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21 de junho de 2022

O deixa andar...

Hoje em dia não é politicamente correcto dizer-se que alguém é tolo, ou muito menos atrasado mental. E nem deficiente. Quando muito, e correndo riscos de más interpretações, devemos dizer que é alguém especial com particularidades especiais ou apenas algumas dificuldades mentais ou motoras. Ou seja, já não há tolos. Quando muito, toleirões.

Passe a questão da semântica, importa que cada um tenha o devido respeito, enquadramento e tratamento de acordo com a sua condição.

Não me parece é que seja acertado nem correcto que a alguém nessas condições, tudo se permita, num deixa andar à vontade a fazer o que lhe apetece, a causar danos a terceiros e ao bem público, sem qualquer controlo ou vigilância, seja parental seja institucional. Só porque é "especial" não se podem fechar os olhos.

Enquanto isso, enquanto quem tem responsabilidades nesta matéria andar a assobiar para o lado em nome do politicamente correcto, andamos para aqui feitos anjinhos a ver disparates que ultrapassam a razoabilidade.

De repente parece que não há autoridade nem autoridades. Uma espécie de anarquia do disparate em que este por mais grosseiro que seja, é desculpável porque é engraçadinho e feito por alguém "especial". 

Até quando?

16 de junho de 2022

Tá-se bem!

Numa certa freguesia, nas redondezas, parece que tem havido algum alvoroço sobre certas obras e delas um certo estado de coisas.

Feitas as contas, o "problema" dessa freguesia é comum a muitas outras: Há sempre quem se "revolte" com determinados estados de coisas, e contra eles ou por eles dê a cara e expresse publicamente o salutar pensamento, a opinião, o contraditório. Tenho admiração por essa gente por os considerar, de algum modo, meus pares. Mas pregamos no deserto.

Todavia, no geral, a maioria está-se a marimbar, para não dizer "cagar", para essas mesmas "coisas". 

No fim das contas, por mais certa que esteja a "prova dos nove", quem mais dá a cara e expressa publicamente a opinião, que fica registada (e há caçadores de registos a gastar tinteiros e a encher discos), é quem mais tem a perder e adquire o estatuto de "ovelhas ranhosas", os "sempre os mesmos". E queira-se ou não, isto faz mossa e desmobiliza. Às tantas, por tão domesticados, somos apenas mais "uma Maria que vai com as outras".

Mesmo que sem generalizar, porque há sempre bons e contrários exemplos, e enquanto os houver há ainda alguma esperança, as nossas queridas terras já são constituídas essencialmente por gente que segue as suas vidinhas, legitimamente, sem se ralar com questões comunitárias ou de cidadania. Nesse sentido, gente amorfa que entre muda e sai calada, que não aquece nem arrefece. Zeros à esquerda. 

Ora contra isto, contra esta dita "maioria silenciosa e caixeirinha", pouco há a fazer. No fundo é ela que, com maiorias absolutas ou resultados rés-vés Campo de Ourique", timbra e legitima quem decide por nós. Assim, perante esta legitimidade sistémica, dita democrática, pouco há a fazer para colorir o quadro. É comer e calar!

Num sentido mais nacional, que importa a confusão, degradação e caos do SNS e seus serviços de urgências? Daqui a 10, 20 ou 50 anos ainda vamos andar a justificar que o problema é estrutural, como se este seja um "bicho-papão" para o qual não há remédio quando, sempre disse o povo, que o que não tem remédio, remediado está. 

Enquanto isso, tomem lá uma maioria absoluta, governem ou desgovernem, que já pouco nos importa. Estamos no rebanho! Tá-se bem!

23 de maio de 2022

Parolamente baloiçando

 



Convenhamos que a moda dos baloiços colocados em locais altos com vistas deslumbrantes, pela generalização, é em rigor uma parolice bem à portuguesa. Já são centenas por todo o país e a coisa continua a crescer e de uma interessante novidade inicial está a transformar-se numa praga porque todos querem instalar um.

Mesmo os passadiços e os miradouros são já mais que muitos, mesmo em locais que até podem ser percorridos e visitados de forma natural pelos simples trilhos e caminhos. Até pontes são feitas onde não há essa necessidade.

Mas somos assim, de modas e exagerados, sempre à procura de sítios falados, porque onde vai um vão todos. 

Os defensores da coisa dizem que são uma forma de chamar as pessoas e dar-lhes-lhes a conhecer os muitos e belos sítios das nossas paisagens. É um bom argumento e de facto assim é, mas em rigor o que é que um baloiço acrescenta na maior parte dos locais? Um miradouro todo xpto, em madeira, gradil de ferro ou vidro, balançado sobre o vazio o que acrescenta à vista já possível em qualquer outro local na imediação? Não é uma redundância artificial e desnecessária? E quanto ao impacto nos locais e natureza com o excesso de pessoas, carros, motas, motos-quatro, bicicletas, jeeps e outros artistas da adrenalina? 

De resto em vários desses pontos, como no conhecido Baloiço da Serra da Boneca, em Sebolido - Penafiel, já tem havido problemas de excesso de pessoas e viaturas, com risco de segurança e impacto negativo, porque boa educação e civismo são qualidades um pouco arredadas de muita boa gente. Mesmo com a mudança do local para minimizar o impacto, os atropelos têm sido muitos, contornando-se e desrespeitando-se as recomendações dos promotores.

Mas a coisa não vai ficar por aqui porque os responsáveis por essas instalações sabem que as pessoas agem por impulso e vão atrás das novidades como moscas atrás daquela coisa e daí a tentação de instalar mais e mais é forte.

Agora, porque a cena do baloiço em si já não é surpresa, porque se vulgarizou, a novidade da coisa passa por montar cavalos de baloiço e mesmo uma velha bicicleta pasteleira instalada sobre uma plataforma metálica giratória no alto dos montes e penhasco para se rodar e escolher o melhor ângulo para a selfie, para mostrar aos amigos que se esteve ali.

O que virá a seguir? Uma casa na árvore, uma torre Eiffel de vidro, um porco com asas, uma drone disfarçado de unicórnio? 

O equilíbrio e o bom senso são as palavras chaves. As modas podem ser interessantes mas quando transformadas em pregas deixam de o ser. Quem não for capaz de gostar e usufruir dos encantos da natureza, nos seus diferentes aspectos, e procurá-la mas de forma natural, não será por lhe acrescentarem um baloiço ou um miradouro que a coisa será diferente.

Confesso que, mesmo pouco ou nada entusiasta, também já terei tirado uma ou outra foto no baloiço, porque acaba por ser da praxe quando por eles se passa, mas perante tanto exagero, haja alguma paciência. Afinal, a natureza deve ser desfrutada de forma, imagine-se, natural. 

Naturalmente!

Já sinto saudade do baloiço que nos tempos de criança montáva-mos no sobreiro do monte do Viso. Duas cordas, um fueiro, um empurrão e toca a subir às alturas. Nesse altura não era novidade.

13 de maio de 2022

Vamos ajudar o Fernandinho e a malta da bola


"De acordo com a edição desta semana do Expresso, a Autoridade Tributária declarou que Fernando Santos tem uma dívida de €4,5 milhões ao fisco. Em causa está a forma como o Selecionador Nacional recebe o salário da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).

Durante os anos de 2016 e 2017, o treinador terá recebido, através de uma empresa, €10 milhões da FPF, mas declarou e pagou IRS sobre um salário anual de 70 mil euros, que equivale a cinco mil euros mensais, encontrando-se em falta a tributação relativa ao restante montante. A referida empresa, chamada Femacosa, foi criada em janeiro de 2014 e serviria para encapotar o valor remanescente do salário de Fernando Santos. Também os treinadores-adjuntos terão utilizado o mesmo esquema para receberem os respetivos salários sem os declararem ao fisco na totalidade.[Fonte:A Bola]"

A coisa pode vir a dar em nada (até porque não importa mexer com a nossa querida selecção e com o nosso inestimável treinador que venceu o Euro e a Liga das Nações) e o Fernandinho até acabará por ter razão e receber o que acha que, indevidamente, pagou o reclamado pelo guloso do Fisco. 

Em todo o caso, o que espanta nesta gente do futebol profissional, mesmo em Portugal, é a facilidade com que recebe milhões. É mesmo gente de trabalho. Devem trabalhar as 24 horas do dia, domingos, feriados e dias santos e mesmo assim...

De algum modo dá pena, ou talvez não, perceber que os que fazem o povo, os que ganham salários mínimos ou pouco mais, lá vão todos contentinhos ver os jogos, comprar lugares cativos, acompanhar as equipas e a selecção, pagar a Elevens Sports e Sports TV, e entusiasmar-se com a coisa e com esses artistas que ganham balúrdios de milhões.

É assim mesmo. Ajudar quem precisa! Um bom adepto e sócio gosta de pagar, e quer lá saber se é para ajudar a pagar principescamente a alguém. Pelo contrário, se alguém lhe bate à porta a pedir uma esmola, é escorraçado ou, para não chatear, despede-se com uma moeda preta.

Quanto ao Fernandinho, se necessário for, faça-se um peditório nacional para o compensar. Afinal, porra, são 4,5 milhões e o homem precisa de comer, e depois do Qatar deve querer ir para a reforma e, como se sabe, a reforma neste país só é boa para malta da política e das armas.


[foto: Record]

6 de maio de 2022

Nos antigamentes

Nos antigamentes a criançada corria para a escola, corria para os campos, corria para os matos, mas corria  porque fazia parte do dia-a-dia de quem fazia pela vida a ajudar os pais e os manos mais novos. 

Corriam as crianças, e muito, nos recreios e em brincadeiras nos largos dos lugares, atrás de uma bola, de um cão, de um pau ou delas próprias. Jogos como o futebol, as escondidas, a cabra-cega, o caçador, o pica-pau, a macaca, etc, ajudavam a isso.

Mas vieram os tempos modernos e hoje ver uma criança correr, com sapatilhas da Nike e outras que tais, com roupinhas de marca, numas quaisquer provas, é obra e merece reportagem e fotos para o álbum de família e estampar nas redes sociais.

Nada a obstar, pois que o exercício físico é elementar ao corpo e à alma, mas a modernidade e a semântica das palavras tem destas coisas e todos os dias há anúncios de que a pólvora acabou de ser inventada. 

Uma criança a correr? Ufa! Olha que coisa mais fixe, mesmo incrível!

Deus no céu, Indáqua na terra

De acordo com o Correio da Feira, há dias, em reunião de Câmara, após consultar o relatório anual (2021) à concessão dos serviços de abastecimento de água e de saneamento no concelho de Santa Maria da Feira, elaborado por uma comissão de acompanhamento, o socialista Sérgio Cirino manifestou-se em desacordo, mostrando-se “perplexo” pela falta de inclusão da opinião dos consumidores no relatório. 

“Quem recebe os serviços são os consumidores. Apresentar um relatório à concessão que não inclui a opinião dos consumidores, parece-me manco”, considerou. “Estamos a falar do contrato mais complexo de execução que existe no Município e vejo um relatório que não tem nada de crítico. Não há análise crítica ao que está bem e mal, por isso este relatório deixa de cumprir com as suas funções. Deus no Céu e Indaqua na Terra, pois a Indaqua é o Deus do nosso Concelho. Se lesse uma publicidade ou brochura da Indaqua não era tão laudatória como este relatório, o que retira a sua utilidade. Deve ser solicitado um trabalho mais apurado”,

Ora eu não sei se é mesmo “Deus no Céu e Indaqua na Terra”, mas  face ao papel de concessionária e dela a exclusividade, é certo que à empresa parece permitir-se uma série de situações que nem sempre são as mais recomendáveis.

Ainda hoje, na Estrada Nacional 223, em Arcozelo - Caldas de S. Jorge, em plena curva fechada, uma equipa de manutenção da Indáqua, estava ali a fazer uma qualaquer intervenção, com o carro a ocupar meia faixa, apenas com uns cones a circundar a zona de intervenção e sem qualquer sinalização antes ou depois. O triângulo a alertar os condutores parece ser, assim, um pingarelho só exigido aos comuns mortais.

O facto de ser numa curva fechada e numa estrada de muito movimento realça a gravidade da coisa, mas aparentemente ninguém se incomoda. É o pessoal da Indáqua e para esses não deve haver regras, uma das vantagens do endeusamento.

Houvesse um acidente e grave...

29 de abril de 2022

O caminho da infância perdida



Era uma vez um caminho como muitos outros, sinuoso e largo quanto baste para nele transitar o carro-de-bois, essa importante máquina de simbiose de homem e animal, que ajudou a mover montanhas, a arrotear e a lavrar campos, a transportar milho, uvas, pasto, lenha, madeira, pedra e tudo o mais que importasse à sobrevivência de quem labutava no dia a dia no campo e na floresta.

Vieram outros tempos, outras capacidades, e o difícil tornou-se fácil, o longínquo chegou-se ao perto, o estreito alargou-se e assim esse velho caminho também foi ampliado nas suas costuras e de um carro-de-bois à justinha, poderiam agora passar grandes tractores e maiores camiões.

Mas, ironia, esse alargar, vestido de uma semântica chamada progresso, afinal não serviria de nada porque os campos há muito abandonados e ocupados por uma fila de enormes pilares de betão, os pinhais e matos desprezados e entregues aos incêndios e a urbanização dos sítios estrangulada pela burocracia dos PDMs definidos nos gabinetes. 

Desse ímpeto inicial, parecia que a coisa era para ser pavimentada e assim o povo de Cimo de Vila pouparia 2 ou 3 minutos caso quisesse ir ver a bola ao Reguengo. Pela poupança e comodidade, valia o esforço e o investimento. Mas até a bola deixou de rolar e o velho caminho, agora dito novo, continuou ali inoperacional na sua largura, sem pavimento cinzento que o aplainasse, sem trânsito, sem gente de Cimo de Vila para ir à bola.

Depois, numa magestosa manhã de Primavera vieram os construtores da auto-estrada que haveria de mutilar a amazônia cá do sítio e ali ao pé do campo da bola, vazio e deserto, montaram um estaleiro. Alguém ganhou com isso, dizem. Então essa gente de capacete nas cabeças, começou, por conveniência, a usar esse velho novo caminho e para nele transitarem dezenas de camiões e maquinaria pesada, aplainaram-no e parecia um tapete de barro e saibro. 

Foi assim durante  largos meses. Na altura falava-se que como compensação, essa gente das obras iria no final dos trabalhos pavimentar o dito cujo caminho novo. O tanas! Foi usado e abusado e ao contrário de uma mulher da má vida, a quem no final se paga pelo uso, o velho caminho, fodido a valer, nada recebeu em troca para além do abandono. Em pouco tempo voltaria a ser um caminho erodido pelas águas, um depósito de lixo, onde oficinas de carros, jardineiros e empresas de construção ali cagavam à tripa farra os seus dejectos. Tudo boa gente.




Pois bem, por estes dias voltei por ali a passar e no mesmo sítio onde há bem pouco existia uma pilha de pneus e lixos de uma qualquer oficina automóvel, encontrei ali mais uma descarga de lixo, essencialmente roupas e calçado de criança, mas também brinquedos.

Para quem vê estas coisas sem poética, era apenas um monte de lixo ali deixado cobardemente por alguém a coberto do lusco-fusco ou mesmo da noite, num caminho por onde ninguém passa a não ser raposas e texugos. Mas aquele lixo era mais do que isso, era nitidamente a memória de uma qualquer infância ali despejada, sem qualquer pejo ou constrangimento. Porventura cada um daqueles brinquedos tinha uma história a contar porque usado por uma ou mais crianças. Aqueles pequenos sapatos devem ter servido aos primeiros passos e passeios pela casa ou jardim. 

Tudo ali naquela anarquia disruptiva, num universo distópico. Com um pouco de atenção por ali ainda se ouviriam os primeiros passos, titubeantes, os choros, os risos, as algazarras infantis.


Poderiam ainda ser resgatados naquele inferno alguns brinquedos, em que alguns bonecos descompostos e desarticulados pareciam gritar em socorro a pedir que os salvassem. Às suas feridas, de nada lhes valeria aquela bisnaga de Betadine também ali deixada. 

Não os pude salvar, mas sempre lá resgatei um pequeno elefante cinzento, de tromba esticada como se o seu pedido de socorro soasse como uma trombeta nos últimos dias do Apocalipse. Está agora em casa, depois de um banho de álcool. Está mais sorridente e os seus dentes mais brilhantes e os olhos mais luminosos.

Chama-se Agrelas, lembrando o sítio onde esteve às portas do desprezo de uma infãncia da qual fez parte. A vida como ela é.

Entretanto, convinha que alguém que representa a nossa incapacidade colectiva mandasse limpar aquele montão de infância destroçada. Em nome do ambiente e da decência. Mas será sempre um caso perdido porque a seguir virá mais do mesmo, porventura lixo com outras histórias a contar.

19 de abril de 2022

Contrato de telecomunicações e azeitonas


Pois é, com o meu contrato a terminar no próximo mês, têm sido mais que muitos os contactos e propostas, tanto das próprias operadoras concorrentes como de agentes comerciais em nome delas. 

O curioso é que por parte da minha actual fornecedora e de há anos, a proposta seja a menos vantajosa quanto a condições e mesmo a mais cara, ultrapassando o valor do actual contrato, para além de que, dizem, só podem fazer melhor proposta para novos clientes.

Ou seja, para os bons e velhos clientes, que cumprem os contratos e pagam sem atrasos, a política é de desrespeito e desconsideração. É o que parece.

Seja como for, isto de optar pela melhor operadora e pela melhor relação de condições /preço é um cabo dos trabalhos para além de aturar os agentes com uma comunicação agressiva que procuram que as decisões sejam tomadas na hora. 

É como num restaurante pedir orçamento para uma refeição e os preços diferem conforme o número e o tipo de azeitonas da salada ou se o ovo é ou não passado dos dois lados. 

Uma das bases para comparar preços é obviamente que as condições sejam rigorosamente iguais. Ora isso, por mais que deixemos vincado o que pretendemos a quem nos contacta, é uma missão quase impossível pois um apresenta como opção azeitonas pretas, outro azeitonas verdes e outro nem uma coisa nem outra, sendo que descaroçadas e com recheio de pimentos . 

... contar azeitonas dá muito  trabalho.

4 de abril de 2022

Entretenimento


Por uma mera casualidade, numa busca online, percebi que há por este país fora vários estabelecimentos escolares de tipologia EB2.3, ou outras, designadas de Viso. Em locais como Vila Nova de Gaia, Porto, Figueira da Foz, Setúbal, Viseu. etc.

É claro que também tivemos a nossa saudosa Escola Primária do Viso, de Guisande. Teve um lindo passado mas um presente ausente e um futuro igualamente sem história. Não existe. Népias. Não fora o seu excelente aproveitamento e integração no Centro Social e provavelmente já o edifício não teria telhado, nem portas nem janelas.

Os motivos são conhecidos de todos e que emanam da baixa natalidade e políticas de centralismo que não se compadecem com lirismos de cada freguesia ter a sua escola. O centrão da educação a pretexto de poupança de recursos e de melhores condições transformou as nossas escolas nuns aglomerados certamente que com muita vida mas pouca ou nenhuma alma.

Nesta razia, vai sobrevivendo o estabelecimento de Fornos, como Jardim de Infância, mas mesmo esse com necessidade de crianças de outras freguesias. E mais coisa menos coisa, poderá seguir o destino dado às escolas da Igreja e Viso.

Por cá, apesar de toda esta fatalidade, do mal o menos porque fecharam a tasca em Guisande e mandaram os clientes para Louredo ou Lobão, relativamente perto, mas no interior do país, e mesmo num interior próximo, o encerramento de escolas foi um sangramento total e as aldeias tornaram-se ainda mais vazias e tristes e a caminho de se tornarem locais fantasmas.

No fundo, para este totobola conta o tal decréscimo da natalidade mas também, em muito, as décadas de más políticas ou pelo menos de desprezo total para com o interior. Por isso, quando por ora se fala em coesão territorial no mínimo, para não chorar, dá para rir.

Mas este é um assunto que diz pouco ou nada às pessoas. Nem na generalidade as preocupa sequer. Veja-se que tendo partilhado no Facebook um apontamento que escrevi aqui sobre a natalidade na nossa freguesia, como ponto de reflexão, não colheu sequer uma única opinião ou reacção. 

No fundo andamos todos por aqui entretidos com outras coisas e coisinhas e quem ousar reflectir e fundamentar sobre temas mais estruturantes ou mesmo mexer em certas feridas, feitas as contas só arranja lenha para se queimar. 

30 de março de 2022

Porreiro, mas nem tanto


Confesso que gostava de me juntar de forma extasiante áqueles que por aqui saúdam tão efusivamente o apuramento da selecção nacional de futebol para o Mundial do Qatar, que dizem que vai ser disputado lá para o final do ano, terminando já quase pelo Natal.

Todavia, foi um apauramento mais que esperado e só surpreende que tenha sido necessário fazer mais dois jogos caseiros com selecções medianas para carimbar a presença. 

O jogo de ontem com a Macedónia do Norte foi o que se esperava, um jogo fácil, tanto mais que a abrir com uma asneirada da defesa adversária que fez de jogador português. 

Sendo certo que o adversário tinha eliminado dias antes a Itália, de forma estrondosa e surpreendente, em nada acrescentou à valia da equipa. De resto quem viu o jogo com a Itália terá percebido isso. 

Aqui há uns anos o Gondomar foi à Luz eliminar o Benfica num jogo para a Taça e o Torreense às Antas, eliminar o F.C. do Porto, com um golo de um gajo chamado Oeiras, e tantos outros exemplos parecidos e, todavia,  não foi por aí que o Gondomar ou o Torreense se tornaram potências do futebol nem venceram a Taça nesses anos. Por isso, a Macedónia foi ela mesma: Uma selecção fraca apesar do brilharete de aqui ter chegado. De resto fosse o adversário de ontem a Itália e se calhar estávamos todos aqui a vociferar com a malta do Fernando.

Posto isto, parabéns à malta, estamos onde era suposto estar, era escusado cansar o pessoal com dois jogos extra, mas mais do que isso é exagero.

16 de março de 2022

Com as calças na mão e sem cuecas


Passam hoje 87 anos sobre a data (16 de Março de 1935) em que Adolf Hitler ordenou o rearmamento da Alemanha, violando então o Tratado de Versalhes que havia sido imposto após a derrota germânica na I Grande Guerra. Também foi introduzida a obrigação do serviço militar para a formação da Wehrmacht.

O que menos importa às novas gerações é a História, os seus factos no tempo e no espaço, mas, todavia, ela continua implacável e fria, sempre a dar-nos lições e a relembrar-nos, se não os caminhos que devemos seguir, pelo menos os que devemos evitar, concretamnete os que conduzem à guerra.

Mas chegados aqui, em pleno séc. XXI, quando se pensava que as guerras e guerrilhas eram só para os pequenos e instáveis estados do médio oriente ou África, como pretextos para as grandes potências entreterem os seus generais e experimentarem novas armas, e que a Europa vivia num ambiente de paz duradoura e virada para  a prosperidade, com a sua união económica cada vez mais alargada, ou mesmo com a NATO a estender-se a países que ainda há pouco andavam sob o jugo da URSS, eis que afinal tudo se subverteu. A loucura de apenas um homem e toda uma nação continental que lhe obedece cegamente e com isso a invasão, a morte e a destruição gratuita de um povo e um país, sem que os seus novos vizinhos possam responder, por questões políticas mas também por incapacidade militar, é demonstrativa que a força ainda continua a dar cartas.

Em resumo, a Europa há muito que vinha a desinvestir nas suas forças militares, no que parecia ser o caminho correcto, porque ainda vale a ideia de que é bem melhor e mais sensato edificar um hospital do que construir um avião de guerra, mas certo é que foi descendo as calças e agora foi apanhada com elas a meio das pernas e até mesmo sem cuecas.

Assim, em contraponto à data que aqui lembramos, temos já sinais de que a Alemanha, uma potência económica quase desmilitarizada, vai aumentar significativamente  os seus gastos no sector militar, incluindo a aquisição de várias dezenas de aviões F-35 aos Estados Unidos.  De resto este despertar também vai chegar a outros países como a Inglaterra, França e Itália e até mesmo ao nosso Portugal onde certamente os paióis de Tancos vão ser reapetrechados e dados mais brinquedos de "brincar" às guerras à malta das chefias castrenses.

Como se vê, as coisas tendem ao voltar  ao "normal" e como já estávamos esquecidos dos horrores das guerras mundiais, considera-se agora que, apesar de tudo, o único meio de dissuasão é precisamente o rearmamento. A paz por si só não se impõem porque basta um simples anormal instituído de chefe, mesmo que à força, pela ditadura e repressão, a derrube como a um castelo de cartas.

O mundo ocidental e civilizado tem assim que procurar assegurar a paz pelas armas, mesmo que estas ali esteja só como aviso. Não é o ideal, pois, não, nem nunca foi, mas ou isso ou a subjugação de todos ao desvario de um, dois ou três.

14 de março de 2022

Marcha lenta, lenta, lenta


Todos nós que circulamos na estrada e detentores de cartas de condução, sabemos e compreendemos a importância dos limites de velocidade. Já quanto ao cumprimento desses limites, em regra somos muito mal comportados e desse desrespeito residem muitos dos acidentes de viação e mesmo da mortalidade e ferimentos associados.

Posto isto, o que não faltam por aí são pilotos de Fórmula 1 e Moto GP, fazendo das estradas locais autênticas pistas e onde o limite é 40 circulamos a 60, onde é 50, vamos aos 80 e por aí fora, sempre de pé no acelerador.

De um modo geral o que está sempre em causa são os limites máximos de velocidade e de resto o nosso código da estrada apenas estabelece um limite mínimo para a circulação nas auto-estradas, no caso 50 Km.

Em contrapartida, para as demais vias de circulação, tanto dentro como fora das localidades, nada está estabelecido quanto a limites mínimos (admitindo que possa estar equivocado), existindo apenas a referência à proibição de marcha lenta por ela prejudicar a fluidez do trânsito, conforme o estipula o Artigo 26.º do Código da Estrada: 1 - Os condutores não devem transitar em marcha cuja lentidão cause embaraço injustificado aos restantes utentes da via. 2 - Quem infringir o disposto no número anterior é sancionado com coima de € 60 a € 300, se sanção mais grave não for aplicável por força de outra disposição legal.

Mas, reconheçamos, conforme está definida a questão da marcha lenta, dá interpretações subjectivas. De facto, uma coisa é um condutor que circula em marcha lenta por uma circunstância ocasional, devido a avaria ou outro motivo que possa ser considerado como justificado pelas autoridades, outra coisa é conhecer alguém que o faz de forma diária, corrente, reiterada, e durante largos quilómetros, não se desviando ou parando na berma de modo a permitir que o trânsito flua com normalidade.

Pergunto, pois, como é que as autoridades conhecendo estes casos (e quem os não conhece) continuam a permitir que alguém circule sistematicamente dessa forma sem as correspondentes coimas ou outra sanção, passando mesmo pela retirada da licença de condução?

Será preciso fazer um desenho?

11 de março de 2022

A hipocrisia é fodida...


Acredito que no recente caso de Mariana Mortágua (que acumulou regime de exclusividade na AR com programa remunerado na SIC), como aconteceu com o seu camarada Robles, ambos não pretenderam de má fé cometer qualquer ilegalidade. No fundo serão ambos boas pessoas e honestass quanto baste. E têm que mostrar isso porque enquanto figuras públicas são escrutinadas.

Todavia, o que irrita, neles e no seu BE - Bloco de Esquerda, é uma profunda hipocrisia nas lições de moral que constantemente estão a pretender dar a outros, nomeadamente à Direita, quando na realidade eles próprios têm telhados de vidro e mesmo que inadvertidamente também estão sujeitos a estas fífias. Ou seja, calha a todos, mesmo aos mais cautelosos.

Não basta, pois, vir de seguida fazer figuras de anjinhos, prontificando-se a regularizar, pois é o mínimo que se espera. É preciso um pouquinho mais, porventura menos hipocrisia e um boa pitada de humildade.

10 de março de 2022

Ad perpetuam rei memoriam


A sério que não gosto de partilhar e replicar "memes" que já andam por aí há cagalhiões de tempos pela internet, sobretudo pelo Facebook. Mas, mesmo assim, há coisas tão bem escavacadas e quase certeiras que apetece partilhar mais uma vez, ou mesmo guardar para "ad perpetuam rei memoriam".

Neste caso, o autor, que em rigor se desconhece, entre alguns naturais exageros e alguns números já desactualizados, acerta mesmo em muitas das situações elencadas em que supostamente pretende criticar os paradoxos e contradições do nosso Estado, do português, pois claro.

Agora é moda, não faltam sites de verificação de factos (Fact Checks), que se especializam em descobrir as caraceas de muitas notícias e mensagens, mas, sob pena de andar distraído, certo é que ainda não vi o conjunto de afirmações partilhadas abaixo serem devidamente analisadas e comprovadas ou desmontadas. Pessoalmente analisei algumas que batem certo e outras são tão evidentes que dispensam qualquer fact-check.

Segue-se, pois, uma boa lista de paradoxos e contradições tão próprias deste nosso querido Portugal.


 -Uma adolescente de 16 anos pode fazer livremente um aborto mas não pode pôr um piercing. 

- Um jovem de 18 anos recebe 200 € do Estado para não trabalhar; um idoso recebe de reforma 236 € depois de toda uma vida do trabalho.

-O marido oferece um anel à sua mulher e tem de declarar a doação ao fisco; O mesmo fisco penhora indevidamente o salário de um trabalhador e demora 3 anos a corrigir o erro.

-Nas zonas mais problemáticas das áreas urbanas existe 1 polícia para cada 2000 habitantes; o Governo diz que não precisa de mais polícias.

-Um professor é sovado por um aluno e o Governo desculpa-se que é das causas sociais (O professor defende-se e é´considerada  agressão ao aluno e é suspenso ou demitido)

- O café da esquina fechou porque não tinha WC para homens, mulheres e empregados. No Fórum Montijo o WC da Pizza Hut fica a 100 mts e não tem local para lavar mãos. (onde está a ASAE?)

- O governo incentiva as pessoas a procurarem energias alternativas ao petróleo e depois multa quem coloca óleo vegetal nos carros porque não paga ISP (Imposto sobre produtos petrolíferos).

- Nas prisões são distribuídas seringas gratuitamente por causa do HIV, mas é proibido consumir droga nas prisões!

- Um jovem de 14 anos mata um adulto, não tem idade para ir a tribunal. Um jovem de 15 anos leva um chapada do pai, por ter roubado dinheiro para droga, é violência doméstica!

- Militares que combateram em África a mando do governo da época na defesa de território nacional não lhes é reconhecido nenhuma causa nem direito de guerra, mas o primeiro-ministro elogia as tropas que estão em defesa da pátria no Kosovo, Afeganistão e Iraque, entre outros locais.

- Começas a descontar em Janeiro o IRS e só vais receber o excesso em Agosto do ano que vem, não pagas às finanças a tempo e horas e passado um dia já estás a pagar juros.

- Fechas a tua varanda e estás a fazer uma obra ilegal, constrói-se um bairro de lata e ninguém vê.

- Se o teu filho não tem cabeça para a escola e com 14 anos o pões atrabalhar contigo num ofício respeitável, é exploração do trabalho infantil,

- Se és artista e o teu filho com 7 anos participa em gravações de telenovelas 8 horas por dia ou mais, a criança tem muito talento, sai ao pai ou à mãe!

-Numa farmácia pagas 0.50€ por uma seringa que se usa para dar um medicamento a uma criança. Se fosse drogado, não pagava nada!

Divulgada a lista, posso facilmente eu próprio arranjar mais uma série de boas contradições, mas fico-me por por apenas mais algumas sob pena de se tornar fastidioso:

- No PDM de Santa Maria da Feira, a zona do Monte de Mó era uma ampla extensão de zona verde abrangendo território de Guisande, Romariz, Vale e Louredo, onde não se podia edificar um curral ou um galinheiro; Actualmente passa lá uma auto-estrada e existe uma subestação eléctrica e uma plantação de postes e torres metálicas. Um parque electromagnético um bocadito maior que um curral de ovelhas, diga-se.

- No licenciamento de uma habitaçáo reprova-se o projecto por uma soleira ter 3 cm quando devia ter 2 e nas instalações do Tribunal da Feira, as soleiras têm 15 cm, e na larga maioria dos edifícios de serviços públicos pelo país fora  não são cumpridas as regras impostas aos privados.

- Em Santa Maria da Feira, há pessoas que dispensavam as ligações e fornecimento de água e esgotos e são obrigadas a tê-las e a pagá-las, mesmo não as usando; Em contrapartida há pessoas que gostariam  de ter e ser servidas pelas mesmas redes mas a concessionária não as realiza. Em Guisande há situações dessas.

- Em Santa Maria da Feira há utilizadores que pagaram forte e feio pela instalação das ligações às redes de águas e esgotos e a partir de determinada altura deixou de ser obrigatório para os demais, não sendo ressarcidos os primeiros. Uma exemplar democraticidade e direito constitucional de igualdade.

- Atrasei-me num dia no pagamento do IUC (imposto de circulação) e na volta do correio já paguei a coima; Fiz um serviço de perito avaliador para um Tribunal e só recebi os honorários ao fim de quase dois anos, sem qualquer juro de mora e sujeito a IVA e IRS.

- Fui alvo de roubo de uma conta em serviço de vendas, cujo ladrão procurou vender em meu nome, de forma enganosa, um bem móvel. Fiz queixa às autoridades e mesmo disponibilizando dados e contactos (telemóvel e conta bancária) do larápio, as autoridades nunca o procuraram nem incomodaram e a mim convocou-me várias vezes de forma intempestiva e autoritária para ir prestar declarações à sede da Judiciária ao Porto. De vítima a criminoso, acabei por desistir da queixa.

E fico-me por aqui. A lista de contradições seria longa.

9 de março de 2022

Estupidamente desconsiderado


Há alturas na vida em que damos o tempo como completamente perdido. De forma estúpida, inútil. Mais valia estar a contar formigas como bem gostava o outro.

Ontem, no Tribunal da Feira, convocado como testemunha, para as 09:15 horas, depois da chamada, seguiu-se uma espera de três horas ao frio ou num espaço com pouca comodidade. 

Já à hora do almoço, quando já se sentia o aroma dos refugados nos restaurantes da Feira, informaram-me que afinal não ía haver prestação de declarações nem julgamento e que ficaria adiado para um qualquer dia do próximo mês de Maio. Que tomasse nota que já não gastariam dinheiro na carta e no selo.

Obviamente um sistema de "caca" que literalmente abusa das pessoas e brinca com o seu tempo. Quando se faz com antecedência um agendamento nada justifica que a testemunha presente não seja ouvida. E sim, estas coisas não acontecem por acaso nem devido a um terramoto, incêndio ou a um ataque terrorista às instalações, mas porque é da norma, da praxe e por isso recorrente. Adivinhar um novo adiamento de uma sessão é tão lógico e natural que aceitamos estas coisas como uma inevitabilidade.

Ninguém, em rigor, quer que estas coisas melhorem ou sejam mais eficientes. É assim mesmo. Está-lhes no sangue. Convém que a máquina trabalhe devagar, devagarinho. Quanto às pessoas e ao seu tempo perdido de forma estúpida e inútil, que aguentem que isto é um Estado de Direito. 

7 de março de 2022

RTP - Serviço público?


A RTP, o canal público de televisão, celebra nesta data de 7 de Março de 2022, 65 anos de emissões regulares.

O conceito de serviço público associado à RTP não é consensual e cada pessoa que pensa dá a sua sentença. Pela minha parte, considero que, sobretudo o Canal 1, extravasa em muito o que deve ser um  serviço público. Deve restringir-se aos conteúdos institucionais, informação de qualidade, isenta e independente da voz do dono, que são os sucessivos governos, e ainda com uma forte componente cultural e científica, maior ênfase às realidades locais e regionais e sua divulgação. 

Tudo o que é entretenimento está a mais, sendo apenas mais do mesmo e concorrencial às televisões privadas. Há um excesso destes programas, incluindo os de "encher-chouriços" e pimbalhadas. Mesmo séries de ficção apenas se justificam aquelas com contextos históricos.

Publicidade, não se justifica de todo e deveria ser apenas institucional.

Mas, admito, este modelo de serviço público de televisão que advogo não é o que colherá um maior entusiasmo, porque à volta da RTP orbitam demasiadas estralas do mundo do entretenimento e enchimento de chouriços. Temos assim uma RTP 1 pejada de entretenimento, de manhã à noite, como se entreter o país e distrair as salas de espera, seja um imperativo de serviço público.

Vamos, pois, continuar a fazer de conta que temos um bom serviço público de televisão, mesmo que, enquanto contribuintes, sejamos cobrados pelos impostos e pela taxa de audiovisual, ou que isso queira significar. 

Já fostes! É um espectáculo!

Direito enviezado


Sejamos claros: Em rigor vivemos não num Estado de Direito mas, quando muito, num Estado de Alguns Direitos, onde quem tem dinheiro melhor aproveita os meandros da Justiça a seu favor. 

Podíamos estar aqui o dia todo a enunciar casos e exemplos, mas, por ora, apenas um: Uma pessoa é arrolada como testemunha num qualquer processo, muitas vezes sem nada saber sobre o mesmo e assim, sob pena de multas, coimas ou mesmo condenações, fica obrigada a comparecer a Tribunal, tantas vezes inutilmente porque tantas vezes as sessões são adiadas. Este é o "pão-nosso-de-cada-dia" da nossa lenta Justiça.

Por outro lado, todo o stress, incómodo e prejuízo não são compensados. A lei prevê que se possa pedir uma compensação pelas despesas de deslocação, é certo, mas o valor pago é simbólico e com valores determinados que obviamente não são ajustados em função de alguns factores, desde logo a constante variação dos preços de combustível.

Por outro lado, sendo certo que a lei prevê ainda que uma falta ao trabalho, devido a uma presença no tribunal como testemunha, seja considerada justificada, e como tal não perde o correspondente venciamento, em rigor é penalizada a empresa já que esta tendo que pagar ao trabalhador ausente, não recebe qualquer compensação do Estado. Para além de que, em muitas empresas fica em causa o prémio de assiduidade o qual não é pago. 

Por este simples exemplo, factual, assim se caracteriza este nosso Estado de Direito, por vezes tão enviezado. 

25 de fevereiro de 2022

PCP - No reino da foice, a clareza foi-se


A propósito da bárbara invasão da Rússia à vizinha e irmã Ucrânia, impressiona que em pleno séc. XXI o Partido Comunista Português ainda tenha posições dignas do tempo da guerra fria, não condenando directamente e sem mas, nem meios mas, a invasão da Ucrânia. Da China, outro país onde a Democracia não respira de todo, percebe-se que tenha uma posição alicerçada nos seus interesses económicos e estratégicos e por conseguinte não condene a Rússia. De resto tudo indica que esta invasão tinha à partida o "fechar-dos-olhos" da China, já que com a aplicação das sanções, será o gigante asiático a minorizar o impacto.  Daí que nada se espere e o discurso monocórdico é sempre o previsível. 

Já quanto ao PCP, ainda ontem em programa televisivo, um dos seus dirigentes, Bernardino Soares, numa posição que corresponde à do partido, por desfastio e para não desacertar o passo do mundo, condenou a invasão mas... sempre um mas, um todavia, um porém,  condena com mais veemência a Europa e sobretudo os Estados Unidos. É velho o preconceito dos comunistas contra os Estados Unidos, até mesmo um ódio de estimação, mas custa a perceber que um partido em regime democrático, critique suavemente e com muitas reservas um país gerido por uma oligarquia totalitária onde os conceitos de democracia são um faz-de-conta, totalmente subvertidos, onde se muda a constituição para se perpetuar o poder, onde a oposição é perseguida, aniquilida e condenada, e por outro lado se  tenha a lata de condenar um país democrático e que neste caso particular, que se saiba, neste caso não é invasor, de resto até numa posição de fraqueza.

Também concordo que a política externa dos americanos tem tido muitos erros e alguns graves, e não são inocentes em muitas merdas que têm feito, mas neste caso pretender  o PCP desagravar ou mesmo ilibar o invasor, de uma guerra sem a mínima justificação, e condenar quem está de fora parece algo surreal.

Assim, para o PCP  qualquer crítica aos antigos camaradas da guerra fria, é como comprar não um biquini com duas peças inseparáveis, mas apenas um monoquini: Utiliza a cuequinha para tapar o traseiro do camarada  mas não utiliza a outra peça, de modo a destapar as maminhas da democrática América.

Mas, como diz alguém, dali não se espera nada de novo, de resto é uma posição que não conta para o totobola de tão previsível que é. Como se costuma dizer, se uma árvore dá pêssegos, então é um pessegueiro. Ou, utilizando um provérbio tão caro ao camarada Jerónimo, a crítica à Rússia, a Cuba, Venezuela, China ou Coreia do Norte, para o PCP é como manteiga em nariz de cão. Numa lambidela lá se vai.

23 de fevereiro de 2022

O cagaço de chamar os bois pelos nomes


Creio que todos nós, mais ou menos atentos às notícias, fomos informados por estes dias das agressões brutais a pessoal do Centro de Urgências no  Hospital de Vila Nova de Famalicão, perpetradas, segunda a imprensa generalista, por um grupo de pessoas (entre 10 a 20 indívíduos), em plena madrugada, de forma gratuita, sem qualquer motivo. Os agressores fugiram antes da chegada da polícia que alertada para o incidente, deve ter dado umas curvas pelo bilhar grande pois chegou já muito depois do crime a ponto de niguém identificar e muito menos deter. 

Livraram-se, quiçá de, também eles polícias, ser agredidos a pontapé e a murro e sem poderem usar dos meios adequados incluindo o uso da força. O histórico de condenações e processos disciplinares a agentes policiais que apenas exerceram o que deles se esperava, é suficiente para "amolecer"  o dever da autoridade. Assim, compreende-se que tenham chegado depois do pó assentar. Temos, pois, uma polícia "coninhas" à medida de um país de moles e brandos costumes.

Ora o que a nossa imprensa politicamente correcta e amestrada pelos apoios estatais não disse, é que o tal grupo de pessoas  afinal de contas era uma manada de valentes ciganos que ali pela calada da noite  quiseram fazer justiça à sua maneira agredindo de forma violenta e gratuita  enfermeiros e um segurança, para além de danos causados nas instalações. Ao que parece apenas esperavam que a mulher que acompanhavam tivesse um atendimento rápido e priveligiado. Não o sendo, como os demais, partiram para a violência.

Já se desconfiava. Afinal, estes episódios envolvendo esta gente anónima, pacífica e bem integrada, são mais que muitos. Onde vai um vão todos. Se um pinheiro dá pinhas, deve ser mesmo pinheiro. Mas para a nossa imprensa, um pinheiro é uma árvore que dá bananas.

Assim vão indo as coisas. Não podemos nem devemos generalizar, como em tudo, é certo, mas estas situações envolvendo grupos da referida etnia são mais que muitos e com uma impunidade de bradar aos infernos. Mereceria a atenção devida de quem manda, mas os nossos políticos são no geral uns valentes conas mansas ou pilas moles e por isso, ressalvando a misogenia da coisa e sem ofensa, temos o que merecemos. A maioria, como o algodão, não engana.

É disto que a casa gasta e depois surpreendem-se que chegue o Chega e facilmente seja a terceira força mais representada na nossa democrática Assembleia da República e com pernas para andar.

Este nosso cagaço de não chamar os bois pelos nomes, de não identificar os ciganos como ciganos, mesmo quando eles se orgulham de o ser, sob pena de sermos apelidados de xenófobos e intolerantes, irrita e revela em muito o sentimento de impunidade de que gozam certas franjas na nossa sociedade. Assim não! A integração também passa pela aplicação da Justiça, sem paninhos quentes.

Já agora, por andam os tais noventa e muitos marroquinos  dos que têm dado à costa dourada dos algarves e andam por aí livremente, já não localizáveis e sem qualquer controlo das autoridades? Ainda estão por cá, ou já deram de frosques?

14 de fevereiro de 2022

Salgalhada


A valente pouca vergonha que assistimos no estádio do Dragão no final do jogo de futebol entre F.C. do Porto e Sporting, na passada Sexta-Feira à noite, cujo resultado final deu um empate a 2, é uma imagem caracterizadora do nível do nosso futebol. De resto é um filme com muitos remakes e a fazer lembrar velhos métodos e outros episódios.

Independentemente de quem possa ter a maior dose de responsabilidade, parece claro e indesmentível que todos estiveram mal. Ouvindo as posições das partes, ambas clamam ter razão e os bandidos estão do outro lado e vice-versa. Já há promessas de queixas crimes em ambos os lados. Ou seja, todos sentem que têm razão.

Nas televisões parece que quem fala mais alto é que é o dono da verdade, como o burjesso do Rodolfo Reis na CM TV, que aos berros ajuizou que o incendiador-mor fora o guarda-redes do Sporting, que terá insultado os aclmos adptos portistas e dito das boas nas orelhas do impoluto defesa central do F.C. do Porto, que já depois do apito reclamava um penalti salvador e que desse a volta ao texto do resultado. Pepe, esse exemplar jogador de uma correcção a toda a prova e que em toda a sua vida de futebolista nunca viu um cartão amarelo ou vermelho nem nunca agrediu um adversário. 

Ora neste sacudir de responsabilidades, com jeitinho ainda vão apurar que as mesmas são do Benfica, do Tondela, do Santa Clara ou até do Cesarense. Que se ponham a pau.

Quanto ao apuramento de responsabilidades e castigos em propoção, é esperar e ver, mas para além dos castigos aos jogadores que levaram cartão vermelho naquele bacanal, pouco mais se espera. De resto, nestes dias imediatos à batalha, as pessoas com responsabilidades no nosso futebol, da Federação à Liga, têm estado remetidas ao silêncio. Até o professor Marcelo que fala pelos cotovelos sobre tudo e sobre nada, e que condecora a direito qualquer feito desportivo, deveria também vir a público dar mais uma lição de portuguesismo. Fica-se à espera. Até lá, tudo vai bem no reino de sua majestade.