Mostrar mensagens com a etiqueta Opinião. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Opinião. Mostrar todas as mensagens

17 de setembro de 2019

Rui Costa em debate com António Rio


No debate de ontem na televisão, Rui Rio pareceu-me muito bem e uns bons pontos acima de António Costa, mesmo que este numa posição de quem sabe que está em vantagem nas sondagens.

Todavia, hoje em dia, mais do que no passado, as eleições e os seus resultados decidem-se muito em função do antes parecer que ser e neste palco Rui Rio dificilmente ganhará vantagem porque o seu estilo de frontalidade e desprendimento dos truques e manha politiqueira e demagógica não lhe permite dançar como virtuoso nesse folclore.

Apesar de Rui Rio me parecer bem melhor, no geral foi um debate em que as diferenças de fundo nunca foram substanciais a ponto de o Rio poder ser o Costa e vice-versa.

Creio, contudo, que os debates pouco ajudam a decidir eleições mas apenas para pasto de quem vive do comentário e da análise, tal qual como quem disseca um jogo de futebol (no fundo, o que estamos aqui a fazer). Na hora da verdade, poucos querem saber das reformas estruturais e do jogo dos números e estatísticas, investimento e desenvolvimento e demais panaceias do discurso político. 

No geral o voto decide-se por quem no final do mês tem mais 4 ou 5 euros na reforma ou no vencimento, mesmo que o disperse nos múltiplos impostos indirectos, desde logo no combustível e em tantos outros bens e serviços, agravados pelo actual Governo.

A generalidade do eleitorado não militante e clubista, vota quase sempre em função do sentimento de que as coisas estão melhores ou piores. E convenhamos que não estando melhores de forma substancial, o sentimento é de que já estiveram piores e o facto de ter sido numa legislatura condicionada por um quadro de ajuda externa e controlo da troika, certo é que poucos lhe dão importância e nem lhes serve de desculpa o contexto de quem foi obrigado a cortar para resolver desmandos de anteriores.

Assim pode-se (posso) concluir que o sentimento do eleitorado não obedece tanto a questões de consistências programáticas ou estruturais para o futuro e num contexto de bem comum, mas apenas para o presente e se para o futuro, apenas o amanhã, mas acima de tudo num quadro individual.


[foto: JN]

25 de agosto de 2019

Tempos....


Parabéns ao F.C. do Porto pela vitória de ontem frente ao Benfica. Não vi, mas pelo que dizem e escrevem, foi sem "espinhas" e , melhor do que isso, ou por isso, sem polémicas.

No futebol há tempo para ganhar, tempo para perder, tempo para estar ora por cima, ora por baixo, tempo para a alegria, para a tristeza e frustração. Há igualmente tempo para reconhecer o valor e mérito do adversário embora este seja escasso. 

Não deveria haver tempo para o confronto, para a desconsideração e para a falta de respeito com picardias e mesmo provocações gratuitas. 
Aquele ou aqueles que reconhecem os tempos adequados, são os que fazem jus ao conceito de desportista. Os demais, são meros arruaceiros,  que pouco ou nenhum respeito merecem, mesmo que fiquem contentes consigo próprios. Infelizmente, estes são cada vez mais e os outros cada vez menos. De resto, nem surpreende já que os maus exemplos vêm de cima, de quem deveria promover os bons. Ora quando assim é...

Seja como for, é apenas um jogo de futebol, mesmo que quem nisso veja apenas uma guerra de tronos e um caso de vida ou de morte.

5 de agosto de 2019

Orgulhosos, concerteza!


Ainda decorre a festividade em honra de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António, na nossa freguesia de Guisande, popularizada como Festa do Viso. 

O programa encerra hoje, estando prevista a actuação da banda de música popular “Minhotos Marotos”. É verdade que já actuaram em Guisande há alguns anos, poucos depois da sua criação em 2009, mas entretanto foram mudando algumas coisas, apresentando-se agora com um estilo mais incaracterístico, à laia de nem carne nem peixe, e ainda a reboque da vocalista Cláudia Martins, mais produzida, que encabeça o nome do grupo. Há coisas que começam bem e que mudam, umas vezes para melhor, outras nem por isso. Parece-me, pessoalmente que a mudança foi algo para pior, mas são opiniões.

Seja como for, não sendo uma atracção de topo, reúne a popularidade suficiente para trazer ao Monte do Viso muitos forasteiros. O dia está bom e a noite promete.

Mesmo antes de terminada a festa, arrumada a tralha e fechadas as contas, está de parabéns a Comissão de Festas, ainda que apenas com um único sobrevivente dos nomeados (António Gomes de Almeida) e os restantes na qualidade de (bons) voluntários, nomeadamente o Armando Rodrigues Ferreira, o Joaquim de Oliveira Santos e o António Azevedo da Conceição, bem como as festeiras Cátia Ferreira e Daniela Almeida.

De algum modo, perante a negação de uns, a raça e o querer de outros. Ainda bem, porque no dia em que a nossa festa não for realizada por falta de elementos na Comissão de Festas, será sinal de que algo vai mal. Não é fácil, pois não, nem sempre há o reconhecimento justo, também não, mas há uma coisa chamada orgulho naquilo que nos deve distinguir, a identidade e paixão pelas nossas tradições e raízes.

Por mim, e certamente que por muitos mais, faço votos para que as contas corram bem e se não sobrar, pelo menos que não falte. Mas se faltar, apesar do meu contributo, que, sem falsa modéstia, considero  significativo, podem voltar a bater à porta que terão novo apoio.

Devem, pois, no final do suor da testa, sentir-se orgulhosos do fazer a festa. 

2 de agosto de 2019

Liberdades, direitos e garantias


Tenho plena consciência que nesta questão pertenço à reduzida minoria, aquela que não liga patavina ao evento Viagem Medieval em Terras de Santa Maria, que todos os anos se realiza entre finais de Julho e meados de Agosto, na cidade sede do nosso município. 

Nem sequer vou por aqueles que a classificam meramente como um festival da fêvera e do porco-no-espeto, onde se faz fila para comer e beber de forma vulgar e pagar de forma exorbitante, apenas porque no entorpecimento de um cenário contextualizado a um período interessante da nossa história, o Medieval.

Por outro lado não questiono e reconheço a importância e o impacto económico para o concelho e sobretudo para as associações que reiteradamente exploram os diferentes espaços de comes-e-bebes e para os estabelecimentos localizados no amplo perímetro do mega-evento. Reconheço, igualmente a capacidade das entidades que nos últimos anos têm sabido potenciar este evento e fazer dele um ponto de notoriedade económica e turística para o concelho.

Apenas questiono se há ou não desrespeito constitucional pelos elementares direitos de aceder e circular em espaços públicos no centro de uma cidade por um tão largo período temporal, vendo-me condicionado nos acessos e mesmo a pagar os mesmos, ainda que para aceder a serviços e comércio. Afinal, o centro público de uma cidade não é nem pode ser  uma feira popular nem um estádio nem um parque, pelo menos a ponto de limitar e condicionar acessos e circulação de forma livre e gratuita.

 Compreendo perfeitamente que se condicione o trânsito e acesso de uma rua ou um local, por horas ou parte de um dia, para um evento desportivo ou de outra natureza de interesse colectivo, mas já não o compreendo quando de forma tão prolongada no tempo, alargada no perímetro e tão condicionada a ponto de ter que estacionar longe, mesmo a pagar e a pagar acessos. Se eu tenho amigos no centro da cidade, não tenho a liberdade nem o direito de aos mesmos fazer uma visita sem que para isso tenha que pagar e usar um apetrecho contra a minha vontade. 

É possível que os direitos constitucionais de liberdade de circulação e reunião em espaços públicos possam ser desrespeitados nestas circunstâncias, mas gostaria de saber se é mesmo assim. Mas como só serei eu a perguntar, é melhor fazer de conta que está tudo bem, porque na realidade, parece que a larga maioria gosta de ser ver condicionada e a pagar para isso.

31 de julho de 2019

Por esse Rio abaixo, com curvas


Em devido tempo considerei que Rui Rio fez o que tinha fazer no que se refere a algum arejamento no partido. Mas, por ora, parece-me que ao arredar das listas alguns dos seus opositores, ou pelo menos gente que não lhe foi nada simpática no processo eleitoral interno e, pior, mesmo depois dele, está a demonstrar que afinal no que toca a algum revanchismo é igual à maioria de todos os outros. Nesse aspecto considerei que fosse mais maduro e isento dessas tentações, de resto tão características da classe política.

Das figuras mais sonantes que ficam de fora há algumas que, convenhamos, ficam bem de fora, mas há outras, como Hugo Soares, reconheça-se, com capacidades suficientes para dar qualidade às listas e depois à oposição, como se espera que venha a acontecer a seguir às eleições próximas de Outubro.

Assim sendo, e apesar da aprovação por larga maioria (74%) das listas concorrentes às próximas legislativas, em Conselho Nacional do PSD  realizado ontem em Guimarães, Rui Rio com a razia provocada, afastando mais 50%   dos actuais deputados, coloca-se muito a jeito para a guerra interna que se antevê caso os resultados não corram bem, como é previsível que venha a acontecer, e não são só as sondagens que o dizem.

De facto tem sido notória uma fraca oposição a escassos meses das eleições. Apesar das sucessivas gaffes do Governo, das trapalhadas da Protecção Civil, da instabilidade social que se avizinha com a anunciada greve dos motoristas de pesados, da caça às bruxas com os enfermeiros, com médicos e com o SNS com pouca saúde, seria expectável que Rui Rio e o PSD fizessem mais. Muito mais.

Mas, tudo isso é coisa de política e políticos. Por nós, povo, vamos vendo, à sombrinha,  a procissão a passar.

11 de junho de 2019

Justiça (im)popular

Da imprensa:
Cerca de 200 adeptos do FC Porto reuniram-se na tarde desta segunda-feira (10 de Junho)  junto ao Palácio da Justiça, no Porto. Os manifestantes protestavam a condenação da SAD do FC Porto a pagar cerca de dois milhões de euros por causa da divulgação dos emails do Benfica"

Se a Justiça não nos agrada nas suas decisões, nada como convocar uma manifestação de "indignados". Diz-se que terão sido 200, mas podiam ter sido mais, os adeptos do F.C. do Porto sedentos por justiça popular. Por eles, o Benfica já não existia ou estaria na competição distrital e todos os seus dirigentes, "esses bandidos", estariam há muito a penar na prisão. 

Sendo certo que nem sempre a Justiça será justa, é com ela que se governa e com ela que supostamente funciona um Estado de Direito. Ademais, o que seria da coisa se todos os dias tivéssemos à porta dos tribunais pessoas enfurecidas em manifestação pela condenação dos seus familiares e amigos? 

Em todo o caso, todos sabemos que nisto de decisões do tribunal a coisa tem sempre muito pano para mangas e naturalmente há uma carrada de recursos disponíveis para ambas as partes, sendo que esta primeira decisão não deixa de ser um aviso sério à navegação, porque nem tudo pode servir de justificação, e um crime nunca justificará outro. Mas há quem pense que sim, invocando, em interesse privado, o "interesse público", esse matulão abstracto de costas largas que bem pode arcar com os  ódios e vinganças entre clubes.

24 de maio de 2019

Urgências

A freguesia de Guisande, verdade se diga, tem uma substancial extensão de passeios públicos em muitas das suas ruas. Uns mais antigos, outros mais recentes e ainda alguns já delimitados por guias mas ainda sem pavimentação. Sem fazer contas, terá um rácio passeios/extensão das ruas superior ao das demais freguesias da União.

Todavia, não obstante, uma grande parte desses passeios, sobretudo os mais antigos com pavimento em cimentado, estão já nalguns casos em muito mau estado, destacando-se aqui o passeio na Rua de Fornos, nomeadamente no troço oposto às bombas de gasolina da BP-Garagem Cruz de Ferro. Mas outros há em que são já autênticas ratoeiras capazes de provocar quedas a transeuntes menos atentos à caminhada. Alguns mesmo com caixas destapadas autênticas armadilhas. A juntar à fome, a miséria habitual da falta de limpeza das ervas e lixos, no que é já um mal crónico em toda a União.

É certo que o mau estado de conservação não reside apenas nos passeios, mas igualmente em algumas das nossas ruas, algumas delas, ou em troços delas, em estado deplorável. Exemplos da Rua do Outeiro, Rua do Jardim de Infância, parte da Rua Nossa Senhora da Boa Fortuna, Rua das Barreiradas, Rua de Santo António, Rua da Leira e outras mais, evidentemente algumas mais carecidas que outras. Infelizmente, quando fiz parte do executivo, apesar de identificar essas situações mais urgentes de requalificação e de ter feito o possível para que as mesmas fossem consideradas  e concretizadas, tal acabou por não acontecer, obviamente que para minha desilusão e impotência na decisão. Apesar disso, o mandato acabou com dinheiro a sobrar. Certo é que, já neste outro mandato, porventura menos apertado de finanças, todavia, ainda permanecem por reparar essas situações mais prementes, mesmo considerando que o actual mandato já vai quase a meio.  As perspectivas de que todas elas venham a ser contempladas a breve prazo e no actual mandato parece-nos ilusória, mas é ter esperança.

Em todo o caso, o executivo e na medida do possível com o apoio da Câmara Municipal terá que a breve prazo virar a sua atenção para os passeios já que de facto nalguns casos são por demais deploráveis e injustificados tal é o grau de deterioração, tanto mais em zona muito frequentada e com estabelecimentos comerciais à face. As necessidades na União de Freguesias são obviamente muitas e os meios financeiros insuficientes, mas há situações por demais evidentes no que se refere a mau estado e má imagem para além do perigo concreto que representam para os peões

Ainda no que toca a requalificação, continua-se a aguardar que se dê a devida importância à requalificação na envolvente da Capelo do Viso e ainda da igreja matriz até porque é um dos propósitos anunciados da Câmara Municipal, a requalificação dos centros cívicos das freguesias. Para quando? É esperar.

23 de abril de 2019

Poupar (não gastar) para sobrar

Está avisado, na próxima Sexta-Feira, dia 26 de Abril, a partir das 21:00 horas no edifício da Junta em Guisande vai ter lugar uma sessão ordinária da Assembleia de Freguesia. Um dos vários pontos na agenda de trabalhos refere-se a uma revisão do Orçamento para 2019 com o intuito, dizem, de integrar um substancial saldo que sobrou do exercício do ano anterior. Uma situação a confirmar.

Sabemos que, regra geral, as juntas de freguesia têm muitas dificuldades financeiras face ao volume de necessidades. A falta de pessoal e falta de dinheiro para um quadro mais alargado é outra enorme dificuldade. Não obstante, parece que pela nossa Junta da União de Freguesias, o dinheiro sobra, certamente que não por ser muito mas essencialmente por não se gastar.
De resto, foi também assim no anterior executivo do qual tomei parte, em que apesar das muitas dificuldades e obras por realizar, o mandato, mesmo que mais curto, terminou com um significativo saldo positivo, obviamente, para meu descontentamento e desilusão, porque muito ficou por fazer.

Regra geral, nunca foi positivo nem sinal de boa gestão gastar-se aquilo que se não tem (tal como fez a anterior Junta de Freguesia de Guisande, deixando a batata quente nas mãos de outros), mas também o contrário, não gastar o que se tem, mesmo que perante muitas necessidades, é igualmente sinal de deficiente gestão e sobretudo de falta de ambição, um pouco como a analogia da parábola dos talentos no Evangelho, em que há certos servos que com os talentos distribuídos pelo senhor os preferem enterrar  para segurança, dos que os fazer render a dobrar.
Em resumo, há saldos positivos que significam apenas uma mão cheia de nada.

25 de março de 2019

Dois meses sem "fumar"

É isso mesmo. Passaram já dois meses sem "fumar" no Facebook. Sem ressaca, sem sacrifícios. Contudo, não significa que um dia destes não volte a "fumar". Afinal, para além da muita "fumarada" tóxica que por lá anda, há ainda algum campo aberto e algumas, poucas, zonas sem "fumadores" onde ainda é possível respirar.
Em todo o caso, a juntar às desconfianças que pessoalmente tinha com a maior rede social do nosso planeta, as mesmas têm-se agravado. Ainda na semana passada assisti a um documentário iniciado agora no canal Odisseia sobre "As mentiras do Facebook", produzido com material inédito e entrevistas exclusivas, em que são abordados os recentes escândalos sobre a proliferação das “fake news” e dos discursos de ódio. Procura-se apurar se o Facebook é mais prejudicial que útil numa altura em que a rede é utilizada mesmo por agências governamentais (sobretudo Estados Unidos, China e Rússia), mesmo que não assumidas, para interferir em eleições, instalar e derrubar governos, despoletar revoluções e movimentos geo-políticos e sociais. 

Será, pois, essencialmente um mar de rosas, onde partilhamos as nossas vaidades e os nossos egos, ou um mundo escuro e perigoso em que já não se pode confiar, onde somos vigiados e sugados dos nossos interesses e perfis de consumo?
As respostas não são fáceis nem claras, tanto mais que por parte da empresa, a inoperância ou mesmo o desinteresse em combater e limitar os danos têm sido demonstrativos. E isso porque, apesar do seu já cansado slogan (um planeta mais e aberto e ligado), a verdade é que a missão principal é apenas empresarial e como tal, dela, o lucro. O lucro é a principal missão do Facebook. O resto, os milhares de milhões de utilizadores são apenas números e dados que valem dinheiro.

Face a isto, importa ter cuidados acrescidos na forma como nos relacionamentos com estas redes sociais já que, se não cuidarmos de nós, não é o Facebook e suas congéneres que o farão. É certo que não há muito a fazer, porque cada vez mais vigiados e manietados face à nossa dependência por estas tecnologias, mas ainda podemos, pelo menos, limitar os estragos. Uma forma de o fazer é deixar, mesmo que periodicamente, de frequentar essas salas de "charros" ou de "chuto" e não alinhar nem dar como certo e verdadeiro, enfim, comestível, tudo o que nos põem no prato com aspecto de saboroso.

A luz se apaga mais depressa do que se acende

Faz hoje, 25 de Março, precisamente um mês após eu ter escrito ( aqui ) um apontamento sobre a questão das deficiências na iluminação pública na nossa freguesia. Precisamente nessa altura, a título particular usei a ferramenta online da EDP Distribuição para dar conta de uma série de lâmpadas desligadas, fundidas ou avariadas. Certo é que apesar desse meu gesto de cidadania, passado o tal mês ainda nenhuma das situações então reportada foi corrigida ou reparada. É claro que com este tipo de consequência, é escusado perder tempo a dar conta de outras situações. É chover no molhado.

Não há volta a dar! Este tipo de empresas e a forma como funcionam (ou não funcionam) são formatadas para não dar respostas e os contactos são confinados a canais automáticos sem qualquer toque pessoal. A reclamar, reclamamos para uma máquina, para um algoritmo. Não têm quem fiscalize situações de avarias e remetem essa tarefa para os particulares mas, mesmo assim, são fracos a dar respostas e a reparar.

Assim sendo, continuamos parcialmente ás escuras e basta dar uma volta rápida pela freguesia para contar largas dezenas de postes com lâmpadas desligadas, fundidas ou avariadas, algumas em locais de bastante trânsito e mesmo em curvas e cruzamentos.

22 de março de 2019

Peão das nicas

Porque perto, e porque faz bem à saúde e à carteira, tenho ido para o trabalho a pé. Por conseguinte, mesmo sendo curto o percurso, atravesso pelo menos duas passadeiras de peões. 

Acontece que mesmo tomando todas as precauções e seguindo a velha recomendação do pare, escute e olhe, como nos ensinaram há muitos anos através de campanhas da Prevenção Rodoviária Portuguesa, ao atravessar as respectivas passadeiras tenho-me confrontado com situações de desrespeito por parte dos automobilistas. É verdade que uma das passadeiras, colocada em cima de uma curva fechada, não ajuda nada e é uma autêntica ratoeira, mas, em suma, a larga maioria dos automobilistas está-se literalmente a cagar para os peões e não surpreendem as recorrentes notícias de atropelamentos nas passadeiras, mesmo com consequências mortais.

É certo que importa aos peões cumprirem os procedimentos de segurança de aproximação e atravessamento, o que nem sempre se verifica, mas de facto constata-se esta falta de respeito quase generalizado por parte dos automobilistas. A educação rodoviária e sobretudo cívica nunca foram o nosso forte. Somos todos pilotos aceleras e com o pé pesado e uma vez ao volante, "...os peões que se fodam e tenham cuidado".

É o que temos.

6 de março de 2019

Fradinho das Caldas

Tendo recentemente actualizado o cabeçalho deste espaço, em que à esquerda aparece um simpático "Fradinho das Caldas" com o seu pirilau levantado, substituindo o anterior e ternurento passarinho colorido entre um ramalhete de rosas, perguntaram-me o simbolismo da coisa. Ora a resposta é precisamente essa, um mero simbolismo de um brinquedo ou figura típica portuguesa e de modo especial das Caldas da Rainha onde a cerâmica ou faiança tem tradições, nomeadamente a ligada ao artista Raphael Bordallo Pinheiro que em 1884 ali se instalou com a Fábrica de Faianças nas Caldas, "...revelando peças de enorme labor técnico, qualidade artística e criativa, desenvolvendo: azulejos, painéis, potes, centros de mesa, jarros bustos, fontes lavatórios, bilhas, pratos, perfumadores, jarrões e animais agigantados, etc. ". 

Quanto ao fradinho, não consegui apurar a sua origem e se ligada ou não a Bordalo Pinheiro, sendo que é um artefacto bem conhecido e popularizado como "Fradinho das Caldas" ou "Frade Malandro", mas sempre relacionados às Caldas e aos seus famosos "caralhos". Estes, os "caralhos", terão surgido no final do século XIX. "...Os primeiros modelos terão sido criados por uma tal de Maria dos Cacos, (barrista e feirante), e posteriormente por Manuel Mafra. Só depois, o humor de Maria dos Cacos e o naturalismo de Manuel Mafra foram recriados por Rafael Bordalo Pinheiro."

Perante a ousadia do frade, pouco condizente com a sua condição de homem religioso, não há quem não esboçe pelo menos um sorriso com a malandrice da coisa e com o seu hirto instrumento que surge inesperado, ou não, debaixo do seu modesto hábito.

Aqui o simbolismo é também e sobretudo de crítica à falta de irreverência (positiva e interventiva) que tem sido notória nesta freguesia. Não será de agora, mas mais de agora em que a gestão da freguesia anda por mãos alheias.
 Não faltam por aqui artistas ou mestres do palpite fácil, da crítica escondida, da sabedoria de quem tudo faz mas nada fez ou tentou fazer, e quase sempre em círculos fechados, entre comparsas. Já o assumir da coisa em espaços públicos, seja pela escrita assinada, seja pela faladura e principalmente pela acção, aí é que a coisa se acobarda. Por conseguinte, para esses o pirilau do simpático mas malandreco fradinho tem o simbolismo adequado que cada um pode interpretar a seu gosto. E há quem se ponha a jeito.

16 de fevereiro de 2019

Quando a dignidade vale a luta

Tenho, por vontade própria, estado afastado da rede social Facebook, com a conta desactivada temporariamente, pelo que só soube praticamente em cima da hora das cerimónias fúnebres, do falecimento do Sr. José Pinto da Silva, das Caldas de S. Jorge. Terá ido a sepultar na manhã de hoje. 
Não fosse uma casualidade de encontro com quem me deu a triste notícia e teria sabido apenas já depois de sepultado. Infelizmente, porque em cima da hora acabei por não participar no funeral, mas em nada diminui a memória, consideração e respeito para com a figura e personalidade.

Precisamente através do Facebook, onde o Sr. Pinto intervinha com regularidade e qualidade, soube pelo próprio que tinha tido nos últimos tempos alguns problemas de saúde, adicionados à debilidade da mesma,  que o remeteram para o hospital, pelo que de certa maneira foram factores que atenuaram a surpresa do desfecho.

Nunca tendo sido chegado, contactamos, falamos e opinamos as vezes suficientes para o considerar como amigo e pessoa de muita estima e consideração, activo, inteligente e um lutador por causas que considerava basilares. Que mais não fosse, porque celebrava o aniversário no mesmo dia que eu, 1 de Novembro.

Lembro-o sobretudo pela sua intervenção cívica e política. Pela verdade, transparência e rigor, travou várias lutas, uma delas relacionada com a verdade da cota máxima de cheia alguma vez registada e testemunhada no rio Uíma, nas Caldas de S. Jorge, que todos os anos relembrava em 24 de Outubro, dia em que em 1954 se registou a maior cheia de sempre na nossa zona, incluindo Pigeiros, Guisande, Caldas de S. Jorge, Lobão e Fiães.

Creio que apesar dessas muitas lutas, eventualmente, e de algum modo, terão sido de resultados inglórios, porque travadas contra quem detinha poderes de mandar e decidir, mesmo a de compor e enfeitar a verdade adequando-a a certos interesses ou propósitos. Não teria sempre a razão do seu lado, ou pelo menos toda, mas esgrimia como ninguém as suas convicções, sendo-lhe reconhecida a sua qualidade de discurso e de escrita. Também era com toda a naturalidade que reconhecia estar enganado ou equivocado quando se provasse o contrário, recuando, se preciso fosse, nos seus ímpetos.

Seja como for, foi um digno e nobre  lutador, qualidades que lhe honraram a vida e o perpetuarão na memória do tempo, sobretudo nos que lhe eram mais próximos.
Não duvido que tinha muitos adversários, alvos das suas lutas, alguns que agora certamente, deduzo, se apresentaram de gravata e semblante pesado nas cerimónias fúnebres, mas é justo que lhe seja reconhecida a nobreza e dignidade das suas variadas intervenções, mesmo nas mais inflamadas. Tivesse, Caldas de S. Jorge, Guisande ou outra terra qualquer, mais Pintos da Silva. 

Que descanse em paz!

11 de fevereiro de 2019

Significâncias

A expressiva vitória de 10-0 do Benfica sobre o Nacional da Madeira, em jogo de ontem ao fim da tarde, não tem nada de especial sob um ponto de vista de apenas números. Sabe-se que em futebol estes resultados, ou similares, acontecem. Não todos os dias, pois não, mas acontecem, principalmente quando a meio minuto de jogo já se está a perder. E se as diferenças de qualidade técnica e de orçamento entre Benfica e Nacional são notórias e de algum modo atenuantes ou justificáveis para o desnivelamento do resultado, ainda no mesmo dia de ontem, em Inglaterra o Manchester City aplicou 6-0 ao Chelsea, sendo equipas notoriamente parecidas no seu poderio técnico e económico. Por isso.

Creio que, como adepto do Benfica, mais significativo que o 10-0, é o facto do clube estar a jogar bem melhor, a recuperar nitidamente e sobretudo a dar espaço, lugar e tempo a jogadores da formação. Mais significativo é o facto de no mesmo jogo de ontem, se não estou em erro, ter feito alinhar sete jogadores portugueses. Como contrapartida, e também significativo, o rival F.C. do Porto por estes dias chegou a jogar sem um único português. 
Bem sabemos que estas significâncias pouco ou nada valem nos dias de hoje e os adeptos querem é títulos e campeonatos nem que os jogos sejam ganhos por 11 marroquinos ou 11 brasileiros, sem desprimor para estes.

Em todo o caso, face ao contexto económico dos clubes portugueses, que vivem na generalidade acima das possibilidades, seria positivo que mudassem alguns paradigmas, mesmo que com algum prejuízo desportivo no imediato mas certamente com vencimento de juros a médio e a longo prazo. Mas sim, é uma quimera e vai continuar a ser mais do mesmo. Significâncias, apenas.

6 de fevereiro de 2019

Você não tem um pingo de vergonha....

Agora José Mourinho, antes Cristiano Ronaldo. Ambos condenados por fuga de impostos. Ambos portugueses famosos, ambos tidos como cidadãos exemplares e embaixadores de prestígio de Portugal e dos portugueses. Ambos agraciados pelo Estado com a Ordens do Infante D. Henrique.
Ambos, porém, como canta a canção, deviam ter um pingo de vergonha e retratar-se aos portugueses e devolver as condecorações. A sua notoriedade e exemplo deviam servir como isso mesmo, exemplo. Mas não. A ganância também os tocou apesar de serem ambos detentores de enormes fortunas. Chega quase a ser ridículo para quem tanto tem e que mesmo assim procura fugir às suas obrigações.

Infelizmente, parece que tudo se lhes perdoa e não estou, de facto, a ver o presidente Marcelo a retirar-lhes as condecorações. Em nome do politicamente correcto a coisa vai ficar por aqui porque são ambos gente graúda e coisa e tal e os coitados nem sabiam que tinham ocultado os rendimentos.

 O português comum, que ganha o ordenado mínimo e cumpre as suas obrigações, porque o Fisco é impiedoso, forte com os fracos e fraco com os fortes, esse não tem condecoração nem é falado.
Em resumo, tudo uma palhaçada e uma enorme hipocrisia. Mas é disto que a casa gasta. Goste-se, ou não. Marcelo ainda se vai rir e fazer de conta que foi coisa de somenos importância, nada que belisque tão famosos portugueses. 

26 de janeiro de 2019

Se não for pedir muito...

Eu já nem sei nem quero saber o que tem a Junta da União de Freguesias previsto quanto a obras e a repavimentação de algumas das reles ruas da nossa freguesia de Guisande. Falar muito sobre isso seria chover no molhado e não será por aí que o profeta irá à montanha. Mas, se há alguma verdadeira vontade de por aqui se aplicar algum do dinheiro que nos calharia em sortes, por favor incluam as ruas ou parte delas que na altura própria, sem êxito, pedi que tivessem em consideração. Mas, mesmo que já fora desses palcos, relembro: Rua do Outeiro, Rua das Barreiradas, Rua do Jardim de Infância, Rua Nossa Senhora da Boa Fortuna (parte), Rua da Leira e Rua da Zona Industrial. Pelo menos essas, para não pedir muito, mas outras reclamam igual pão para a boca.

23 de dezembro de 2018

Mais vale tarde...

Da sessão da Assembleia da União das Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande, realizada esta sexta-feira, 21 de Dezembro, entre outros pontos, foi aprovada por unanimidade e aclamação uma moção a favor da reposição das freguesias extintas. Mesmo assim, com alguns "ses" ("...se isso for do interesse e vontade das respetivas populações."). No nosso entendimento, uma decisão algo tardia (já podia ter sido decidida em anteriores momentos onde se debateu o assunto) face ao que parece ser uma vontade comum e indisfarçável. Pelo menos quanto a Guisande, parece-nos, não sobra qualquer aspecto positivo que possa deixar dúvidas quanto ao prejuízo que resultou desta união de freguesias.
Em todo o caso, foi tomada a decisão certa e que devia ser tomada, e melhor ainda por unanimidade e aclamação, como de resto era expectável. Infelizmente, com algum pessimismo, porventura, a coisa irá dar em "águas de bacalhau", já que não estamos a ver o actual Governo a tomar esta decisão, pelo menos a contento de todos, que seria a reposição da situação anterior à cagada do Relvas.


MOÇÃO


Assunto: Pela reposição das Freguesias extintas da União das Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande

Por decisão governamental em período crítico do país foi decidido proceder à extinção de centenas de Freguesias no território nacional. Em Santa Maria da Feira foram 10 as Freguesias afetadas com tal decisão, tomada em prol e com o objetivo positivo de melhor servir as populações.
Este processo que também abrangeu a União das Freguesias de Lobão Gião, Louredo e Guisande, levou à eleição legitima e democrática desta Assembleia e Junta de Freguesia para servir a União.
É hoje colocado em questão se as extinções aprovadas na Assembleia da República trouxeram alguma mais-valia ou benefício para as populações ou para o concelho. Têm-se formado movimentos no sentido da reposição das Freguesias por considerarem que as extinções não beneficiaram as populações, o que, no entanto, não é facto comprovado, pelo menos no que diz respeito à nossa União.
Encontra-se em apreciação na Assembleia da República a eventual anulação parcial ou total das extinções feitas, por proposta dos partidos da maioria parlamentar.
Pese embora não seja ainda o momento ideal para esta Assembleia de Freguesia emitir uma posição  definitiva sobre o assunto, já que ainda não são conhecidos os requisitos, propósitos e elementos objetivos que possam levar à reposição parcial ou total das freguesias extintas, nomeadamente no que diz respeito a Lobão, Gião, Louredo e Guisande, a ASSEMBLEIA DE FREGUESIA DA UNIÃO, legitimamente eleita, declara nada ter a opor à reposição das Freguesias, se isso for do interesse e vontade das respetivas populações.

Pelo acima exposto, a Assembleia de Freguesia da União das Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande, reunida em sessão ordinária de 21 de dezembro de 2018, DELIBERA:

Ponto Único: Pronunciar-se formalmente no sentido de nada ter a opor à reposição das Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande, se isso for do interesse e vontade das respetivas populações e configurar os requisitos legais exigíveis para o efeito e ainda em decisão governamental e da Assembleia da República.

Lobão, 21 de dezembro de 2018. 

20 de dezembro de 2018

O estado do Estado


Rui Rio, secretário geral do PSD, recorreu por estes dias a um ditado e a uma quadra populares para retratar a governação de António Costa apoiada pelos parceiros Jerónimo de Sousa e Catarina Martins. Quanto ao provérbio, ou aforismo, diz que o actual Governo tem enganado os portugueses "vendendo gato por lebre".
Quanto à quadra, "rouba-a" a António Aleixo:“Para a mentira ser segura e atingir profundidade, tem de trazer à mistura qualquer coisa de verdade.” 

É certo que Rui Rio, a quem lhe é reconhecida assertividade, fala, todavia, no sentido que lhe convém falar, porque é líder do maior partido da oposição. Todavia, há no uso desta "sabedoria" popular alguma verdade ou, para quem pretenda fazer um retrato menos clubístico da coisa, pelo menos contém situações que dão que pensar. Isto porque, por um lado, é indesmentível que tem havido uma melhoria geral da situação económica e social do país, nomeadamente com a redução do desemprego, reposição de alguns cortes anteriores e retoma de algum poder de compra, ou pelo menos uma maior predisposição para o consumo, mesmo que no geral andemos a reboque da conjunctura internacional e europeia. Mas em contrapartida e por outro lado, assiste-se a sinais que, recorrendo novamente à sabedoria popular,  são autênticos "gatos escondidos com rabo de fora". E não é só no aumento brutal dos impostos indirectos, a electricidade e combustíveis mais caros da Europa, mas também as cativações cegas que têm limitado e mesmo colocado em suspenso muitas e muitas situações que têm a ver com a Saúde, Educação e Estado Social. Como exemplo prático e que nos diz respeito, a situação do Centro Social S. Mamede de Guisande que mesmo depois de ver aprovado o contrato programa com a Segurança Social e a partir dele a sustentabilidade mínima para o funcionamento da instituição, depois de muitos impasses, viu o mesmo ser arquivado por falta de verba, sujeitando-o a uma nova candidatura e dela a mesma incerteza. Como a nossa associação, muitas por este país fora.

Para além de tudo, temos comprovadamente um Estado que tem dado provas de não assegurar a segurança dos cidadãos. Os casos de Pedrógão Grande e dos incêndios de 2017, os casos dos furtos de armas em Tancos e na PSP, o abatimento trágico da estrada em Borba e agora as falhas no processo de busca e socorro das vítimas da queda do helicóptero do INEM, são apenas alguns exemplos mais mediáticos da falha do Estado e das suas instituições, mas muito mais há e  são evidentes a degradação e desinvestimento em sectores importantes como os transportes, hospitais, educação, etc.

Para além do mais, têm duplicado as greves no funcionalismo público, algumas de impacto fatal para a vida dos portugueses, como a greve dos enfermeiros e com ela o adiamento de cirurgias, mesmo num contexto de supostas reposições de direitos e regalias. Mesmo a greve dos estivadores do Porto de Setúbal dizem muito da precariedade ainda não resolvida por mais que apregoada. Dizem os média que as greves duplicaram mas a ter em conta os anúncios do que aí virá, a coisa vai triplicar ou mesmo quadruplicar até ao final do mandato. Manifestam-se professores, magistrados, enfermeiros, médicos e tudo quanto é empregado do Estado. Que se saiba, ninguém se manifesta em greve por estar satisfeito com a governação, ou será apenas um oportunismo de classes que veem neste Governo uma porca de 18 tetas a quem se pode chorar por mama? Ou um pouco de ambas as coisas? 

Assim vamos andando e não me custa a acreditar que se as eleições legislativas fossem já no próximo mês, António Costa correria o sério risco de ser prendado com uma maioria. Nós, os portugueses, no geral, somos boas pessoas e de bem e não nos importamos nada de ser enganados, desde que com mestria e um sorriso.
Há, pois, muitas dúvidas a pairar no ar e situações concretas a merecer pelo menos uma reflexão do que temos e podemos vir a ter.  Mas o mal de tudo, é que não há muito por onde escolher e rematando com outro provérbio, "quem está no inferno está por conta do diabo".

[foto: fonte]

3 de dezembro de 2018

Discrição


Tendo em conta a importância social do evento, tanto para a freguesia como para a União onde se integra, e mesmo para o município, pessoalmente esperava e acharia natural algum prévio enfoque e divulgação da benção oficial da nova igreja matriz da freguesia de Gião, em simultâneo com a festividade local dedicada ao padroeiro Santo André.  Até mesmo pelo valor acrescentado da componente arquitectónica e simbólica do edifício, o que por si só seria motivo maior. 
Admitindo que poderei estar enganado ou distraído na pesquisa que fiz, parece-me que não vi nada publicado, tanto nas redes sociais como nos espaços de divulgação locais, tanto dos jornais como até mesmo da Junta da União das Freguesias.
Passou, pois, um pouco ou muito ao lado. Numa época em que não faltam meios de divulgação, parece-me que ficou algo por fazer. É pena, digo eu, que não sou gionense mas sou da União de Freguesias.
Quando falhamos nas pequenas coisas é legítimo duvidar-se da capacidade de fazermos as grandes.

26 de novembro de 2018

Trancas à porta




Longe vão os tempos em que na aldeia saía-se para o campo, para o pinhal ou a qualquer outro destino das voltas do quotidiano e bastava encostar a porta, sem fechos nem trancas. É certo que pouco por ali ficava com valor que despertasse a cobiça dos amigos do alheio ou da curiosidade da vizinhança, mas havia respeito pelos proprietários e pelos bens dos outros, mas também muito medo do castigo por alguma tentação de furto.

Esses tempos, porém, como disse, vão longe e hoje em dia nem com trancas à porta, alarmes ou daqueles cães que nem o próprio rabo respeitam à fúria dos seus dentes. Rouba-se com a maior das naturalidades porque quase sempre encobertos, os artistas do gamanço, pela impunidade e pouca autoridade das forças ditas de segurança e ordem pública. O castigo, quando o há, é invariavelmente macio, quando muito com uma repreensão e umas horitas de trabalho comunitário que não se cumprem. Assim está em alta a gatunagem e para se viver com relativa  qualidade deixou de ser imperativo o trabalho sério e honesto.

Estas duas fotos, são assim significativas e emblemáticas do passado e do presente, do respeito e da falta dele, da autoridade e da falta dela. Mas o politicamente correcto não gosta destas comparações e prefere termos e conceitos bonitinhos e supostamente inclusivos e tem medo de chamar os bois pelos nomes e, mais do que isso, pegá-los pelos cornos. 
Assim sendo, como já se apregoava na Idade Média quando se tomava pela força das armas um castelo ou uma cidade, é fartar vilanagem!