricidade e água.
Por sua vez, os refugiados sírios queixam-se de que a Fundação Assistência para o Desenvolvimento e Formação Profissional (ADFFP) pretende cobrar uma renda de 340 euros por cada apartamento T3, incomportável para a sua situação económica já que cada agregado  recebe cerca de 500 euros de apoio social da Segurança Social. Dizem assim que se pagarem os 340 euros de renda ficam sem dinheiro para as restantes despesas. Neste pressuposto terão até apresentado queixa na GNR.
Por sua vez a Fundação justificou que terminou o programa de apoio concedido e que de acordo com as regras pré-estabelecidas e acordadas, cada família deveria autonomizar-se e passar a pagar a renda de casa, água, eletricidade. 

Sem querer fazer grandes juízos, parece-me, contudo, que este caso pode essencialmente servir de exemplo para a problemática inerente ao acolhimento de refugiados. De facto, num primeiro tempo, a boa-vontade e o humanismo do Estado e de muitas instituições, de que até se fez alarde e publicidade, mas depois, passado essa primeira fase, surgem as dificuldades de adaptação e integração e os problemas inerentes. Uma coisa será apoiar durante um tempo tido como adequado e razoável à normal inserção social, cultural e profissional das famílias e por conseguinte autonomizarem-se, e outra coisa será prolongar o apoio indefinidamente ou mesmo perpetuamente.

Por conseguinte, admite-se a eventual dificuldade de os membros adultos destas famílias arranjarem emprego, mas não deixa de ser estranho quando ainda há dias um qualquer relatório dizia que Portugal precisa de milhares de emigrantes para corresponder à falta de mão de obra. Por outro lado, pelo que se viu da reportagem na TV, os tais emigrantes já dominavam muito razoavelmente a língua de Camões, muito melhor que alguns futebolistas latinos que por cá andam à cagalhões de tempo. Por isso, a língua já não será para eles um obstáculo, querendo realmente trabalhar e integrar-se. Obviamente se não torcerem o nariz a determinados trabalhos.

Cheira-me, pois, que neste caso haverá por ali alguma falta de verdadeira vontade de trabalhar e a fácil tentação de viver prosaicamente apenas à custa do Estado e das instituições. Ora deste tipo de beneficiários, estamos nós cheios e o que mais há por aí é gente a viver à grande e à francesa à custa do Estado Social e, dele, à custa dos demais contribuintes que passam uma vida a pagar para pouco ou nada receber.
Quem dera à maioria dos portugueses viver sem trabalhar, sem pagar renda, electricidade, água e ainda receber o cheque certinho da Segurança Social todos os meses. Era um totoloto. Mas a realidade não se compadece com estas regalias. Há que trabalhar e fazer pela vida.

Este caso, que sirva, pois, de reflexão para a complexidade do acolhimento de emigrantes, refugiados da guerra ou por motivos políticos ou de outra natureza. Que se dê a cana, os anzóis e até o isco, mas não, pelo menos de forma definitiva, do peixe já pescado, limpo e grelhado e até servido na boca. Como sempre, as coisas são bonitas e compreensíveis quando dentro da razoabilidade. Creio que um ano e meio e algumas condições de apoio foram, senão excessivas, foram pelo menos suficientes. Não somos uma Alemanha ou uma Inglaterra mas quem quiser trabalhar ( e não escolher emprego com conta peso e medida) pode viver com toda a dignidade. Pelo menos é assim que vive a larga maioria dos portugueses.

Não generalizando, malandros, oportunistas e vigaristas já por cá temos de sobra, a sugar a teta do Estado Social, situação a que o povo sabiamente classifica como "meio mundo a viver à custa de outro meio".

2 de novembro de 2018

Biblioteca Abade de Pigeiros


Como a casamentos e a baptizados vão os convidados..., apenas hoje tive a oportunidade de visitar a Biblioteca Pe. Domingos A. Moreira - Abade de Pigeiros. Foi uma visita guiada pela simpática responsável, Maria de Fátima, precisamente a sobrinha do Pe. Domingos, que demonstrou conhecimento e sobretudo amor e paixão pelo rico legado deixado por seu tio. Desde os simples mas emblemáticos objectos de uso pessoal e que demonstram o sentido arquivista do sacerdote e professor, até às obras mais significativas, passando pelos manuscritos, há de facto um imenso e importante espólio, naturalmente na sua maior parte a precisar de catalogação. 

Por conseguinte, não me surpreendeu que não tivesse resposta a algumas questões ou eventuais referências documentais deixadas pelo Pe. Domingos relativamente a Guisande onde foi administrador paroquial durante uma dezena de anos para além da frequente colaboração com o Pe. Francisco. Talvez noutra altura. Mas, registei, com emoção, o facto de também ter guardado um exemplar do jornal "O Mês de Guisande", precisamente o número especial sobre a celebração das Bodas de Ouro Sacerdotais do Pe. Francisco G. Oliveira, de Agosto de 1989.

Quanto ao espaço, tem a suficiente dignidade,  mas obviamente muito longe do que seria expectável e condizente. O pé-direito é baixo e o espaço livre nas diferentes salas é exíguo e nada compatível com o que se espera de uma moderna biblioteca com amplos e iluminados espaços para além dos requisitos técnicos de controlo de temperatura e ambiente. A este respeito colhi o sentir da responsável  mas obviamente que não interessa ao caso aqui o reproduzir.

Em todo o caso, é uma biblioteca rica e diversificada, obviamente que predominando as temáticas de interesse do Pe. Domingos A. Moreira, mas também com conteúdos mais generalistas e que podem colher a atenção de visitantes ou utilizadores menos estudiosos. No entanto, a interesse de todos e do próprio espaço convém que tenha a devida dinamização de modo a que, passada a novidade, não se torne num mero arquivo morto. Um espaço na internet, individualizado ou ligado à Biblioteca Municipal, será importante pelo menos, para já, como apresentação ainda que sumária, do espaço, dos seus objectivos bem como alguns apontamentos biográficos do Pe. Domingos. O trabalho até já está feito, bastando procurar reproduzir o que sobre ele publicou a revista "Villa da Feira" edição Nº 28 de Junho de 2011, da Liga dos Amigos da Feira. Certamente que com tempo farão isso, mas não deixo de me espantar que ainda não esteja online esse espaço próprio mesmo que numa versão simplificada.

29 de outubro de 2018

É a democracia...


Bolsonaro venceu as eleições e será o futuro presidente do Brasil. É o que nos diz as notícias desta manhã. As coisas, a notícia e a realidade, não têm nada de extraordinário nem surpreendente, afinal apenas a normalíssima consequência da democracia. Agora, para o bem e para o mal, é aguentar. Ou a democracia só é válida e meritória quando vencem os nossos? É que, e isto chateia muitos "democratas", há sempre os outros, por mais bolsonaros e trumpistas que sejam. Nenhum barco resiste só com o lastro demasiado à esquerda ou excessivamente à direita. É preciso misturar e equilibrar princípios e valores, ideológicos, sociais e culturais, porque as sociedades são, regra geral, uma amálgama deles.
Porventura o Brasil e os brasileiros fartaram-se da ilusória realidade de que a um partido basta dar o nome de trabalhadores para que as virtudes intrínsecas de quem trabalha fossem extensíveis a quem governa. Não foi assim e o povo não só se cansou como se revoltou porque, parece-me,  esta eleição em Bolsonaro foi mais do que uma eleição, talvez mesmo uma revolução. Para já pelos votos, depois, quem sabe, pelas armas. Esperemos que não, porque o Brasil, essa imensa nação irmã, merece mais, muito mais, a começar pelos políticos e depois tudo o resto.

27 de outubro de 2018

E se Portugal fosse para Espanha?



É mais ou menos público que as relações entre a Câmara Municipal da Feira e alguma imprensa local, escrita e falada, têm andado algo azedadas. 
 
Não discutindo aqui as razões que possam esgrimir as partes, certo é que sabendo do "dói-dói" da Câmara Municipal relativamente à questão da eventual saída da freguesia de Milheirós de Poiares para o concelho de S. João da Madeira, na berlinda da actualidade pelo facto de uns doutos da política, uns tais de Fernando Rocha Andrade (PS), Moisés Ferreira (BE), Rosa Maria Albernaz (PS), Filipe Neto Brandão (PS), Porfírio Silva (PS), Carla Tavares (PS) e Jorge Costa (BE) terem apresentado na Assembleia da República um projecto de lei que solicita a integração da freguesia feirense no minúsculo município sanjoanense, o jornal semanário "O Correio da Feira" fez uma espécie de inquérito em que a reboque da questão de Milheirós de Poiares e com uma boa dose de entendível provocação, perguntou a algumas individualidades políticas o que achavam da eventualidade do município de Santa Maria da Feira poder vir a ser integrado no do Porto.
 
 Obviamente um inquérito legítimo mas sobre uma questão hipotética quase a roçar a idiotice porque a partir dessa "eventualidade" poderiam ser colocadas milhentas outras igualmente sem sentido, como a que abaixo coloco com ironia. Ora para questões assim, seriam merecidas respostas à altura. Um dos inquiridos, ligado ao PSD, disse que percebia o alcance e sentido da pergunta mas que de facto era um assunto que não se colocava. Esteve bem. Estaria melhor se nem se dignasse a responder. Outros, nomeadamente do BE e do PS, não pretendendo alargar a guerra para além de Milheirós, porque seria muita fruta, frisaram que o importante é que nestas questões seja respeitada a vontade popular. Mas no caso de Milheirós de Poiares, a vontade de parte dos seus habitantes ou do concelho? Leram os resultados das últimas eleições autárquicas? E quantos eleitores de Milheirós ou do concelho representam os ilustres subscritores do projecto de lei?  E por vontade popular, o que acham os ilustres políticos do BE e do PS da possibilidade de Portugal vir a ser integrado na Espanha? É que com o ordenado mínimo e o preço dos combustíveis por lá, já não falando na qualidade dos políticos, fosse feito um referendo à tão importante vontade popular e  possivelmente a larga maioria dos portugueses não se importaria nada em ser espanhola. Moisés, Albernaz e companhia, pensem nisso e avancem com a proposta de um referendo. Têm o meu voto.

Já agora, pela tão inusitada questão, o que acham certos jornalistas da nossa praça quanto à possibilidade de irem cavar batatas?

20 de outubro de 2018

O poder de uma letrinha



O Centro Social S. Mamede de Guisande vai promover no próximo sábado, dia 27 de Outubro, a sua 2ª Noite de Fados. Por pessoa, 20,00 euros, com entradas e sobremesa. Será um pouco puxadito mas está inerente o objectivo de angariação de fundos para ajudar as responsabilidades financeiras da instituiçao. Assim, quem reconhece a importância da associação e seus objectivos e tem acompanhado o esforço da Direcção num contexto de dificuldades, dará por bem empregues o tempo o custo do jantar e a noite de convívio. Pelo contrário, quem não reconhece ambas as coisas, a importância e a dedicação, não tem que se preocupar porque falta faz quem cá está. E há sempre andorinhas que se perdem pelo caminho da Primavera mas esta não deixa de florir nem espera por quem não vem..
 
Em todo o caso, não esquecendo o título da prosa, estava eu a preparar o convite para o evento, a pedido do presidente do Centro, quando por lapso troquei apenas umas letrinhas na palavra "fados", trocando as posições do "a" e do "o". Toca a corrigir, é claro, porque mesmo que acompanhada por guitarra e viola ninguém quereria participar numa 2ª Noite de Fodas. Ou talvez sim, mas não seguramente nesse local e contexto.
 
Ora como este processo do Centro Social já tem conhecido "fodas" suficientes, algumas de quem menos se esperava, venham antes os fados e as guitarradas, que sempre têm o condão de nos alegrar a alma. Depois de um bom jantar a alma fica mais receptiva às melodias choronas da guitarra e com isso ajuda-nos a esquecer as "fodas" da vida.
 
Silêncio, que se vai cantar o fado!

17 de outubro de 2018

A dar à costa


Estou deveras céptico com a anunciada medida do Governo em baixar o IRS para aqueles que estando emigrados no estrangeiro queiram regressar a Portugal. 
Obviamente que nada contra quem procurou levar melhor a vida noutras paragens e que agora queiram e possam regressar e até gosto de os ver por cá. Todavia, creio que esta medida, mesmo que de efeitos temporários, é apenas mais uma que nos leva a ter a certeza que há portugueses de primeira, de segunda e mesmo de terceira.

Para além de duvidar dos efeitos práticos, porque não estou a ver que portugueses a trabalhar no estrangeiro, certamente com melhores condições e já focados e inseridos nessa nova realidade, decidam regressar só porque vão poupar uns trocos no imposto sobre o chorudo rendimento em Portugal, cheira-me, contudo, que esta medida é pura demagogia e sobretudo um sinal ideológico ao marcar terreno contrapondo o suposto incentivo ao regresso, ao suposto encorajamento à saída, então pelo anterior Governo quando a crise era aguda.

Por outro lado, se alguns milhares de portugueses se sentiram então obrigados a procurar melhor vida fora do país e ali encontraram alternativa, e quem me dera a mim a muitos outros terem tido essa oportunidade de sair, pior do que isso foram os milhões que foram obrigados a ficar por cá no vendaval da crise e que tiveram que aguentar os cavalos, certamente sob piores condições do que aquelas que a larga maioria dos emigrados teve de enfrentar. É certo que haverá excepções, mas creio que no geral ninguém avançou para o estrangeiro sem o mínimo de garantias de ali encontrar emprego e melhores condições de vida, ou pelo menos de rendimento.

Seja como for, com esta "irrecusável vantagem fiscal", é ver para crer se vamos ter uma avalanche de emigrantes a retornar, a dar à costa, e o ganho que isso representará para o país. É que não estou a ver, de todo, sobretudo o pessoal qualificado, a deixar os seus bons e reconhecidos empregos por essa Europa e mundo fora, onde são valorizados, regressarem a um país que ciclicamente enfrenta crises à beira da insolvência, onde milhares de licenciados estão desempregados e não encontram trabalho à altura da qualificação e dos objectivos para que se prepararam, a ponto de, para levarem a vida, aproveitarem o que vem à rede, quase sempre petinga da miúda.

Mas o Costa e o Centeno lá saberão. Sempre é mais fácil acenar com a "cenoura" da redução do IRS do que baixar o preço escandaloso dos combustíveis e reduzir na generalidade o IVA da electricidade e de outros dos muitos impostos directos e indirectos que trazemos às costas. 

1 de outubro de 2018

Auto simula(estimula)ções


São engraçadas as simulações online de seguros automóveis. No que devia ser apenas isso, uma simulação, para além dos compreensíveis dados relativos ao veículo, idade do condutor e tempo de carta de condução, eventualmente aqueles dados complementares de existência de garagem, tipo de utilização, extras, atrelados, estimativa de kilómetros/ano, etc,  as seguradores querem que lhes contemos toda a nossa vidinha. Por mim, dei o assunto como encerrado quando solicitaram como dados obrigatórios os elementos de identificação pessoal, contactos, morada, etc. 

Não tendo, pois, concluído a simulação, porque considero que tais informações pessoais não são necessárias à simulação e ao objectivo desta, não me surpreenderia que a seguir quisessem saber o nosso estado civil, a nossa tendência sexual, paixão clubística, religião, filiação partidária e se alinhamos em jantaradas de arroz de cabidela às sextas feiras, seguidas de orgias sexuais ou se no Verão vamos a banhos à praia do Meco e se usamos cuecas de fio dental ou ceroulas.

Bem vistas as coisas, estas auto simulações podem levar-nos a outras estimulações e excitações.

30 de setembro de 2018

Não quero o bife porque não tem ovo a cavalo


Diz-nos a imprensa: "CDS pediu "debate sério", esquerda "chumba" pacote do CDS sobre natalidade"
Na primeira hora do debate, ficou claro que socialistas, comunistas e bloquistas iriam "chumbar" os sete projetos de lei e um projeto de resolução do CDS, em que se prevê uma redução do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) e do IRS, dependente do número de filhos.
PS e partidos à esquerda alinharam pelos mesmos argumentos, criticando os democratas-cristãos por nada proporem sobre salários, precariedade laboral ou horários de trabalho, fatores que pesam na decisão dos casais para terem filhos, antevendo um "chumbo", no final do debate.

Pessoalmente considero que a esquerda tem alguma ou mesmo bastante razão quanto a várias questões de fundo que em si mesmas contribuem para o problema da baixa natalidade. De facto importa criar condições ao nível da questão do emprego das mulheres, nomeadamente na condição de maternidade.
Em todo o caso, o pacote de propostas avançado pelos centristas também me parece igualmente importante. Nem de longe nem de perto as medidas nele empacotadas resolverão o problema de fundo, mas dariam um contributo. Mas, eventualmente com alguma hipocrisia, parte a parte, porque enquanto governos nem CDS nem PS impulsionaram medidas objectivas de apoio às famílias e às jovens mães e delas um apoio à natalidade, esta posição da esquerda unida não deixa de ser caricata já que enquanto dona do actual governo, e tendo condições para o fazer, uma vez que se mostrou igualmente unida na identificação das necessidades e crítica aos populares, não criou ainda as condições laborais que reclama faltar às propostas do CDS. Ou seja, numa analogia gastronômica, a esquerda, mesmo reconhecendo a fome do problema, não aceita o bife do CDS porque lhe falta o ovo a cavalo, ou mesmo que ao contrário, não aceita o ovo porque lhe falta o bife.
Política rasca a nossa, em que importa desvalorizar sempre o que vem do lado oposto mesmo que com aspectos positivos. Traduzindo pela sabedoria popular, é "nem comer nem deixar comer".