Mostrar mensagens com a etiqueta Arrelias. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Arrelias. Mostrar todas as mensagens

7 de outubro de 2021

Costa, o viking


Lá pelos finais da década de 1970 os mais novos deliciavam-se na televisão, ainda a preto-e-branco, com a série de animação "Vikie, o Viking".

Vickie era um rapazinho alegre e inteligente, filho de Halvar, chefe de Flake, uma pequena aldeia  viking. Devido à sua astúcia e inteligência, o pequeno viking cedo começou a acompanhar o pai e os seus guerreiros em algumas das suas expedições e aventuras, apesar da opinião contrária da sua mãe, Ilda, no papel de mãe galinha, equilibrada e sensata.

Uma das características do Vickie era a solução que ele engendrava sempre que uma determinada situação se apresentava complexa e difícil para seu pai e seus vikings ou para a aldeia. Então ele pensava, pensava..., esfregava o nariz e a ideia surgia-lhe luminosa. Depois era só o tempo necessário para a mesma ser posta em prática e, pronto, tudo acabava em bem e o episódio tinha invariavelmente  um final feliz em que o bruto do Halvar quase sempre ficava com os louros apesar das suas trapalhadas.

Pois bem, todo este enredo e suspense à volta da negociação do Orçamento de Estado para 2022, pelo primeiro-ministro António Costa com os seus parceiros à esquerda, PCP e BE, é na realidade uma cópia fiel dos argumentos da referida série animada, e que já vai para o seu 7º episódio, sempre com a mesma prévia narrativa de dificuldades mas que depois no final tudo acaba em bem, isto é, com a aprovação do Orçamento, mesmo que com a abstenção dos parceiros, e depois como no final das aventuras do Vikie, o viking Costa distribui uns rebuçados e caramelos e os seus parceiros de boca doce  ficam todos felizes e com ares de terem cumprido os seus papéis.

Vamos, pois, esperar mais duas ou três semanas com a exibição deste cenário e a peça bem ensaiada para parecer dramática, até que o viking Costa esfregue o nariz e o plano maravilha faça o resto.

Rever, ainda agora, um episódio do Vikie é sempre divertido e a série até já teve versões renovadas com tecnologia 3D, mas, infelizmente, já sem a nossa inocência infantil, a coisa ainda está no início e já antecipamos o final feliz. Já não é a mesma coisa, e este filme animado do Orçamento de Estado também já não foge desse argumento esperado de tudo acabar em bem para os intervenientes, mesmo que não para o resto da malta, pois claro!

4 de outubro de 2021

Dois lados da coisa e quiçá N mais

Nada melhor como o dar palpites depois do jogo ou esgrimir o nosso ponto de vista como se fosse o único, o verdadeiro, o genuíno. O ponto de vista dos outros, de forma politicamente correcta temos que o aceitar como legítimo, mas é sempre o dos outros e como tal não é o nosso.

Esta introdução um pouco a propósito de diferentes leituras pós resultados eleitorais do passado dia 26 de Setembro e concretamente ao que fui lendo sobre o desfecho das eleições na união das freguesias vizinhas de Caldas de S. Jorge e Pigeiros.

Confesso que pessoalmente conhecendo a qualidade de cidadania de alguns dos elementos integrantes da lista do Partido Socialista, desde logo à cabeça o Eng.º António Cardoso bem como o Arquitecto Pedro Nuno, bem como o que foi lendo e ouvindo sobre a qualidade da sua campanha, fiquei com a convicção de que poderia saír vencedora, até porque, numa perspectiva de quem está de fora, sempre tive a percepção de que nos dois últimos mandatos a Junta teve uma actuação muito discreta e cinzenta, sobretudo de forma vincada em Pigeiros. Ora em Pigeiros os resultados não deixaram dúvidas sobre o julgamento da actuação do executivo PSD e a derrota foi estrondosa. Até mesmo para a Câmara Municipal, destoando de quase todas as demais freguesias. 

Já nas Caldas de S. Jorge, foi ao contrário e por força de uma maior população, o PSD renovou o mandato.

Assim, de uma leitura possível, a primeira, conclui-se que o povo das Caldas de S. Jorge está imensamente satisfeito com a actuação da Junta e as obras e melhoramentos têm sido importantes e em grande número. Será assim?  Se sim, o contentamento das Caldas sobrepôs-se ao descontentamento de Pigeiros. Nesta como noutras coisas, as minorias estão sempre amarfanhadas pelas maiorias. É a democracia, palerma, dirão! É verdade, mas aqui nesta diferenciação significativa de resultados, tal como em Guisande, percebe-se melhor que as uniões de freguesia de facto não defendem nem salvaguardam as freguesias mais pequenas. Inequívoco.

Em absurdo, mas em rigor, um executivo de uma União de Freguesias, pode dar-se ao luxo de esquecer e mesmo ostracizar as freguesias mais pequenas, como Pigeiros e Guisande, e dedicar-se apenas à maior e por isso com o significativo peso eleitoral e isso bastará para em eleições renovar mandatos. Ora, não tenhamos ilusões, este cenário tem sido aquele vivido relativamente a freguesias como Guisande, Pigeiros e Vale, entre outras filhas de deuses menores. 

No caso da União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande, esta realidade é incontornável, já que Lobão tem um peso eleitoral maior que todas as restantes três unidades juntas. Uma União de facto tão desajustada e desproporcionada nas suas partes que custa a crer que alguém tenha tido sido responsável por criar e viabilizar este aborto administrativo tão absurdo. Sinceramente, mesmo com as faladas mexidas que podem vir a sofrer as Uniões de Freguesias, de tão céptico já não acredito que tal venha a suceder, mas bastaria que Lobão pedisse o divórcio e saísse da equação para a coisa melhorar significativamente, porque a duas ou a três, Guisande, Louredo e Gião são mais equilibradas entre si e por isso menos afectadas pela gravidade de Lobão. Seria do mal o menos.

Outra interpretação para o diferencial na freguesia das termas, é que as populações das freguesias maiores, numa União, não gostam da ideia de verem como presidente uma figura associada à freguesia menor. Era o que faltava! De resto, igual ponto de vista pode ser percebido na União das Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande, onde o candidato do PSD, embora com raízes na freguesia de Lobão, é inequivocamente uma figura de Gião e como tal foi derrotado. Não custa, pois, acreditar que este bairrismo e orgulho de quem se sente maior, tenha penalizado os referidos cabeças-de-lista. E isto é complicado para o futuro já que é muito difícil conseguir uma figura concensual e transversal a todas as freguesias sem que este bairrismo bacoco seja uma barreira intransponível. O tempo confirmará, ou não, esta teoria que me parece bem prática.

Posto isto, e para terminar este exercício, já longo, haverá uma outra justificação: O povo na sua maioria não gosta de mudanças e prefere manter o fraquinho certinho  de que votar no incerto. Ainda ontem, quando fazia uma volta de bicicleta por algumas ruas do concelho de Oliveira de Azeméis, para mim, entre os concelhos vizinhos, aquele com estradas mais reles e em piores condições, mas que feitas as contas renovaram os mandatos tanto as Juntas respectivas como a Câmara Municipal. Ou seja, mesmo com executivos fraquinhos e cinzentos e com défice de obras e melhoramentos, com estradas esburacadas durante largos anos, o povo eleitor na hora H segue o partidarismo e deixa de lado as ideias e a qualidade de quem se propõe fazer melhor.

Pobrezinhos, fraquinhos, mas honrados. Assim se explicam tantas e tantas renovações de vitórias, maiorias e mandatos e perpetuação da mediocridade por parte de um eleitorado que na sua maioria não se "enxerga" ou tem um baixo grau de exigência. 

Face a isto pouco há a fazer e vamos sendo, no geral, governados por zarolhos porque o povo, esse é "cego". Ora em terra de "cegos"...

30 de setembro de 2021

Porque o Calado não se calou...

Parece-me a mim que esta história do Governo pretender demitir o actual Chefe de Estado da Armada, o Almirante António Mendes Calado para em seu lugar nomear o tão popular Vice-Almirante Gouveia e Melo, é coisa de principiantes e de algum ou muito ressabiamento. 

Quererá o Governo de António Costa e o seu Ministro da Defesa despachar o Calado que não esteve calado ao criticar a reorganização da estrutura superior das Forças Armadas, e por outro lado premiar o papel do Gouveia e Melo indo a reboque e oportunismo da popularidade que grangeou na sua missão à frente da task-force da vacinação Covid-19.

Ora, o presidente da República também percebeu isso e parece não estar muito alinhado com os pressupostos da proposta do Governo e disse que a categoria do Vice-Almirante Gouveia e Melo não merece ficar associada a uma situação pouco clara e nos termos em que está sustentada.

A ver vamos, mas a borrada já foi feita pelo Governo e seja qual for o desfecho, não cheirará bem.


29 de setembro de 2021

Manitas...cá se fazem, cá se pagam

Há dias, passando os olhos pelo canal de televisão Correio da Manhã TV, num daqueles programas com adeptos fleumáticos onde pretensamente discutem o futebol, nomeadamente à volta dos chamados clubes grandes, vi o paineleiro adepto do F.C. do Porto com um sorriso alarve a provocar o seu colega de painel sportinguista, levantando uma mão aberta (manita) em referência à então recente derrota caseira do Sporting frente ao Ajax, na primeira jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, por 5-1.

Pois, bem, como nestas coisas tudo se paga, e ironicamente por vezes mais depressa do que se pensa, presumo que já a partir de hoje quando o grupo de comentadores voltar a ter antena e se encontrar, o sportinguista vai retribuir certamente, porque mereceida, a provocação, levantando bem alto a mão aberta em memória curta da derrota de ontem do F.C. do Porto em casa frente ao Liverpool, também por 5-1

E obviamente que pela parte da concorrência, ou seja o Benfica, há que haver contenção, humildade e respeito porque mais logo à noite o adversário chama-se Barcelona e uma eventual manita ou coisa parecida pode muito bem acontecer.

Em resumo, nestas coisas é de bom tom alguma contenção e respeito. Fica bem não nos pormos a jeito para provar do mesmo veneno com que amiúde pretendemos brindar ou provocar os adversários.

Cá se fazem, cá se pagam!

Já agora, a talho de foice, o treinador do Porto, Sérgio Conceição, voltou a mostrar que não sabe perder. Claro que, num lugar comum aos treinadores da bola, assumiu  como sua a responsabilidade pela derrota, mas foi duro com a equipa, realçando a vergonha, dizendo mesmo que a equipa de juniores do clube teria feito melhor. Faltou dizer que porventura o treinador dos juniores também teria feito melhor. Mas, que vai fazer queixinhas ao presidente, porque a sua mensagem não está a passar. Claro que o presidente uma vez mais vai passar-lhe a mão pelo pelo (coisas da língua portuguesa) e tudo vai voltar ao normal, continuar o seu trabalho e o seu estilo inflamado e daqui a dias já está a elogiar a equipa.

Coisas da bola!

27 de setembro de 2021

Postas de pescada

Contra a generalidade das sondagens e mesmo dos críticos e analistas, Carlos Moedas, candidato da pela coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança à Câmara Municipal de Lisboa venceu as eleições, derrotando o grande favorito Fernando Medina que se recandidatava pela coligação PS/Livre.

No discurso de vitória, Moedas, afirmou ter vencido "contra tudo e contra todos", porque "a democracia não tem dono", agradeceu o "voto de confiança" e comprometeu-se a mudar a capital.

Por sua vez, Fernando Medina assumiu a derrota referindo que “Carlos Moedas ganhou e merece as felicitações. É uma indiscutível vitória pessoal e política do engenheiro Carlos Moedas, a quem já telefonei e expressei, de forma pessoa, as minha felicitações".

Em tudo isto, perderam as sondagens e os analistas. As sondagens porque teimam em confundir os eleitores e os analistas porque recorrentemente se esquecem de que quem elege é o povo e não os modelos  e algoritmos matemáticos.

O reverso da medalha, é que estas análises grosseiras não servem de exemplo nem de emenda e as sondagens vão continuar umas vezes a acertar e outras vezes a errar e os analistas vão igualmente continuar a mandar postas de pescada, tantas vezes sem fundamento e seguindo e servindo agendas políticas.

A democracia tem destes cancros.

26 de setembro de 2021

Uma festa bem carota

Nunca percebi o interesse dos diferentes canais de televisão em irem cheirar onde os dirigentes dos partidos e seus candidatos vão votar e para deles ouvir uma dúzia de lugares comuns como o incentivo à participação para baixar a abstenção, pois dela têm medo porque os enfraquece.

Melhor dito, eu percebo o interesse editorial da coisa, não percebo é que isso seja interessante e relevante para o cidadão comum.

Adiante. Entretanto nessas reportagens, registei que alguns dos dirigentes, candidatos e recandidatos, como Fernando Medina, em Lisboa, fizeram questão de dizer que as eleições autárquicas são "a festa da democracia".

Não sei qual é a ideia de festa do Medina, se engloba Zés Pereiras, cantores pimba, fanfarras, pistas de carrinhos, barracas de farturas, etc, mas sei que esta "festa" custa ao país e aos contribuintes qualquer coisita como a rondar os 50 milhões de euros. Somos assim, no que toca a festas, uns mãos-largas a gastar à tripa farra. Pois claro, a cidadania sobretudo dos partidos e de quem integra as mesas de voto, não é propriamente desinteressada e de louvável trabalho voluntário, porque isto de trabalhar para aquecer já teve melhores dias. 

A democracia é pois uma festarola bem carota e nisso é mesmo democrática, pois todos pagam mesmo os que nela não participam. Sem direito a um chupa-chupa, fartura ou churro polvilhado de canela.

22 de setembro de 2021

Dá jeito um furacão...

Vamos ser claros! Com a concretização das nefastas Uniões de Freguesias e com isso o aumento do território e população de cada  respectiva unidade administrativa, e no caso concreto com a nossa União a englobar quatro freguesias e uma população que já estará acima dos 10 mil habitantes (aguarda-se o resultado dos Censos 2021), deixou de ser possível realizar campanhas eleitorais casa-a-acasa, rosto-a-rosto. 

Recordo-me que há sete anos quando decidi integrar uma lista participante nas eleições intercalares de 2014, com todos os aspectos positivos e negativos daí decorrentes, optei por dialogar pessoalmente com cada pessoa, exprimindo e esclarecendo os meus pontos de vista e as expectativas que me moviam no sentido de nessa transição procurar defender melhor a parte guisandense no bolo. 

Apesar de, forma quase generalizada, ir recebendo indicações de que caso fosse eleito teria uma missão quase impossível, a verdade é que quase sozinho, sem procissões, sem andores nem figurantes, lá realizei a campanha da forma mais esclarecedora possível, que deu naturalmente os seus frutos, com a vitória ampla, reconhecida e conseguida, revertendo a anterior tendência de voto em que em duas eleições anteriores havia ganho um partido concorrente.

Depois, num mandato mais curto e com heranças pesadas em dívida que cortaram as pernas a algumas obras, e com um presidencialismo demasiado rígido e mesmo inadequado face ao que se pretendia e esperava para uma nova realidade de uma União a quatro, os resultados foram o que se sabe e deles uma enorme decepção pessoal pela incapacidade de reverter as coisas, porque apenas um elemento à luz da lei sem poder e  sem competências atribuídas, para além do muito trabalho voluntário. Basicamente um moço de recados. 

Com essa incapcidade de levar a cabo as obras e melhoramentos que haviam sido propostos em programa, e apesar do forte sentimento de dever cumprido em face das responsabilidades, naturalmente que não encontrei condições objectivas e de princípio para enfrentar uma recandidatura. Nestas coisas, ou cumprimos e honramos a palavra dada aos eleitores ou damos o lugar a outros, mesmo que a tendência geral seja fazer tábua rasa das promessas e compromissos assumidos e voltar à cena com cinismo de actor e como ares de que nada se passou. Há que ter princípios!

Mas dizia eu, esta realidade de fazer uma campanha individual e personalizada, foi chão que deu uvas e torna-se agora tarefa impossível. Assim, as actuais campanhas resumem-se a uma procissão de gente que muitas vezes nem tem nada a ver com as freguesias, actuando como figurantes a quem se paga um jantar no final, fazendo barulho e distribuindo brindes e uns infomails todos janotas e coloridos, com gente sorridente, estampados com uma dúzia de considerações vagas sobre o que se promete realizar. No fundo um copy/paste de anteriores programas, porque em rigor do muito que habitualmente se promete, pouco ou nada se concretiza.

Ora este tipo de campanha, tipo um tornado ou furacção que varre alguma das nossas ruas, mesmo em horas inadequadas, até é o indicado para alguns recandidatos com  "heranças infelizes e pouco nada produtivas", porque assim não têm necessidade de se justificar cara-a-cara, de esclarecer, de ver questionada a palavra de honra, mesmo que já ela pouco valha. Conveniente! 

É, pois, no geral, esta uma campanha que não esclarece, que não argumenta, mas não compromete, o que até se encaixa nas exigências gerais, já que muito do eleitorado olha para estas coisas dos partidos e da política como o seu clube de futebol, em que pode perder, fazer maus resultados, jogar mal, ter um deficiente plano de jogo, um péssimo treinador e jogadores fraquinhos, mas tem sempre o seu apoio e aplauso. E com isso, com esta dedicação e lealdade caninas, se perpetuam, tantas vezes, incompetentes políticos. No fundo as campanhas eleitorais, salvo raras excepções, são um exercício teatral onde importa o espectáculo, o show off e em que o argumento invariavelmente é uma ficção, um faz-de-conta, como diz o povo.

Para mal dos nossos pecados, sinais dos tempos!

19 de setembro de 2021

Se um desconhecido lhe oferecer um saco com canetas e propaganda... isso é Impulse


Quando num belo Domingo de final de Verão tu começaste a almoçar um delicioso polvo assado no forno e interrompem-te tocando efusivamente a campainha, e quando percebes que é o folclore de uma campanha eleitoral e ficas com os fígados a palpitar e  os sovacos a transpirar, isso é... impulse.

Relax! Keep calm!

10 de setembro de 2021

Flor-de-sal e massa-mãe


O Nóquinhas dos Anzóis continua a sua saga de publicar no Facebook tudo o que come. Pois bem, para fugir da habitual pescada cozida e ovos mexidos, a sugestão do chefe, para hoje, será de um arrozinho carolino de descascagem manual, levemente fumado em lume brando com pau de loureiro, com feijão manteiga de cultura biológica envolvido num estrugido de cebolinha vermelha castigada com flor de sal e aromatizado com azeite biológico da zona do Vale da Porca.

A dita nova cozinha portuguesa tem destas coisas e os ditos chefes aprimoram-se não só em reduzir as porções como em arranjar narrativas para descrever os ingredientes e a sua preparação e empratamento como que a convencer o auditório que acabaram de descobrir a pólvora ou reinventar a roda. 

Afinal andamos há décadas a comer arroz com feijão, lorpamente ignorantes da complexidade da coisa. Já agora, escusado será dizer que a panela de arroz na imagem acima, na versão de moderno chef(e) dará para servir uma dezena de comensais. Seis feijõezinhos por boca. O arroz, por ser mais miudinho e chato de contar, a olho, uns 100 grãozinhos. Coisa fina, que isso de comer muito e pagar pouco é coisa de labregos.

Coisas de flor-de-sal e de massa-mãe.

7 de setembro de 2021

Mobilidades - Acessibilidades

 



Acima, situações algures no lugar de Fornos. 

Logo no início do mandato em que integrei a Junta da União de Freguesias, em Janeiro de 2015 expus ao executivo um documento onde definia para Guisande um conjunto de obras, melhoramentos e iniciativas que a meu ver mereciam a intervenção e empenho da Junta durante o mandato, mesmo considerando que nem tudo seria possível executar devido à curta duração do mandato e aos constrangimentos orçamentais decorrentes dos compromissos herdados das anteriores Juntas, concretamente da Junta de Freguesia de Guisande.

Ora uma das acções prendia-se com a realização de alguns passeios públicos, incluindo a pavimentação de alguns que já estavam definidos com assentamento de guias bem como a requalificação de outros, nomeadamente na Rua de Fornos, de resto uma necessidade devido ao mau estado e mesmo correspondendo ao apelo de alguns moradores.. 

Certo é que apesar dessa minha intenção e insistência ao longo do mandato, de tudo quanto referenciei, pouco ou mesmo nada foi executado. Apenas a pavimentação de um troço de passeio na Rua S. Sebastião, no lugar do Outeiro e mesmo assim com relutância de quem presidia. 

O mandato terminou e outro, com outros intervenientes mas com a mesma presidência, se seguiu e já estão praticamente decorridos esses quatros anos, e daqui a poucos dias teremos novas eleições. 

Escusado será dizer que pelo menos em Guisande, da responsabilidade da Junta, nestes quatro anos volvidos nada se realizou nem melhorou e os ditos cujos passeios continuam na mesma, ou melhor dizendo, em pior estado, pois o tempo ajuda à degradação. E tanto se apregoa e regulamenta à volta da mobilidade e acessibilidades...

Pese esta situação de indiferença e desleixo do passado recente, os slogans eleitorais de fazer mais e melhor, com mais visão e melhor futuro estão na praça. É uma festa, em que todos participamos como inocentes  anjinhos numa comunhão solene! 

1 de setembro de 2021

Cagantoneiros...

Ontem, algures no lugar de Vila Seca, Louredo, enquanto fora do carro aguardava alguém com quem me ia encontrar, no lado oposto uma senhora varria a berma em frente à sua casa. Passando por ela uma outra senhora, comentou: - Então a varrer a valeta? - Respondeu a varredora: - Pois, os cantoneiros agora são uns badalhocos!

A vizinha, ripostou: - É verdade! São mais uns cagantoneiros! Mas toda a gente se tem queixado. Na minha rua e à minha porta é igual!

Não intervim na conversa, mas apeteceu-me dizer-lhe que, sendo verdade, e já todos constatamos esta "limpeza de faz de conta, apressada e superficial", uma autêntica badalhoquice, que nesta União de Freguesias, pelo menos nas três mais pequenas, tem sido democrática, porque se generaliza.

De resto, os cantoneiros ou "cagantoneiros" até serão os menos culpados. As culpas serão, obviamente, de quem os contrata e fiscaliza e determina os critérios do serviço, certamente na base do superficial quanto baste, porque mais rápido e mais barato. 

18 de agosto de 2021

Qual é a lei?

Há dias li no jornal "Correio da Feira" uma nota de comunicação do Bloco de Esquerda em que este denunciava uma intervenção "aberrante" da Indáqua em Fiães, referindo que  “A Indaqua Feira, como é prática comum da empresa, assume uma atitude de quase impunidade total perante a população de todo o Concelho. No início de julho, a empresa fez uma reparação relativa a uma fuga na Rua Luís de Camões, no centro da cidade de Fiães. Esta é uma rua bastante movimentada que dá acesso a uma das estradas mais centrais da freguesia. Após a reparação, a Indáqua Feira deixou a estrada num estado lastimável, criando um constrangimento enorme para a vida da freguesia e, acima de tudo, para a população daquela zona”. 

Eu não sei se as intervenções da Indáqua, sendo obviamente necessárias, são "aberrantes", tal como esta em Fiães,  como a classifica o BE, mas vêem-se por todo o lado e parecem ter algo em comum, o facto de quase nunca o pavimento das ruas ficar devidamente regularizado. Ora depressões, ora lombas, ora recortes rebaixados e com arestas salientes, não raras vezes em toda a largura da rua. Mas pior do que isso é perceber-se ou constatar-se que tais remendos ficam definitivamente por remendar. Em Guisande são dezenas desses bons "maus" exemplos.

Ora esta situação leva-nos a questionar, tal como o Bloco de Esquerda, qual a legislação ou regulamentação que legitima esta aparente impunidade da empresa concessionária das águas e esgotos no nosso concelho?

E a somar a estes remendos mal remendados provisoriamente definitivos, há ainda graves problemas por resolver no que diz respeito a abatimentos do piso das ruas decorrente da instalação das redes. Em Guisande, por exemplo na Rua dos Quatro Caminhos.

Pergunta-se, pois, qual a lei que legitima estes abusos e falta de respeito ao não reparar devidamente o que é estragado?  E qual tem sido a postura da Câmara Municipal perante estas situações? Actua, fiscaliza, multa, manda reparar e mete a conta? Se sim, não parece, ou não dói, porque as situações perpetuam-se.

6 de agosto de 2021

Limpar, ou nem por isso

Já todos sabemos que a questão das limpezas nas ruas da nossa União de Freguesias é um caso perdido, com incidência na nossa freguesia de Guisande. Escassa, periódica e tardia. 

Bem sabemos, ainda, que por vezes o pessoal das Juntas de Freguesia, que faz parte das equipas de limpeza dos arruamentos e espaços públicos não raras vezes têm vínculos precários, até mesmo como tarefeiros ou provenientes dos programas do IEFP. Por conseguinte, muitas vezes empurrados para esses trabalhos, sem vocação, sem vontade e sem formação. Para além do mais o gosto por aquilo que se faz, seja em que área laboral for, não se adquire por formação. Mesmo nas situações de empresas contratadas, o caso não muda de figura e até piora, porque aqui o interesse é fazer rápido e depressa. Ora, depressa e bem, há pouco quem.

Tudo isto para dizer que o pessoal da Junta, ou por ela contratado, virou-se para a nossa freguesia de Guisande, e tem por aqui andado a limpar, mas verdade seja dita, uma limpeza como "gato sobre brasas": Rápida, superficial e sem esmero, já que depois de recolhidos os montes, que por vezes se amontoam durante dias nas bermas e passeios, ficam ainda resíduos sem qualquer varredura. As ruas, essas invariavelmente ficam cheias de pedras sacudidas das bermas  pelas roçadoras.

Quando as coisas são assim feitas, sem brio nem asseio, pouco há a dizer. Como diz o velho ditado, "Gastar sabão a lavar cabeças de burros é tempo e dinheiro perdido".

5 de agosto de 2021

Portugueses de gema

O Pedro Pablo Pichardo conquistou uma medalha de ouro olímpica na prova de triplo salto. Um orgulho para Portugal. Nada como um cubano a trazer uma medalha de ouro para a nação valente e de nobre povo.

Pichardo quando desertou da selecção cubana, a ideia de seus pais era ficarem na desenvolvida Suécia, mas entre um clima frio e um clima quente, a família acabou por escolher Portugal. Ou seja, o tempo quentinho acabou por ser determinante para Portugal conquistar uma medalha dourada. faz sentido.

Mas a delegação olímpica portuguesa está recheada de muitos outros portugueses de gema. Fu Yu, Shao Jieni, Tamila Holub, Anti Egutidze, Marta Pen, Luciana Dinis, Lorene Bazolo, etc, etc

Em resumo, o que não falta por ali são atletas portugueses de gema, nascidos noutro qualquer país. Alguém fez as contas e dizem que são pelo menos 16 atletas estrangeiros e naturalizados, para além dos relacionados com os países das nossas ex-colónias africanas.

Esta coisa da representatividade de um país já foi coisa que deu uvas e hoje em dia é apenas um grupo de atletas ao serviço da nação. Mas esta nacionalidade administrativa não é coisa exclusiva de Portugal nem ao nível das delegações olímpicas. Veja-se o caso das ditas selecções nacionais de futebol onde atletas estrangeiros nacionalizados vestem as cores dos países. Um atleta de raça negra entre louros e de olhos azuis a representar a Suécia já é coisa vulgar. Globalização e perda de identidades nacionais. Para o bem e para o mal, os tempos são outros.

Veja-se o caso demonstrativo da selecção de andebol do Qatar em que 70% da equipa são naturalizados. Mesmo no Campeonato do Mundo de Futsal, as várias selecções têm tido ao seu serviço dezenas de jogadores brasileiros, incluindo técnicos. Em resumo, está subvertida quase globalmente a questão das selecções constituídas apenas por naturais.

Percebe-se esta globalização e os interesses das naturalizações administrativas, numa certa filosofia de que basta colocar um pardal num ninho debaixo de um alpendre para passar a ser uma andorinha. É sempre apetecível para um país naturalizar e apoiar um atleta estrangeiro desde que este demonstre potencial para ganhar umas medalhas como se o mérito fosse do país.

É mais difícil e dispendioso um programa nacional de desporto escolar exigente e politica desportiva integrada. Portanto, siga-se pela estrada mais larga e plana, a das naturalizações. Além do mais, o processo de naturalização de Pichardo foi do tipo "relâmpago", não fosse escapar para outro país, num processo manhoso e sem cumprir os requisitos mínimos exigidos a outros cidadãos, nomeadamente a outros atletas, como foi o caso de Nélson Évora, Naíde Gomes e Francis Obikwelu. De resto, em parte, para além de alguma natural invejazinha, resulta daí o diferendo entre Nélson Évora e Pichardo. 

As coisas são como são, mas como já não há idades de inocência, pelo menos podia-se deixar de lado estas hipocrisias e eufemismos de enganar tolos, pois tais atletas em rigor não são portugueses e como tal não representam Portugal, mas apenas assalariados ao seu serviço, representando-se apenas a eles próprios. 

Mas neste faz de conta, Portugal, sem política de desporto escolar e nacional, sem infra-estruturas adequadas, com os chefes políticos Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, à cabeça, exulta orgulhoso com uma medalha de ouro conquistada por um cubano, que já era campeão antes de desertar para o nosso país. Até podia ser da Concochina, desde que vista a camisola da nação e se faça ouvir o "Heróis do Mar..."...será orgulhosamente português de gema.

Pena que Usain Bolt, e outros grandes nomes do atletismo não tivessem querido vir para o nosso país. Teríamos seguramente mais uma medalhas.

Gracias, Pichardo! Olé, Olé!

20 de julho de 2021

Matagal social

 




Já percebemos que a envolvente nascente ao edifício de Habitação Social em Casaldaça é coisa que não merece atenção, nem dos próprios moradores, alheios a tratar de algo que usam mas não é seu, nem da Câmara Municipal, nem da Junta de Freguesia. Assim, a vegetação cresce à vontade e transforma-se em silvado, desrespeitando as tais normas quanto à limpeza e gestão de faixas de combustível para precaver incêndios e suas consequências. 

Depois, quando muito uma vez por ano, reactivamente lá vem alguém cortar a selva. Parece-me que a limpeza a ser efectuada pelo menos umas 3 ou mesmo 4 vezes por ano ocuparia menos funcionários e menos tempo porque mais fácil. Mas quem manda não pensará da mesma maneira e decidirá inteligentemente que não limpar de todo ocupa bem menos tempo e dispensa funcionários.

Como se tal situação não bastasse, há algumas semanas uma empresa de manutenção veio ali abater algumas árvores que estariam debaixo das linhas de electricidade de média tensão e as mesmas ali estão esparramadas, com a rama a secar e a transformar o local num potencial foco de incêndio para além do aspecto de puro desmazelo.

Custa a acreditar nos critérios de trabalho de quem faz estas coisas, mas parece claro que o normal e razoável seria que logo que abatidas as árvores o material resultante, troncos, ramos e folhagem, fosse recolhido.

Assim, vamos ver até quando a coisa se manterá nessa situação. Dias, semanas, meses?




16 de julho de 2021

Cidadania, desenvolvimento e...carteiristas

(...) A relação entre o indivíduo e o mundo que o rodeia, construída numa dinâmica constante com os espaços físico, social, histórico e cultural, coloca à escola o desafio de assegurar a preparação dos alunos para as múltiplas exigências da sociedade contemporânea.

A complexidade e a acelerada transformação que caracterizam a sociedade contemporânea conduzem, assim, à necessidade do desenvolvimento de competências diversas para o exercício da cidadania democrática, e, por isso, a escola tem um papel importante na construção de práticas de cidadania.

Com efeito, os valores da cidadania encontram-se consagrados nos princípios da Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei n.º 46/86, de 14 de outubro), estabelecendo-se que o sistema educativo deverá ser organizado de modo a contribuir para a realização dos alunos, através do pleno desenvolvimento da sua personalidade, atitudes e sentido de cidadania. Deste modo, os alunos são preparados para uma reflexão consciente sobre os valores espirituais, estéticos, morais e cívicos, no sentido de assegurar o seu desenvolvimento cívico equilibrado. (...)


O texto acima, coisa bonita, é parte do enquadramento curricular da disciplina "Cidadania e Desenvolvimento" nas nossas escolas.

Tão bonito e profundo, ficamos com a ideia que já estamos numa sociedade onde predominam os exemplos de boa cidadania.

É claro que os valores inerentes às antigas disciplinas de "Educação Cívica, Moral e Religião", como vírus pandémico, foi para o caixote, porque a escola quer-se laica.

No entanto, a qualidade da nossa cidadania pode medir-se por alguns exemplos práticos. Ainda há dias soube que um amigo, por descuido, acabou por perder a sua carteira, com documentos vários, como cartão de cidadão, carta de condução e cartões bancários, para além de uma bonita quantia de dinheiro em notas.

Pergunta-se: Qual a probabilidade da carteira ser encontrada por alguém e que a devolva intacta? Alguém arrisca dizer que em cem pessoas talvez duas ou três? Mesmo assim, com duas ou três já será optimismo demasiado e cega confiança na humanidade. 

De facto, a carteira que acabou por ser encontrada por alguém, porque perdida e não furtada, foi arremessada para uma qualquer valeta a cerca de 10 Km do local onde foi perdida, felizmente, e do mal o menos, com os documentos, mas obviamente sem o dinheiro. Ou seja, este tipo de desfecho é hoje em dia o mais expectável, porque podemos obrigar as nossas crianças à tal disciplina de "Cidadania e Desenvolvimento" que na prática e na boa formação, isso vale quase rigorosamente "zero".

Assim sendo, a norma, a normalidade, é a desonestidade, a falta de valores e sentido de humanidade. O outro, é um ser abastracto, a quem se surripia com toda a naturalidade e sem qualquer peso na consciência, algo que lhe pertence. 

Assim sendo, vamos fazendo de conta que o jardim está cheio de flores radiosas e perfumadas e que  "...os alunos são preparados para uma reflexão consciente sobre os valores espirituais, estéticos, morais e cívicos".

Tretas! E tretas porque a par disso bem sabemos como andam os valores da disciplina e responsabilidade. Tretas!

Em suma, os dias de hoje não são dados a deixar portas abertas e a descuidos com carteiras. Na casa, alarmes, cercas electrificadas e pitbulls sem açaimes a mostrar os dentes ao portão poderão ter alguma eficácia no combate à "boa e moderna cidadania". Confiar na cidadania da gente que anda a ser formada, é fazer figura de anjinho.

Não generalizando, pois, claro, porque em cem haverá dois ou três, da velha guarda, que aprenderam a coisa pela boa educação e melhor disciplina, mas as coisas são como são.

13 de julho de 2021

Fora de jogo

Um dos nossos direitos inalienáveis é o da liberdade de expressão, sendo que, obviamente, no respeito pelos outros. Desse direito, entre outras coisas, emana o da livre opinião. 

Mas nem sempre o exercício da opinião, sobretudo em contexto público, como neste espaço, por exemplo, é fácil. E isto porque de algum modo nos vincula e até compromete. É certo que uma boa e legítima opinião pode mudar a jusante, nomeadamente quando certos pressupostos que a fundamentaram mudaram ou se alteraram. De resto a nossa percepção das coisas ou dos factos pode mudar. Quantas vezes temos uma apreciação negativa de uma pessoa, mas posteriormente, porque com ela se proporcionou um outro contacto e uma outra vivência ou convivência, ficamos com uma opinião contrária? 

Deste contexto, o do comprometimento, resulta que se perceba que muitos dos nossos "pensadores" e "cagadores de postas de pescada" sejam de faladura e julgamento fáceis na mesa do café ou em conversa de amigos, mas fogem como o diabo da cruz quanto ao carácter perene das suas palavras, escritas ou faladas. Afinal, é sempre mais fácil atirar a pedra e esconder a mão.

Por tudo isto, reconheço que nem sempre é fácil para alguém que fez parte de uma qualquer entidade, vir posteriormente comentar ou opinar de forma menos positiva contra essa mesma entidade, mesmo que dela já não faça parte nem tenha qualquer ligação. E isto porque por vezes se confunde o conceito de lealdade. A lealdade pode e deve ser institucional mas não de todo motivo para castração do direito à opinião e ao pensar contrário. Ademais, a lealdade não deve ser clubista nem fundamentalista a ponto de se perpetuar em nome da nada. 

Passada esta introdução, mesmo que em abstracto, devemo-nos sentir todos na plena liberdade e legitimidade para falar e escrever eventualmente coisas menos positivas sobre instituições, mesmo que delas já tenhamos feito parte, sobretudo quando temos a consciência que enquanto por lá andamos demos o nosso melhor, porventura acima do que se exigia, mesmo que em nome da tal lealdade resultasse um esforço acrescido por se perceber que as coisas nem sempre eram dirigidas da melhor forma, de modo insuficiente ou inadequado face ao que exigia. 

Esta é a questão base e primordial. Se a experiência de uma nossa passagem por um qualquer cargo ou função não foi a esperada, mesmo que por responsabilidades ou incapacidades terceiras, devemos saber ter este sentido de auto-crítica da parte que nos toca, de modo a que a nossa liberdade de expressão não possa ficar condicionada. 

Em resumo, no jogo das palavras e no exercício da liberdade de expressão e opinião, será sempre bem mais fácil para quem está de fora, na bancada. Se em campo, será sempre bem menos difícil marcar golos fora de jogo. Como se diria nos jogos da bola no recreio da escola, não faltam jogadores que "...só sabem jogar à mama!".

12 de julho de 2021

Cidadania e coninhas

Eu bem sei que a Escola moderna é mesmo moderna. Já não faz da religião disciplina obrigatória, por mais que esta promova valores fundamentais à dignidade da pessoa e da vida, mas tudo o resto tem cabimento, mesmo a questão da homossexualidade e derivados. Não tarda está a ensinar e a promover as relações sexuais entre pessoas e animais e disso promover orgulhosas paradas. Já faltou mais.

Daria pano para mangas este tema, mas é coisa para a qual já não há pachorra e mesmo com algum excesso de fundamentalismo, porventura terá alguma ou muita razão a Hungria, não tanto, parece-me, quanto à essência, mas quanto ao papel da Europa no sentido da uniformização imposta, já não só do sistema financeiro, económico e administrativo como quanto aos aspectos sociais e culturais. Parece que a diversidade só convém a certas agendas.

Se a Europa burocrata acha normal e motivo de orgulho um posicionamento de apanhar sabonetes, não me parece que o deva impor às diferentes sociedades que a compõem.

Adiante.

Seja como for, tem muito que se diga esta coisa da imposição curricular nas nossas escolas da disciplina obrigatória de cidadania. Afinal quem é que educa? Os pais, a família? Não! O Estado e os burocratas. Esses é que determinam os valores e as orientações dos nossos filhos. Nós, os pais, as famílias, só cá estamos para os manter, levá-los à escola, pagar as propinas e dar-lhes alojamento até aos 25 ou 30 antes de irem para o desemprego ou emigrarem se forem espertos.

Parece-me que a tal luta dos pais dos alunos de Famalicão, que têm recusado a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, que lhes tem acarretado o chumbar de ano, é justa e tem todo o fundamento, mas também creio que acabará por ser uma luta inglória mesmo que o Tribunal lhes tenha dado razão parcial. 

As coisas vão neste sentido e já não se atalham de ânimo leve. Já será precisa uma revolução, mas não me parece, ainda, que isso possa acontecer pela simples razão de que já não os temos no sítio e estamos todos a ficar uns coninhas, ou lá o que isso queira dizer, porque à luz da nova Educação, o termo "coninhas" é inadequado, politicamente incorrecto e machista. Depois, tudo o que mexa nesse sentido de agitar as águas é segregado como de extrema direita. Por conseguinte, a ideologia já há muito que começou a ser imposta, e como aconteceu às extremistas, à esquerda ou à direita, sub-repticiamente, de mansinho, com sorrisos, enquanto o circo se monta. Andamos, pois, todos entretidos e guiados de olhos postos na cenoura.

Veremos no que isto vai dar! Por ora, vai na fase dos preliminares. Andamos todos distraídos a apanhar sabonetes no chão e o boião da vaselina já está a ser desenroscado.

1 de julho de 2021

A rua dos "bons" exemplos

 






Não! Não são pegadas de dinossauros! No caso são mesmo grandes buracos no fraco piso da Rua de Trás-os-Lagos, mesmo defronte da entrada das instalações industriais onde actualmente operam várias empresas. Tal situação, bem como cascalho que vai sendo solto e espalhado pela rua, "obriga" quase todos os automobilistas a contornar os buracos em sentido contrário. A coisa tem meses e custa a acreditar que ainda não tenham resolvido a situação com umas pazadas de massa asfáltica.

Ainda na mesma rua e defronte à referida instalação industrial, vê-se a densa vegetação a cobrir parcialmente a faixa de rodagem, no que parece um incumprimento pela gestão de faixa de combustível, para além de impedir o espalhamento da luz da iluminação pública.

Ainda na mesma rua, à esquerda de quem sobe, um montão de cascalho na berma, restos da intervenção na drenagem das águas pluviais feita há meses. De resto, este fazer a obra e deixar os restos por arrumar, também é visível ao cimo da rua, no entroncamento com a Rua Nª Sª de Fátima, com o cascalho removido em montes junto ao passeio. Para além do mais, esta zona merecia uma intervenção mais profunda.

Pelo menos até recentemente, à saída do portão sul do cemitério, ainda lá estavam os restos das obras da construção de sepulturas, apesar dos meus vários alertas, enquanto ainda membro da então Junta, para a necessidade de remoção. Quero acreditar que já tenham sido removidos, até porque o local é privado.

Estas situações podem ser muitas coisas mas não são seguramente, "mais pelas pessoas" ou outros bonitos e apelativos  lemas de campanha eleitoral que se possam adoptar. No fundo, até são pequenas coisas que se resolveriam facilmente, mas para isso é necessário que a acção seja activa, o que não parece.