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29 de dezembro de 2019

Não há como a liberdade de expressão para se poder dizer..."a puta da liberdade de expressão"

A puta da liberdade de expressão tem umas costas bem largas. São com um canivete suiço, que dá para tudo. Não surpreende, pois, que à custa e em nome dela se ultrajem e ofendam gratuita e banalmente muitos dos valores tão caros a largos milhões de pessoas, como o caso da religião.

Não quero perder tempo com o falado caso do humor dos brasileiros "Porta dos Fundos", mas digo que sempre foi demasiado fácil banalizar, brincar e mesmo ofender valores e figuras ligados ao cristianismo e catolicismo do que de outras grandes religiões. Por isso, quando, mesmo que isoladamente, surge a reacção violenta, aqui-del-rei para a intolerância de quem não encaixa a brincadeira.

Ainda, hoje, num jornal diário, que compro com regularidade, mas que vou deixar de comprar, porque não quero contribuir para a alarvidade, voltou à carga com um cartoon que tem tanto de oportuno como de ofensivo, porque do género, - "não gostaram? então, olhem para mim cheio de medinho, e aqui vai mais do mesmo!" Foi de uma maneira ridícula e impregnada de clichês, mas poderia ser até de forma pornográfica que a liberdade de expressão lá estaria a servir de almofada.

É este humor rasca que é condenável, porque despropositado e ofensivamente gratuito.
Poderiam brincar com a mesma facilidade e alarvidade com as figuras do islão, mas aí, porque em casos semelhantes, a coisa deu para o torto, pode-se concluir que muitos humoristas gostam de humorar debaixo da liberdade de expressão, mas por regra, têm medo porque têm cu, e mal por mal, antes brincar e gozar com algo ou alguém de quem não se espera alguma reacção fundamentalista que possa por em risco as suas vidas.

Enfim, sinais dos tempos em que o respeitinho tem o mesmo valor da merda e em que a única arte é ofender e provocar, de forma provocadora, pois claro.

23 de dezembro de 2019

Sem rodriguinhos...

Goste-se ou não do André Ventura e, por arrasto, do seu CHEGA, há aspectos do seu discurso que parecem óbvios. Muito do que ele diz, mesmo que temperado exageradamente com o molho"isto é uma vergonha", é de facto algo que incomoda os habituais residentes da Assembleia da República, porque são, numa analogia com o que acontece por vezes no futebol, e sobretudo de proximidade como o de salão, como umas boladas certeiras nos tomates, em que os atingidos ficam a eles agarrados num misto de ridículo, dor e incapacidade de reacção. 

Que o diga Ferro Rodrigues, que apesar do seu apelido metálico, mostrou-se sensível às boladas certeiras, mostrando-se dorido dos seus tintins, a ponto de pretender que o André Ventura desvie a pontaria. Ora Ferro por acaso até já sabe do que é pontapear adversários,  pois na anterior oposição fartou-se de rematar boladas certeiras nos tomates de Passos Coelho e seu Governo, precisamente invocando a "vergonha". já para não falar dos tiros certeiros apanhados em escutas telefónicas no âmbito do já silenciado caso "Casa Pia" que o deixam muito mal na fotografia de moral e credibilidade.

Muito do que o André Ventura diz e defende, não agrada, de todo, à maioria da restante Assembleia, porque está a tornar-se a pedra no sapato, o cabelo no esparguete, o grão de areia na engrenagem, a cagadela de pulga no colarinho. Por isso, os pregadores e moralistas da tolerância e inclusão, têm dado bons exemplos disso ao ostracizar o deputado do Chega como se pensar e dizer diferente seja um mal da sociedade, como se o extremismo de direita seja diferente do de esquerda e vice-versa. Nada que o incomode pois já disse que não está na Assembleia para fazer amigos.

A nossa classe política do politicamente correcto não gosta das verdades ditas tão frontalmente, pois não, e o que o Ferro Rodrigues fez, sem rodriguinhos, foi tentar abafar a coisa, castrando a liberdade de palavra e expressão. Pessoalmente, sem me rever em muito do que diz e defende o André Ventura, acho que a palavra vergonha deve ser dita tantas quantas vezes for necessária e se justificar e que todos aqueles meninos de coro que há longos anos habitam o Palácio de S. Bento são tudo menos virgens, muito menos a ponto de se ofenderem. 

Não surpreende, pois, que as sondagens digam que se as eleições fossem hoje o Chega teria muitos mais votos e mesmo mais deputados. Isto porque o populismo pode ser ele próprio e apenas assente numa fácil demagogia mas em larga medida corresponde aos problemas que as pessoas identificam e que sentem que a classe politica do status quo não lhe dá resposta porque muitas vezes atados ao politicamente correcto e aos interesses  quase corporativistas dessa mesma classe que se auto-alimenta, premeia e subsidia vitaliciamente. E o descontentamento não está expresso nas escolhas de quem com mais ou menos vontade ou dever clubístico vai votar em partido A ou B, mas sim na maioria, nos abstencionistas, nos que, à moda do Sérgio Conceição, se têm cagado para esta classe politica, previsível e incapaz de limpar as fossas da nossa sociedade e dos seus sistemas. Os deputados do sistema não gostam de André Ventura pois temem que uma grande parte dessa massa abstencionista se lembre que, mal por mal, talvez valha a pena votar no CHEGA porque se um André incomoda muita gente, vários andrés incomodarão mais.

Assim sendo, os Andrés Venturas e os Chegas terão sempre campo vasto para lavrar e combustível para queimar enquanto a tal classe política politicamente correcta não for capaz de dar respostas a muitas das questões e problemas que importam às pessoas.

Por tudo isso, estão há muito a pôr-se a jeito. Lá isso estão!

18 de dezembro de 2019

Desportivismo? Pois, pois....


Desportivismo não é a mesma coisa que desporto e vice-versa. Porventura o desporto não tem que ser desportivista, mas é quando ambos se conciliam que o desporto assume a sua principal importância.

Há muito que o desporto, sobretudo em certas competições de carácter profissional. deixou de ser desportivista, mesmo que os "players" usem o conceito à troxa-moucha, à mistura com o tão propalado "fair play".

Tomando como exemplo o futebol, no mínimo dá para rir, já que se tende a castigar episódios de supostas atitudes de racismo e xenofobia, algumas com foros de ridículo (como o caso do castigo a Bernardo Silva - futebolista do Manchester City, na sequência de uma brincadeira entre colegas).
Mas depois, pasme-se, as organizações à volta deste futebol, como confederações, federações, associações e ligas, promovem tudo menos igualdade e princípios de iguais direitos nas competições. Há assim os potes que crivam a suposta qualidade dos clubes e selecções, há os sorteios condicionados, há, como no caso da Taça da Liga, um formato que afunila os principais clubes para a chamada "final four", protegendo-os de excesso de jogos  e há as situações em que, como agora no Mundial de Clubes, os principais clubes que não se sujeitam aos jogos iniciais, reservando-se para as meias finais. Teremos assim o Flamengo (apurado ontem), como, eventualmente, o Liverpool, na respectiva final com apenas um jogo ao passo que os demais clubes se sujeitaram a mais jogos. Isto sim, é competição democrática com as equipas a terem os mesmos pressupostos e as mesmas circunstâncias e oportunidades. 

No fundo, mais que desporto e desportivismo, estamos apenas com um mercado e negócio que gira apenas e somente em torno do pilim, do cacau, do ferro. O resto, o desportivismo, o fair-play, a democracia competitiva e outras tretas não são mais que bolinhas brilhantes a enfeitar a árvore para ofuscar papalvos. Mas todos nós, consumidores, não somos mais que isso.

14 de dezembro de 2019

Galochas e guarda-chuvas


Visitei hoje, pela primeira vez, o Continente - Bom Dia, em Canedo. Para além da novidade e curiosidade em ver como é, por ser cópia é igual aos outros. De resto a mesma chico-espertice destes espaços e uma enorme variedade de produtos que há uma ou duas semanas via em Fiães a um preço, agora mais caros, talvez para compensar os 10% de desconto em toda a loja. Um exemplo, um queijo que habitualmente compro no estabelecimento de Fiães à volta dos 5,00 euros a unidade, agora quase a 10,00.Nisto de comércio, para muitos é como a cenoura à frente do burro, vale mais o parecer do que o ser.

Claro está que, como é normal, com alguns produtos em promoção face ao preço tido como corrente, como nalguns vinhos, mas no geral fica a ideia de que tudo é mais caro, mesmo até mais que no agora concorrente Intermarchê, que à mesma hora até tinha mais clientes.
Todavia, na questão de acessos, bem melhor o Continente que o Intermarchê, e isso pode fazer a diferença para quem não se importa de pagar mais 2 ou 3 euros pelo mesmo queijo ou vinho.

Com mais uma média superfície em plena localidade é mais uma facada no pequeno comércio tradicional, mesmo que haja quem diga saloia e solenemente que tal é vantajoso. Deve ser alguém que perante uma inundação de Veneza vê vantagens na venda de galochas. Talvez. O problema é que no geral os pequenos e tradicionais comércios não podem contar apenas com os dias de chuva torrencial para vender guarda-chuvas aos desprevenidos ou galochas aos turistas em tempo de cheia.

É Natal!

24 de novembro de 2019

O milagre da multiplicação ou...não há cofre como o da D. Adelaide

Há alturas em que temos que vestir aqueles vestidinhos de tule coloridos, incluindo as asinhas, indispensáveis, e fazermos figura de anjinhos, tal qual aquelas adoráveis criancinhas que ornamentam as cerimónias de comunhões e procissões solenes. 

Nesse papel, de anjinhos, em que com elevada candura em tudo acreditamos, incluindo no Pai Natal, no Harry Potter e no Luís Montenegro, podemos então ler e reler as conclusões da investigação no chamado Caso Marquês, nomeadamente os últimos interrogatórios do juiz Ivo Rosa ao José Sócrates, transcritos e escarrapachados nas edições do jornal “Correio da Manhã”, podemos supor e pressupor que o homem está inocente, que tudo aquilo é uma enorme e “injuriosa” cabala do Ministério Público contra o pai do Magalhães, e das acusações e indícios não fazermos quaisquer julgamentos e juízos de valor. 

Em suma, Sócrates, sua mãezinha, primos e amigos, são todos gente séria e honesta, dignos de figurar nos melhores compêndios de moral e civismo. A seu tempo a Justiça pronunciar-se-á, mas já antevemos que daquela enorme tripa que é a investigação, quando muito vão escapar dois ou três peidinhos. 

Mas deixando essas coisas da Justiça de lado, e cinjindo-nos ao que parece em tudo isto ter mais relevo, é a narrativa do José Sócrates quanto às explicações e justificações para o vendaval de dinheiros que foi gastando à grande e à francesa, ora no seu modesto dia-a-dia, ora em Paris, ora em férias de Verão ou Inverno na neve. Concluímos que a sua mãezinha tem um grande cofre  onde o dinheiro nasce e multiplica-se como ratos em esgoto, à conta de uma enorme herança que ninguém sabe de onde veio. Um cofre cujo fundo deve ser um poço sem fundo,  onde, a exemplo daqueles macacos espertos que espetam um pauzinho num castelo de térmitas e quando o retiram vem carregadinho de bichinhos gordos e nutritivos, sempre que lá se mete a mão,  vem um pacote de 10, 20 ou 50 mil euros entalados entre os dedos. E ao contrário de qualquer outro ordinário cofre, o da D. Maria Adelaide tem a vantagem de estar sempre cheio, inesgotável, um pouco como o cofre do Tio Patinhas.

Como se isso não bastasse de sorte para o nosso ex-primeiro ministro, tem ainda outra dose de sorte de ter um amigo de mãos super largas, uma espécie de Bom Samaritano sempre a postos para abastecer de “fotocópias” o nosso ilustre Sócrates, seja para pagar luxuosas férias seja para pagar apartamentos e outras minudências que para esta gente, são coisas triviais. Ao Sócrates, para não dar ares de deselegância e de chupista, bastava-lhe  pagar os jantares e os cafés para ficar desobrigado de tanta fraternidade do patrão da Lena.

Em resumo, mesmo continuando o nosso papel de ângélicos anjinhos, ficamos assoberbados de inveja terrena de alguém que tem a sorte de lhe sair o euro milhões todos os dias, seja recorrendo ao cofre da mãezinha seja do amigo Carlitos. Movimentos que totalizam milhões e tudo sem um registo de movimento bancário de onde para onde. Tudo em dinheirinho vivo, daquele que não fala. Gente da categoria de Sócrates, o cartão de crédito serve só para pagar cafés. O resto, é como um dos antigos vaqueiros, um monte de notas no bolso.

É de alguém se roer de inveja. Ora como já sabemos que a D. Adelaide não vai abrir mão do cofre milagreiro que não multiplica rabos de sardinha nem restos de pão, mas euros e títulos do tesouro, alguém saberá o contacto do Carlitos? É que dava jeito ter um amigo desses e sendo ele tão generoso, nem daria conta de nos ajudar com uns 10 de mil de "fotocópias"de vez em quando, tanto mais que se aproxima o Natal e dava jeito para distribuir prendas.

14 de novembro de 2019

Siga...sempre em frente


Uma estrada plana, macia, a direito, sem curvas, sem RETENÇÕES. É este o modelo de Ensino que se pretende, onde tanto passa o aluno dedicado como o cábula e o mandrião, o atinadinho, como o indisciplinado?

Siga, sempre em frente, mesmo que 2+2 sejam 22. De resto, o chumbo é coisa poluente.

27 de outubro de 2019

"Retratos" em tons de cinza

Por estes dias estive em conversa com um casal da freguesia do Vale. Depois de vários anos entre França e Suiça e já com filhos por lá instalados, regressou de vez à sua terra, o que aconteceu já há alguns meses. Mas a esposa, disse que estava já quase decidida a regressar à Suiça, porque não se estava a adaptar a uma vida demasiado tranquila, desocupada, numa freguesia que "parou no tempo", com menos dinamismo que há anos atrás e em que o desenvolvimento parece ter parado, com os mesmos problemas de há anos por resolver, os mesmos buracos na rua por tapar, as mesmas obras ou melhoramentos por fazer e qualquer coisa de estrutural nem sequer equacionada. Enfim, "uma tristeza de sítio", lamentava-se. O marido, pouco falou, encolhendo os ombros, mas com ar de quem concordava.
Ainda os procurei animar, dizendo que deviam aumentar o círculo de amizades, envolver-se nas coisas e causas da freguesia e da comunidade, para se sentirem úteis e com interesses, mas parece que não os convenci. Daqui a poucas semanas estarão de regresso a outras paragens, fechando mais uma casa a juntar a muitas outras com os estores descidos.

Este "retrato" pelo casal "pintado", referente ao Vale, poderia igualmente ser "pintado" com as mesmas cores por um qualquer casal de Guisande, de Pigeiros ou de outras pequenas freguesias que já no anterior sistema tinham imensas dificuldades em resolver as necessidades mais básicas e prementes, mas que uma vez forçadas a uniões de freguesias indesejadas, têm visto agravar-se as dificuldades, com um óbvio distanciamento entre os eleitos e os eleitores, mesmo que nos slogans eleitorais se fale em proximidade, a par de danos graves no desrespeito pela identidade e cultura intrínsecas de cada freguesia.

As freguesias cabeças de união tendem naturalmente a chamar a si o grosso do investimento e a olhar com ares de superioridade para os seus umbigos enquanto que as outras, as pequenas, estão no fim da fila das preocupações, à espera do último ano de mandato para verem algum alcatrão. É claro que as coisas mesmo neste contexto de orfandade poderiam ser diferentes, mas não tem havido mandantes com visão equitativa  à altura e as boas vontades manifestadas em sorridentes campanhas eleitorais desvanecem-se logo nos primeiros dias da gestão. 

No caso da freguesia do Vale, rica de tradições e de boa gente, até há alguma identidade preservada  em associações como a centenária Banda Marcial, o Rancho de Pessegueiro, etc, mas no caso de Guisande o esvaziamento tem sido notório e mesmo com uma falta de desconsideração objectiva traduzida numa total inoperância, num nada fazer. Em rigor a Junta de Freguesia tem servido apenas para ajudar a enterrar os mortos e pouco mais. Dos vivos e das suas necessidades não tem tratado. Faltam dois anos para o final do mandatoe quando a importância dos votos começar a fazer sentido, alguma coisa será feita, mas até aqui o marasmo tem sido sepulcral. 

A própria situação do Centro Social de Guisande, com a sua "vida" suspensa por decisões e apoios prometidos que tardam, ajuda a realçar a desmotivação e o desinteresse de quem manda e decide. Muito tem feito o seu presidente, mas perante tanta desconsideração tem sabido resistir e lutar. Por mim as chaves já tinha sido entregues para ficaram penduradas no chaveiro autárquico e o equipamento encerrado como monumento à indiferença. 

Os "retratos" que se queiram pintar sobre estas nossas pequenas e pobres freguesias têm necessariamente que ser em tons de cinza, o que até parece estar na moda. Mas que é triste e desmotivador, é. 

18 de outubro de 2019

Mané, um maná no deserto da riqueza


Quem vai acompanhando o futebol profissional mundial, sabe que Sadio Mané, senegalês de 27 anos, é uma das grandes figuras da equipa inglesa do Liverpool, vencedora da última Liga dos Campeões e actual líder isolada da Premier League.

Bastará isso para perceber que não sendo um Lionel Messi ou um Cristiano Ronaldo, ou outros que tais, é um profissional da bola pago a peso de ouro. Por isso têm corrido de forma viral pelas redes sociais e na imprensa, algumas das frases extraídas de uma entrevista que deu ao sítio nsemwoha.com, nomeadamente, em resposta à pergunta, porque ganhando tanto (diz-se que 680 mil euros mensais) levava uma vida modesta e sem exibição de luxos?

Respondeu: "...para que quero 10 Ferraris, 20 relógios com diamantes e dois aviões? Que faria isso pelo mundo? Eu passei fome, trabalhei no campo e sobrevivi a tempos difíceis, joguei descalço e não fui à escola. Hoje com o que ganho posso ajudar muita gente."

E continua: "...no meu país, Senegal, construí escolas, um campo de futebol, ofereço roupas e calçado, alimentos para pessoas em extrema pobreza. Dou ainda mensalmente 70 euros a todas as pessoas de uma região muito pobre do Senegal para contribuir para a sua economia familiar".

Como se percebe, ainda há muita gente que valoriza esta atitude e a realça, nem que seja de forma automática pelas redes sociais. Ou seja, as pessoas percebem o alcance desta postura de alguém que tendo origens na pobreza e tendo a felicidade de ascender a uma posição ou profissão muito bem paga a aproveita para de forma humilde e despojada ajudar quem mais precisa na sua terra, deixando para plano secundário os aspectos de uma vida de luxo e extravagância, tão característica das estrelas mundanas.

Ora se o Sadio Mané faz isso e tem essa consciência humanista, leva-nos a pensar que com muito mais condições, porque infinitamente mais ricos, poderiam também fazê-lo figuras como Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, entre muitas outras tanto no mundo do desporto como do espectáculo, etc. Mas mesmo com boas vontades como as do Mané e de muitos outros, a verdade é que a extrema pobreza existe porque em contra-ponto existe a extrema riqueza. Esta de poucos se comparada com aquela, de muitos mais.

É claro que esporadicamente vai-se noticiando que figuras como Messi e Ronaldo, apesar da sua ganância que os leva a fugir ao pagamento de impostos e daí condenados, têm ajudado muitas pessoas e contribuído para organizações, muitas vezes de forma anónima. Claro que têm todo o direito elegitimidade a ter uma vida compatível com o que ganham, por isso de luxo e milionária, mas, mesmo assim, e no caso de Ronaldo, tomado como mero exemplo e porque com luxos e extravagâncias mais divulgadas e mesmo ostentadas, afigura-se-nos como imoral que alguém tenha tanto e de forma tão extravagante e desnecessária, imensamente acima do que precisa para ele e para os seus mesmo que num padrão de muito alta qualidade de vida, pelo que apetece perguntar: No que daria para ajudar pessoas e instituições, um dos seus muitos carros, um dos seus iates, um dos seus muitos relógios de ouro e diamantes, uma das suas muitas casas?

Mas, em tudo isto, e aparte o mero exemplo de alguém apenas porque  é conhecido à escala global, não são culpados nem de longe nem de perto, todos os Cristiano Ronaldos e Messis deste mundo, nem muitos outros bilionários, nem têm eles por si só obrigação de o salvar, mesmo que pudessem (para além do que darão), dar imensamente mais a pessoas e a entidades que zelam pelas pessoas.
A verdadeira culpa é de toda a sociedade, como um todo, que ajuda e permite que indústrias como o desporto, de modo particular o futebol, o espectáculo, o entretenimento, etc,  paguem estas imorais exorbitâncias, como 100 ou 220 milhões por um futebolista (que dizem que custou Neymar ao Paris Saint Germain), acrescidos de ordenados de milhões anuais, e muito, muito mais.

Em resumo, nesta sociedade capitalista e consumidora reside em muito a justificação para que 1% da população detenha 80% da riqueza mundial. Esta é que é a imoralidade e para ela, em muito, contribuímos porque vamos todos contentes pagar bilhete para ver uns artistas pagos a peso de ouro dar uns pontapés na bola, pagar bilhete para ver uma banda ou um artista musical que está na onda, mas em muitas mais opções meramente consumistas que ajudam a alimentar grandes lucros de grandes indústrias, mesmo a desportiva.

Mas é o que temos e estes exemplos como os de Sadio Mané, são mesmo lenitivos que fazendo a diferença para quem os recebe, sem dúvida, mas que se mostram insignificantes na escala do que é necessário para que pelo menos se erradique a extrema pobreza.

Mas Sadio Mané dá um exemplo a seguir a todos os que como ele ganham milhões, que podem ajudar de forma decisiva muita gente, apenas a troco de prescindir de alguns excessos. O excesso aqui deveria ser apenas o de bondade e humanismo. Tão só.

7 de outubro de 2019

Guisande F.C. - A tremura dos 40



Como por aqui lembrei há algum tempo, o Guisande F.C., mesmo sem estar em actividade oficial e sem corpos dirigentes, mesmo na situação de devedor à Associação de Futebol de Aveiro, é um clube que tem uma história que, mesmo no contexto referido, importaria não esquecer mas antes reavivar.

Ora essa história, em termos oficiais, vai completar 40 anos no próximo dia 31 de Outubro de 2019, já que a sua oficialização jurídica aconteceu em 31 de Outubro de 1979.
Quarenta é um número redondo e por isso sempre mais propício a lembrança e a eventual comemoração. É certo que há sempre quem diga que o clube tem uma história com mais anos. Isso é verdade, como de resto é uma situação comum a muitos outros clubes, mas em termos oficiais e jurídicos o clube prepara-se para fazer 40 anos. Nem mais nem menos. Em termos oficiosos, podemos sempre argumentar que o clube tem mais 10, 15 ou 20 anos, mas em rigor não são conhecidos documentos ou elementos com uma data e a ela agregar algum acontecimento substancial que a determine como fundadora.

Quanto à eventual comemoração dos 40 anos oficiais, lancei o repto  no sentido de lembrar essa data e essa história, eventualmente num simples jantar convívio que reunisse ex-presidentes, dirigentes e associados, no que poderia ser um momento interessante de partilha e confraternização.
Infelizmente, mesmo depois de algumas diligências no apalpar do interesse junto de alguns, a ideia parece não ter despertado atenção nem motivação, o que de algum modo é compreensível face à situação de inactividade.

Assim sendo, e porque até ao momento ninguém demonstrou interesse, nomeadamente pessoas com peso na história do clube, como antigos presidentes e dirigentes que com essa legitimidade poderiam fomentar e organizar uma qualquer cerimónia, por mais informal que fosse, no sentido de dar ao aniversário a importância merecida, parece, pois, que a data vai passar em claro. Pelo menos fica aqui lembrada.

Num contexto de normalidade poderia ser a Junta de Freguesia a promover essa comemoração mas como nesse aspecto temos estado órfãos e reina o desinteresse de quem manda, não será por aí.
É, pois, com pena que se constata esta indiferença, esta falta de massa crítica e dinamizadora do que quer que seja, mas as coisas são como são.  Será a tremura (não ternura) dos quarenta? Será mais do que isso, como uma letargia geral?

Como bom exemplo contrário, o da dedicação e interesse na sua história, o nosso vizinho Caldas de S. Jorge S.C., clube oficial e ligeiramente mais novo que o Guisande F.C., prepara-se para no próximo dia 24 de Outubro comemorar o seu 39º aniversário, em jantar convívio marcada para o restaurante  "Angellus Eventos". Mesmo sem ser um número redondo, outra forma de encarar e preservar a história e, claro, com gente à altura.

Eleições Legislativas 2019 - Surpreendentemente sem surpresas

As sondagens, nomeadamente quanto a resultados eleitorais, são isso mesmo, sondagens. Todavia, a verdade é que na generalidade dos casos e quando devidamente realizadas com os critérios e requisitos técnicos correctos, apresentam valores muito próximos daqueles que depois se concretizam. 

Neste sentido, quando fecham as urnas e mais do que isso, quando fecham as contagens dos resultados finais oficiais, os números são mais ou menos os previstos. Daí, há muito que deixou de haver o factor surpresa, pelo menos as grandes surpresas, e tal voltou, no nosso entendimento, a acontecer, quer quanto à mais que prevista vitória do PS, como quanto ao PSD a perder mas longe da hecatombe pre-anunciada, bem como a perda significativa do CDS, aumento do PAN e mesmo a entrada de pequenos partidos. As sondagens desde cedo "disseram isso".

Com esta realidade, nem nova nem surpreendente, prevê-se uma continuação do mesmo tipo de governação porque ao PS, gorada a expectativa da maioria absoluta, voltará a precisar de apoio que se afigura como mais natural à esquerda. Será uma geringonça versão 2. Esperemos que com os mesmos resultados positivos,  mas com menos carga fiscal, directa e indirecta e mais eficiência nos serviços de educação  saúde, mais investimento público, menos cativações e menos casos como os de Tancos e tantos outros que apesar da sua gravidade não fizeram mossa em quem na hora de escolher optou por Costa e seus pares. 

Siga!

29 de setembro de 2019

As faces da moeda e outras gretas


O Azevedo considera que a adolescente Greta sueca está a ser uma revolucionária dos tempos modernos e que tem marcado a diferença pelos ideais sobre a defesa do planeta contra as alterações climáticas, ralhando em altas tribunas contra os senhores do mundo, acusando-os de inacção e indiferença.

Por sua vez, o Tavares, sabe que a Suécia é terra de boas gretas e apesar de conhecer melhor a outra, encontra virtudes na Greta mais nova, e sobretudo pelo facto de ter despertado consciências, mas considera que é sobretudo um produto mediático e que interessa a gente manipuladora que a rodeiam. Passada a novidade e o impacto das redes sociais, tudo voltará à normalidade;

A Isabelina tem louvado nas redes sociais o papel do hacker Pinto, achando que o rapaz de cabelo à ouriço-cacheiro tem prestado um valioso serviço contra os corruptos e a corrupção, desvalorizando a forma e os meios como o "pirata" acedeu às informações privadas;

Por sua vez, o Resende considera que os meios não justificam os fins, sobretudo numa sociedade que valoriza e defende o direito à privacidade, seja na casa ou no computador ou telemóvel de cada um. E que a corrupção deve ser combatida com outras medidas mas nunca baseadas num crime menos criminoso.

O Rodrigues tem tecido violentas críticas contra um jogador de futebol adversário por um "arraial de porrada" por suposta "boa escola", que terá remetido um seu jogador para o lote de lesionados, esquecendo-se todavia, que esse mesmo "arruaceiro" poucos dias antes saíu de sua casa com a cabeça rebentada;

Por sua vez o Albino critica o Rodrigues e o seu clube por beneficiar de "cegueira" de um árbitro que não viu o suposto "arruaceiro" sair de cabeça rebentada com uma cotovelada adversária, aludindo à velhinha sentença de ser fácil ver um mosquito nos olhos dos outros e não sermos capazes de ver um camelo nos nossos.

O Moisés tem criticado a indústria da criação de vacas como uma das mais poluentes do planeta, e que o bicho entre o arrotar, peidar e cagar, polui mais que um automóvel, louvando a peregrina medida da Universidade de Coimbra de banir o consumo de carne de vaca. Por ele, irradiam-se as vaquinhas da Freita, do Gerês e do Barroso, mesmo que com isso se despovoem territórios interiores já quase desertos.

Já a Amélia considera que o Moisés até tem alguma razão, porque de facto é substancial o contributo dos ruminantes para o aquecimento global, mas critica-o por esquecer-se que o número de veículos em todo o mundo, mesmo em Portugal, é imensamente superior ao de número de cabeças de gado. Só em Portugal estima-se que existam 1 milhão e 500 mil ruminantes de grande porte enquanto que o número de veículos anda na ordem dos 6 milhões.

Por outro lado, o impacto da indústria automóvel não é o só o que sai do escape mas de toda a indústria produtiva associada. Para além disso, nos Estados Unidos, onde a criação de gado é industrial e massiva, bem como o consumo da respectiva carne, um estudo supostamente credível diz que se todos os americanos eliminassem totalmente o consumo de carne de vaca o impacto do efeito estufa associado reduzira no país apenas 2,6%. É alguma coisa mas obviamente insignificante.

Em resumo, em todas estas importantes questões, e outras que sejam, nem uns nem outros terão toda a razão nem nenhum deles terá a supremacia da verdade e da moral. Algures o bom senso diz que no meio é que está em virtude. O problema é mesmo o extremismo que há sempre nos dois lados, nos dois pontos de vista. Afinal uma moeda tem sempre dois lados e não é porque se atirada ao ar caír duas ou três vezes seguidas com a mesma face para cima, a outra deixa de existir.

Assim sendo, tudo é legítimo e tudo é discutível, mas dificilmente os nossos ideais, ideologias, clubismos, fanatismos ou fundamentalismos nos levarão a concordar com os outros. 

No caso da questão da actualidade quanto à necessidade urgente de concretizar medidas que pelo menos minorem os efeitos do aquecimento global, infelizmente poucos resultados darão e desde logo porque as acções nesse sentido têm que ser globais e coordenadas e não será por um pequeno país como Portugal que a coisa se salvará ou por uma universidade cortar no consumo de milhares de quilos de bifes e hamburguers, ou por uma criança se deslocar num luxuoso e caríssimo veleiro em vez de avião numa viagem da Europa a Nova Iorque.

Todos percebemos a verdadeira questão, mas esta necessidade urgente e extrema não é pólvora que tenha sido inventada por uma Greta, por mais louvável que possa ser na sua iniciativa e impacto provocado.

Mas a ver vamos, e oxalá que de facto pelo menos as consciências passem a ser outras, mais abertas, e que as futuras gerações de políticos sejam capazes de encontrar pontos de equilíbrio e sobretudo usar as boas tecnologias para reduzir ou minorar impactos da massificação da indústria e do consumo.
Seja como for, estes pontos de reflexão, são, também eles, apenas um dos lados da moeda.

20 de setembro de 2019

Mal e porcamente...


Uma das coisas que arrelia nas redes sociais, é a constatação de que a generalidade dos utilizadores escreve mal, e muitas vezes porcamente. E escreve mal não por alguma dificuldade técnica com os teclados, mas porque realmente não sabe escrever em bom português.
Pode, a malta, até falar um português mais ou menos correcto mas não o sabe traduzir para a escrita. Mesmo descontando o condicionalismo de se escrever através de um minúsculo teclado num qualquer telemóvel, o que origina algumas gralhas, essa não é, de todo, uma desculpa e justificação.

Todos estamos sujeitos ao erro, à gralha ou mesmo a um incorrecto uso das elementares regras da gramática, e trocar um "houve" por um "houveram", mas de forma grosseira, consistente e recorrente, é que doí e faz mossa no Camões.
O que mais espanta, é a naturalidade de quem escreve mal, não se envergonhando ou inibindo de "postar", como se fosse a coisa mais natural do mundo. 

Confesso que fosse assim tão inadaptado a escrever bom português, preferia não escrever. Não que quem escreva mal e porcamente não consiga expressar o que pretende dizer ou transmitir mas porque, diabo, está em causa a forma como tratamos a nossa língua mãe. É que, bem ou mal, a generalidade de quem frequenta as redes sociais corresponde às novas gerações e por isso não há quem não tenha frequentado a escola. Paradoxalmente, é nas gerações mais velhas que se encontram os melhores exemplos de bem escrever.

Mas é apenas uma arrelia e esta reflexão pode até nem ser do agrado de quem escreve mal, o que não é minha  intenção. Antes deveria servir de reflexão e, quiçá, ponto de partida para voltar a pegar nos livros, no compêndio de gramática, dicionário, etc. Enfim, ler, ler muito e escrever. É que entre o muito que mal se vai escrevendo há calinadas de bradar, ou mesmo de fazer rir.

Nesse aspecto, como noutros, claro, tenho saudade redobrada da boa prosa e do bom escrever de alguns "cotas" da nossa praça social, como, por exemplo, do saudoso Pinto da Silva.
Felizmente ainda encontramos bons exemplos de bem escrever, mas apesar de todas as facilidades e ferramentas ao alcance do dedo, como dicionários e, nomeadamente, correctores (até incorporados nas tecnologias de comunicação, como um simples ou complexo telemóvel, o erro persiste e, diga-se, é triste verificar a rapaziada nova a dar "tiros" com fartura na nossa língua.

Por mim, longe de ser perfeito na escrita,  penso, todavia, que o que vou escrevendo não me envergonha;  e não de agora, mas desde que aprendi a ler e a escrever na escola primária pelas professoras Lúcia  e Eugénia. E já lá vão uns anitos.

Para terminar, vamos lá verificar se este texto também tem erros ou falhas gramaticais. Acredito que sim.

17 de setembro de 2019

Justiça castiça


Na qualidade de testemunha de um simples processo judicial, tinha sido notificado há cerca de dois meses e meio para hoje comparecer em audiência no Tribunal Cível da Feira. Não soube por quem fui indicado, se pela parte do autor, se do réu, ou de qualquer outra iluminada figura. Ninguém me deu a mínima satisfação.

Faltei ao  trabalho, perdi tempo e tive gastos, para além do desconforto de ser testemunha em algo que nada tem a ver comigo. 

Depois da habitual chamada e algum tempo de espera, a audiência foi desmarcada por falta de qualquer formalismo.

Em suma, um cidadão livre e de folha limpa e que cumpre com rigor os seus compromissos com a máquina do Estado, é tratado como um simples pião, como um simples número de nove algarismos. 
O sistema judicial no seu melhor (pior), a brincar com o tempo das pessoas. 

Como dizia ontem o Dr. Rui Rio, a propósito e também em contexto de Justiça, a interrogar "que moralidade tem este sistema ou esta democracia em julgar e criticar o Estado Novo quando diariamente se constatam atropelos à lei e justiça ?

É certo que o caso em questão é quase irrelevante e um assunto de alecrim e manjerona, que até se podia resolver à moda do João Soares, mas, quando nada temos a ver e a haver com a questão, arrelia como pedra no sapato e formiga no umbigo.

Fica-se, assim, arreliado, neste limbo, à espera de nova notificação, nova audiência e, quiçá, novo adiamento. Tic tac tic tac...

15 de setembro de 2019

"S. Vicente, nem terra, nem gente"


"S. Vicente, nem terra, nem gente". Certamente que pelas freguesias vizinhas de Louredo, desde logo Guisande, muitos conhecem e sabem de cor e salteado este estribilho. E de um modo geral o mesmo é entendido como pejorativo, isto é, com um sentido negativo, mas sem lhe conheceram os fundamentos.

Contudo, este estribilho, quase como um ditado do povo desta nossa zona, foi eloquentemente explicado pelo saudoso Pe. Acácio Freitas, que foi pároco de S. Vicente de Louredo, no prefácio da sua monografia sobre a freguesia que paroquiou, desde 23 de Novembro de 1958 até aos seus últimos dias, e na qual foi sepultado. 

Ora segundo a sua explicação,"S. Vicente, nem terra, nem gente" tinha origens no facto de esta freguesia ter sido durante séculos propriedade de mosteiros e de conventos (daí o "nem terra") e que na ganância feudal dos rendimentos e exploração do povo e dos trabalhadores num regime de quase escravatura assentava o "nem gente".

O clérigo rematava que com a extinção das ordens religiosas foram arrumados os senhores e entidades proprietárias de Louredo pelo que assim o povo tomou posse das terras que cultivava deixando de pagar as rendas e foros, ficando livre desses e outros "jugos" que de tal modo alcançou a sua libertação. Dessa mudança de estado e de espírito e recuperação do empreendimento em prol do progresso pessoal mas também comunitário,  o autor da "Monografia de Louredo" concluía que em oposição ao estribilho original e negativo o actualizado e fiel era o de "São Vicente, boa terra e boa gente".

É certo que não se esperaria uma apreciação diferente de uma comunidade e terra que foi sua casa durante quase sessenta anos, mas pela parte que me toca, concordo em absoluto e tenho uma simpatia e consideração global pela freguesia e comunidade de Louredo. Fosse possível e imperiosa uma União de Freguesias a dois, pessoalmente não hesitaria em escolher Louredo como parceira. Infelizmente, neste aspecto de união de freguesias, por cá as coisas não correram nem têm corrido bem e todos saíram a perder com uma união a quatro, pesada e desequilibrada. 

Infelizmente, apesar de passos que foram dados nesse sentido e de alguns indícios de possível mudança pela parte governamental, tudo indica que não será fácil pelo que o mal feito dificilmente será desfeito, obviamente que para prejuízo de todas as freguesias envolvidas.

Como numa certa cantiga, nestas como noutras asneiradas de gente dita graúda, "o povo é que paga". Apesar do rumo da história no sentido do respeito pelas pessoas, comunidades e culturas, parece que mesmo pelos nossos dias ainda vigora uma certa "posse" por parte de certos "mosteiros" e "conventos", com a teimosia destes em fazer das suas boas terras e boas  gentes, "nem terras nem gentes".

8 de setembro de 2019

A(Mó)zónia


Todos estamos mais ou menos ao corrente da actualidade quanto à Amazónia, considerada um dos pulmões do planeta Terra. Num misto de ambição e ganância, desprezo pela natureza e facilitismo governamental do Brasil e países limítrofes, como a Bolívia, quiçá de âmbito criminoso, certo é que os incêndios e outros mecanismos de desflorestação, têm sido notícia e merecido um repúdio mundial mais ou menos generalizado.

Em todo o caso, salvaguardadas as devidas distâncias e proporções, um pouco por todo o mundo, um pouco por Portugal e até mesmo no nosso concelho, as "amazónias" têm vindo a ser desprezadas e desconsideradas, subjugadas quase sempre aos interesses económicos, mesmo os que ditos como públicos.

Veja-se, num exemplo meramente caseiro, o caso do Monte de Mó, que integra as freguesias de Guisande, Louredo e Romariz, uma ampla mancha florestal, rica em aspectos de fauna e flora mas genericamente ambiental, abundante em nascentes de água e regatos, que em todos os planos directores municipais tem sido classificado como espaço florestal e por isso intocável quanto a operações urbanísticas. Todavia, apesar dessa protecção, desses nobres princípios de perseveração de amplos espaços florestais, certo é que nos nossos dias tal mancha foi já em muito destroçada, sobretudo com a construção da Auto_Estrada A32, que nela provocou um enorme desequilíbrio ambiental bem como, mais recentemente, a construção e implantação da sub-estação eléctrica, em pleno coração do monte, que provocou um movimento enorme de terras, alteração da topografia, criação de áreas impermeabilizadas e um tecto electro-magnético de linhas eléctricas.

Em resumo, o Monte de Mó ou uma parte muito significativa dele teve que ser subjugado aos ditos "interesses púbicos" e aos equipamentos que ditam o progresso. É certo que de uma forma ou outra todos supostamente beneficiamos desses equipamentos ou infra-estruturas, mas de algum modo este contexto ajuda-nos a perder a inocência quanto à importância dos planos directores municipais ou outros instrumentos de gestão territorial porque na realidade só são válidos e importantes até deixarem de o ser. É fácil proibir a construção de uma simples habitação e um anexo de arrumos, mas, se for caso disso, têm via aberta uma Auto Estrada ou uma Estação Eléctrica ou qualquer outra coisa em grande.

Dizem que o progresso não se compadece com lirismos, mesmo que ambientais, mas pelo menos importará alguma reflexão quanto à importância que damos às coisas, porque na realidade, muitas das vezes, não passam de fantochadas e de um "faz de conta" permanente. A floresta, os bichos e a passarada são muito importantes mas o betão também é. Não surpreende, pois, a nível global a situação da Amazónia, ou no contexto português o previsto novo aeroporto de Lisboa em zona de enorme impacto ambiental ou, mesmo que numa pequenina, micro-escala, o nosso Monte de Mó.

1 de setembro de 2019

Para o ano há mais


Para a larga maioria dos portugueses, mesmo que para os emigrantes na Suiça ou França, as férias já estão para trás e com Setembro a marcar o calendário, começa-se a pensar nas próximas, quiçá alguns dias no período de Natal.

As férias têm este encanto, o do suposto descanso ou pelo menos o desligamento das responsabilidades do trabalho e horários que marcam as rotinas quotidianas e simultaneamente o desalento na confirmação de que o que é bom acaba depressa.

De acordo com a medida da carteira, disponibilidade, limitações laborais e gostos de cada um, todos procuram ter as suas férias. Das mais extravagantes às mais simples e caseiras, há de tudo. Há quem prefira o campo, a montanha e o interior e outros o litoral, a cidade, o movimento e ruído, e a indispensável ida aos Algarves porque a praia é boa e faz bem ao ego nas redes sociais e porque enquanto por cá se comem sardinhas e carapaus, por lá come-se peixinho.

Há os que gostam e não dispensam duas ou três noites em cama alheia e há quem não dispense a sua cama de todas as noites. Há quem por cá goste de comer fora e há quem por estes dias vá para fora com a bagageira do carro cheia de alimentos para cozinhar.

Enfim, há para todos os gostos e acima de tudo o importante é que cada um faça como gosta e mais do que isso, como pode, sabendo-se que há que possa e não goze e há quem, não podendo, goze, nem que tenha que fazer uns empréstimos para gozar à grande, se não à francesa, pelo menos à portuguesa.

Há, também, os que precisam de férias para retemperar das férias. Sim porque, são muitos que o afirmam, as férias são cansativas p´ra caralho.

No final de toda este amálgama, há os que têm férias forçadas, ou porque estão doentes e incapacitados ou porque estão desempregados.

É a vida!... Para algum consolo mesmo que mitigado, resta sempre a  palavra batida de que...para o ano há mais!

25 de agosto de 2019

Tempos....


Parabéns ao F.C. do Porto pela vitória de ontem frente ao Benfica. Não vi, mas pelo que dizem e escrevem, foi sem "espinhas" e , melhor do que isso, ou por isso, sem polémicas.

No futebol há tempo para ganhar, tempo para perder, tempo para estar ora por cima, ora por baixo, tempo para a alegria, para a tristeza e frustração. Há igualmente tempo para reconhecer o valor e mérito do adversário embora este seja escasso. 

Não deveria haver tempo para o confronto, para a desconsideração e para a falta de respeito com picardias e mesmo provocações gratuitas. 
Aquele ou aqueles que reconhecem os tempos adequados, são os que fazem jus ao conceito de desportista. Os demais, são meros arruaceiros,  que pouco ou nenhum respeito merecem, mesmo que fiquem contentes consigo próprios. Infelizmente, estes são cada vez mais e os outros cada vez menos. De resto, nem surpreende já que os maus exemplos vêm de cima, de quem deveria promover os bons. Ora quando assim é...

Seja como for, é apenas um jogo de futebol, mesmo que quem nisso veja apenas uma guerra de tronos e um caso de vida ou de morte.

2 de agosto de 2019

Liberdades, direitos e garantias


Tenho plena consciência que nesta questão pertenço à reduzida minoria, aquela que não liga patavina ao evento Viagem Medieval em Terras de Santa Maria, que todos os anos se realiza entre finais de Julho e meados de Agosto, na cidade sede do nosso município. 

Nem sequer vou por aqueles que a classificam meramente como um festival da fêvera e do porco-no-espeto, onde se faz fila para comer e beber de forma vulgar e pagar de forma exorbitante, apenas porque no entorpecimento de um cenário contextualizado a um período interessante da nossa história, o Medieval.

Por outro lado não questiono e reconheço a importância e o impacto económico para o concelho e sobretudo para as associações que reiteradamente exploram os diferentes espaços de comes-e-bebes e para os estabelecimentos localizados no amplo perímetro do mega-evento. Reconheço, igualmente a capacidade das entidades que nos últimos anos têm sabido potenciar este evento e fazer dele um ponto de notoriedade económica e turística para o concelho.

Apenas questiono se há ou não desrespeito constitucional pelos elementares direitos de aceder e circular em espaços públicos no centro de uma cidade por um tão largo período temporal, vendo-me condicionado nos acessos e mesmo a pagar os mesmos, ainda que para aceder a serviços e comércio. Afinal, o centro público de uma cidade não é nem pode ser  uma feira popular nem um estádio nem um parque, pelo menos a ponto de limitar e condicionar acessos e circulação de forma livre e gratuita.

 Compreendo perfeitamente que se condicione o trânsito e acesso de uma rua ou um local, por horas ou parte de um dia, para um evento desportivo ou de outra natureza de interesse colectivo, mas já não o compreendo quando de forma tão prolongada no tempo, alargada no perímetro e tão condicionada a ponto de ter que estacionar longe, mesmo a pagar e a pagar acessos. Se eu tenho amigos no centro da cidade, não tenho a liberdade nem o direito de aos mesmos fazer uma visita sem que para isso tenha que pagar e usar um apetrecho contra a minha vontade. 

É possível que os direitos constitucionais de liberdade de circulação e reunião em espaços públicos possam ser desrespeitados nestas circunstâncias, mas gostaria de saber se é mesmo assim. Mas como só serei eu a perguntar, é melhor fazer de conta que está tudo bem, porque na realidade, parece que a larga maioria gosta de ser ver condicionada e a pagar para isso.

31 de julho de 2019

Por esse Rio abaixo, com curvas


Em devido tempo considerei que Rui Rio fez o que tinha fazer no que se refere a algum arejamento no partido. Mas, por ora, parece-me que ao arredar das listas alguns dos seus opositores, ou pelo menos gente que não lhe foi nada simpática no processo eleitoral interno e, pior, mesmo depois dele, está a demonstrar que afinal no que toca a algum revanchismo é igual à maioria de todos os outros. Nesse aspecto considerei que fosse mais maduro e isento dessas tentações, de resto tão características da classe política.

Das figuras mais sonantes que ficam de fora há algumas que, convenhamos, ficam bem de fora, mas há outras, como Hugo Soares, reconheça-se, com capacidades suficientes para dar qualidade às listas e depois à oposição, como se espera que venha a acontecer a seguir às eleições próximas de Outubro.

Assim sendo, e apesar da aprovação por larga maioria (74%) das listas concorrentes às próximas legislativas, em Conselho Nacional do PSD  realizado ontem em Guimarães, Rui Rio com a razia provocada, afastando mais 50%   dos actuais deputados, coloca-se muito a jeito para a guerra interna que se antevê caso os resultados não corram bem, como é previsível que venha a acontecer, e não são só as sondagens que o dizem.

De facto tem sido notória uma fraca oposição a escassos meses das eleições. Apesar das sucessivas gaffes do Governo, das trapalhadas da Protecção Civil, da instabilidade social que se avizinha com a anunciada greve dos motoristas de pesados, da caça às bruxas com os enfermeiros, com médicos e com o SNS com pouca saúde, seria expectável que Rui Rio e o PSD fizessem mais. Muito mais.

Mas, tudo isso é coisa de política e políticos. Por nós, povo, vamos vendo, à sombrinha,  a procissão a passar.

22 de junho de 2019

Fábulas contadas

Ao grande filósofo espanhol José Ortega y Gasset está atribuído o pensamento de que "o homem é ele próprio e as suas circunstâncias". 
Não podia estar mais de acordo. Ora nesta linha de reflexão, é de torcer o nariz áqueles que alvitram preferir os desafios difíceis aos fáceis. Porventura, ao contrário, será de valorizar mais quem prefere os desafios fáceis, não porque sejam, efectivamente, fáceis, mas porque se por eles enfrentados, pelas suas capacidades, tornam-se desde logo e à partida fáceis. Como analogia, transpor um muro de um metro de altura pode ser tarefa difícil para um humilde e digno burro,  mas não o será seguramente para um fogoso cavalo. No entanto, pensará o burro que por alvitrar para a burricada que gosta de coisas difíceis o muro vai encolher ou a ele lhe vão crescer asas ou aumentar as pernas. Bem que dali pode "tirar o burrinho da chuva". 
Assim, pode até perceber-se a sobranceria dos que proclamam que gostam das missões difíceis, mas no fim de contas e no fim da jornada, alguns deles não fazem mais que contornar o muro que continua ali, solidamente teimoso, intransponível e demasiado alto para quem não sabe saltar, trepar ou voar.
Em todo o caso, para não complicar a filosofia que pode estar subjacente ao pensamento do filósofo espanhol, por cá o povo resume isso a um simples ditado ou provérbio: "quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão?".
Cada  um é, pois, para o que nasce e para as circunstâncias que o fazem ou moldam como diferente e capacitado, ou não, a enfrentar ou a contornar os desafios de acordo com a sua natureza e grau de dificuldade.